Ouve lá ó Mister – Juventus

Companheiro Nuno,

Todos assistimos ao jogo do Barcelona da semana passada e o deleite de ver duas enormes equipas a batalhar num evento de luta intensa foi incrível. Foi incrível ver uma equipa que tinha sido pisada alguns dias antes a crescer e a espezinhar o adversário numa exibição cheia de querer e vontade de vencer. Foi incrível assistir ao entusiasmo dos jogadores, ao sangue a ferver com a emoção de poder chegar só um bocadinho mais longe para levar de vencido o oponente. Foi incrível constatar que mesmo um resultado tão negativo pode ser virado se houver talento, determinação e uma fé inabalável no resultado de um esforço conjunto que nos leva a repensar na nossa vida e nas pequenas escolhas temerárias que fazemos pelo “menos mau” e pelas “vitórias morais”. Foram homens, aqueles que venceram o PSG, não foram titãs de uma mitologia passada ou seres de dimensões alternativas, com quinze olhos e scuds em cada uma das oito mãos. Gente, como eu e tu, como o Herrera ou o André, o Maxi ou o Soares. Rapazes trabalhadores que com uma pontinha de sorte associada a um trabalho laborioso, esgotante e iamculado, podem conseguir o que parece impossível e trazer uma alegria tremenda na viagem de regresso para a Invicta.

Sou da opinião que é menos provável passarmos a eliminatória do que me crescer um útero cheio de gladíolos e relva cor de rosa onde o Dave Mustaine esteja a fazer um solo de harpa ao mesmo tempo que lança no ar a massa para uma pizza de queijo. Mas espero que estejas preparado para cair para o lado antes de desistires!!!

Sou quem sabes,
Jorge

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Baías e Baronis – Arouca 0 vs 4 FC Porto

Exactamente o tónico que era preciso antes da viagem a Turim, que vai ser tão complicada quando seria para o Arouca conseguir vencer o FC Porto na noite de ontem. A diferença entre as equipas foi tão notória, a produção em campo era tão díspar que parece complicado enfiar na cabeça que são clubes que jogam no mesmo escalão competitivo. Na verdade, estivemos muito bem e eles bastante mal, mas há mais mérito do FC Porto que demérito do Arouca. Vamos a notas:

(+) Brahimi. Não há como não gostar deste rapaz quando está em forma e com confiança. Passeia pelo campo com elegância, deambulando na relva e arrancando para um galope solto, livre, oscilando por entre as pernas dos defesas como se estivesse a negociar uma tremenda rampa descendente com skis cobertos em banha. É um dos principais desequilibradores do campeonato. Corrijo, não apenas do FC Porto nem do nosso campeonato, é um dos principais desequilibradores do Mundo! Hoje esteve mais uma vez em excelente forma e aquele passe de costas para Soares (que o brasileiro não conseguiu converter em golo) foi mais uma prova que Yacine é um dos elementos que nos pode dar o título. E está a fazer por merecê-lo.

(+) O meio-campo. Ontem sim, ontem gostei finalmente do meio-campo do FC Porto. Danilo sempre atento, a estender o controlo do centro do terreno até às laterais, onde apareceu várias vezes com a bola controlada; Óliver sempre atento às coberturas defensivas e a subir no terreno de cabeça levantada, controlando os timings de ataque com a perfeição que tem vindo a habituar a malta; André², num bom jogo, muito lutador e pressionante, a fazer o papel que lhe foi entregue com determinação e garra. Foi dos jogos que mais me agradou ver a zona central do terreno cheia dos nossos homens sem que o jogo ficasse preso a fintas excessivas e a olhar de uma forma pragmática para o encontro e para a maneira mais indicada com que conseguiriam chegar à baliza. E fizeram-no muito bem ao contrário de outras partidas.

(+) Golos que não parecem acabar. Lembram-se daquela sequência de jogos em que a bola não entrava? Até ao jogo contra o Braga e aquele miraculoso golo de Rui Pedro, parecia algo saído de um livro de Lovecraft, com o terror a assolar as nossas mentes e a incapacidade de produzir um único golinho a deixar marcas profundas jogo após jogo. E agora? Nos últimos quatro jogos, uma média de quatro golos por jogo, tudo com zero golos sofridos. Estamos a atravessar a melhor fase da época e a influência de Soares nota-se bem não só com os golos (óbvio!) mas pela forma como fez com que a pressão fosse retirada dos ombros de André Silva e permitisse que houvesse muito mais impacto na zona central com apoio em condições. É continuar assim pelo menos até à Luz!

(-) Machado. Fraquinho, este Arouca, mas ainda mais fraco Machado. Depois de uma semana onde alimentou uma ridícula tentativa de polémica como se fosse uma criança mimalha a pedir atenção (corrigiu tarde demais a petulância), acaba por mostrar uma equipa que teve tanto de bom futebol como de vermelho na camisola. Para lá da forma como qualquer jogador se atirava para o chão de cada vez que havia um contacto mais intenso, há ali muito jogador que tem mais pedigree que talento e que prova que nomes nem sempre são sinónimo de qualidade.


A crónica chegou atrasada porque ontem fui atacado por um vírus qualquer que me deixou prostrado. Consegui acabar de ver o jogo mas não tive energia para escrever, as minhas desculpas!

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Ouve lá ó Mister – Arouca

Companheiro Nuno,

Estamos bem? Estamos impecáveis! Estamos em grande! Estamos em alta! E no entanto, estamos a um mau resultado de mandar abaixo este castelo de cartas que é uma sequência de jogos vitoriosos no campeonato, porque quando as coisas estão bem, basta uma brecha na armadura para desfazer todo o bom trabalho que se tem vindo a fazer durante meses. E se todos estão à espera de um mega-fabulástico showdown na Luz, há que chegar lá com a mesma sequência vitoriosa que temos vindo a criar até agora e acompanhá-la como se faz a um bully: respondendo à força com inteligência.

Não sei ainda quem vai jogar em Arouca, mas só te peço que não jogues na capital mundial dos passadiços a pensar no jogo de Turim. Até porque o mais provável é sairmos de Itália com uma derrota tão grande como a da primeira mão, senão maior. São universos diferentes e como o Benfica verificou ainda esta semana, há um…universo de diferença entre o nosso campeonato e o deles. Assim sendo, foca-te no Arouca e na melhor forma de os bater e sacar os três pontos na luta que está para durar. E só pode durar até ao fim se estiveres com os olhos no prémio. Mantém os olhos no prémio, Nuno!

Sou quem sabes,
Jorge

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Dragão escondido – Nº41 (RESPOSTA)

Naquele que foi talvez o mais fácil e consensual destes posts, a resposta era evidente:

Nuno Fernando Gomes Rocha, conhecido no mundo da bola por Capucho, foi um elemento fundamental na conquista do Penta e uma das imagens do clube nos anos que se seguiram. O estilo é, ao contrário de Vitor Paneira na famosa expressão de Gabriel Alves, inconfundível, com as meias puxadas para baixo e a elegância no movimento que muitos confundiam por lentidão mas que, não sendo o extremo mais rápido do mundo, compensava a falta de velocidade de ponta com uma capacidade técnica muito acima da média, exibindo-a em lances de classe ao alcance de poucos. Costumávamos dizer que se queríamos proteger a bola, bastava apenas enviá-la para Capucho e lá ficaria, retida e controlada na perfeição, à espera de uma boa opção de passe ou de uma oportunidade de marcar ou, em alternativa, de roubar uma falta ao adversário. Capucho personificou a imagem de um Dragão lutador e era um deleite vê-lo nos treinos a berrar com toda a gente em alto vernáculo enquanto fintava um ou outro colega e rematava à baliza, celebrando os seus golos como se estivesse na final da Champions. Um senhor!

Esta foto diz respeito a um jogo da época 1997/1998, contra o Guimarães (aqui representado por Kasongo), disputado no Estádio das Antas e que terminou com uma vitória do FC Porto por 1-0, com um golo de Mielcarski (Miguel Castro para muitos) aos 89 minutos.

Houve uma única tentativa falhada e presumo que fosse em termos de brincadeira:

  • Esquerdinha – Um defesa esquerdo a controlar com o pé direito enquanto defronta outro defesa esquerdo?! Nah!

O vencedor apareceu logo três minutos depois de publicar o post, através do paimoscaMosca, num comentário aqui no tasco! Parabéns por seres um gajo normalzinho que até conhece a história do teu clube!

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