Jornada Especial Champions 2017/18 #3 – Strap Strap

Um dia depois da derrota na Alemanha, os Cavanis regressam para mais uma jornada especial onde tentamos perceber o que passou pela cabeça de Sérgio Conceição para colocar Layún e Marega em campo. E o porquê da inacreditável ausência de pressão no meio-campo e permissividade no jogo entre-linhas dos germanicos. Também coberta em grande profundidade foi a situação da presença ou não de Silva no Restelo, tão próximo do jogo da Taça e ao mesmo tempo, oh inclemência, oh martírio, tão longe. Ah, falou-se do Casillas mas só ao de leve, no biggie.


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Baías e Baronis – RB Leipzig 3 vs 2 FC Porto

foto retirada do MaisFutebol

Por tópicos, porque estou com pouca capacidade para me abstrair do enorme falhanço que foi o jogo de hoje:
a) os gajos são bons;
b) os gajos são muito bons;
c) fizemos o pior jogo do ano, pior ainda que o do Besiktas.
d) não somos assim tão maus, mas merecemos levar na pá.
e) prá semana, no Dragão, continuamos a conversa.

Vamos a notas:

(+) RB Leipzig. Já tinha visto alguns jogos destes rapazes no ano passado mas este ano, por um motivo ou por outro, ainda não tinha visto nenhum. Damn. É gente que joga muito à bola, com gente cheia de talento do meio-campo para a frente e malta prática na defesa. O meio-campo é tremendo em termos de pressão alta, capacidade de recuperação e criação de jogadas de ataque em constante progressão, com Keita, Kampl e kompanhia a jogarem a um nível fez com que Danilo e Sérgio parecessem um grupo de miúdos da creche com as cuecas em baixo a fugir do Carlos Cruz. E no ataque, Bruma é o menos talentoso de todos. Yup, há uma razão para estes rapazes estarem na Champions e terem ganho no Signal Iduna no passado fim-de-semana.

(-) Incapacidade de reter a bola. Foi um dos piores jogos que me lembro do FC Porto na Liga dos Campeões em termos do futebol produzido de uma forma consistente. Esperem, a frase é demasiado grande e perde impacto. Que tal assim: não jogámos uma ponta de uma pila murcha mergulhada em ácido sulfúrico. É melhor, sim. Enervei-me ao ver a constante gritaria entre colegas, como se ninguém se estivesse a aperceber o que se estava a passar e todos estivessem a passar o pior momento do ano. Enervei-me com Brahimi e Marega por perderem tantas bolas, um por ter talento a mais e sentido prático a menos e o outro por não ter mostrado nem talento nem sentido prático. Enervei-me mais quando reparei que as bolas eram atiradas para o ar ou para a frente sem grande critério, que as segundas bolas eram atraídas para os pés/torso/área circundante dos alemães como porcos pretos para bolotas. Enervei-me ainda mais quando via que os cruzamentos eram enviados para o desconhecido, os passes verticais para os defesas contrários, as distracções repetiam-se e as perdas de bola eram tratadas com um desespero de um grupo que não se encontrou durante todo o jogo. Esta foi a mesma equipa (salvo uma notável excepção – na baliza – numa decisão que tem de ser muito válida na cabeça de Sérgio Conceição para justificar todo o fallout que vai provocar) que venceu o Mónaco e produziu uma das melhores exibições de qualquer equipa do FC Porto nos últimos dez anos em Alvalade. Não desaprendeu, mas não conseguiu um mínimo da consistência dessas exibições que referi.

(-) O meio-campo engolido. Danilo e Sérgio Oliveira não chegaram para os alemães. E Herrera esteve sempre tão longe dos colegas que pensei que o FC Porto tinha entrado de facto com apenas dois médios, num regresso ao esquema que nos tinha dado tanta insegurança frente ao Besiktas e que levou Sérgio Conceição a adaptar a estratégia a uma maior cobertura do centro do terreno, mas não era o caso. A exibição foi tão ausente que a forma como os alemães furavam pela nossa zona defensiva fez-me pensar que algum estaria lesionado ou em condição física incapaz de dar potência muscular às pernas. Mas não foi só em termos físicos que faltamos, foi especialmente em termos posicionais e na invulgar incapacidade de cobrir zonas entre-linhas que falhámos rotunda e espectacularmente, porque se o Leipzig conseguiu passear-se pelo nosso meio-campo, tapando todas as possibilidades que tínhamos de progredir com bola e recuperando-a sem que percebêssemos o que se passava, deve-o em parte à sua capacidade mas também à nossa incapacidade de lhes fazer frente. E o azar que tivemos nos lances dos golos nasce da falta de fisicalidade no centro mas acima de tudo de erros posicionais.


Já tinha dito que o grupo era equilibrado e se até agora apenas fizemos três pontos, também é verdade que disputámos dois jogos fora. Nada está perdido, apenas aumentamos a pressão. Yey.

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Ouve lá ó Mister – RB Leipzig

Camarada Sérgio,

A pior coisa que podes fazer a um gajo que está com a moral em baixo é dar-lhe esperança se lha vais tirar de novo passado algumas semanas. E é exactamente isso que não quero que aconteça hoje, Sérgio, porque se depois da primeira jornada fiquei de cara voltada para baixo numa poça de urina mesclada com sémen e fezes de macaco com VIH, já na segunda jornada exultei de alegria e fui eu que enchi a poça com o meu próprio metafórico sémen e urina mas as fezes já lá estavam, não tive nada a ver com isso. Escatologia aparte, fiquei triste com o Besiktas e feliz com o Mónaco, pelo que a rampa de ascensão da minha alegria europeia está com uma derivada positiva. Isto é matematiquês para: “pá, não me lixes a boa onda e mantém-me bem disposto, fazes favor?”.

É uma equipa alemã, comprada com uma quantidade de dinheiro parecida com a que o Weinstein já ofereceu pelo silêncio do gajedo em frente ao qual esgalhou dezenas de vezes. E nós somos uns pobres coitados do sul da Europa, sem guito para mandar cantar um paralítico mudo e com um Herrera a titular. Quem é que tem medo disso? Quem é que poderá temer uma equipa destas, fraquinha, fraquinha, fraquinha. Isso…convence-os que não valemos uma pila murcha e cai-lhes em cima com o falo de Zeus, com electricidade à mistura e tudo. Luta para ganhar o jogo e faz com que Leipzig, pelo menos durante umas horas nesta terça-feira, sinta que voltou a 1945. You know: boom e tal. Vamos a isso!

Sou quem sabes,
Jorge

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Baías e Baronis – Lusitano Évora 0 vs 6 FC Porto

foto retirada do zerozero

Um jogo engraçado, sem grande história a não ser a imbecilidade de levar o jogo para 150 km de distância do estádio da equipa da casa (rant abaixo). Fica a nota positiva para todos os jogadores do FC Porto por terem tratado o jogo como ele deve ser sempre tratado: com humildade, trabalho e vontade de vencer. Quando assim é e quando todos fazem o que é preciso para chegarem ao fim na frente, maravilha, siga a rusga, bom trabalho e venha o próximo. Notas a seguir:

(+) A mentalidade competitiva. Toda a equipa trabalhou de início a fim com um intuito: ganhar o jogo. E fê-lo de uma forma que me agrada porque apesar de ser uma equipa que nunca tinha jogado junta, composta por alguns titulares, alguns suplentes e outros da equipa B, não se notou que houvesse grandes incongruências na forma de jogar. Todos obecederam ao estilo imposto pelo treinador, com mais ou menos dificuldade mas sempre a tentar cumprir e a fazer melhor a cada jogada, a cada oportunidade que lhes é dada. É esta a mentalidade que quero ver em todos os jogos, seja o Lusitano de Évora ou o Barcelona, porque não há maior prova de respeito por um adversário do que tentar ganhar-lhes durante todos os noventa minutos, sem grande brincadeira em campo. Gostei e traz-me um FC Porto que me orgulha de ver em campo. Continuem assim, miúdos.

(+) Dalot. Por falar em miúdos, quase todos estiveram bem, com Luizão e Galeno mais nervosos e Jorge Fernandes com pouco trabalho. O destaque vai para Dalot, o único titular e a mostrar que temos rapaz. Alto, forte, rápido, interventivo no ataque tanto no lado direito como no outro flanco, mostrou capacidade de adaptação, garra, maturidade. Dezoito aninhos, minha gente, imaginem o que este rapaz pode ser daqui a um ou dois anos. Salivo-me todo.

(+) O golo de Hernâni. Passou grande parte do jogo com excelentes recepções de bola e um enorme contraste com a capacidade de conseguir rematar à baliza sem parecer que estava a jogar de verde e branco. Complexo de Corona crónico, portanto, que se confirmou em definitivo com um golo em escorpião de pé, num gesto técnico impecável e que só não fica para a história porque ninguém se vai lembrar dele daqui a um mês. Ah e arrancou vénias do banco e um sorriso com palmas do treinador!

(-) O Lusitano não joga em Belém, pois não? Andei em discussões e críticas conjuntas no Twitter sobre este tema e não mudo de ideias: a Federação é composta por uma cambada de hipócritas que obrigam os clubes pequenos a jogar em casa para levar a Taça aos clubes e cidades de outros níveis competitivos e assim garantindo que os clubes grandes não terão a vantagem teórica durante o jogo…e depois tiram-lhes a possibilidade de o fazerem, arrastando um clube inteiro para longe do seu terreno porque o estádio não tem condições. É uma vergonha que estejam a matar a raiz do futebol, que abdiquem daquilo que ainda trazia alguma magia à bola e que poderia, sim, fazer com que equipas grandes fossem para casa derrotadíssimos por terem de jogar num campo ervado ou quase pelado, com gente à volta encavalitada uns por cima dos outros, roulottes à pinha, uma romaria nas terras e os jogadores a terem de fazer pela vida. Haveria mais lesões, talvez, mas também haveria a constatação de que a Taça ainda era o que antigamente foi. E agora está diluída nesta feira de vaidades tugas, onde os grandes serão sempre maiores e os pequenos encolhem-se perante o juggernaut organizacional da estrutura profissional. Uma merda, uma forma moderna de sugar a vida e a alma das pessoas e uma tristeza.


Eliminatória ultrapassada, nada de lesões, castigos ou surpresas desagradáveis. Agora, minha gente, pensemos no Germano de Leipzig…

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Ouve lá ó Mister – Lusitano Évora

Camarada Sérgio,

Estamos há tempo demais sem falarmos, não é verdade? Estas pausas para jogos da Selecção são porreiras para deixar o Nuno Luz todo contente mas acaba por ser uma quantidade enorme de egos, contra-egos, pseudo-egos e não-egos a passear por baixo dos holofotes que me diz cada vez menos. Continuam a ser as únicas vitórias de vermelho que aprecio, mas se me dão a escolher entre a Selecção e o FC Porto…homem, nem preciso de dizer qual é o botão em que carrego, certo?

E como tal, até um jogo contra o Lusitano de Évora me entusiasma, apesar desta Taça estar diluída em relação ao antigamente, com demasiado enfoque nos grandes e no dinheiro do que no próprio desporto. Põe de lado a tua posição como treinador e líder de uma equipa e concorda comigo: era muito mais mágico e interessante ver os FC Portos a irem jogar aos relvados sintéticos (antigamente eram pelados e acabou) com o público mesmo ao lado dos jogadores, prontinhos a invadirem o campo e a fazer o árbitro parar o desafio várias vezes enquanto se mantém a calma. Isso é que era Taça, mas hoje…tudo meh, não é?

Seja como for, não te deixes travar pelos meus lamentos por outros tempos e bota pé no acelerador. Dá minutos a alguns, recupera o ritmo de outros e acima de tudo não te deixes enfeitiçar pelo facilitismo. É para ganhar como os outros!

Sou quem sabes,
Jorge

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