Baías e Baronis – CSKA Moscovo vs FC Porto

 

foto retirada de MaisFutebol

Sem ilusões: o resultado é bem melhor que a exibição. Vencer na Rússia não é fácil para nenhuma equipa e enfrentar um CSKA em início de época, com o físico em alta e a moral no mesmo sítio…ainda é mais complicado. Jogadores como Vagner Love ou Honda são perigosíssimos e conseguir contrariar aquele jogo que parece lento, adormecido, retraído, pausado quando não tem a bola…e que se transforma num vendaval de futebol ofensivo veloz como o vento dos Urais, com passes a rasgar, desmarcações quasi-instantâneas e avançados serpenteadores (e a ganhar ressaltos como se Estaline estivesse a assinar a ordem de gulaguização à vista deles), é uma tarefa só ao nível dos melhores. Vencemos porque estabilizamos o nosso jogo, porque aproveitamos o nosso melhor momento para marcar e para acalmar o adversário que quebrou fisicamente nos últimos quinze minutos, onde podíamos e devíamos ter assassinado a eliminatória. Assim…no Dragão voltamos a falar. Notas abaixo:

 

(+) Guarín Ao contrário do que estava a discutir com o autor do Dragão Crónico, que me disse que eu teria de fazer a penitência de dar um Baía ao colombiano, é com todo o gosto que o incluo no topo da lista. Resolveu o jogo como tinha feito em Sevilha mas ao invés de entrar para ganhar um ressalto e atirar para uma baliza semi-deserta, desta vez Guarín dominou a bola à entrada da área, fez uma finta de corpo para tirar o defesa da frente e rematou com força e colocação para fora do alcance de Akinfeev. Sim, foi Guarín que fez tudo isto, ele que depois de uma primeira parte muito esforçada mas pouco produtiva apareceu mais solto, (ainda) mais guerreiro e muito mas muito mais eficaz na segunda. É uma figura peculiar, este tipo. Parece tosco mas consegue jogadas como a do golo; assemelha-se a uma preguiça no ramo de uma árvore quando pensa no que quer fazer mas avança como um leopardo esfomeado quando vê que tem espaço para furar, como fez na primeira parte em que depois de ganhar um ressalto, fintou um russo e espetou um passe de 50 metros para o flanco esquerdo. Está a ser muito útil esta época, principalmente em jogos como este em que o físico se tem de impôr à técnica. Guarín? Presente!

(+) Segunda-parte Mas que diferença fez o intervalo, minha gente! A segurança que faltou dos 0-45 apareceu dos 45-90, com uma mentalidade mais ganhadora, mais assertiva, mais calma e acima de tudo com uma noção táctica mais controlada. A equipa distribuiu-se pelo campo com um posicionamento que frustrou os russos vez após vez e que permitiu uma fracção das jogadas de transição que tinham ocorrido na primeira parte. Se haverá mérito no reposicionamento e na putativa lição táctica de Villas-Boas ao intervalo, o facto dos jogadores se adaptarem melhor ao relvado e às condições do jogo também deverá ter ajudado, mas seja como fôr os rapazes de amarelo subiram exponencialmente de produção e impuseram um futebol mais bonito e eficaz que levou a um resultado bastante positivo.

(+) Helton Se durante o jogo não tivesse andado a fintar adversários e a fazer-me esbranquiçar o pouco cabelo que ainda tenho, tinha ficado mais satisfeito. Mas perdoo o nosso capitão porque foi ele a última e intransponível barreira defensiva do FC Porto hoje no Luzhniki. Amorteceu o desnorte dos colegas que jogam à sua frente e defendeu tudo o que conseguiu, salvando a equipa várias vezes na primeira meia-hora de jogo. Mas pára lá de fazer as fintinhas, pá, palavra de honra que um dia destes vai-te correr mal a brincadeira e depois levas um Baroni que te lixas. Ah pois é.

(+) Fernando Foi, a par de Helton, o único jogador a fazer uma primeira-parte positiva. Nunca complicou e tentou sempre arrastar o jogo para a frente com muitos passes diagonais para a frente e a tapar no que podia em frente aos centrais. Com o meio-campo mais poroso que uma meia de rede e Moutinho+Guarín a não conseguirem suster os atacantes russos, foi Fernando que muitas vezes limpou a bola da nossa zona defensiva, sempre com sentido prático acima da média da equipa. Muito bem.

 

(-) Primeira-parte Foram 45 minutos de pressão intensa nas cabeças de todos os portistas que estiveram a ver o jogo. Os russos, agressivos e com transições rapidíssimas, lixaram de tal maneira a mona aos nossos defesas que nem Sapunaru nem Rolando conseguiram perceber o que deveriam fazer até chegarem ao balneário. Foram tantas as vezes que Honda, Love, Doumbia e companhinski passaram por eles que comecei a pensar que tinham o cérebro enregelado. Para além disso, a saída da defesa era quase impossível a não ser em bolas longas para Hulk, inepto desde a entorse logo no início do jogo, ou Falcao que tentava dominar a bola rodeado por gajos com camisolas do Chaves, ou James que andava empenhado mas meio perdido no meio-campo contrário. A somar a este desterro, Moutinho não conseguia acertar dois passes seguidos, Guarín tentava mas não saía nada e o único que se safava era Fernando que jogava mais prático e por isso com menos riscos. Foi uma tremideira que felizmente acalmou na segunda-parte, mas tivemos muita sorte em não ter sofrido pelo menos um golo.

(-) Adaptação ao relvado Acredito que os relvados na Rússia dêem mais jeito serem sintéticos até porque se torna complicado manter a relvinha bem viçosa quando caem toneladas de neve anualmente. É lá e na zona norte de Lisboa, onde o Sporting quer fazer o mesmo. Pensem novamente. Guarín e Hulk são vítimas de um tapete de cimento em côr castanho/esverdeada em que o resto da nossa malta bem pode agradecer aos anjinhos azuis que lá de cima lhes puseram a mão por baixo e impediram que se partissem todos.

Terminado o jogo, bebido o resto do segundo fino (um por parte para não encher mais a pança), descansei. Foi um jogo de nervos, uma batalha em Moscovo contra uma equipa muito forte que joga num estilo que me enerva pela incapacidade dos nossos rapazes se adaptarem à velocidade dos cruzamentos e das transições. O resultado é melhor que o conjunto das duas partes que foram tão antagónicas que parece estranho terem feito parte do mesmo jogo. Trememos na primeira, controlamos na segunda e conseguimos um golo que nos pode qualificar para os quartos-de-final de uma competição que parece cada vez mais ao nosso alcance. Não vai ser fácil o jogo daqui a uma semana no Dragão e não podemos descansar com uma vantagem tão curta, mas é possível marcar pelo menos mais um golo a estes russos enervantes. E cortem aquelas tranças de alien avatárico do Vagner Love, por favor. Nem que seja à lapada.

18 comentários

  1. Uma história que foi buscar várias repetições,a de vencer em Moscovo(cidade talismã já)a de jogar mal na primeira parte e jogar bem na segunda e a de marcar entre o minuto 67 e 69.Um minuto antes do golo pensei para mim própria “bem,pela hora,devemos estar aí a marcar…”

    Fiquei agradada com a segunda parte,e principalmente com a vitória mas se queremos e ir longe nesta competição(e mesmo em outras áreas) temos que ser mais consistentes e equilibrados ao longo dos 90′.Nem sempre podemos ter a sorte de ir para o intervalo 0-0
    Ainda assim,é muito bom ver que as conversas aos intervalos servem,realmente,para alguma coisa.

    Hulk,tem calma rapaz que o golo vai voltar daí a nada.

    E cuidado com aquelas setas russas na 2ªmão!

    Saudações Orgulhosamente Azuis e Brancas ;)

  2. O André escolheu o onze que eu tanto pedi:)

    mas nem tudo correu bem, a adaptação ao relvado foi mesmo péssima para alguns.

    Baías:

    Guarín!

    Helton!!!

    FUCILE!!! Esteve BRILHANTE!

    Varela. Entrou muito bem. Assistiu o golo e assumiu a responsabilidade ofensiva.

    Baronis:

    João Moutinho. Dos piores jogos que fez. O descalabro da primeira metade é culpa disso mesmo. Parte da culpa.

    Hulk. Dos que não conseguiram fazer nada. Depois de descansar no último jogo, exigia-se mais, muito mais.

    Árbitro. 3 expulsões perdoadas a jogadores do CSKA, é obra, ao intervalo já deviam estar com 9.

    vinte e tal minutos: entrada de pitons à perna de Falcao nas barbas do árbitro de um jogador já amarelado.

    Guarín isolado é arado em falta à entrada da área. Não é penalty mas e vermelho. Perdoado! Nem falta nem vermelho.

    Segunda parte: Vagner Love entra de carrinho com os dois pés sobre Hulk. Entrada assassina. Foi amarelo.

    Basta recordar a expulsão e suspensão de Álvaro Pereira para se entender os critérios.

    O resultado é muito bom. Mas muita atenção à segunda mão. O CSKA é perigosíssimo fora e tem um ataque e criativos capazes de fazer sérios estragos.

    http://thebluefactoryofdreams.blogspot.com/

  3. Partimos para esta partida, a meu ver, com um favoritismo “falso”, desfasado da realidade do jogo e das equipas envolvidas. De um lado um Porto motivado, com uma mão no título nacional e a espreitar a glória europeia de voltar a uma final da UEFA, com o plantel praticamente completo (salvo a excepção do A. Pereira) e até com as estatísticas do seu lado. Quem lesse apenas até aqui pensava que o Porto tinha obrigação de ganhar por 15-0 (á la adepto da mouraria…).

    Mas do outro lado está uma equipa fresca (de ínicio de época), dotada de jogadores com talento e velocidade e acima de tudo habituada ás condições do estádio em Moscovo (frio e sintético). Para além disso, tem um sistema de futebol assente em estratégias e métodos simples (para mim são as piores). Futebol directo assente na rapidez dos avançados.

    Ora ontem eu ia confiante que o Porto iria saber de tudo isto que eu referi atrás… mas ao que parece não assimilaram isso. Wagner Love aparecia constantemente nas costas de Fernando e aproveitava um espaço entre a linha de meio campo e da defesa, que o Porto teimava em abrir durante o 1º Tempo. Destes erros consecutivos era possível ao brasileiro abrir jogo para o rapidissimo Costa-Marfinense poder aparecer na cara do Helton… e valeu-nos o capitão ontem.

    Até ao intervalo, Rolando e Otamendi foram incapazes (mais Rolando pela sua velocidade, uma vez que Otamendi é mais pesado por natureza) de subir as linhas e impedir estes movimentos do ataque russo.

    Na segunda parte, e acredito que por acção de AVB (que deve ter visto o mesmo que eu) o Porto subiu e colou as suas linhas deixando de abrir espaço para os russos. Outra coisa que começou a funcionar foi o alternar entre Moutinho e Guarín no suporte ao ataque, funcionando num falso 4-3-3. Foi assim que se chegou ao Golo.

    Nota positiva para o trabalho de Souza que entrou bem na partida, assumindo um papel no “carrossel” que era necessário para controlar a bola.

    Não sei se por adaptação ao relvado, se da sede de voltar a marcar, Hulk foi novamente um menos numa equipa que vai precisar mais do brasileiro.

    Agora é preciso atenção, cuidados redobrados para a segunda mão, tendo em conta que o relvado já não atrapalha tanto e que já conhecemos mais do adversário.

  4. Bom dia,

    Mostramos mais uma vez que perante qualquer adversidade, temos capacidade de adaptação e conseguimos vencer.

    Ontem num relvado sintético, Hulk e James não se adaptaram, e na primeira parte pouco jogo ofensivo produzimos.

    Limitamos-nos a tentar controlar o excelente tridente ofensivo russo, que nos causou imensos calafrios.

    Na segunda parte a partir dos 60 minutos, e depois das alterações de Villas Boas, dominamos o jogo, chegamos à vantagem, e podíamos mesmo ter sido “gulosos” e ter lutado pelo 2 a 0, mas a equipa não quis arriscar, pois o adversário, face à qualidade dos elementos que entraram Nedic e Tosic, também poderia marcar e colocar em risco o excelente resultado.

    Valeu Helton, sempre seguro a transmitir tranquilidade a uma defesa que esteve num excelente nível. Grande exibição de Otamendi, Rolando, Sapunaru e Fucile muito bem. No meio campo Fernando e Moutinho estiveram ao seu nível. Varela entrou muito bem no jogo, tal como Cebola e Guarin foi uma aposta ganha de Villas Boas.

    Agora no Dragão temos de ser mais eficazes do que fomos diante do Sevilha, para marcarmos e não andar na corda bamba até final do jogo.
    Esta equipa russa provou ontem que pela qualidade dos seus atacantes, pode marcar em qualquer campo.

    Nós somos superiores no computo geral e temos uma vantagem que nos permite chegar aos quartos de final.

    Bravos os nossos adeptos que se deslocaram a Moscovo apara apoiar a equipa.

    Abraço

    Paulo

    http://pronunciadodragao.blogspot.com/

    1. “Grande exibição de Otamendi, Rolando, Sapunaru e Fucile muito bem.”

      Achaste mesmo? A primeira parte então foi muito má, principalmente o Sapunaru e o Rolando…se não fosse o Helton tinhamos sofrido um ou dois golos…

      1. Desses, só destaco mesmo o Fucile. Esteve irrepreensível o uruguaio e é a minha aposta para o jogo da segunda mão, em vez do Sapunaru. Já agora, quem me sabe dizer que possíveis adversários pode o FCP encontrar, caso passe?

          1. ai é? vai haver sorteio? pensei que fosse tipo: vencedor do jogo A com o vencedor do jogo C ou quê. está bem então :)

  5. Foi uma vitória feliz, num relvado difícil, a avaliar pelas dificuldades sentidas por grande parte dos nossos jogadores.

    Helton esteve gigante a assegurar o nulo, na primeira parte, para no segundo tempo vir ao de cima a maior classe do FC Porto, que finalmente tomou conta do jogo, conseguindo o triunfo com um belo golo de Guarín (para mim muito mais útil que Belluschi) e com a sensação de que o marcador poderia ter sido alargado.

    A eliminatória está longe de se considerar ganha, mas que este resultado constitui um passo importante para o conseguir, ninguém o pode negar.

    Um abraço

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