Baías e Baronis – FC Porto vs Marítimo

Foto retirada do MaisFutebol

O resultado é, de certa forma, enganador. Não fizemos um jogo brilhante, longe disso, mas consguimos manter a calma e o ritmo que não parecia querer surgir para as jogadas mais simples e de troca de bola mais tranquila acabou por ser rebentado à bomba com um míssil de Guarín a 37 metros da baliza, que foi sem dúvida um dos melhores golos do género que já vi. Acima de tudo, notou-se uma diferença na forma da equipa jogar, mais recuada e um pouco receosa, a sofrer os efeitos de não querer estourar fisicamente porque Janeiro e Fevereiro vão ser meses muito complicados e as pernas não dão para tudo. O que custou mais foi assistir à incapacidade de, na primeira parte, conseguirmos soltar as amarras da pressão alta do Marítimo, muito bem executada, e que agrilhoou o nosso meio-campo de forma a torná-lo pouco mais que inútil. Até Guarín decidir que ia largar chumbo do pé direito. Tudo melhorou e a vitória assenta-nos bem. Vamos a notas:

(+) Guarín  Em declarações depois do jogo, o colombiano disse: “Por vezes, saem disparates mas hoje marquei”. Frase perfeita de um rapaz que, à imagem de Mariano, acaba por conquistar os adeptos à custa de suor, alguma atrapalhação mas muita luta. Os golos que apontou hoje foram a imagem de um rapaz que joga cheio de moral, com garra e capacidade de luta notáveis, a rodar a bola com simplicidade e certeza e que apesar de uma ou duas falhas por excesso de confiança nunca deixou de procurar fazer as coisas de uma forma prática e que permitisse aos colegas avançar com a audácia que era necessária. Já o critiquei tanto que parece que estou a assumir uma hipocrisia gritante, mas este Guarín que hoje vi a celebrar dois geniais golos não é o mesmo do ano passado. Está bem melhor e neste momento é titular por mérito próprio.

(+) João Moutinho  Não me canso, ao contrário de Miguel Sousa Tavares, de elogiar Moutinho. Só quem não sabe ver futebol é que pode criticar o rapaz por jogar calmo e raramente fazer passes de ruptura, apenas quando tem a certeza que a bola tem uma elevada probabilidade de passar pelos defesas. Caso contrário, João, o pequeno João, roda sobre si mesmo e procura um passe simples, uma variação de flanco, uma mudança de direcção, o atraso para o central ou o domínio de bola em progressão…tudo são palavras do léxico futebolístico do rapaz. É um deleite vê-lo a mandar no meio-campo da sua nova equipa ao fim de pouco mais de 20 jogos.

(+) Rolando e Otamendi  Quase perfeitos e a mostrarem uma simbiose muito acima do que esperaria. Rolando está em boa forma, a posicionar-se bem e a mandar no jogo, marcando o ritmo e orientando a defesa. Otamendi, por sua vez, menos bem no posicionamento mas milimetricamente perfeito nos cortes (abusas do carrinho mas vá lá que acertas limpinho na bola) e melhor a sair com a bola controlada. Os dois, tão diferentes, foram um bloco que não parece dar hipótese a Maicon neste momento. É mau para o brasileiro, é excelente para o FC Porto.

(+) James Rodriguez  Começou mal, lento e medroso, mas na segunda parte surgiu em excelente nível, com mais espaço e muito mais audácia, quase sempre que pegava na bola parecia que podia fazer algo de muito bonito. Continuo a achar que precisa de “inchar” a nível muscular e de ser mais rápido nos movimentos sem bola, mas podemos ter aqui um elemento muito útil para o futuro próximo.

(+) A ovação a Mariano  É paradoxal. Os adeptos que o aplaudiram serão muito provavelmente os mesmos que o vão assobiar daqui a umas semanas, mas hoje nada disso importava. Hoje, pelos 83 minutos, o Estádio do Dragão uniu-se em homenagem a um rapaz que trabalhou com humildade, acatou as opções da equipa técnica no início da época e sempre lutou para ser um deles, só mais um dos que jogam e fazem jogar. Mariano, capitão de equipa, é um exemplo para todos hoje confirmado com o público, os adeptos que nunca o idolatraram nem o irão fazer no futuro, mas que reconhecem, do fundo do seu coração portista e humano, que há ali valor. Não tem a técnica de James, mas tenta. Não tem a força de Hulk, mas luta. Não tem a velocidade de Varela, mas corre. E para nós, portistas, é um orgulho.

(-) Bolas paradas defensivas  Uma miséria, mais uma vez. A atenuante de Sapunaru estar fora a receber assistência não pode ser única responsável pelo facto de terem aparecido três (!) jogadores do Marítimo sozinhos e prontos para cabecear para a baliza, um deles a facturar e os outros apenas a controlar o espaço aéreo. Não sei o que se pode fazer de melhor, mas o posicionamento e o facto de não se acompanhar os jogadores que sobem na vertical acaba por ser um dos factos mais preocupantes da solidez defensiva da equipa.

(-) Lesões nas laterais  Venham de lá as bruxas. Álvaro, Fucile e agora Sapunaru?! Já começa a ser azar a mais. Temos alguma cobertura graças à polivalência de dois centrais (Otamendi para a direita e Sereno para a esquerda) mas é caso para pensar que é melhor pensar em ir à bruxa. Ainda se fossem lesões parvas como os outros que caem no chuveiro ou que se espetam de mota, mas assim é frustrante.

(-) Hulk ao meio  A equipa, principalmente na primeira parte, ficou muito presa de movimentos com Hulk a jogar a ponta-de-lança. Sem Hulk numa das alas a formação fica murcha, lenta, frouxa, incapaz de romper e tem de procurar outras alternativas que foram quase sempre barradas com inteligência (e algum jogo duro, há que dizê-lo) por parte do Marítimo, que carregou tanto o meio-campo com gente que Hulk nem conseguia quase receber a bola. Com o melhor “9” de fora (Falcao) e com a mensagem que foi passada a Walter de incapacidade para encher as botas de Radamel, Hulk perdeu muito do fulgor que transmite à equipa e notou-se. Na segunda-parte, particularmente depois da saída de Varela e da entrada de Fernando e a alteração para aquela espécie de 4-1-3-2, a equipa esteve melhor mas não o suficiente.

Em conversa com o José Correia do Reflexão Portista, que tive a sorte de encontrar antes do jogo enquanto tomava um café junto com o Miguel do Tomo I, quando soubemos que Hulk ia jogar no centro concordámos que a mensagem subliminar de Villas-Boas era: “É preciso outro ponta-de-lança.”. É possível que tenhamos razão, porque não gostei de ver a equipa na primeira parte e apesar do resultado ser acertado tendo em conta a produção das equipas, não foi um jogo fácil. Ainda assim fica na mente o golão de Guarín, a boa exibição dos centrais e o cérebro de Moutinho. Acima de tudo, a vitória e a reunião com os sócios. Venham mais destes!

9 comentários

  1. Acho que que é opinião unânime que é preciso um avançado.

    – 2 cabeceamentos do James
    – 1 livre diecto do James rente à trave
    – um remate do James que o keeper madeirense vai buscar ao ângulo na 2ª parte
    – remate de Moutinho ao poste
    – remate de Guarín de cabeça rente ao poste num canto da 2ª parte

    assim de repente faço esta lista de situações de golo iminentes que provam que o resultado deveria ser era mais gordo.

    A malta lutou. Hoje nem xistra nem Maritimo nos travavam. É assim que temos de ser, sempre.

    Venha o avançado e mantanha-se este espírito.

    Grande abraço

    http://thebluefactoryofdreams.blogspot.com/

  2. Bom dia,

    Ontem tivemos a atitude certa, diante de um Marítimo que veio fazer jogo passivo, abdicou de atacar, e tinha como clara estratégia chegar ao intervalo com o marcador a zero, e jogar com o nosso possível nervosismo na segunda parte.

    Mas Guarin com um golaço abriu o marcador e deu justiça ao marcador à partida para o intervalo.

    Nota para Carlos Xistra, na primeira parte, que fartou-se de apitar, teve má avaliação de lances, de interpretação de leis da vantagem etc.
    Deveria ter expulso Ricardo Esteves que num lance sem bola deu com os braços no rosto de Belluschi. No lance do golo do Marítimo, é Sapunaru que é pisado, sai mesmo lesionado e ainda leva amarelo, quando o amarelo seria para Djalma, ou seja segundo da noite para Djalma e que portanto deveria ser expulso.
    Felizmente este lance não teve influência no resultado, pois nós fizemos um jogo bravo e vencemos bem, e para penalizar a atitude do Marítimo, devia ter sido por score mais elevado.

    Guarin foi o homem do jogo. Neste esquema de jogo de Villas-Boas em que não há um médio defensivo fixo, Guarin pela sua força, capacidade técnica, resistência física e capacidade de remate de longa distância, tem vindo a ganhar o seu espaço na equipa, aproveitando bem a lesão de Fernando.
    Vai ser uma boa dor de cabeça para AVB decidir quem ocupará a posição mais recuada do meio campo.

    Moutinho foi o pêndulo da equipa, fantástico.
    James também está a aproveitar bem as oportunidades, e em jogos que tem mais espaço, demonstra toda a sua capacidade.
    Hulk está a fazer uma época fantástica, e ontem esteve bem.
    Helton transmite serenidade, Otamendi foi um "bombeiro", Sapunaru e Rafa também estiveram bem.
    Destaque também para o regresso de Mariano e para o público.

    Concluímos a 1ª. volta com um excelente registo e agora temos 8 jogos fora e 7 em casa até final do campeonato, que vamos lutar para vencer e reconquistar o ceptro de campeões que nos foi roubado na época passada.

    Abraço

    Paulo

    http://pronunciadodragao.blogspot.com/

  3. caro Jorge,

    é com vitórias suadas como a de ontem – principalmente num terreno de jogo muito inclinado pelo Xistrema – que se fazem os Campeões!
    e acredito que vamos sê-lo, esta época! ;)

    por último e não menos importante, a «pressão» está de novo no lado do sr. Chiclete.

    ps1: Obrigado! pelo cimbalino. o próximo é por minha conta ;)

    ps2: incluo-me no rol dos adeptos que têm uma relação bipolar com Mariano: ontem aplaudi de pé o seu regresso, mas mantenho que para ele, durante muito tempo, a bola é quadrada. o me mais me apraz nele é o seu voluntarismo, o que é manifestamente pouco para o chorudo vencimento que aufere.

    ps3: acredito que "só" porque este era um jogo a sério – em contra-ponto com o para a ex-Taça da Bejeka – é que o Villas-Boas não imitou o Mourinho, i.e., retirando Hulk daquela posição e colocando outro alguém por forma a "forçar" a Direcção a ir ao mercado.

    saudações PENTAcampeãs!

    Tomo I

  4. Excelente vitória com golos fantásticos! Não se podia pedir mais na noite de ontem.

    Venha de lá essa 2ª volta!

    Agora é importante vencer os próximos 4 jogos antes da deslocação a Braga (Naval/Dragão, Beira-Mar/Aveiro, Nacional/Dragão e Rio Ave/Dragão).

    Vamos a isso PORTO!

  5. Não há dúvida que ao colocar o Hulk na posição 9 e ao deixar o Walter no banco (penso que nem chegou a aquecer), a mensagem subliminar de Villas-Boas é forte.
    As coisas correram bem, mas não foi por acaso que os dois primeiros golos foram marcados por potentes remates de fora da área.
    O Walter vai ter que mostrar que vale mais. Para isso, o jogo com o Pinhalnovense e os dois jogos que faltam da Taça da Liga serão excelentes oportunidades.

    Um abraço

  6. Foi uma resposta «à Porto», como o momento exigia, para descansar os adeptos e preocupar os adversários.

    Gostei do jogo, especialmente da segunda parte onde o FC Porto foi mais intenso, incisivo e demolidor, apesar da «oferta» no golo do Marítimo.

    Guarín foi mais uma vez o melhor, a demonstrar querer lutar pelo lugar.

    Quanto ao Xistra, nada a dizer, ou seja, não defraudou quantos acreditam na sua missão.

    Um abraço

  7. Tu vês, Jorge?

    Já na resposta ao teu post(al) de Natal, tinha dito que na segunda metade da última época o Guarin tinha feito alguns golos, uma quantidade interessante tendo em conta que não era dos médios mais utilizados, tendo em conta a posição em que jogava (que não era a 7, mas entre o 6 e o 8) e acima de tudo tendo em conta o rendimento irregular da equipa por esses tempos.

    Agora o moço, só para me dar razão, e ainda sem ter terminado a 1ª volta, manda duas pastilhas daquelas que só visto (já não usava este termo das pastilhas desde o tempo em que jogava uns barulhinhos, quando era puto).

    Quanto ao amarelo por causa do chapéu, aquilo é mesmo assim, como quando se tira a camisola, ou foi mesmo por mau feitio do árbitro?

    Ficam as promessas colombianas que parecem querer despontar agora para a 2ª volta.

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