Um jogador à Porto (aquele mito que perdura nos três maiores clubes portugueses, bem explanada pela expressão “à”), segundo a nossa perspectiva, é aquele rapaz que dá o litro em campo, que é positivamente agressivo, que sabe o seu lugar na equipa e no seio da estrutura e que não se coloca à frente da instituição. Joga simples, joga fácil e não tenta abusar da sorte nem tem tiques de vedetismo excessivo para lá do que o talento lhe permite. É para além de um bom jogador um bom homem de família, digno, respeitador e honesto.
Hoje em dia, no nosso plantel, temos um excelente exemplo da imagem mental de um jogador à Porto, personificado em Jorge Fucile.
Fucile (ou Fucíl, para Valdemar Duarte), depois de um excelente Mundial, chegou a falar do interesse de clubes italianos e alemães para a sua saída, nunca andou a pedir para sair, a reclamar melhores condições em público mas ao contrário de muitos outros, o Jorginho que até tinha razões para assumir essa posição, nunca o fez. A dignidade com que se apresentou fê-lo ganhar ainda mais adeptos entre dragões:
“Não estou desesperado para sair do FC Porto. Estou num grande clube, que me tem dado todas as condições para evoluir e não tenho pressa de sair. Tenho grande respeito pelo presidente, pelo clube, pelos adeptos, e por muito valorizado que esteja o meu passe, nunca me ouvirão dizer que gostaria de jogar neste ou naquele clube, enquanto for jogador do FC Porto. Uma coisa é dizer que gostaria de experimentar novas sensações, outra coisa, muito diferente, é dizer que pretendo sair do FC Porto. Não sou ingrato e gosto do meu atual clube. Sei que há clubes que estão a demonstrar interesse em contratar-me, o que é bom para mim. Mas no meio de tudo isto há um clube com quem tenho contrato e que merece respeito. O meu e o de outras pessoas.”
23 Julho 2010
Ficou-me na memória. Gosto deste puto e aprovo a renovação até 2014. E é também por isto que lhe perdoo exibições como a de ano passado em Londres, onde não havia buraco suficientemente grande para se enfiar. Só gostava que não se pusesse a fintar meia equipa adversária sozinho para não vir a correr como um demente para ver se recupera. Mas isso, como se diz aqui no burgo, são outros quinhentos.
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