
Reality check, gente. Ainda não estamos lá. Não adianta termos cinco vitórias em cinco jogos no campeonato, zero golos sofridos e algum futebol interessante, quando tentámos subir de patamar espalhámo-nos ao comprido e os queixos ficaram doridos do estrondo. Muito nervosismo, tremenda falta de definição nas jogadas ofensivas, demasiada ansiedade e algumas peças-chave a desequilibrar pela negativa fizeram com que o Besiktas saísse daqui com três pontos merecidos e não há aplausos que tirem a amargura da derrota. Atenua, mas não remove. Notas abaixo:

(+) Brahimi. Foi dos poucos que fez uma exibição positiva no Dragão (Marega ficou próximo mas foi demasiado inconstante) e tentou tudo o que sabia para que a equipa conseguisse mais e melhor. Inúmeras fintas, arranques, dribles em progressão, tudo o que o argelino se poderia lembrar foi sendo colocado em campo ao serviço da equipa mas sem ter um grupo coeso e bem harmonizado, acabou por estar a espetar pregos numa parede para ninguém pendurar um quadro que se visse.
(+) Sérgio a tentar, mesmo sem sucesso. Entendi as substituições ao intervalo, apesar da maior parte das pessoas à minha volta terem criticado com força, voz grossa e sobrolho franzido. Óliver tinha tido uma primeira parte em que parecia pensar e executar ao dobro da velocidade dos colegas e a falta de capacidade deles para criar situações para o espanhol enviar passes de ruptura tornavam-no pouco mais que inútil. E Sérgio abdicou do pensador para introduzir um volante, alguém que arrastasse o jogo para os lados e transformasse o jogo ainda numa forma mais directa (e pueril o suficiente) e chegasse com a bola à área com maior facilidade, com tabelas curtas nas alas e cruzamentos mais intensos e a partir de zonas mais abertas. Os laterais estiveram muito mais em jogo na segunda parte por causa dessa mesma alteração, tanto como o movimento conhecido como Maregalargar o campo, que fez com que houvesse uma pressão intensa durante os primeiros 20/25 minutos da segunda parte. Louvo o treinador por tentar mudar algo, mesmo que não tenha resultado.

(-) Falta de calo e, infelizmente, de algum talento. Ui que isto doeu. Doeu não por ser inesperado (já disse que este grupo, se conseguirmos miraculosamente transmitir alguma tranquilidade aos jogadores, é bastante igual em termos da valia das suas formações) mas porque tinha fé que a equipa conseguisse fazer um step-up com menor dificuldade. No entanto, o modelo táctico que Sérgio implementou parece muito complicado de aguentar contra equipas fortes no centro e que estão rotinadas e prontas para este tipo de competições, com imensa experiência e hábitos de vencer. Não quero transformar o Besiktas no Bayern, mas é verdade que há gente com muito talento naquela formação e fez-nos corar pela incapacidade que tínhamos em conseguir retirar-lhes a bola dos pés. Parecemos sempre veados em frente a um par de faróis, com uma espécie de paralisia momentânea e indecisão na altura de perceber o que fazer. Houve vezes demais em que jogadores ficaram parados a defender com os olhos, vezes demais em que os passes foram verticais pelo desespero de perder a bola, vezes demais em que uma distracção causou um contra-ataque e vezes demais onde o apoio não surgia. Mostrámos o que somos: pouco. Somos pouco. Ainda somos pouco. E tenho de voltar à conversa das omeletes sem ovos mas com todas as desculpas que possamos arranjar, a verdade é que não há talento suficiente para abordarmos uma partida destas sem suspirar bem alto e lamentar aos céus a presença de pouca gente talentosa no plantel. E sim, tivemos algum azar, porque ainda conseguimos enviar uma bola ao poste, mais uma que foi salva em cima da linha de golo e mais uma ou duas defesas do verdalhão dos turcos, e se uma única bola tivesse entrado talvez o comentário fosse diferente. Mas não entrou e talvez tenha sido desta forma que vamos apanhar o tal reality check e perceber que nos falta muita coisa para competirmos com um Besiktas a não ser que a equipa se consolide até o próximo jogo da Champions.
(-) Danilo. Não sei o que se passa, não faço ideia se está a jogar inferiorizado fisicamente, não sei se levou uma pancada na cabeça e acordou a falar gaélico e a tocar cítara, mas a verdade é que este Danilo não tem sido o mesmo e a equipa nota isso e perde muito com a sua forma actual. Se Danilo é o elemento que dá equilíbrio ao meio-campo, a forma como anda perdido no relvado, sem mostrar capacidade física para reagir aos lances, para recuperar depois de uma bola perdida ou de tapar as subidas do colega do lado só pode deixar os colegas em pânico, os centrais expostos ao adversário e os avançados a necessitar de recuar para ajudar a defender. Preciso do meu Danilo de volta!
Foi só o primeiro jogo mas pode ser bem mais do que isso. Há que aprender com os erros e voltar a crescer. Mas a rampa é bem íngreme…
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