Baías e Baronis – FC Porto 1 vs 0 Marítimo

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A primeira vitória do ano sobre o Marítimo, ao fim de três tentativas. Um jogo de nervos num Dragão com mais gente do que pensava que iria aparecer a um jogo num Domingo de eleições, que mostrou mais uma vez um FC Porto com níveis de ansiedade ao nível de um adolescente borbulhento a segundos do primeiro beijo. Nada sai bem, os passes são tortos, os remates quase inexistentes, fraquíssima condição física, enervante permissividade no centro do terreno e uma carga enorme de nervos que começou no relvado e passou para a bancada. Peseiro tem muito para trabalhar com a matéria-prima que tem ao seu dispôr. Notas, já aqui em baixo.

(+) Maxi. Teve três lances de perigo na área do Marítimo e dois deles deveriam ter sido considerados penalties pelo árbitro. Mas não foi só isso que o destacou do resto da triste exibição dos jogadores do FC Porto, porque foi dos poucos que lutou sem medo contra os jogadores contrários, que meteu o pé quando era preciso e que apesar das falhas de posicionamento dos colegas foi dos que mais tentou subir no terreno e arrastar a equipa para a frente. Quanto aos penalties…é tramado jogar com esta camisola, não é, Maxi? É, pois.

(-) Ansiedade. Medo. Medo de tudo. Medo de falhar, de passar, de correr, de arriscar. Medo do público, da relva, da bola e das pernas dos outros. Medo dos colegas, de si próprios, do que sabem e conseguem fazer. Há uma tremenda ansiedade que ultrapassa o razoável e roça o irracional, que tolhe o espírito e abafa os pulmões. Esta constante insegurança apoderou-se da equipa com o vírus Lopetegui ainda a fazer-se sentir pela forma como se dispõem em campo e como não conseguem perceber a melhor forma de jogar, recuando sem critério nem estratégia perante um adversário brigão, bully e sem ter o respeito que noutros tempos ainda íamos conseguindo impôr. Toda a gente via que o Marítimo jogava tão subido que qualquer bola nas costas da defesa (e que nascesse de uma entre tantas tentativas de desmarcação dos alas) podia dar golo ou pelo menos uma oportunidade clara para o fazer…mas aparecia sempre o medo…o medo de se aproximar dos jogadores adversários com intensidade, a forma passiva com que se vê jogar sem nada tentar fazer de uma forma concertada, apenas com um ou outro jogador a procurar interceptar a linha de passe, sem cabeça nem consistência táctica. Notou-se uma tentativa de jogar pelo centro em vez de privilegiar as alas de uma forma tão constante, mas as ideias de Peseiro vão demorar a entrar. Esta equipa, como me dizia o Statler ao meu lado, precisava de um estágio. De estar fechada um mês, sem jogos nem competições a doer, para trabalhar a cabeça e as pernas e para recuperar a sua confiança. Dava jeito, realmente.

(-) Os centrais. Não me lembro de ver um “casal” tão mau e que expusesse a equipa de uma forma tão constante. Se formos buscar alguns dos piores centrais do FC Porto desde que me lembro de acompanhar futebol ao vivo, casos de Stepanov, Díaz ou Matias, nenhum deles mostra tanta incapacidade para jogar como pedra basilar de um bloco defensivo como Indi e Marcano. Juntando a falta de sentido prático de Indi e o tempo que dá aos adversários (Layún também sofre muito desse mal) à tremenda incapacidade de Marcano em passar uma bola decente para a frente, temos receita para um desastre dos grandes. Vem aí o Dortmund, amigos. Ai.

(-) Os hunos da ilha. Três jogos consecutivos contra o Marítimo em que os rapazes de vermelho e verde acumulam nas suas camisolas todos os pequenos ódios que os portistas habitualmente guardam para quem usa essas mesmas cores separadamente. E os jogadores que mais uma vez nos defrontaram foram mais uma vez um bando de gentalha que merece que o avião aterre em segurança mas que abane com todas as putas das forças dos ventos a bufarem nas asas para que possam vomitarem-se todos uns por cima dos outros. Que nojo de gente, que aproveita mais uma vez a permissividade do árbitro, que deixou que os lançamentos fossem feitos a dez metros do local em que a bola saiu, que permitiu empurrões todo o jogo sem que pudéssemos fazer o mesmo, que perdoou dois penalties a Maxi (dois, porque há um que me parece que ele cai antes sequer de o homem do Marítimo lá chegar) e que fez com que os homens do Marítimo pudessem “picar” os jogadores do FC Porto sem qualquer problema disciplinar. Uma merda de gente, eles e o árbitro.


Era pior perder na estreia de Peseiro, mas a vitória não deixa grandes motivos para boa disposição. Há muita pedra para partir e José Peseiro precisa de, como dizem os ingleses, “hit the ground running”, porque não há tempo a perder. Nem pontos.

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Ouve lá ó Mister – Marítimo

Camarada José,

Em primeiro lugar gostava de te dar as boas-vindas a esta que será a tua casa nos próximos meses. Recuso-me a usar “anos” como unidade de medida porque implicava que por cá estivesses um par deles e o histórico dos teus antecessores não está a teu favor nesse aspecto. Só Vitor Pereira ficou dois anos e mesmo assim passou as passas lá de baixo para se aguentar durante diversos períodos desse biénio. Por isso fico-me pelo simples e garantido: viva!

Não terás um trabalho fácil. A equipa que recebeste está de rastos e por muito que te assegurem que estão empenhadíssimos, com o corpo, alma, família e animais de estimação todos prontos a serem esventrados por um batalhão de Hunos se isso significar que marcam mais um golo ou interceptam uma mera jogadita a meio-campo, acho que te posso garantir que vão abanar mais depressa que um dente-de-leão numa tempestade tropical se lhes acontecesse alguma coisa má no próximo jogo. Tens de conseguir elevar a moral desses rapazes de qualquer maneira. Eh pá, promete-lhes Lamborghinis, gajas, uma Playstation 5 antes do tempo ou uma pipeline de Cardhu, dependendo dos prazeres de cada um. Ou convence-os com o poder da retórica, faz com que recuperem a vontade de jogar, de ganhar, de mostrar que são bons, carago!

Faz o que o Lope não conseguiu, ou pelo menos tenta. Vais ver que a malta vai estar do teu lado no início. Se vai ou não continuar assim, depende de ti!

Sou quem sabes,
Jorge

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Notas soltas sobre a entrevista a Pinto da Costa

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foto gamada ao Porto Universal

  • É impossível acreditar que este tipo de entrevista possa ser pura, aberta e sem condicionantes. Um Presidente de um clube que é sócio maioritário (ou dono) do canal onde é entrevistado responde ao que quer, como quer. Não digo com isto que o Júlio tenha recebido as perguntas de antemão, mas a acutilância das perguntas fica sempre aquém do que a maioria do povo gostaria. Digo o mesmo quando acontece com outros presidentes noutros canais com as mesmas condições, como é lógico.
  • Peseiro foi a primeira opção. Não acredito. Que tenha havido um telefonema em paralelo com alguns outros telefonemas feitos para outros treinadores, até faz algum sentido (há que apalpar terreno antes de avançar para um negócio), mas não tenho dúvidas que houve outras opções que reuniram maior consenso de um ponto de vista politico-estratégico.
  • PdC dá uma imagem de old-timer em relação às redes sociais, como era expectável. Nada que me surpreenda, não é ele que tem de se modernizar. Aliás, nunca seria ele, não tem perfil e soaria estranho que PdC começasse a enfiar likes em fotografias de cãezinhos vestidos como o Ruben Neves. É e será sempre um presidente à antiga, que não se vai modernizar. E só ainda não lhe veio morder no rabo a falta de vontade de mainstreamizar a postura porque a base eleitoral é de tal maneira vasta (e a oposição física, até ver, inexistente) que nem precisa de fazer campanha.
  • A forma como reduziu Lopetegui a um treinador que não se adaptou ao nosso futebol ao fim de um ano e meio foi infeliz. Infeliz pelo timing, não pela forma, porque se demorou todo esse tempo para finalmente se aperceber que a adaptação foi lenta, talvez tenha de repensar a maneira de seguir a equipa principal de futebol. Mas foi muito inteligente na forma como fez a vénia aos adeptos por não criticarem os jogadores mas o modelo. Quase que posso imaginar Lopetegui a roçar-se todo no sofá enquanto pergunta: “Mas foste tu que apostaste no meu modelo, carago!”. Só por essa, aposto que se vai recandidatar à presidência.
  • [modo ironia ligado] Olha, vai mesmo haver recandidatura. Raios que essa é que me surpreendeu! [modo ironia desligado]
  • PdC lidou com a sugestão de nepotismo de uma forma pior que Thomas More com as acusações de traição. Ou Cavaco com o bolo-rei, para trazer a metáfora para mais perto. E o resto das perguntas sobre finanças e negócios ficaram por fazer, não foi, Júlio? Claro que foi.
  • Mas estou a criticar o Júlio sem grandes motivos. Esteve bem nas perguntas sobre o Adrián e o resto dos negócios absurdos em que nos enfiámos. Andou pela rama, como esperava, mas ainda pôs os pés um bocadinho no pântano. Doyen…doyen…
  • O Suk, se souber falar português em condições, deve ter estado a ouvir e pensou: “Mas onde raio me vim meter? Vá lá, o novo mister gosta muito de mim porque eu já cá estou, caso contrário mandava-me para o PAOK ou para o Rapid do Brunei de Baixo mais depressa que eu consigo dizer ‘Passa a bola, Brahimi!'”
  • Ah, e que bela patada no Ferrari que é o Imbula. Foi dos poucos momentos em que gostei, apesar de ter a certeza que o rapaz ainda vai correr menos a partir do primeiro treino de amanhã.
  • PdC já prometeu tantas vezes que os jovens vão evoluir para a equipa principal que já ninguém acredita. E o Rafa não vai fazer parte do plantel coisa nenhuma. Vai provavelmente fazer o estágio de pré-época, mas garantias para o plantel ninguém tem. Nem ele.

No fundo, uma boa entrevista dentro do que é possível nestes moldes. Respondeu a tudo não respondendo a grande coisa. Mas houve ali um pedacinho de nostalgia por um passado não-tão-recente em que Pinto da Costa saía da zona de conforto e passava ao ataque. Desta vez não houve ataque mas gostei de ver alguma humildade pública. Se foi verdadeira? Oh amigos, cresçam!

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Baías e Baronis – Famalicão 1 vs 0 FC Porto

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Costumo brincar com um dos meus companheiros portistas de sempre, com um humor muito distante da alegria que habitualmente pauta a minha bem-disposta tromba, que quando estamos no fundo do poço, há sempre uma pá disponível para podermos cavar ainda mais um bocadinho e chegar ainda mais fundo. Hoje, a pá estava lá e houve uma diligente tentativa de tentar procurar um eventual filão de petróleo que por lá pudesse haver. Vamos a notas, rápidas, com a tentativa de acabar com este pesadelo rapidamente:

(-) Zero. O estado é de depressão, de incapacidade e de desalento. Não tenho a menor dúvida que se tivéssemos entrado em campo com a totalidade da equipa B, o futebol teria sido mais fluido, a vontade de ganhar bem superior e teríamos saído de Famalicão com uma vitória que seria tão natural como a que conseguiram aqui há uns meses quando passaram neste estádio e venceram por 4-2 (onde Garcia, Ismael e Ramos estiveram presentes, bem como Govea e Gudiño que hoje não saíram do banco). Mas esta equipa que jogou hoje está numa fossa tão profunda, com quase total descrença nas suas capacidades, impotência perante a menor dos obstáculos e acima de tudo a vontade que venha alguém que lhes diga o que fazer. Mas é incrível que um grupo de jogadores de elite para os standards do nosso campeonato não tenha o brio e o orgulho de mostrar a todos, de adeptos a jornalistas ou até ao NOVO TREINADOR QUE ESTAVA ALI NA BANCADA A VÊ-LOS que são bons. Que são dignos de usar esta camisola. Que a culpa era do treinador anterior, ou que a culpa não era deles mas de toda a estrutura que persiste e subsiste à sua volta e por causa deles. Não mostraram fibra, garra, vontade. Varela foi pior que Ismael, Maicon pior que Lichnovsky, Imbula pior que Ramos. Nomes que nos habituamos a ler como elementos importantes na equipa estão a ser desfeitos pelas suas próprias mãos, pelo que fazem em campo e pela forma consistente (admiro a coerência, realmente) como exibem uma completa descoordenação entre o que deve ser um jogador profissional de topo e a imagem que esse jogador deve mostrar. Crise? Já passámos a crise. Chegamos ao tempo das sentenças e não sei se Peseiro terá coragem (ou autorização) para encostar meia dúzia de titulares, mostrando-lhes que aquilo que produzem é tão miserável que não merecem mais do que uma cadeira na bancada (até porque criar anti-corpos logo no início pode ser pouco positivo para a trémula harmonia do grupo), mas garanto que é o que mereciam. Sabem mais do que aquilo e não há anti-depressivos suficientes no mundo que façam melhor efeito que uma boa dose de humildade.


Um jogo triste numa despedida triste de Rui Barros do comando da equipa. Também ele, sai triste e incapaz de fazer o mínimo para reabilitar este grupo. Domingo é um novo dia.

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Ouve lá ó Mister – Famalicão

Caro Rui,

Será o teu último jogo ao comando da equipa (até à próxima vez, porque isto da bola nunca se sabe e quem tinha razão era o Pimenta), por isso há que honrar a camisola de início a fim. Não tu, que já o fizeste e continuas a fazer pelas nossas cores quando jogas pelos Vintages! Falo dos outros, dos que trabalharam directamente contigo…e presumo que vão continuar a fazer nos próximos tempos, que isto de novos treinadores é muito bonito e tal mas se não houver aí malta como tu a ensinar como é que as coisas devem ser feitas, não é a mesma coisa. E mesmo o que tem sido até agora não me parece que seja grande…coisa, se me perdoas o impropério e a falta de respeito. Há que meter na cabeça daqueles rapazes que o que têm vindo a fazer não está ao nível do passado da camisola que usam, carago! E cabe-te a ti essa missão, Rui, a ti e aos outros que por aí andam e que gostam deste clube como tu gostas!!!

Hoje, portanto, neste regresso ao passado que é um Famalicão vs FC Porto, que nos lembra de tempos idos de jogos em Antas vazias e chuvosas, ninguém espera grande jogatina. A competição está quase perdida e a convocatória que fizeste, que noutros tempos poderia ser considerada como um bom veículo para rodar jogadores e dar oportunidade a outros, acaba por ficar marcada pela tristeza de o fazermos sem que haja um objectivo pela frente a que possamos aspirar com grande probabilidade de sucesso. Mas isso para o Chico Ramos, para o Govea ou para o Ismael não quer dizer nada e é esse o espírito. Não creio que joguem todos mas podes sempre dar oportunidade a um deles. Aproveita o que temos de bom e põe os sócios a sonhar um bocadinho com melhores tempos.

E já agora, havendo oportunidade, ganha o raio do jogo.

Sou quem sabes,
Jorge

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