Baías e Baronis – Sporting 1 vs 0 FC Porto (5-4 em penalties)

Camarada Sérgio,

Não estou enganado. Garanto que não. Este é mesmo um Baías e Baronis mas decidi mudar um pouco o formato habitual e voltar a ter uma conversa contigo, que por mais unilateral que seja acaba sempre por passar alguma coisa. Sei lá, pode ser que algum fulano que trabalha contigo leia isto e te conte aos berros o que é que aquele imbecil badocha anda a escrever sobre ti. Para ti, desculpa. Porque receio que tu não me estejas a ler e podes, com esse desperdício, abdicar de alguns conselhos e/ou ideias geniais que possam ser cuspidas pela minha pena. Soou melhor na minha cabeça, eu sei. Adiante.

O que se passou hoje em Alvalade foi – e acredita em mim quando te digo que eu detesto, mas DETESTO usar esta palavra – uma vergonha. Não foi uma vergonha do género: “adivinhem lá o que trouxe para jantar, filhotes? o quê, papá? uma mamã mais nova que a outra, com melhores mamas e que engole on-demand!”, mas ainda assim, uma vergonha. Tu percebes que perdeste um jogo contra um Sporting que não vale uma ponta de um corno partido, não percebes? Acho que não. Acho mesmo que não. Porque fiquei com a ideia (sabe-se lá onde a fui buscar) que tu, a determinada altura da partida, achaste que os gajos eram melhores que nós. Tenho uma novidade extraordinária para te dar, rapaz: não são. Nunca foram durante o ano e não serão até ao fim da temporada. E não são melhores por culpa de quem? Vá lá, esta é fácil. Por tua culpa, meu maravilhoso e incongruente estupor! Porque tu mostraste jogo após jogo que eras melhor que eles. Porque apesar de algumas dezenas de minutos em que o Sporting, pela sorte do jogo, por uma ou outra circunstância natural durante uma partida de futebol, se superiorizou ao FC Porto, logo foi abafado na próxima vez que nos encontramos. Por isso o que raio te fez pensar, ao final de centenas de minutos, que estes gajos nos metiam medo? E porque é que, pelos quinze sofás manchados de sémen da sala de espera da Dona Maria de Lurdes Rameira, porque raio é que tu foste puxar a equipa para trás neste mesmo jogo depois de teres passado noventa minutos a empurrar a equipa para a frente no passado Domingo na Luz?! Foda-se, Sérgio, explica-me isso, a sério. Os rapazes estavam cansados, nao foi? Pois foi. Então e quando tiraste o Óliver, depois de teres colocado o Sérgio Oliveira em campo, e meteste para lá o Reyes? Percebeste a mensagem que passaste para os gajos em campo? Eu percebi. Eles perceberam. Pior, até o JotaJota percebeu e olha que esse ainda não percebeu que espanhol é outra língua que não a nossa. E antes, quando o Otávio andava a tentar combinações do comando da PS4 para descobrir uma “feature não-documentada” do FIFA, não te lembraste de o mandar chutar?

Au tomate, é para onde me apetece mandar-te hoje, Sérgio, palavra. Porque fizeste tudo ao contrário do que eu queria que tivesses feito. Porque abandonaste a equipa à sorte de um ressalto (que aconteceu), de uma falha (que também aconteceu), de um chouriço (que também tinha de acontecer) em vez de continuares a puxá-la para a frente e de empurrares aquela equipinha de merda para o lugar de onde eles nunca deveriam ter saído. De todo o jogo só se safou o Herrera que parecia ter um pequeno reactor nuclear com sete ou oito varas de plutónio lá enfiadas, ao que o homem correu. Não o levem ao controlo anti-doping ou pelo menos retirem da sala qualquer tipo de contador Geiger senão aquilo vai começar a raspar paredes de tanto barulho.

Espero que tenhas aprendido alguma coisa com este jogo, Sérgio. A sério que espero. Porque se era para perder uma meia-final da Taça, preferia que tivesse sido com o Caldas. Não te tinhas acagaçado, tinhas atacado com tudo o que podias e se falhasses golos, olha que se lixe, ao menos tentaste. E hoje não fizeste isso. Não fizeste nada disso. Fuck.

Sou quem sabes,
Jorge

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Ouve lá ó Mister – Sporting

Camarada Sérgio,

Ufa, meu estupor. U. FA! Limparam a imagem, sim senhor, deram razão aqui ao menino quando disse que o mais importante era pensar que íamos ganhar na Luz e se o teu capitão nos salvou o couro a todos e nos conseguiu dar o campeonato, juro que sou o primeiro a pagar-lhe uma rodada de finos que só acaba quando ele disser! E a ti, sim, caramba. E ao Marega, pronto, mas acaba aí que o Marega tem corpanzil para beber mais do que eu posso pagar. Mas…ainda não acabou e hoje a história é diferente.

Quantos jogos já fizemos contra estes moços? Este é o quinto do ano, certo? Dois para o campeonato, um para a Taça da Liga e um para esta Taça. E perdemos quantos? Exacto, mas esse não é tecnicamente uma derrota porque perdemos em penalties. Ou seja, temos duas vitórias e dois empates. Belo. E qualquer um desses resultados me serve, nem sei se perder por um golo chega se marcarmos fora, mas nem quero pensar nisso. Quero que ganhes o jogo e quero acima de tudo que não comeces a poupar e a rodar jogadores. Se quiseres manter a coisa do guarda-redes suplente jogar nestes jogos, fine with me e siga o Vaná para a baliza, não me esqueço que o Fabiano fez um jogão em Alvalade aqui há uns anos e safou a equipa de perder. Empatámos o jogo e se acontecer o mesmo hoje, vá, menos mal. Mas aponta para a vitória e faz com que o Sporting se foque no campeonato e chegue ao jogo contra o Benfica com toda a garra que faça com que lhes roube pontinhos. Ou “pontinho”, pronto, já me chegava!

Oupa lá com isso que quero ir ao Jamor comer e beber. What? Vai estar calor, vai!

Sou quem sabes,
Jorge

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Baías e Baronis – FC Porto 2 vs 1 Sporting

foto retirada do twitter oficial do FC Porto

Depois do final da partida, enquanto os jogadores agradeciam no relvado, o povo gritava que queria ser campeão. A descer as escadas da bancada o povo gritava que queria ser campeão. A subir a Alameda, um puto ao meu lado gritou que queria ser campeão. Queremos todos ser campeões e queremo-lo com tanta vontade porque depois de tantos anos de vitórias consecutivas, começamos a acreditar que está bem perto e…sentimos a pressão. Oh se sentimos. Estivemos perto de perder, perto de ganhar por mais, num jogo finalmente equilibrado contra esta malta. Ah, e o Coentrão empurrou um bombeiro. Com ou sem razão, o homem empurrou um bombeiro. Fuckin’epic. Vamos a notas:

(+) A vitória. Não me lembro de um jogo que me tivesse desgastado tanto este ano e mesmo no ano passado não creio que tivesse saído do Dragão com um misto de felicidade e cansaço que me deixou fora de combate durante dias. Porque também eu senti que este se tinha tornado num momento importante, que podia ajudar a decidir o resto da época. Daí ter ficado grande parte do estádio no final do jogo a aplaudir os rapazes, porque isto não foi só um Porto-Sporting. Foi um Porto-Sporting que correu bem apesar de ter sido mal jogado, mas foi um jogo que salvo qualquer estranho fenómeno, afastou o Sporting do campeonato. E que bem que soube.

(+) Casillas. Não é complicado perceber a influência que um guarda-redes pode ter numa equipa. Iker é mais que um guarda-redes pelo histórico que tem, mas podia ignorar o peso que pode transmitir a um grupo de malta que é um misto tão estranho de juventude e sub-experiência naquilo que conta. Não o faz e tenta ser líder, mostrando a todos o caminho para o sucesso, ele que já o experienciou tantas vezes. Na altura mais complicada do jogo, quando Marega se lesionou e a equipa parecia demente em campo, Iker reuniu toda a gente no meio do relvado para uma conversa final antes do jogo entrar na fase decisiva. Não tendo tido o impacto que queria (ainda houve situações de perigo causadas pelo destrambelhamento dos colegas da defesa), ficou a imagem e o grito de união. Ah, para lá de ter safo várias bolas, uma das quais numa defesa extraordinária numa mancha a um remate de Montero, que ainda se dignou a deixá-lo no chão sem o ajudar a levantar. Perdoa-lhes, Iker, é gente estranha.

(-) O jogo. Não foi mau. Ou melhor, foi fraquinho mas não foi muito mau porque ganhamos. E só porque ganhamos, porque apesar do adversário não ser completamente imbecil no que diz respeito às artes da bola, a verdade é que nos três jogos anteriores tinham sido pisados com botas da tropa e sem grande misericórdia. E não acredito que os rapazes não fossem capazes de fazer o mesmo desta vez, mas bateu-lhes o nervoso, como a mim, como a muitos na bancada. Não há melhor exemplo desta descida ao inferno da instabilidade colectiva que a entrada de Corona em campo, que aprovei na altura porque Otávio estava a falhar na sua dedicada missão de marcar Coentrão com os olhos. Corona, desde que entrou, fez merda. Nem quero inventar outros eufemismos porque não vale a pena e é melhor dizer as coisas da forma mais directa possível. Só fez merda. E alguns dos outros que estavam já atolados em estrume (Herrera indeciso, Marega perdulário, Marcano hesitante e Maxi assoberbado) não conseguiram dar a volta por cima, com o mexicano a enfiar-se ainda mais no buraco que criou, fazendo-me questionar nalguns lances se teria sido lobotomizado mesmo antes de entrar em campo. Trememos muito sem necessidade. Percebo mas não me agradou nada.


E agora, ufa, Liverpool. Uma espécie de jogo-treino para a Luz? Please?

PS: Este atraso deveu-se, como já disse no início, ao facto do jogo me ter destruído e não me ter deixado forças para fazer o meu “trabalho” como é costume. Somemos a gravação e edição do Cavani e tempo de qualidade passado com a família e…eh pá, não preciso de me justificar, como é lógico, mas senti que seria simpático explicar. Afinal, podiam pensar que tinha sido empurrado pelo Coentrão.

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Ouve lá ó Mister – Sporting

Camarada Sérgio,

Durante muitos anos vi o Sporting como um clube rival. Um clube que quando aparecia pela Invicta para jogar era tratado como um oponente valioso, um adversário rijo, firme, lutador, inteligente e agressivo, que nos dava água pela proverbial barba nas alturas certas e que, mais vezes do que queríamos, nos lixava a vida. Mas nunca houve aquela acintosidade que sempre sentimos com a visita de outra malta lá vizinha deles. O Sporting era razoavelmente bem tratado, não ao nível de um clube estrangeiro, mas com alguma cortesia e simpatia.

Not anymore.

Hoje quero pisar-lhes as maçãs de Adão. Gostava imenso que lhes conseguíssemos aplainar as glandes. Limar as unhas dos pés com uma lixa industrial. Sete coronhadas na nuca. Um ICBM no rabo. Qualquer coisa que os fizesse acalmar e perceber que não podem estar continuamente a atirar merda para o ar sem que arrisquem a que lhes caia de volta nos dentes. Mostrar que ao fim de quatro jogos conseguimos vencer e convencer com números, não só com moral. Empurrá-los para fora da luta pelo título de uma vez por todas e despachar este assunto de uma forma simples, prática e justa. Porque se nos primeiros três confrontos da época fomos tão melhores que eles, não conseguimos espremer esse particular citrino para que nos dê um sumo decente. Este é o que mais importa, minha gente. É hoje.

Sou quem sabes,
Jorge

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Baías e Baronis – FC Porto 1 vs 0 Sporting

foto retirada do zerozero

Eu avisei que o problema era dos calções! Foi o terceiro jogo contra o Sporting e a terceira vez que demos um banho de bola a uma equipa que insiste em apequenar-se quando nos defronta e que apareceu no Dragão para não perder. E perdeu, só que não perdeu pelo que merecia ter perdido, porque apesar do jogo ter sido mais tenso e bem mais partido que o anterior, acabou por ter um vencedor sem espinhas, a única equipa que tentou de facto vencer o jogo. Vamos a notas:

(+) Sérgio Oliveira. Uff, rapaz. Depois de um bom jogo contra o Braga, foi a peça fundamental no meio-campo do FC Porto e fez esquecer que há um jovem que costuma jogar por ali que consta que é um dos melhores médios centro do país, para não dizer da Europa. E Sérgio mostrou hoje uma vontade e uma capacidade de luta como poucas vezes o tinha visto a fazer, tantas vezes o tendo criticado exactamente por lutar pouco e trabalhar a velocidades dignas de locomotivas a vapor sem carvão para alimentar a caldeira. Sérgio esteve em todo o lado, a apoiar no ataque e a recuperar na defesa, reduzindo Battaglia a um Battaglinha e fazendo com que o meio-campo fosse todo nosso excepto nas subidas em contra-ataque de Gelson (mais rápido que todos os jogadores do FC Porto individualmente e acima da soma das velocidades dos colegas de equipa). E ainda enviou uma bola ao ferro que merecia que tivesse entrado. Está bem e pode continuar no onze. Deve, aliás.

(+) Ricardo. Não fosse aquela má leitura de espaços numa das últimas jogadas da partida e tinha feito um jogo quase perfeito contra um internacional argentino e outro português que lhe apareceram pela frente, qual deles o mais odioso. Veloz a subir pelo flanco, prático na intercepção e rijo no combate contra os adversários, foi uma ameaça constante pelas corridas que fez na ala e na forma como se entendeu com os colegas sempre que era preciso aparecer em apoio. Que jogaço.

(+) A equipa na pressão alta. Todos trabalhavam. Todos lutavam e subiam e procuravam cortar as pseudo-jogadas do Sporting logo desde o início, que habitualmente consistiam em três conceitos complicados: a) receber a bola e procurar o Gelson; b) tentar tudo para lhe colocar a bola e c) entrelaçar os dedos e rezar baixinho. Foi aqui que começamos a ganhar o jogo, pela forma como quisemos sempre carregar em cima do adversário e procurar tapar, bloquear e construir depois com mais calma e mais cabeça. Cansou, como tem cansado sempre (Brahimi e Marega estão ambos a precisar MESMO de parar um bocadinho…), mas hoje teve os seus frutos.

(-) As saídas com bola não-muito-controlada em zona defensiva. São capazes, de uma vez por todas, de acabar com a Paulofonsequização da defesa no início da construção?! Mas agora temos obrigatoriamente de sair com a bola controladíssima em todos os centímetros que temos para percorrer quando estamos sob pressão? É que a inversão de hábitos, do pontapé demente sem pressão para o drible curto quando pressionado provoca um efeito chicote no meu pescoço que um dia pode mesmo vir a lixar tudo. Hoje estivemos perto de desperdiçar uma vantagem (que já era curta) com uma idiotice do género. Vejam lá isso, sim?

(-) Otávio. Pouco mais que zero. O facto de termos agora mais números no plantel não significa que tenhamos subido a qualidade de uma forma tremenda, porque continua a haver alguns rapazes que puxam o nível para baixo. Otávio é um moço que tem bons pés, boa capacidade técnica e…é um conas. É um conas porque não mete o pé à bola quando devia, porque deixa que as bolas saltem à sua frente em vez de as atacar e porque gosta mais de fintar sem progredir do que de jogar à bola. E pode pintar o cabelo da cor que quiser, porque se continuar a jogar assim vai continuar a ser um conas e a não ter espaço a não ser que o treinador se lembre de o meter mais uma vez. O Oleg, defesa esquerdo da B, jogaria mais que ele com um pé amarrado ao pescoço e garanto que o Oleg não é grande espingarda.

(-) Coentrão. Mantenho a minha irracionalidade quando desejo que o Coentrão acabe todos os jogos com uma derrota, seja com que camisola for. E não percebo como é que ainda não teve a decência de fazer a única coisa aceitável que um homem da sua estatura moral poderia fazer, que é abdicar já da Selecção e de tudo que tem a ver com ela. E manter-se por debaixo da pedra de onde sai todos os dias para rastejar para um qualquer relvado onde procede a espalhar a “irreverência” e “espírito combativo” que exibe jogo após penoso jogo. Devia perder tudo. Chegava à estação de combóios, havia greve. Apanhava uma moeda do chão, era uma peseta. Pedia chocos, vinham calamares mal fritos. Tudo, tudo devia ser uma derrota na vida deste gajo.

(-) Sporting. É isto que esta malta tem? É só isto? Foi um jogo de Gelson+10, em que nem o Bruno a jogar recuado fez com que houvesse construção de jogo com pouco mais clarividência que não o envio directo da bola para o único homem do Sporting que parecia com vontade de jogar futebol. Jesus, mais uma vez, entrou para não perder. Não fosse o facto dos nossos avançados andarem tão inspirados e frescos como um asmático a correr uma maratona e tinham saído do Dragão com cinco no bucho. E era tão lindo.


Em Alvalade podemos voltar a jogar de calções brancos, daqui a setenta e tal dias. Afinal, um empate a zero chega.

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