Baías e Baronis – Estoril 1 vs 3 FC Porto

315320_galeria_estoril_praia_x_fc_porto_liga_nos_2015_16_j_20.jpg

Bom jogo hoje na Amoreira. Boa atitude, excelentes trocas de bola, muitas oportunidades criadas, alguns falhanços anedóticos e uma vitória que assenta muito bem. Demos a volta a um resultado negativo, recuperamos alguma auto-confiança e mostrámos que estamos vivos e prontos para continuar a crescer. Vamos a notas, hoje com um sorriso agradável nos lábios:

(+) Vontade de ganhar. Ficou a noção que houve já alguma melhoria nos processos e na criação de lances de ataque. Viu-se na forma como a equipa variava de estilo e de approach no ataque, quer pela ala em velocidade ou em trocas de bola curtas pelo centro, mudando logo em seguida para uma tentativa de tabelinha no flanco e invertendo o papel do médio que transportava a bola para conseguir desequilíbrios no ataque. Mas acima de tudo viu-se vontade, garra, entusiasmo por praticar este desporto que nos pode edificar e destruir mediante a postura que mostrámos perante as adversidades. Foi nos choques de Maxi com Gerso, de Danilo com Mattheus ou de Aboubakar com Yohan Tavares, na luta entre Anderson e André ou nos remates que obrigámos Kieszek a defender à rasca. Foi a vontade de ganhar e o prazer de jogar futebol que pareceu voltar aos rostos dos jogadores e que me deixou deixou muito satisfeito.

(+) Layún na primeira parte, Herrera na segunda. Foram os grandes movimentadores de um ataque que teve os extremos em sub-produção e que dependeu destes dois rapazes para criar as (muitas) jogadas ofensivas da equipa. Layún esteve extremamente rápido pelo flanco e as duas assistências são um prémio para a forma como apoiou sempre o ataque e, em muitos casos, *foi* o ataque. Na segunda parte Herrera pegou no testemunho e ajudou a rodar a bola pelo centro de uma forma objectiva, inteligente, com bons passes a cruzar a relva e mostrou muita calma e bom entendimento com os colegas.

(+) André André. Falhou dois golos na primeira parte mas ajudou a desequilibrar no ataque com as permanentes subidas e deambulações para as alas. Muito activo, rijo na disputa de bola e na recuperação, é este o André que quero ver sempre em campo, não o fantasma que vi contra o Rio Ave no último jogo de Lopetegui. É aquele falso morder de punho, os dentes cerrados quando falha um passe ou um remate, a vontade de marcar e jogar e ganhar…é exactamente desta atitude que precisamos!

(+) A entrada de Varela. Sim, perdeu duas bolas quase consecutivas que iam lixando a equipa. Mas a forma como pautou bem a circulação a meio-campo e acalmou a construção ofensiva foi vital para conseguirmos o terceiro golo e para matarmos o jogo de vez. Continua a ser uma escolha que pode trazer mais-valias quando entra a partir do banco mas claramente um homem sem hipótese de ser titular. My two cents, just that.

(-) Demasiada permissividade no meio-campo. As subidas de André ajudavam a desequilibrar e a criar novas hipóteses para abrir a frente de ataque (que chegou a ter cinco homens de cada vez, algo quase impossível de acreditar aqui há umas semanas), mas criava um buraco assustador que Danilo e Herrera nem sempre conseguiram tapar. E tentaram, mas a diferença em números entre os nossos rapazes de branco e os outros de amarelo era sempre tão evidente que sempre que o Estoril passava a linha central, havia uma tremenda ausência de pressão que permitia que o adversário conseguisse progredir com pouca interferência da nossa parte. Peseiro fez com que a equipa pressionasse ainda mais alto e cortasse a facilidade de transição rasteira e em apoio por parte do Estoril, mas arriscou ao fazê-lo. Creio que será, a par do duplo pivot que pode aparecer noutro tipo de jogos, uma das imagens de marca do treinador. E assusta-me um bocadinho.

(-) Agora é permitido jogar com os braços. Sempre. Perdi a conta à quantidade de faltas que o Estoril fez por usar os braços. Foi um festival de empurrões, puxões e uso generalizado dos braços sempre que um jogador nosso recebia a bola no meio-campo adversário que mais parecia que Shiva ou Vishnu ou qualquer deus Hindu com cinquenta braços estava em campo e vestia de amarelo. Ah, e amarelos levamos nós aos montes, sei lá porquê.


Uma pequenina luz brilha agora ao fundo. Vi a equipa mais solta e com mais vontade de jogar e de criar bom futebol. Será para durar? Espero para ver.

Link:

Ouve lá ó Mister – Estoril

Camarada José,

Acabou a “nossa” Taça da Liga e fomos mais uma vez eliminados bem antes do que deveríamos. Começo a questionar se há alguma força divina que nos impeça de ganhar aquele caneco e vaticino que um dia que consigamos finalmente colocar as manápulas no troféu, a festa será tão intensa que até vão lançar doi…tr…vá, sete foguetes, para ser mesmo uma maluqueira! Vamos encher a Alameda desde o cogumelo até à porta 25 e vai ser uma loucura durante bem mais que cinco minutos! Agora a sério, para o ano, se ainda cá estiveres, vamos ver se fazemos uma forcinha para ganhar aquela merda de vez? Obrigados.

Voltemos então as atenções para a Liga (sem Taça, ou melhor, com troféu mas não se chama Taça…não me perguntes porquê, é o que temos) que é bem mais importante. Não sei se vais voltar a fazer experiências mas presumo que desta vez faças um reset aos teus moços e os ponhas a jogar da maneira que tens vindo a formatar nos treinos. Já vi que chamaste o Marega, pode ser que o rapaz até seja bem útil neste tipo de jogos, especialmente naquela fase do “oh-pronto-lá-vai-o-Maicon-começar-com-bolas-longas”. Ou seja, aí pelos 10/15 minutos de jogo. Acima de tudo é preciso ganhar e começar a gerir os cartões para quando formos à Luz não termos de levar o Chidozie e o Victor Garcia. E daí…eh pá, não sei, faz como achares melhor!

Sou quem sabes,
Jorge

Link:

Baías e Baronis – Feirense 2 vs 0 FC Porto

314768_galeria_feirense_x_fc_porto_taca_ctt_2015_2016_grupo_a.jpg

Não creio que nenhum portista tenha visto este jogo como mais que uma oportunidade para experiências numa espécie de amigável em plena competição. Uma táctica diferente, jogadores pouco utilizados, alguns em posições alternativas e a ausência de qualquer interesse competitivo fizeram deste jogo um espectáculo recomendável para quem sofra de insónias

(+) Chidozie. Fez a primeira falta aos 76 minutos o que, apesar das poucas vezes em que o Feirense andou pela nossa zona defensiva, é curioso se tivermos em conta que o rapaz esteve muitas vezes em jogo e em bom plano. Certinho, sem inventar (viste, Maicon?), foi dos poucos jogadores em bom plano.

(+) André Silva. Fiquei com curiosidade para perceber porque é que Peseiro apostou em Varela a jogar a 10 quando André Silva podia ter sido bem mais produtivo. Falhou um golo de baliza aberta e claramente não se entendeu com Suk na linha da frente, mas quando recuava no terreno era sempre mais perigoso, criava mais desequilíbrios e abanava mais o jogo. Fiquei curioso, admito.

(-) A opção por Varela a 10. Quando pensamos em grandes números 10 do futebol mundial, Varela não figura na lista do top 10. Diria que ainda não se abateram árvores suficiente no Amazonas para fazer papel que chegue para finalmente listar a posição de Varela nessa lista, sem culpa própria…aliás, é um pouco como considerar Ovchinikov na lista dos melhores extremos direitos do mundo. Saiu portanto bem furada a experiência mas não foi por falta de empenho do Silvestre, que tentou fazer a sua função o melhor que sabia e falhou de uma forma tão evidente que me surpreende ter sido escolhido para essa posição. A incapacidade de controlar uma bola e de a “matar” nos pés, somado à enervante “adianto-a-bola-dez-metros-porque-era-só-o-que-me-faltava-alguém-ma-roubar”, sendo certinho que ia ficar sem o esférico rapidamente, tudo pequenos factores que me parecem eliminatórios para que Varela pudesse ser remotamente produtivo ali no centro. Não conseguiu um lance de perigo a partir daquela posição. Podem tirar “a partir daquela posição” e a frase fica a fazer sentido na mesma.

(-) Angel a cruzar e Suk a rematar. Pum, fora. Pum, fora. Pum, fora. Pum, fora. Pum, fora. Pum, fora. Pum, fora. Pum, fora. E foi isto, todo o jogo.

(-) Imbula. Mais que o desgraçado do Varela que andou a tentar perceber o que havia de fazer em campo, é bem pior ver um jogador a jogar tão pouco quando pode dar tanto mais na sua posição. É a indolência de Imbula que não consigo perceber, mesmo num rapaz que sabe que cá está a prazo, porque não pode ser só aquilo que ele sabe fazer. Chateia-me ver potencial desperdiçado e se a sua incapacidade mental passa à frente da equipa, é altura de o mandar embora. Assim, a meio da época.

(-) Zero substituições. Tive pena porque havia vários putos da equipa B que estavam no banco e que podiam tentar dar um poucochinho mais de dinâmica à equipa, mesmo jogando num esquema diferente com que não tinham trabalhado. Mas Francisco Ramos no lugar de Imbula, Govea em vez de Ruben Neves ou Pité em vez de Angel (por muito que não goste de o ver a lateral esquerdo, mas às subidas do Angel…foi mais médio-ala que lateral) não faziam mal nenhum e podiam dar outras ideias e outras opções. To each his own, mas não vai ter muitos mais oportunidades destas para fazer experiências.


Nem sequer foi um bom treino. Foi só a constatação que temos muito tempo para andar e até chegarmos a um ponto decente vão passar muitos mais jogos…e possivelmente muitas mais derrotas.

Link:

Ouve lá ó Mister – Feirense

Camarada José,

Deu para ver, no jogo do passado Domingo, que já começaste a tentar fazer alguma coisa. Houve ali uma tentativa de jogar mais pela zona central, de tentar passes de ruptura com os extremos a fazerem a diagonal um bocadinho mais inclinada e a aproveitar a subida da linha defensiva contrária. Tudo muito bem, mas a uma velocidade tão baixa que se o Bolatti estivesse a ver o jogo tinha pensado: “estes gajos são mais lentos que eu!”. Compreendo que estejas a fazer a equipa atravessar uma espécie de pré-época tardia e que se lhes estás a dar uma ou outra tareia nos treinos para fazeres deles homens, é pouco provável que consigas resultados positivos num intervalo de tempo próximo. Não me preocupa muito, mas fico apreensivo ao ver os rapazes todos partidos em campo. Mas é tudo por bem e especialmente para o bem deles que também é o nosso, certo?

O que me preocupa mais nem é isso. É a cabecinha deles. São aquelas sinapses que disparam na altura errada, quando a bola está nos pés ou quando estão à procura de se locomoverem na direcção adequada. É o olhar para o lado e querer fazer tudo bem e acabar por errar como Napoleão a invadir a Rússia. São os passes longos quando se querem curtos, a brincadeira quando se quer alívio, o passe quando se quer remate. É a mentalidade do cagaço e do nervosismo, que está entranhada há meses e que é tua missão tirá-la de cima das costas dos rapazes. E a chamada de tanta malta dos Bês parece-me interessante para que os mais jovens possam mostrar aos mais adultos como ser prático, simples…no fundo, como jogar futebol em condições.

Ah, e faz o mesmo que o Rui Barros fez, ou seja, tenta obter o mesmo resultado que os Bês conseguiram da última vez que jogaram neste campo. Contra o Famalicão tínhamos ganho, mas contra o Feirense perdemos. Começa a inversão de hábitos já hoje!

Sou quem sabes,
Jorge

Link: