Baías e Baronis – Borussia Dortmund 2 vs 0 FC Porto

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Uma derrota que não me deixa triste é algo raro de acontecer, como um bom controlo de bola do Varela ou um remate bem alinhado do Suk. Mas apesar da exibição pobre e da ausência quase completa de jogadas ofensivas, esta manta de remendos que é a actual equipa do FC Porto fez tudo o que pôde para impedir a vitória de um adversário firme, rotinado, rijo, cheio de excelentes jogadores e acima de tudo uma equipa a sério, que brinca pouco e joga muito. Não foi bom. Mas não foi assim tão mau. Notas já aqui abaixo:

(+) Esforço. Cá vai um exercício: imaginem defrontar o Villarreal em 2011, na rampa final do êxito Villasboasiano, e avançamos com a seguinte equipa: Helton, Varela, Fucile, Rolando, Emídio Rafael, Castro, Ruben Micael, Souza, Ukra, Hulk, Falcao. E lá para o meio entravam o Walter, o Mariano e o Cebola. Garanto-vos que o Sol arde mais depressa do que nós alguma vez conseguiríamos passar a eliminatória da forma que passámos e muito menos com os resultados que conseguimos. E essa era uma equipa motivadíssima, bem treinada, com rotinas estabelecidas durante meses a fio e um controlo emocional acima da média! Seria sempre uma tarefa muito complicada esta de tentar vencer no Signal Iduna, mas os rapazes lutaram e fizeram o que puderam para manter o Borussia longe da nossa área e acabaram por sofrer dois golos de caca que fizeram para não merecer. Fizeram o que podiam.

(+) Casillas. Sofreu dois golos onde não teve hipótese de defesa (ainda esperei que conseguisse ir buscar a bola que bateu no Indi, mas ao que parece só defende as que o holandês CHUTA para a baliza, não os ressaltos…) e ainda salvou a equipa por mais algumas vezes. Manteve controlo quase absoluto da defesa, em constantes indicações e gritos para os colegas. Não foi por ele que perdemos.

(+) Herrera como capitão. Surpreendeu-me a postura bélica de Hector, como que a querer assumir o papel do mítico guerreiro troiano e finalmente a mostrar que a braçadeira tem um significado bem superior ao que tinha vindo a ser feito no passado recente. Sempre em conversa com o absurdo árbitro italiano (que adorava marcar faltas contra nós mas parecia invisual quando os jogadores do Dortmund faziam o mesmo aos nossos rapazes) e a coordenar o meio-campo com indicações a Sérgio e a Brahimi a serem permamentes e, espero, positivas. Que se habitue a usar a braçadeira e que ela, com o seu poder braçadeirínico (existe, perguntem ao João Pinto!), o ajude a subir de produção.

(-) Macios. Eu sei que é um cliché monumental e que dizemos sempre o mesmo quando jogamos contra alemães ou ingleses: somos macios. Mas a verdade é que somos mesmo. Há uma tendência natural recente no FC Porto de assumir uma postura expectante e de pouca pressão física sobre o homem que leva a bola nos pés e na cobertura dos espaços acontece o mesmo. Ficamos para trás, recuamos com medo do adversário e quando vamos tentar tirar-lhes a bola, aqui d’el Rei que há que bater no gajo em vez de usar os ombros ou o corpo e de aumentar a intensidade. Custa-me tanto ver a forma rija como outros jogadores enfrentam uma situação defensiva e quando comparo ao que nós fazemos…que me preocupa perceber a forma infeliz com que se encara um jogo com tanto medo do confronto físico. Somos mais franzinos, não temos tanta capacidade de lutar contra gajos mais corpulentos…então mordam-lhe os calcanhares, apertem-nos entre dois dos nossos, abraçam-lhes o pescoço, puxem os calções…lutem, goddamnit!!!

(-) Brahimi. Mal vi que Brahimi ia jogar pensei que ia ficar atrás dos dois avançados, mas quando reparei no alinhamento em campo, percebi que era um 4-3-3. E depois Brahimi começou a vir buscar a bola atrás. E a não a soltar. E a perdê-la. E vira o disco e toca o mesmo. É frustrante ver um jogador com tanto talento a fazer um jogo tão pobre, apesar de ter linhas de passe livres com tanta frequência como um metro em Tóquio durante a hora de ponta, mas a forma como se prendeu à bola e a perdeu consecutivamente enervou-me. E também deve ter enervado Peseiro, que o tirou do jogo. Não me parece que o argelino tenha pontapeado o banco desta vez…

(-) Ruben Neves. Talvez o pior jogo do ano para o nosso puto, que não acertou um passe decente durante toda a partida e andou a tentar ocupar o meio-campo com pouca força para o fazer. Nunca até hoje se tinha notado tanto a ausência de Danilo ou a sua importância em confrontos desta magnitude, mas a capacidade física do ex-Marítimo faz com que seja essencial contra equipas deste calibre. Ruben não tem de desanimar, só tem de “botar corpo” e de ter melhor critério no passe vertical.


Dois golos não são impossíveis de recuperar, mas havemos de morrer a tentar. Nem que seja com o Angel à baliza e o Maxi a ponta-de-lança!!!

12 comentários

  1. É verdade que o plantel está limitado mas um clube como o FCP não pode limitar se a 11 jogadores. Mas pior é ter adeptos que aceitam com naturalidade a derrota, achando até que foi esforçada. Fosse Lopetegui o treinador e enfiasse o varela a defesa direito e armasse um onze destes é um discurso medroso na conferência de imprensa e logo se cairiam os clérigos. Peseiro não é melhor que lopetegui. É apenas mais recente. Tenho dito.

    1. Ai sim? Então quais eram as opções? Que ovos tem o treinador para fazer uma omelete diferente? Concordo com o Jorge, para o que poderia ter sido, não foimau.

  2. Caro jorge, o brahimi faz isto em todos os jogos. Eu tenho um pó ao gajo descomunal e espero que o peseiro também tenha principalmente por: fintar na defesa 4 gajos, fazer birra quando não lhe passam a bola, estar com a bola no ataque e raramente passar a bola “em tempo útil”.

    Sobre o jogo em si.. nunca iria ser fácil mas confesso que esperava um pouco mais. 2 remates em 90 min ?
    Não percebi o sergio oliveira a titular com o evandro e andré no banco, alguém tem uma teoria ?

    Herrera. O herrera esta diferente, não é deste jogo, nem do ultimo, mas o festejo do golo ao benfica não foi um festejo, foi pura raiva. Parece-me que está a ganhar a postura que deveria ter desde o inicio e para sempre.

    Ganhar aqui é possível, também não vai ser fácil, mas possível é.

  3. Boas Jorge,

    Nao concordo com o Baroni ao Ruben, mas dou um valente Baroni ao Marega. Alias o Marega e um Baroni. E gritante a falta de qualidade desde gajo… prefiro o Varela coxo. Este e o Jose Angel que nao sei o que fazem no Porto. Tb nao entendo como se fazem adaptacoes como a do Varela a lateral ou o Layun a central qdo temos jogadores razoaveis da B, escalados para o jogo, que poderiam fazer a posicao sem “adaptacoes”.
    Uma ultima palavra para o arbitro… nao e que tenha afectado o resultado, mas muito fraquinho. Da-me a impressao que ha ali um penalty nao marcado, mas tirando isso, mto fraco…

    Abraco,
    Joao

  4. Sem tirar nem pôr! De resto, só temos que ir pra cima deles, e passar esta eliminatória. O Dortmund é de alta classe, mas pelo que se viu ontem, ainda está ao nosso alcance!
    Um abraço portistas!

  5. infelizmente não pude ver o jogo e não posso dizer nada sobre ele em concreto, mas como não achei que tivessemos jogado nada bem contra o benfica (e dadas as muitas ausencias) até posso viver com o resultado — é improvável passarmos a próxima ronda contra um adversário que marca muitos golos, mas não é impossível e tenho esperança que pra semana será um jogo diferente.

    (se fosse o o Lopetegui a dar tantos minutos ao Marega tinha os próprios adeptos a massacrá-lo por não colocar o André Silva… curiosamente, a única coisa que se pode esperar é que a comunicação social ainda continue a tratar o Peseiro de forma menos facciosa que o basco, já se sabe que quando começarem o “tratamento” uma grande parte dos portistas lhes seguirão…)

  6. Caro Jorge,

    Nao esperava outra coisa que este resultado. Como já disseram aqui em cima sem omeletes nao se fazem ovos, e o exemplo dessa equipa versao “vilas-boas” é um bom paralelismo. Com tantas ausencias e baixas nao podiamos esperar vencer o Dortmund no seu próprio estádio. Se com equipas melhores já fizemos pior figura, acho que o que aconteceu ontem podia ter sido bem pior.

    Parece-me importante que os indices de confianca nao sejam afectados pela derrota pois o jogo do Moreirense é muito importante para ganharmos um bocadinho de estabilidade. Talvez tenha sido isso que Peseiro tentou preservar, evitando uma derrota por números excessivos.
    Sim eu sei, isto nao é “jogar a Porto” ou “ser Porto” mas, regresso ao início, com todas as ausencias nao poderiamos esperar muito melhor.

  7. Aqui à tempos, um tipo sábio, que muito prezo, curiosamente também no seguimento de uma derrota por dois-zero, mas no Dragão, escreveu qualquer coisa como isto:

    “Não nos encostaram às cordas, não nos massacraram, não fomos trucidados, nem nos sodomizaram”.

    E foi isto. Eles são bons, não estão tão bons como já estiveram, e têm um orçamento upa-upa, mas nada disto aconteceu.

    Infelizmente voltámos ao futebol pré-Pedroto: os últimos trinta metros, nem vê-los.

    E depois, quem ouve o Layun, que até é uma boa excepção à modorra quase geral, até parece que o objectivo era perder por 0-1.

    Mas dadas todas as condicionantes, o que não gostei mesmo foi sofrer um golo na sequência de uma bola parada. Acho que ainda não is tinha visto marcar um golo assim. E foi pena.

    Não foi bom, duvido que eles tivessem capacidade para nos fazer muito pior. Foi o que se pode arranjar, de parte a parte. E assim sendo, é tentar melhorar para a semana. Sem medos.

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