Ouve lá ó Mister – Nacional da Madeira


Amigo Vítor,

Estou fodido contigo, Vitor. Contigo e com alguns dos teus pupilos. Não consigo perceber na minha cabeça como é que depois de jogarem daquela maneira contra o Benfica, numa altura em que não se permitem falhas, em que estávamos no cimo da onda, de pés bem assentes na prancha, acima da água e com o pescoço bem levantado…nesta mesma altura é que aparece aquele AVC colectivo e pumba, lá vamos nós dar uma bela chapa no oceano. E este jogo vem mesmo a calhar, não vem? Não, não vem.

Consigo, no entanto, perceber que não tens culpa de tudo. Roubaram-te metade do meio-campo (com a tua anuência, talvez, mas não me acredito que tenhas concordado com tudo), atiram-te à turba com as forquilhas bem afiadas e os archotes flamejantes, desistem de te apoiar em público quando aparece um peixe bem maior para grelhar na brasa e tu…como ficas? Tens de subir, Vitor. Tens de subir o tom, aumentar a indignação, crescer a voz e levantar o discurso. Tens de falar com os onze fulanos que hoje vão subir ao relvado daquele estádio no meio do monte e convencê-los que as quinas que usam na camisola foram ganhas com suor, com a aplicação prática do talento teórico que tantos gostavam de ter e poucos conseguem exibir. A treta do “ah e tal porque lhes demos quarenta e cinco minutos de avanço” tem de acabar, Vitor, tem de acabar de uma vez por todas! Já todos ouvimos essa história vezes demais neste campeonato e estamos todos fartos disso. Eu estou farto disso. Qualquer portista com o mínimo de orgulho está FARTO dessa atitude! Foda-se, Vitor, que até me enervas e me fazes entornar o chá. Cidreira, para os nervos. Ou Cardhu, quando o chá já não funciona.

Vou ver o jogo. Às dezanove, hora de Portugal Continental e Madeira, vais fazer com que onze rapazes entrem naquele desterro e usem a metáfora que quiserem: matem o borrego, ponham a carne toda no assador, qualquer coisa que tenha a ver com carne. E depois da vitória, que não pode deixar de ser uma vitória, podes ir lá comer uma espetada madeirense e enfiar dois litros de poncha pela goela abaixo. É bom, aconselho. Livra-te de saíres da Madeira com menos que quatro pontos de avanço. Os vermelhos jogam a seguir e vão adorar passar-nos à frente. Não lhes dês essa satisfação.

Sou quem sabes,
Jorge

 

APOSTAS PARA HOJE NA DHOZE:

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Baías e Baronis – FC Porto 5 vs 0 Nacional da Madeira

 

Leitura do Livro do Dragão, capítulo 23, versículo décimo: “E vendo o sofrimento do seu povo e a lamúria dos seus discípulos, Deus fez com que um grande dilúvio se abatesse sobre o Norte da Terra, fazendo as chuvas cairem do céu com intensidade de um remate do Celso e os ventos ecoarem por entre as árvores como uma corrida do Hulk. E o povo, que até lá sequioso olhava para sinais de esperança, viu a bendita água a deslizar pelos lençóis da VCI e agradeceu, porque as uvas não mais se transformaram em passas, o gado pôde voltar a pastar em verdejantes campos e os honrados guerreiros foram recompensados com o escalpe do derrotado. E Deus olhou, guardou o cachecol na gaveta, e foi ver um episódio do Dexter. Assim seja.“. Em poucas palavras, foi bom, não genial. Foram cinco golos, mais ou menos merecidos, mas acima de tudo fica na retina a intensidade diferente quando comparado ao que tínhamos visto na passada quarta-feira, com mais garra, mais fibra e acima de tudo maior jogo de equipa e entendimento. Vamos a notas:

 

(+) Belluschi + Defour Foi o meio-campo que melhor funcionou esta temporada que juntamente com Moutinho fizeram o que quiseram do Setúbal aqui há umas semanas. Os dois primeiros estiveram muito bem, complementando-se nas dobras defensivas e nunca fugindo da luta e das bolas divididas. Defour, mais sóbrio e mais inteligente no controlo do jogo, esteve bem no passe e bom na cobertura dos espaços que eram deixados vazios por Fernando que teve de ir muitas vezes ao flanco para compensar as subidas de Álvaro e principalmente o overlap criado na frente de Sapunaru. Belluschi impressionou-me pela atitude de líder, pela força e pela capacidade de criação de jogadas ofensivas da equipa, sempre a falar, sempre a mandar, sempre com os braços esticados a coordenar os colegas do meio-campo e da frente de ataque. Moutinho continua a ser a minha primeira opção para titular, mas parece-me lógico que gosta mais de jogar com outro ao lado dele que seja similar, desde que haja cobertura mais física na rectaguarda. Se assim fôr e voltarmos a ter a rotação que gosto…torna-se difícil decidir quem deve jogar.

(+) Varela Terá voltado o Varela do ano passado? Corrijo: o Varela do início do ano passado? É cedo demais para afirmar, mas o Silvestre que hoje vi a jogar pareceu diferente. Fiquei surpreendido de o ver a titular mas como o relvado estava molhado e muito rápido, compreendi a opção. E o rapaz rendeu, usando o apoio a meio-pau de Álvaro, claramente sem pernas para muito mais do que tem mostrado, mas Varela conseguiu manter uma posse de bola inteligente e acima de tudo mostrou entrega, luta, fibra, ajudou na defesa, participou na travagem do jogo do Nacional pelo lado esquerdo e ainda teve tempo para lançar contra-ataques perigosos. Ainda não o tinha visto assim esta época e fiquei satisfeito com o que vi.

(+) Mangala Para um rapaz de vinte aninhos, não está nada mal. Rápido, forte, rijo, difícil de contornar e quase impossível de bater pelo ar, tem tudo para ser uma presença regular no onze. Ao lado de Rolando, que continua a passar por algumas dificuldades no controlo de bola (o rapaz já devia ter melhorado em tantos anos) e no posicionamento perante adversários mais rápidos, Eliaquim manteve-se sempre atento às jogadas de assédio da área portista e nunca deixou que o adversário passasse por ele. Ainda assim, há pontos negativos na sua exibição, que se focam na aparente incapacidade de sair com a bola controlada de uma posição difícil. Mangala chegava perto do adversário, ganhava-lhe a bola…e depois colocava-se mal e perdia-a outra vez. Precisa de melhorar na concentração que precisa para render sempre a um nível consistente quando tem a posse de bola, porque perde-a tão depressa quanto a recupera.

(+) Walter É um jogador diferente de Kleber, sem dúvida. Retém muito mais a bola, controla a pressão dos defesas e consegue rodar o jogo para o extremo mais próximo com maior facilidade que o ex-Marítimo, só pecando pela lentidão que é inerente aos jogadores que possuem forma de planeta. Gostei da forma disponível com que rodou na pressão da equipa, atacando o adversário directo e ajudando os colegas no trabalho defensivo. O Walter do ano passado não fazia o que este faz e nota-se bem a diferença. Pode ser gordo, fóti, bucha, chamem-lhe o que quiserem. Mas têm marcado golos e anda mexido, com vontade de jogar. Por agora, vai chegando.

 

(-) Hulk Preferia não dar um Baroni a Hulk porque o rapaz anda esforçado. Podem dizer mal dele à vontade, podem até criticar o novo modelo “Songokhulk” que apareceu hoje no relvado do Dragão, mas continuo a apoiar Hulk pelo talento e pelo esforço. Vejo Hulk como um elemento fundamental, capaz de rasgar defesas e de furar os blocos de gelo mais refundidos do fundo do Ártico quando está em forma, mas hoje não foi um desses dias. Marcou um belo golo, é verdade, e tentou furar, tentou penetrar pelas barreiras defensivas do Nacional mas as fintas não saíam em condições e a incapacidade de produzir jogadas de perigo durante quase todo o jogo penalizou a equipa que vê tantas vezes nele um salvador da desinspiração colectiva. Mas o Baroni não é para a pouca produtividade, longe disso. Enervou-me mais vê-lo incapaz de estar calado perante qualquer gajo de preto, fosse o principal ou os que andam c’o pau na mão. Não gosto de ver jogadores constantemente a reclamar com os árbitros, tendo ou não razão para tal, e Hulk parece ter regredido nos últimos tempos ao Hulk de 2008, que dizia mais vezes “Ei, professô!” do que “Joga, joga aqui!”. Tens de ter calma, porra!

 

As alterações de Vitor Pereira correram muito bem e para lá de ter alguma sorte do jogo, o que foi mais interessante foi perceber que alguns dos rapazes que hoje apanharam com uma quantidade inusitada de chuva no lombo mostraram que estão ao nível dos habituais titulares. Estranha-se, portanto, que os titulares não mostrem um nível de jogo bem acima do que estes moços hoje fizeram. Só podemos tirar duas conclusões: ou o plantel é de facto composto por jogadores de valia equilibrada e que podemos continuar a rodar de jogadores quando fôr necessário por imperativos físicos ou tácticos…ou os principais nomes estão muito abaixo do que podem fazer. Gostava de apostar na primeira mas se puser o meu dinheiro na segunda sou capaz de facturar mais. De qualquer forma gostei da maneira como os rapaes se mostraram, com disponibilidade física, alguma inteligência e muito menos nervosismo do que estava à espera. Continuem, putos!

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Ouve lá ó Mister – Nacional da Madeira


Amigo Vítor,

Estou desiludido contigo. Quando saí do Dragão na passada quarta-feira parecia que uma grande tristeza se tinha apoderado dos meus pensamentos e só muito difícil consegui racionalizar os eventos das anteriores duas horas. Não pode ser, homem, não podemos continuar neste ritmo, com toda aquela passividade que mostraste ao lado dos teus pupilos. Sei que as coisas não estão fáceis e que está a ser complicado dar a volta à cabeça dos moços, mas acredita que nada vai ser mais tranquilo a partir deste momento. Pelo contrário.

Mas não interessa mesmo nada pensar que o Nacional é um papão que vem cá e come criancinhas como o Ceausescu na Roménia dos 80s. É mais uma equipa que tem de cair, é mais uma oportunidade que tens para mostrar que estás à altura de gerir uma equipa de cima para baixo e que consegues pô-los a fazer o que mais interessa aos adeptos: ganhar. Já reparaste que a malta começou, na sua infinita e absurda estupidez, a assobiar. Não consigo lidar com isto, pá, não te posso ajudar aí a não ser…não assobiando e apoiando. É o máximo que se pode exigir a um gajo como eu, que lá aparece semana sim, semana não, que sabe que não é fácil sobreviver num mundo onde a pressão existe sempre e onde por muito que tentes há sempre algo que corre mal. E na semana seguinte, se calhar ainda corre pior. Mas os grandes, Vítor, mais uma vez te digo, os grandes são aqueles que conseguem pegar no touro pela cornadura e dizer-lhe: “Ouve lá, ó touro, tu bate a bolinha baixa e não venhas para aqui armado em parvalhão. Down, boy! Quem manda aqui sou EU!!!”, para ver o bicho a fugir com a cauda caída e o mafrim murcho.

Tenho para mim que não vais fazer alterações à equipa. É só um feeling e pode estar totalmente errado, mas apostaria que pelas 18h15, os rapazes que vão entrar em campo com os casacos de fato-de-treino a proteger as camisolas vão ser exactamente os mesmos que fizeram o mesmo percurso contra o APOEL. Se isso acontecer, se fôr essa a tua forma de ver as coisas, nada contra. Mas promete-me o seguinte: convence-os que se fizerem o mesmo tipo de jogo que na passada quarta-feira…começa a ser difícil apoiar-te a 100%, Vitor, porque é sinal que nada mudou. Quatro dias é pouco tempo para alterações de fundo, mas hoje precisamos de ver algo de novo. Seja com os mesmos onze ou com outros, alguma coisa tem de mudar para melhor. Ou eles ou tu. Trata lá disso e boa sorte para o jogo!

Sou quem sabes,
Jorge

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Baías e Baronis – FC Porto vs Nacional

Foto retirada do MaisFutebol

Ao contrário do jogo contra o Beira-Mar, este nunca foi um tédio. Entrou muito bem, ao contrário do que aconteceu nos últimos encontros, e fez um jogo muito competente, calmo, tranquilo, a rodar a bola com facilidade, falhando poucos passes de progressão e não fossem algumas facilidades dadas pelos centrais na tentativa de puxar o Nacional para uma pressão ainda mais alta e abrir espaços, o jogo teria sido quase perfeito. Hulk em grande, James a melhorar muito e a melhor exibição (de longe) de Rafa com a nossa camisola. A qualidade do jogo foi directamente proporcional à temperatura que se sentia no Dragão, porque se começou em grande com um ambiente fresquinho, foi baixando ligeiramente à medida que a malta ia enregelando nas bancadas. Ainda assim houve brilho nos golos, afinco no controlo do jogo e algumas jogadas geniais acabaram por aquecer os corações, já que as extremidades não tiveram a mesma sorte. Allez à les notes:

(+) Hulk  É actualmente O jogador de decisão no FC Porto. Com Moutinho um pouco mais apagado que no início da temporada e Falcao afastado tanto tempo por lesões sucessivas, Hulk é o verdadeiro abono de família cá do burgo. O jogo está preso? Passem para o Hulk. O meio-campo não roda a bola com velocidade? Passem para o Hulk. O Varela está preso de movimentos? Passem para o Hulk. Todo o nosso jogo depende dele, das arrancadas e dos remates de longe ou de perto, a presença dele torna o nosso jogo melhor, tão melhor que os adeptos já lhe perdoam uma ou duas parvoíces de fintas impossíveis porque…nunca se sabe o que dali vai sair. Merece a chamada à Selecção.

(+) James  Está a evoluir bastante na equipa e marcou hoje um golo que lhe vai valer ainda maior confiança dos adeptos. Villas-Boas apostou no puto na altura certa e parece cada vez mais adaptado à equipa e ao nosso futebol. Ainda tem muito para aprender, especialmente quando recebe a bola em zonas de decisão, porque parece enervar-se e tenta passar a bola rapidamente ou rematar sem grandes hipóteses de sucesso e acaba por se atrapalhar, como hoje sucedeu algumas vezes. Precisa de continuar a melhorar mas tem talento que chegue e sobre para ser um elemento activo no plantel.

(+) Rafa  O melhor jogo de Rafa com a camisola azul-e-branca acabou por ser, ironicamente, vestido de amarelo. Deu continuação à boa exibição de Aveiro com uma excelente partida hoje à noite, inteligente no corte, perfeito no domínio de bola pelo flanco (fez uma “picadinha” para passar por um jogador do Nacional que lhe valeu um belo aplauso) e até os cruzamentos estavam a sair bem medidos. Se jogar sempre assim, com Sapunaru no outro flanco a manter o nível alto desde o início da época, Fucile está com a vaga no onze tapada.

(+) Sapunaru  Muito bem, mais uma vez. Foi menos explosivo que Rafa mas igualmente bem no controlo defensivo da zona que lhe estava reservada. Tentou sempre subir com força e alguma cabeça, aparecendo várias vezes na entrada da área ou até lá dentro (a heresia!) e se tivesse sido melhor servido por Belluschi (que parece por vezes passar a bola com mais força do que remata, admita-se) até podia ter marcado um golinho. Que época está a fazer o romeno!

(-) Varela  Não está em forma e nota-se na forma como aborda a maioria dos lances. Parece distraído e alheia-se das jogadas quando é obrigado a rodar rapidamente e fazer um sprint com a bola controlada parece tão fora do seu alcance como o Brad Pitt para a Odete Santos. Com Hulk a jogar ao meio Varela parece perder-se ainda mais, porque a grande maioria das bolas que lhe foi parar acabaram retornadas a Rafa ou perderam-se pela linha final. Começa a ser penoso vê-lo na equipa titular.

(-) Falhas técnicas (outra vez) na defesa  Não me incomoda nada quando vejo um jogador a atrasar a bola para o guarda-redes. Por vezes é a melhor forma para libertar a pressão de um ou mais adversários e rodar a bola para zonas mais tranquilas. O problema nesta equipa do FC Porto acaba por ser a forma como os defesas (principalmente os centrais e Fernando) parecem incapazes de controlar a bola com a concentração necessária e vêem-se quase sempre incapazes de simples passes que permitam progredir no terreno. Hoje notou-se perfeitamente o nervosismo de Rolando e Maicon com a bola nos pés, havendo alturas em que quase se notava o proverbial feijão a sair dos calções, tal apertado estava o orifício em que tentava entrar. Há que melhorar nessa área.

Neste momento, com um jogo a mais, temos provisoriamente 11 pontos de avanço (que serão 12 porque não acredito que possamos perder na Luz por mais de 5 golos e tenho fé que nem sequer perdemos) e faltam agora 12 jogos para terminar o campeonato. Desses 12 jogos, 5 serão no Dragão e outros 7 fora de casa. Dependemos apenas de nós e temos tudo na mão para vencer esta treta e a jogar como fizemos hoje, contra uma equipa forte e matreira, somos os grandes candidatos a chegar ao final no topo. E agora há que tentar um pequeno milagre no Sábado e esperar que este mesmo Nacional fraqueje contra o Beira-Mar…

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Ouve lá ó Mister – Nacional

André, miúdo maduro!

Ouvi, como muitos, o que disseste acerca da sede de vingança da malta sobre o jogo contra o Nacional. Até compreendo que digas que é fácil cair na perigosa tentação de ir para a frente à força toda, rasgando camisolas e desfazendo relva, cotoveladas e empurrões ao barulho, só para mostrar aos rapazes da ilha de que massa somos feitos.

Estiveste bem. Mas…

Mas a malta que vai estar nas bancadas naquilo que se prevê que seja um fim de tarde inclinado para o fresquinho na cidade do Porto, onde a brisa que se tem sentido nos últimos dias só vai ajudar a arejar as cabeças quentes, essa malta quer é ganhar. E quer ganhar porque já estamos fartos do Nacional da Madeira ganhar pontos no Dragão, seja em que competição fôr.

E faz-me um favor: explica aos teus meninos que ninguém aqui no burgo lhes leva a mal se jogarem de collants, luvas, samarra e gorro. Já disse que vai estar frio?

Sou quem sabes,
Jorge

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