Ouve lá ó Mister – Paços de Ferreira


Amigo Vítor,

Correu bem a festarola no Coliseu, homem. Gostei de te ver bem-disposto, a sorrir ao veres os que agora são teus pupilos e que ano passado “pertenciam” ao teu superior (na hierarquia!) e agraciá-los com o prémio merecido. E já viste que para o ano podes ser tu ali em cima, com mais alguns dos teus subalternos a aplaudirem atrás de ti e a darem-te palmadinhas nas costas? Quero ver isso pró ano no Porto Canal, em directo!

Mas até lá chegares…nas palavras de Robert Frost: “The woods are lovely, dark and deep. But I have promises to keep. And miles to go before I sleep.”. A primeira vez que ouvi este poema ou pelo menos este extracto, foi no Telefon. Na altura achei que era um filme genial, com uma história perfeitamente credível e que o Charles Bronson era o melhor actor do mundo. Como é lógico, tinha 8 anos. Mas estas frases ficaram-me na mona durante anos até hoje e uso-as sempre que me quero armar em cinéfilo e para dar bons conselhos. A maior parte das vezes faz-me parecer um belo dum parvalhão arrogante, mas não me importo. De qualquer forma, o conceito por detrás da poesia perdura e continua a ser verdadeiro.

É que tens mesmo de ganhar isto, mais uma vez. O jogo da próxima terça-feira contra o APOEL pode ser mais importante quando olhamos para a big picture, mas se fores a ver bem, cada ponto perdido pode significar uma carrada de chatices mais lá para o fim do campeonato. E já perdeste quatro pontos em oito jogos esta época, o que não sendo mau é sinal que não podemos continuar a este ritmo, porque por este andar terminávamos a prova com 75…o que pode ou não dar para ser campeão. E quando tens a oportunidade de fazer dois jogos consecutivos em casa, tens de ganhar os dois, homem. Não há volta a dar, é para ganhar. Ó pra mim a rimar, é sempre a andar! Chega. Motiva os jogadores como quiseres, usa mensagens subliminares, posters da Catalina Otalvaro nua em spread eagle ou bilhetes para ver “Os 39 Degraus” no Rivoli, faz o que entenderes que melhor funciona, mas põe-nos a jogar em condições. E despacha estes murcões de amarelo para depois na terça-feira fazeres o mesmo com outros murcões nas mesmas cores.

Sou quem sabes,
Jorge

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Ouve lá ó Fucile

Amigo Jorge,

Estou lixado contigo. Começaste mal a época e depois de no ano passado te teres estourado todo na Rússia, pensei que quando chegasse Agosto estivesses cheio de garra para jogar e com a cabecinha no sítio. Até agora, rapaz, o que tenho visto da tua parte é pouco mais do que mostraste em Londres naquele famoso jogo de Março de 2010, onde sozinho conseguiste juntar os talentos de Sonkaya, Quintana e Paulinho César num bolo de estupidez coberto por parvoíce. E eu, pá, que farto-me de te defender e já o fiz em tantas ocasiões diferentes, parte-se-me o coração ao ver-te a fazer jogos tão maus. Ou melhor, partiu-se-me o coração, porque estou convencido que agora que estás de volta aos treinos a sério, vais começar a atinar.

Tens aqui um teu criado para o bem e para o mal e tu sabes disso. Se tivesses a mona no sítio e decidisses de uma vez por todas que não vai de encontro aos teus melhores interesses começar a fintar o extremo adversário quando não há mais ninguém entre vocês e a baliza a não ser o Helton, ou se percebesses que a melhor maneira de cortar uma bola não é, por estranho que te pareça, usando as mãos, não me tinhas obrigado a inventar palavras novas e a arrancar metaforicamente os poucos cabelos que me sobram quando te vejo a fazer essas enormidades. Tu, que tens a fibra e a raça de um jogador à Porto, não percebo o porquê de andares constantemente a inventar e a perderes o sentido prático que devia estar gravado nessas trombas como uma dedicatória numa aliança.

O teu colega é um gajo porreiro e ele sabe que eu também não desgosto dele, mas tu tens mais talento. Ele também sabe disso. Mas o Sapu, ao contrário de ti, é um tipo que não se põe a brincar e perde bolas que não deve. Ele, ao que parece, enfrasca álcool a sério mas é depois do jogo e fora do campo, ao passo que tu parece que bebes uns shots de tequilla foleira antes de entrares prá relva e cá vai disto. Não pode ser, rapaz, depois perco a moral toda quando te elogio como quando mandaste aquela tacada ao jornalista depois do jogo de Braga no ano passado. Tens de ser melhor, Jorge, tens de te superar para voltares ao teu lugar, à titularidade que mereces pela tua qualidade mas que tens de mostrar em campo que és um gajo em quem podemos confiar.

Até lá vou estar à espera. Não desisto de ti, puto, volta a provar que mereces o meu elogio!

Um abraço aqui do teu homónimo,
Jorge

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Alter-Walter?

Parece complicado definir o estilo de Walter em campo. À vista desarmada, o homem assemelha-se a um pequeno planeta e estou convencido que ele tem o seu próprio puxão gravitacional. Aposto que se lhe atirarmos uma laranja, o citrino ficará a orbitá-lo a uma curta distância. A lentidão com que se mexe é assustadora e a força da inércia que sofre quando tenta uma movimentação contrária à que está no momento a desenvolver é uma prova mais que evidente da primeira Lei de Newton aplicada a jogadores da bola.

Não é a primeira vez que temos um ponta-de-lança como alternativa ao titular que insiste em não conseguir subir a um patamar exibicional que lhe permita abdicar da subalternização e passar a figura principal. Farías, Jankauskas, Mielcarski, Fehér (raios, até Quinzinho!), todos eles cederam perante a maior produtividade de homens que já estavam no clube ou por menor talento, excesso de lesões ou problemas pessoais. O argentino, por exemplo, chegado com grande pompa do River Plate, foi produtivo e marcou um bom número de golos mas nunca conseguiu destronar primeiro Lisandro e em seguida Falcao dos seus lugares no onze base; o lituano, apesar de útil em determinados momentos da temporada, foi sempre segunda escolha, Mielcarski andou quase sempre todo partido e nem cócegas fez a Jardel. O mesmo se aplica a Fehér, que seria mais tarde vendido ao Benfica. Todos eles eram nomes importantes no plantel pela possibilidade que tínhamos de reforçar a zona ofensiva em caso de ausência da primeira opção, mas tal como Walter, pareciam todos sofrer de qualquer maldita sina que os fazia sempre baixar na pecking order.

No entanto o brasileiro tem-me surpreendido nos últimos jogos. Walter parece querer mostrar mais, está com outra garra e um nível de esforço e movimentação que nunca antes lhe tinha visto fazer. Teremos luta pela titularidade? Vitor Pereira decide.

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Breves notas sobre os Dragões de Ouro

  • Foi simples, honesta, nossa e felizmente sem muito do embandeiramento em arco de outras coisas de ouro, como Globos ou Sequins. Não me interessa muito o glamour, os fatos brilhantes, os vestidos de baile ou a música ao vivo. Foi em grande parte um sarau à antiga e apesar de lamentar o excesso de cantoria ao vivo e a falta de mais entrevistas e mais conversas com as nossas figuras de proa, valeu pelo enaltecimento da valia, da vitória, do Portismo.
  • Não compreendo nem percebo o porquê de entregarem o troféu de Campeão Nacional à equipa sénior de Futebol e não trazer sequer os troféus para as outras modalidades. Madaíl estava presente. So what? Afinal não foram todos campeões? Não foram todas aquelas equipas que desfilaram em palco, mais jogador menos jogador, campeãs de pleno direito? Ficou mal e faço um mea culpa pela falta de cobertura das outras modalidades que não a do esférico que rola pela relva, como dizia o Estebes, mas lá por eu não ter tempo nem juntar actualmente o mesmo gosto pelas “amadoras” como pelo futebol, não me parece correcto que o clube o faça. Sim, o futebol tem mais impacto, mais adeptos e gera mais dinheiro e interesse. Mas o clube não deve, não pode diferenciar de uma forma tão exagerada um desporto em desprimor dos outros, tal como aconteceu ao longo de toda a cerimónia com os videos que foram sendo exibidos. Lamento que o tenha feito desta vez.
  • Ainda assim…tremi um bocadinho com o vídeo de Dublin. Porque estive lá, ao contrário de Viena, Tóquio, Sevilha e Gelsenkirchen. E por muito que digam que não foi um grande jogo, que os outros foram muito melhores, não quero saber. Se ainda não repararam, estou-me nas reais tintas para os que os outros pensam. Eu é que sei o que sinto. E Dublin foi um momento marcante na minha vida como Portista.
  • Bonita a homenagem a Pôncio…mas preferia que tivesse tido menos pompa e mais sentimento. Valeu a menção de PdC.
  • Pinto da Costa esteve, como sempre, bem. Correcto na dedicação dos troféus, adequado nos elogios, elegante no discurso.
  • Villas-Boas esteve imperial e o público no Coliseu esteve impecável na saudação ao rapaz. Quem sabe estar e tomou chá sem ser de garfo desde que era pequeno, normalmente manifesta-o sempre nos momentos certos e fiquei muito satisfeito por vê-lo com a lágrima ao canto. Estou convencido que muitos não lhe perdoam a saída, mas aposto que houve muita malta que deixou um pouco do ódio de lado e aceitou o regresso de um dos homens que maiores alegrias me deu em toda a minha vida como Portista. Algum exagero na realização, que permanentemente se focava em André para qualquer tipo de plano, fosse ou não relacionado com a temporada 2011/2012, mas não me incomodou assim tanto. Gostei muito mais dos bons planos da Maria Cerqueira Gomes. A miúda é gira e bem disposta, sim senhor.
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Perdido, achado e devolvido na próxima 6a feira


Serviço público, meus amigos. O jovem que se olvidou do cachecol na sua cadeira do Estádio do Dragão ontem à noite teve sorte por ter sido encontrado por mim. Ser-lhe-á devolvido na próxima sexta-feira caso se desloque ao mesmo sítio onde viu o FC Porto a bater o Nacional por cincazero. Se não aparecer por lá, levo para casa e da próxima vez volto a tentar.

Amigo, se estiveres a ler, não te apoquentes! O teu símbolo de portismo em formato têxtil está salvaguardado!

Por falar nisto lembrei-me: conhecem esta página? É de um antigo professor meu e vale bem a pena a viagem pela história do nosso clube via cachecóis.

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