Baías e Baronis – FC Porto 2 vs 1 Chelsea

andre chelsea

O futebol é isto. É a emoção de uma bola que parece ir para a rede mas enfrenta um poste vil e perde o duelo, são os saltos de milhares de adeptos quando uma sequência de remates se sucedem a uma velocidade indigna para seres humanos, com pernas e braços e cabeças ululantes numa coreografia que faria o Bolshoi corar de vergonha. É um canto tão bem marcado que desafia a realidade e o histórico recente. É um homem passar por seis adversários na mesma jogada, alguns várias vezes. É um gigante defender uma bola impossível e quase repetir o feito no mesmo segundo. É a alegria de ver um menino de 18 anos a ser mais homem que tantos outros no seu lugar. É lindo e é assim que devia sempre ser. Amén. Notas bem dispostas já abaixo:

(+) Ruben Neves. O Pirlo de Mozelos. Cada bola que sai dos seus pés parece levar veludo a enredá-la num harmonioso conjunto de leveza e dedicação, com a perfeição da entrega a deliciar-me a cada passo que dá, a cada passe que faz. Junta a isto o esforço de um jogo inteiro, alheio a passeios pelo relvado e a envolver-se em cada jogada com entrega e afinco, mostrando a todos que um jovem pode ser mais maduro que tantos outros com mais experiência. Um portento de discernimento e inteligência em campo. E é nosso.

(+) Aboubakar. Não sabe parar quieto e é na capacidade de trabalho que mostra toda a sua capacidade. Diferencia-se de Jackson, nas palavras do meu colega na cadeira ao lado, pela capacidade de drible curto e progressão no terreno que o colombiano não tinha. Concordo, apesar de achar que as comparações são desnecessárias. Aboubakar está a fazer o seu caminho depois de um ano como understudy e fez mais um jogo abnegado, no meio ou a tapar na esquerda durante os últimos minutos, sempre com força e dedicação à equipa.

(+) Brahimi. E finalmente apareceu o argelino, pronto para aqueles dribles curtos que puseram meia Europa a salivar nos primeiros meses da época passada e que tanta falta tem feito nas primeiras semanas desta. Enfrentou Ivanovic com agressividade e tentou sempre cair por cima do sérvio, acabando por dar origem ao primeiro golo numa jogada individual como há muito não se via a este nível. E foi igualmente importante a tapar o flanco na ajuda a Indi, especialmente na primeira parte.

(+) Indi. Talvez o melhor jogo do holandês pelo FC Porto, foi rijo e nunca se deixou intimidar por quem quer que lhe aparecesse pela frente de camisola preta (com umas nuances ridículas nos calções, diga-se). Não subiu muito, é verdade, mas por aquele flanco raramente houve perigo a não ser na parte final, com meia equipa já agarrada às pernas e o Chelsea a pressionar pelo ar. Não serve para todos os jogos mas esteve muito bem hoje.

(+) A reacção ao golo sofrido. Sofrer um golo na última jogada da primeira parte é o equivalente a tropeçar a meio de subir Machu Picchu. Confusão, medo, desânimo e uma sensação de perda que podia ter colocado tudo em causa, com as devidas comparações e noções de escala. Mas a equipa, talvez com influência do treinador, talvez pela fé em alta depois de uma boa primeira parte, conseguiu erguer-se de novo e apareceu em campo confiante e com vontade de vencer o jogo. O resto foi o que se viu.

(-) Meio-campo inelástico na primeira parte. A ideia era simples: encher o meio-campo com tanta malta que o Chelsea não conseguiria produzir futebol por aquela zona. E funcionou, mas por pouco, porque apesar de haver mais gente no centro do terreno que pinheiros em Leiria, houve grande dificuldade no desdobramento e no encontrar das posições certas, especialmente por Danilo e Imbula, que pareciam particularmente perdidos e muitas vezes ocuparam a mesma relva sem que conseguissem impedir o avanço do adversário. Na segunda parte tudo foi melhor, com o centro a ser ocupado de uma forma mais consistente e com os jogadores a entenderem-se muito melhor na cobertura da zona defensiva.

(-) As hesitações perante a pressão. Ao ver o onze a passar nos écrans gigantes do estádio, pensava: “porra, temos muitos internacionais, não podemos dizer que não há experiência do nosso lado”. Mas à medida que o jogo se ia desenrolando, notava-se uma diferença significativa na forma como o Chelsea encarava a pressão do adversário quando comparada com a nossa reacção ao mesmo cenário. Danilo tremia um pouco, Maicon insistia na jogada bonita, Marcano hesitava na abordagem aos lances e Imbula, apesar de usar bem o corpo, parecia sempre enfiar-se num buraco de onde era complicado sair. Brahimi e Ruben foram os que melhor se safaram na primeira parte mas houve demasiada tremideira com a bola nos pés durante muitos minutos.


Um empate, uma vitória e tudo prontinho para sermos bons meninos e tratarmos já da qualificação nas duas próximas jornadas contra os israelitas. Soube bem, carago.

21 comentários

  1. Fundamental vencer os dois próximos jogos e dar a estocada final em casa contra os ucranianos. Nem me passa pela cabeça ir a Londres com o apuramento ainda por resolver.

  2. Boas,

    Ao ver o onze inicial fiquei “oh, que cagão” com o andré andré a extremo e o danilo e o ruben no meio campo mas revelou-se acertada. Acertada porque o cabron do brahimi fez um optimo jogo! Porque o Aboudakar fez um optimo jogo e porque o imbula jogou 20% mais do que é costume. Gostei. Gostei do ataque, gostei do meio campo.

    A parte negativa: a nossa defesa. As duas primeiras jogadas de perigo que o casilas defendeu os nossos defesas foram comidos. O chelsea pegava na bola e ia em frente sem medo e conseguia passar pelos nossos defesas facilmente. O Diego Costa é um monstro mas caramba…

    O lance do golo do chelsea ( eu vi o jogo no tasco ). Pela Tv pareceu que o casilas enquanto formava a barreira estava a berrar para os colegas porque não conseguia ver a bola e … o livre foi marcado (bem marcado até, mas aquele lado é do redes ) e o casilas sem ver a bola… golo! WTF! Não podem acontecer estes casos.

    Cumprimentos,

  3. E que seria agora? A histeria em torno da histeria em torno da histeria em tono da histeria… ahhhh… em torno do Andre Andre?? Filha da mae de oportunismo gtalhado no Karma genetico deste gajo. Ja o amo so por ter sangue azul e desbotar azul em cada sorriso com lagrimas felizes. E o Maicon desencantou aquele golo de onde? Pese embora a abordagem ao lance por parte do defesa me faca lembrar os joguinhos de recreio na preparatoria com o defesa a dar pinotes. Este Chelsea da pena, a serio, tanto talento desperdicado por uma calamitosa falta de estrutura em campo. Falta ao Chelsea um timoneiro aos berros dentro do campo, e nao e Fabregas nem Hazard que podem cumprir esse papel. Ivanovic falha demasiado nao tendo entao moral para gritar com quem quer que seja, Terry ja la nao anda e Zouma tem la idade para berrar com quem quer que seja. E Matic nao tem perfil de comandante. Formacoes, tacticas e estrategias a parte o que o Chelsea sofre e de uma gritante faltya de um timoneiro com fisico, carisma e futebol de classe superior para por aquela equipa a jogar como ja se viu. Quanto ao Porto, continuo com a mesma bitola, o Lopetegui tem que comecar a jogar futebol a serio para eu lhe dar mais duas epocas de apoio no lombo. Mas nao sou nem hipocrita nem parvo, se ele me provar que consegue tem a minha maxima estima. Agora e um pouco como escereveu o Jorge ha uns posts atras, isto nao pde ser ter dentes so para a Champions. O campeonato e prioritario e a Taca de Portugal fica bem. E os putos mais novos e suplentes pouco utiizados sabem que a Taca da Liga e a oportunidade de ouro para mostrarem que o mister deveria ter apostado mais no seu valor (e tambem uma montra para quem se quer por a andar do clube para um bom clube no estrangeiro). Quanto ao Casillas ele que nao me venha com fitas, fez defesas a Casillas tal era o veneno-rancor nas ventas, mas com quem e que esta ele a gritar no golo sofrido? Nao foi culpa de ninguem a nao ser do Willian. E uma bola magistral que requeria uma defesa magistral (nao obrigatoria, mas magistral).

  4. Foi uma excelente exibição. Se muitas vezes critico Lopetegui, para este jogo tenho de dar a mão à palmatória. Lopetegui montou bem a equipa, e conseguiu manietar os principais jogadores do adversário.
    Mais na segunda parte, além de controlar o adversário, tivemos o domínio em absoluto.
    Os treinadores têm todos o mesmo “curso”. Depois entram outros fatores como, a destreza para conduzir homens, para tirar de um atleta o que tem e o que não tem etc.
    O problema de Lopetegui na minha opinião, é ainda não ter desligado a ficha “selecionador”, e treinar o Porto como clube que joga semanalmente. A rotatividade deve ser com “conta, peso e medida”, caso contrário não se criam automatismos, não há fio de jogo. Os jogadores em alguns setores, com a rotina, quase que podem, como se diz, jogar de olhos fechados, pois já advinham movimentos dos colegas etc. Agora o que se espera é que depois desta excelente exibição, primeiro cimente um onze base, e veremos que nem se notará a rotatividade de 2 ou 3 atletas. Quanto à atitude nada a apontar … é Basco e isso diz tudo!

    Abraço

  5. À custa de noites assim que as terças/quartas nesta altura do ano sabem tão bem!

    Grande jogo! Longe de ser perfeito, ou até longe da exibição contra o Bayern por exemplo (mas também seria ingénuo se assim o esperasse). Rúben é um craque! Incrível discernimento com aquela idade. Finalmente Imbula a aparecer e a fazer um jogo bastante razoável (mais na segunda parte). Fico contente por ver a preferência de Marcano por sair a jogar com passes verticais, queimando linhas de jogadores adversários, ao contrário do colega de posição.

    Notas negativas apenas para os 15 minutos finais. Talvez tenha acontecido um pouco por desgaste físico, mas jogar “à retranca” e abdicar da bola dá sempre asneira. Não concordei com a entrada de Layun, quando, na altura, o Chelsea dava montes de espaços nas costas. Tello chamar-lhes-ia um figo!

    Cumprimentos

    1. Quem já conseguia levar com tantos Figos em cima era o Maxi. E bem…bola na nossa área naquele período final foi um fartote. Daí Layun. Daí Aboubakar ter ficado, com Osvaldo. Centimetros, centímetros… Penso eu de que.

        1. Se a questão é centímetros, Layún não acrescenta muito mais do que Tello :) mas percebo a parte da capacidade de corte. Apesar de achar que com Tello poderíamos ter pelo menos mais critério depois da recuperação de bola (explorar a profundidade, como aliás aconteceu num lance para Layun que acabou a cruzar contra um defesa, e noutro em que Brahimi já não teve pernas), que seria chave.

  6. também não gostei do onze inicial, mas tenho que admitir que o Lopetegui fez as escolhas certas. apesar de todo o músculo em campo não deixámos de jogar a bola, o que contra um adversário com tanta qualidade (mesmo que esteja com problemas colectivos) não é nada trivial, Cesc, Pedro, Willian, Hazard e por aí fora… quem nós derá um deles no plantel!

    mais um jogo espectacular RN6 e AA20, e todos estiveram bem duma forma geral, até o Indi a lateral fez um jogo bastante razoável. gostei muito do Imbula que sobretudo na 2ª parte muitas vezes ditou lei naquela zona do campo. admiram-me as críticas ao Casillas no golo, pra mim não tinha defesa possível.

    lá está, do meu ponto de vista, outra vez o Lopetegui a fazer crescer a equipa. parecem-me muito exageradas algumas reacções a um resultado como o de 6ª em Moreira, com grandes debates sobre às prioridades ainda em setembro — mais fundamental do que isolar-se na liderança da liga agora é conseguir que o maior número de jogadores do plantel esteja com ritmo, para poderem entrar na luta para um lugar no onze inicial em cada jogo.

    1. Um empate com o Moreirense a 2 e uma vergonha. As criticas foram poucas. Um empate a 0 com o Moreirense e desculpavel. Nao se podem levar dois golos de uma equipa como o Moreirense e depois reduzir o Chelsea ao que se viu ontem.

      1. o que é uma vergonha para mim é um treinador ser criticado tanto pelos próprios adeptos ainda em setembro quando ainda não perdeu 1 jogo que fosse… o jogo com o Moreirense não foi nenhum brilharete, mas fazer dele o fim do mundo parece-me ridiculo. todos os anos os jogos antes e depois da Champions são complicados, e para todas as equipas que lá jogam, não só pra nós. há muita malta nova, todos têm de ganhar ritmo, todos têm que ter a sensação de poder contribuir, de poder chegar ao onze. claro que sem o Ruben não jogamos o mesmo, mas foi a escolha certa ter o Ruben mais fresco em campo óntem e dar a oportunidade a outros em Moreira.

        1. Nao ha opinioes ridiculas se elas sao fundamentadas. Ha sim opinioes apaixonadas, e mais ou menos exigentes. Mas eu ano acho que haja opinioes ridiculas se elas vem de pessoas minimamente inteligentes.

    1. já me chamaram muita coisa, mas essa é nova. foi um prazer rever-te, caríssimo, temos de marcar aí uma sessão de finos para dar duas de treta em condições!

      abraço,
      Jorge

  7. Jorge,

    Era para te dizer que voltei a reactivar o meu blog antigo só que num formato completamente diferente, mesmo do que existe na bluegosfera,

    http://fcpsempredragao.blogspot.pt/

    E tendo em conta essa situação, gostaria de te perguntar se não te importarias que tira-se uma ou outra frase do teu blog para por como comentário a um determinado jogo/situação;

    Por exemplo, para o jogo com o Chelsea poderia ser qualquer coisa deste género:

    Jorge, Porta 19
    “É lindo e é assim que devia sempre ser. Amén.”

  8. Jorge
    Hoje depois de mais uma derrota dos azuis delondres),e da histeria nao ter sido generalizada gostaria de salientar que uma vitoria,em casa num jogo da liga dos campeoes deveria ser expectantemente normal,independentemente dos figurinos em cartaz.
    Ainda por cima o olimpiakos venceu em Inglaterra,onde por norma o Porto sai derrotado e goleado,e os lampinhoes venceram o atletico,fez de a histeria azul e branca mais uma fobia dos dias de hoje.
    fu fui Fui me aquele apertadinho passar Bem

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