"Just shut up and show more football"

Brian Clough é um dos meus heróis no mundo da bola. Houvesse mais alguns como ele (e em Portugal o maior candidato é Jorge Jesus, o que é louvável) e o futebol estaria muito melhor.

É assim que um treinador de futebol responde a perguntas inócuas e sem interesse para o jogo “per se”, feitas por jornalistas incompetentes e mal-intencionados:

Pelas conferências de imprensa que tenho vido e lido, Villas-Boas está no caminho certo. Mas prefiro que fale mais de futebol e ligue menos a fait-divers.

EDIT: antes que comecem com parvoíces, isto não é uma crítica ao nosso treinador, carago!!!

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Queiroz

A melhor opinião que li sobre o affair Queiroz é a do Filipe Vieira de Sá, no excelente Jogo Directo. Fica aqui reproduzida na totalidade, porque coincide à vírgula com a minha.

Nos últimos dias fui bastante critico para com o trabalho de Queiroz. Confirmou-se o cenário mais previsível e a sua “era” terminou. Não quero, porém, dar por encerrado este capítulo antes de uma clarificação sobre as criticas que fiz, que é também um ponto de ordem sobre o que me proponho fazer aqui.

Para que não haja confusões, não entro no filme de “prós” e “contras”, que radicalizaram posições para níveis bem além do que é racional e razoável, numa espécie de combate mediático que nasceu ainda durante a “era” Scolari.

Não antevi o fracasso de Queiroz na sua chegada. Não sou bruxo ou adivinho, e é para mim estranho que alguém tenha tantas certezas, seja em que sentido for, sobre alguém que apenas trabalhou 1 época como treinador principal no futebol europeu desde que saiu de Portugal, em 1996. Também não fui daqueles que “viu logo” fosse o que fosse. Acreditei sempre na qualificação, num bom Mundial e mesmo que não iriamos ser goleados pelo Brasil na fase de grupos, como muitos anteviram. Também, já agora, não sou daqueles que acha que Queiroz teve apenas a sorte de apanhar 2 “gerações de ouro” enquanto orientava os sub 20. Não acho que seja normal ganhar 2 Mundiais da categoria em edições seguidas.Da mesma maneira, não sou daqueles que acha que o trajecto de Scolari tenha tido um sucesso apenas “normal” ou “dentro das expectativas”. Muito menos, acho que Scolari tenha destruído seja o que for nas Selecções, ou que a “herança” de Queiroz fosse tanta que perdurasse até 13 anos depois da sua saída da Selecção para, de repente, se evaporar, precisamente antes do regresso de Queiroz. Para mim, todas estas ideias, que ouço e vejo repetidas à exaustão, são apenas produto de um pensamento enviesado, desprovido de razão e pleno de ridículo.

As minhas criticas são, isso sim, uma constatação qualitativa que pessoalmente faço a um trabalho que entendo já ter tido mais do que condições para ter outros resultados. Queiroz foi uma ideia que alguém inventou e que Madaíl resolveu abraçar. Para mim, e concluo-o agora e apenas agora, não passou de um espectacular fiasco.

Podem ver o artigo e visitar o blog aqui. Acreditem que vale a pena.

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Gamão

O meu jogo preferido de tabuleiro é o gamão. Não está muito instituído no nosso país nem na nossa cultura mas nos países árabes os gajos jogam aquilo tanto como nós jogamos damas. E é exactamente essa a ideia que a maior parte da malta tem acerca de gamão: “ah, é tipo damas, não é?”. Não, não é.

O gamão é um jogo complexo, com matemática e probabilidades ao barulho, onde a defesa das posições se torna imperativa quando confrontados com o ataque do adversário. Qualquer falha pode levar ao desnoronamento de toda a estratégia montada para o desafio e apesar de depender em grande parte da sorte como qualquer jogo que avance mediante o lançamento de dados (ou de dardos onde a sorte ainda é mais madrasta já que se um gajo se apanha no meio da relva e não vir um míssil a vir em sua direcção pode mesmo perder uma vistinha e não é nada prático para ver a novela). Continuando.

Jogando gamão podemos ter uma percepção interessante de como uma estratégia pode ser assente em princípios base e aplicáveis independentemente das nuances da fortuna. Há sempre que defender uma posição ganha com mais que uma peça, cobrir zonas consecutivas para impedir o avanço contrário, criar barreiras fortes mas não exageradamente empilhadas para não ser impossível passar e permitir mobilidade caso surja uma oportunidade de ganhar terreno…entre tantas outras.

Por esta altura, se não estiver distraído com um qualquer site porno em background com húngaras a ganir em poses aparentemente desconfortáveis, já terá observado as parecenças desta modalidade com o futebol. Até as peças são semelhantes a alguns jogadores em termos de mobilidade, como é o caso, por exemplo, do Ricardo Silva.

Tudo isto para dizer que no futebol, como no gamão, as peças são colocadas e por muito que a estratégia esteja montada, a sorte é um factor com o qual não podemos contar e que nos acaba por lixar a vida ou elevar a patamares de sucesso. É tudo uma questão de estarmos preparados para a enfrentar.

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E pachacha? Pachacha também perturbava?

Para quem não teve o prazer de ler um ou dois parágrafos da decisão da ADOP, fica o link para o PDF:

Decisão da ADOP (pdf)

Acho que é a primeira vez que no mesmo documento leio as palavras “cona” e “jurisprudência”. É de louvar.

PS: Os meus sentimentos à família do José Torres e aos adeptos do Benfica. Ao contrário do Simão, Torres sempre defendeu a Selecção e lutou por ela, mesmo no Mundial do México quando tudo parecia desabar em cima dele. E quando morre uma figura deste tamanho, tanto real como metafórico, é sempre altura de deitar fora as clubites.

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Como fazer a cama a um gajo em 3 actos

Pode-se gostar ou não de Queiroz, concordar ou não com a disposição táctica ou as substituições.
Pode-se achar que há melhores treinadores ou que o contrato é exagerado para um seleccionador de um país como o nosso.
Pode-se pensar que Queiroz é conflituoso ou pacífico, humilde ou arrogante, inteligente ou idiota.

Mas não se pode deixar de sentir um certo nojo para com todos aqueles que lhe estão a fazer a cama. Aqueles que colocam o ego à frente de um bem maior são os primeiros a serem despachados nas empresas. Aqui, neste nosso futebol, parece que não.

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