
Um jogo em que o resultado é melhor que a exibição, em particular na primeira parte, onde fomos pouco soltos no meio-campo e quase incapazes de manter um ataque apoiado em condições de princípio a fim. Algum facilitismo que foi transformado em amarelagem geral, um penalty que francamente não me parece penalty nenhum (já nos roubaram tantos na primeira volta bem mais claros que este e não gosto de compensações tardias), uma expulsão justíssima que só peca por tardia e um jogo que se tornou fácil depois destes lances e que ainda nos brindou com três golaços e uma segunda parte bem jogada. Vamos a notas:

(+) Os golos. Não sei qual deles o melhor, tirando o penalty que por acaso até foi bastante bem marcado. O míssil de Ruben é estupendo pela colocação e acima de tudo pela confirmação da vontade que eu tenho que este moço jogue mais vezes (já vamos em dois golos de fora da área com remates dos…trincos, algo que raramente acontece com qualquer outro elemento da linha mais avançada) e o faça enquanto usa a braçadeira; uma bela jogada de entendimento colectivo, com Óliver a assistir André Silva de cabeça (!) e este a amortecer para um balázio de pé esquerdo de Jota; e a cerejinha em cima do muffin com aquela Ronaldinhada do Soares, como que a perguntar ao guarda-redes: “ah é aí que a queres? pumbas, já está!”. Um prazer.
(+) Ruben Neves. Começou recuado e acabou a subir bem mais no terreno, o que me deixa sempre a pensar se não seria mais útil experimentar jogar com Danilo na posição que hoje Ruben ocupou e colocar Ruben um pouco mais subido. Eu sei, ele não é um transportador de jogo para conseguir jogar a “8”, mas é um desperdício tão grande vê-lo no banco, um homem que joga de cabeça levantada, que roda a bola para o local certo e que pode dar tanto mais ao clube em campo do que fora dele. É o nosso Gerrard e era tão bom que ficasse cá tanto tempo (e tivesse tanta influência na equipa e no próprio clube) como o Steven ficou em Merseyside…
(+) Corona. É raro achar que Corona está bem em campo. Talvez exija mais dele do que faço com alguns outros jogadores, mas um jogador que tem um toque de bola como ele, que controla uma bola recebida pelo ar a quarenta metros de distância e a cola às botas como se fosse gelatina, tem de conseguir complementar o gesto técnico na continuação da jogada. E hoje esteve quase sempre bem, a tentar assistir os colegas, a jogar de frente para o defesa, sem medo, sem invenções excessivas. Hoje gostei de o ver, gostava de gostar de o ver mais vezes.

(-) O eixo dos amarelos. Facilitou-se demais naquela zona central e o facto de termos ambos os centrais e o pseudo-trinco com cartões ainda na primeira parte podia ter dificultado a tarefa. O Tondela tem malta muito rápida e tanto Felipe como Ruben deixaram-se ultrapassar com demasiada facilidade e tiveram de se amarelar para evitar situações de perigo mais claro para Casillas. Felipe, com este amarelo, falha o Bessa. E teve sorte de não falhar umas dezenas de minutos hoje, porque vi ali uma falta que podia ter levado ao segundo…
(-) Linhas pouco juntas na primeira parte. Foi notória a falta de cobertura de espaços na zona do meio-campo desde que começou o jogo e a culpa foi repartida por André² e Otávio, incapazes de se coordenarem em condições para surgirem em momento de apoio para criar linhas de passe e receber a bola no centro depois de Soares ou André Silva a recolherem na frente. Melhoraram bastante na segunda parte, com mais espaço e acima de tudo menos prisão táctica a um modelo que, francamente, não creio que nos favoreça. Jogar com dois médios que sobem alternadamente mas não conseguem cobrir o espaço necessário para proporcionar linhas de assistência aos avançados acaba por partir a equipa e não fosse o bom trabalho dos avançados e seria ainda mais complicado de conseguir romper a defesa do Tondela.
(-) Muitos golos falhados. Podíamos ter assassinado o jogo à facada no arranque da segunda parte, onde tivemos pelo menos três lances de golo fácil e conseguimos desperdiçá-los a todos. Otávio, André Silva e Corona tiveram o golinho nos pés e nenhum deles conseguiu enfiar a bola lá para dentro numa altura em que o Tondela abriu um pouco e arriscou acabar logo com a partida. Quarta-feira, contra a Juventus, peço a qualquer que seja o santo responsável pela eficácia no futebol (praí o São Müller, tem de ser alemão, né?) para dar cá um salto e abençoar a nossa malta…
E agora, no sofá, a cantar alegremente: “Oh meu Braga onde a eterna mocidade!”…
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