Baías e Baronis – FC Porto 5 vs 0 Paços de Ferreira

20150201 - FC PORTO - FC PAÇOS FERREIRA

Mas que bela noite se passou no Dragão neste frio e primeiro Domingo de Fevereiro! Bom futebol, troca de bola com elevado critério, algum jogo entre-linhas (algo que não se via de uma forma consistente desde os tempos de Vitor Pereira), alguns bons golos e uma equipa do FC Porto à procura de um resultado que desse o suficiente retorno a uma moral que se quer sempre melhor e que o jogo da Madeira acabou por atirar ao Atlântico. Vamos a notas:

(+) Quaresma. Um jogo muito positivo, mais uma vez, a entender-se bem com Danilo e com Herrera (quando o mexicano aparecia a apoiar os colegas do flanco) e em constante movimentação para receber a bola e agir como um jogador do seu nível deve fazer: pôr o talento em campo sem esquecer a equipa. Mas o momento alto (altíssimo, raios, everéstico!) foi o seu segundo golo, que me deixou de braços erguidos para o céu como uma espécie de Cristo-Rei preso a uma corda de roupa. Levantei-os e não os baixei até que pudesse gritar o nome do cigano que tem tanto de enervante como de genial (como todos os génios, diria), mas que hoje colocou vinte e tal milhares de almas em êxtase com aquele monumento. Golo do ano. E se fosse o Ronaldo a marcá-lo, amanhã abria os telejornais.

(+) Óliver. Corriam aí 80 e poucos minutos e se alguém tirasse uma fotografia ao relvado com a objectiva exposta durante algum tempo, via poucos traços de movimento com nuances azuis-e-brancas. Mas veria com toda a certeza um pequeno trilho de luz e cor a voar no flanco esquerdo do nosso ataque. Óliver Torres, que depois de uma primeira parte menos exuberante entrou para a segunda com autoridade e um espírito de trabalho e pressão alta como poucos têm vindo a mostrar. E lembro, para os menos atentos, que este rapaz é o tal que está emprestado e que não temos hipótese nenhuma de o comprar a não ser que o Atlético de Madrid o queira vender a preço de saldo. O que parece tão provável como o Maicon aprender a jogar simples (ver abaixo).

(+) A pressão alta. O que mais notei na forma como o FC Porto tem vindo a encarar os últimos jogos é a simplicidade de movimentos no ataque. Bola para o lateral, sobe para o extremo, espera pelo overlap, chega? não chega? volta para trás, roda para o meio, segue do outro lado. Não me incomoda que demorem algum tempo a executar ou que haja poucos remates à entrada da área (talvez devesse haver menos aversão ao risco nessa zona, mas isso é outra conversa), só quero que tenhamos a bola e descansemos com ela controlada. Mas agradou-me imenso, quando perdíamos a bola, ver o meio-campo a subir para pressionar os jogadores contrários, desde os médios aos defesas e incluindo o guarda-redes, com a força de várias unidades a juntar-se num colectivo que obrigou o Paços a cometer muitos erros não-forçados (ah, ténis, nunca me abandonas) e a projectar a tremideira nas decisões que tomava. É assim que se arruma um jogo destes logo desde início, porque quando se rouba a bola ao adversário…há menos hipótese de sermos surpreendidos, não há?

(+) O livre de Tello. UM GOLO, RAPAZ!!! UM GOLO, RAPAZ!!!!!!!!! Parabéns, muito bem marcado, excelente! Agora de bola corrida, fazes favor. Obrigados.

(-) Tanto golo desperdiçado. Aos vinte minutos, o meu colega do lado abriu a mão em cima da minha perna. Sem tocar, acalmem-se. Apenas quis mostrar com aquele gesto que já tínhamos suficientes oportunidades falhadas para que o resultado que acabou por ser o final já o pudesse ser por aquela altura. Entre os centros de Quaresma, hesitações de Herrera e remates de Jackson, só por mérito da equipa em nunca desistir até chegar a um valor decente no algarismo por baixo do nosso logotipo no écran gigante é que conseguimos atingir o objectivo. E os golos que se falham podem ser tão importantes noutras alturas, contra equipas mais inteligentes e bem mais eficazes…como o jogo contra o Benfica mostrou aqui há uns meses. Ou já se esqueceram disso?

(-) Maicon. Insiste, como um adolescente de uma família democrata-cristã que decide tatuar “Hasta la victoria, siempre!” no peito, em fazer com que os adeptos o odeiem só por ser como é. E jogo após jogo vêem-se as idiotices e as displicências que não consegue sacudir porque é mais forte que ele. Não dá para apenas cortar a bola, tem de a picar por cima do avançado; não consegue aliviar um lance perigoso, tem de sair a jogar com a bola controlada; não sabe ser prático, tem de ser bonito. E esquece-se que ninguém precisa que seja um galã de filmes dos anos 50. Bastava que fosse um Van Damme. Nunca vai conseguir ter o apoio incondicional dos adeptos se persistir nestas falhas.


Com a Argélia eliminada teremos Brahimi de volta na próxima partida. E agora, quem sai do onze?

13 comentários

  1. Que grande jogo, fogo…desta vez mais que o resultado tivemos o massacre que tanto pediamos ainda houve a nota artistica de quaresma.

    Duas coisas que quero mencionar:e

    – o Marcano de fininho vai acabar por roubar o lugar ao Maicon e é merecido.

    – Que bom que era que o At.Madrid quisesse levar o Jackson. Podia ser meio caminho andado para termos o Oliver. Esta devia ser a prioridade numero 1 em termos de reforcos para o ano que vem.

  2. Boas,

    Foi dos melhores jogos do FCP este ano. Milhentas oportunidades, boas jogadas, bons golos. Muito bem.

    Baroni: (só porque acho que deveria ser melhor ) o espaço que os nossos defesas dão aos moços é enorme.

    Cumprimentos,

  3. Concordo com quase tudo. O Maiconas nao vai la… e o Tello, por amor de Deus… para alem do golo nao faz nada de jeito. Mas pq q o Ricardo nao tem uns minutinhos de jogo???

    1. ontem o Tello nem esteve mal, falhou um ou dois lances mas só me chateou quando desistiu daquela bola…sim, foi mesmo depois de sprintar e recuar, mas para quem estava habituado a Derleis e Lisandros…

      1. Pois foi, curiosamente como aquela bola levava efeito ele chegava lá facilmente. Pareceu-me que se ouviu um “ohhhhhhh” quando ele não correu à bola ehehe

        E foi um livre muito bem marcado. Jogou bem.

      2. Jorge, se estás a falar de uma bola metida pelo Quaresma desde o meio-campo, ele nem de mota lá chegava… O Cebolla corria às bolas todas e não jogava os tarecos de um gato. Isso de correr “à Porto”, desculpa que diga, é uma treta, porque interessa é saber correr. O Lucho não corria “à Porto”, mas desde Baía e Costa que não tínhamos um capitão como ele… (hey, eu não estou a dizer que o Tello está 100% com a cabeça cá, só digo é que não basta correr feito tolinho para ser bom jogador…)

        Quanto ao Tello, tirando a falta de confiança, acho que fez um bom jogo (bom nas combinações na lateral, bom a procurar passes interiores no último terço, em vez de cruzar à toa como muitos adeptos gostam). Esteve até muito melhor que o Quaresma, por exemplo, que tirando a trivela esteve ao seu nível, e estragou a maioria das jogadas no último terço, porque como sempre não sabe o que é um colectivo… Estimo bem que não renove (até porque deve ser caríssimo!).

        1. “não basta correr feito tolinho para ser bom jogador” -> de acordo. mas ganha capital para poder falhar os próximos dois ou três lances. nem derlei nem lisandro eram os mais eficazes do mundo…mas esforçavam-se tanto que a malta perdoava algumas parvoíces. como fez ao Jackson, ontem, depois de tentar o chapéu :)

  4. Bom dia,

    Mais um jogo passado em plena auto-estrada(que nervos), mas desta vez o relato não me deu cabo do juízo pois os golos foram-me acalmando..

    Quanto ao Brahimi, jogando de princípio ou não, que venha cheio de ganas para nos ajudar.. Já esteve de férias num sítio quentinho agora toca a trabalhar ;)

    Um abraço e uma boa semana.

  5. Jorge,
    Vejo muito escrito pela blogosfera (incluindo aqui) sobre a incapacidade do Maicon… O que e facto e que foi preciso nao estar la o Indi e nao estar la a invencao do Ricardo a defesa direito para finalmente nao sofrermos golos!!!
    Indi e Ricardo nao percebem um boi de posicionamentos defensivos e eu adiantaria que 75% dos golos que ja sofremos tem dedo de um deles… mas o facto de que um (Indi) faz ar de mau e o outro corre muito faz logo com que a maior parte dos adeptos goste muito deles…

    Um grande exemplo foi o golo do Maritimo… O cruzamento vem do lado esquerdo da area (zona do Indi), o Indi perde o duelo nas alturas com o Mazoou, a bola sobra para o lado esquerdo da area (zona para ser coberta ou pelo Indi ou pelo Casemiro), o Maicon, unico a reagir com velocidade e inteligencia, ainda se tenta fazer ao lance apesar de nao ser na zona que ele deveria cobrir… No fim os adeptos acefalos queixam-se que o Maicon e que falhou, quando no fundo ele so estava a servir de pronto-socorro ao Indi que esta sempre mal posicionado e e lento demais para recuperar… A mesma historia que se passou contra o Bilbao… enfim…

    Abraco

      1. O Indi perde o duelo aéreo com o bisonte do Maazou mas quem devia acompanhar Gallo naquela zona é o suspeito do costume, que viu o golo enquanto se dirigia para a área a passo, esse filho de 30 p#tas que é o Casemiro.

        O Indi não é grande espingarda no jogo aéreo ofensivo mas ate aqui não o tinha visto comprometer defensivamente.

        Mas a defesa não se resume a um duelo individual, logo para mim a culpa é inteiramente do Miro… Como é que Gallo remata sem ser minimamente incomodado?

Deixar uma resposta

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.