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Baías e Baronis – Benfica 3 vs 2 FC Porto

foto retirada de maisfutebol.pt

Ponto prévio: o Benfica ganhou bem. Fez por merecê-lo num bom jogo, sem chatices, sem grandes casos (se bem que aqueles puxões do Luisão na nossa área me incomodam sempre) e criou melhores senão mais oportunidades de golo. O jogo podia ter sido resolvido a nosso favor com um bocadinho mais de inteligência na posse de bola e no desdobramento do contra-ataque, mas concordo que foi justo. É evidente que o joguinho mediático do “isto não nos interessa, o que conta é o campeonato” funciona perfeitamente porque perdemos. Se tivéssemos ganho o discurso seria o mesmo mas o papo era sem dúvida diferente, como se compreende. Ainda assim não fiquei triste, não estou furioso por perder o jogo, não me lamento, não me dói muito. Custa perder contra o Benfica, claro, mas admito, como sempre o fiz, que a Taça da Liga é para ganhar se conseguirmos chegar à final sem sacrificar o resto das competições. Não conseguimos. Meh. Notas abaixo:

 

(+) João Moutinho Mais uma vez a mostrar porque é que é indispensável no FC Porto. Já o era no ano passado mas este ano ainda mais, porque faz o que Defour não consegue na sua posição e ajuda Lucho quando o argentino já se agarra às gâmbeas como hoje a meio da segunda parte. Moutinho correu novamente o jogo todo, sempre a pegar no jogo e disposto a tentar sempre ser o principal impulsionador das jogadas ofensivas e coordenador das defensivas. Se Lucho é uma mais-valia pela experiência e inteligência, Moutinho fá-lo em contínuo movimento com olhos levantados, noção perfeita de espaço e capacidade criativa. É único no plantel. Ah, e aquelas duas jogadas consecutivas “triângulo+R2” à Zidane foram um deleite…

(+) Hulk na primeira parte O FC Porto com Hulk é totalmente diferente do FC Porto sem Hulk. Goste-se ou não do estilo (sou um desculpador do rapaz na maioria dos casos, admito-o), admire-se a técnica ou o egoísmo, a verdade é que é imensamente útil para romper pelo espaço de defesas mais lentos, como hoje no caso de Capdevila ou mesmo com bisontes como Luisão ou anormais como Maxi Pereira (que está para o futebol como o Álvaro está para a economia portuguesa. É bom mas abusa da sorte…) pela capacidade física e velocidade de arranque. Faltou marcar um golo mas deu um a marcar a Lucho e sofreu a falta que deu origem ao segundo. Na segunda parte desapareceu do jogo, cansado e com poucas oportunidades de jogar como gosta porque a opção pelo jogo directo para Janko afastou-o mais do jogo. Merecia mais.

(+) A força e agressividade de Mangala Um central que consiga subir acima de Cardozo e roubar-lhe bolas de cabeça é sempre um jogador útil. E Mangala fá-lo com naturalidade, para além do facto de conseguir subir com a bola controlada como um Pepe mais escuro mas (ainda) sem a loucura do Kepler. Vinte anos tem este rapaz e ainda pode vir a melhorar bastante, porque talento tem ele que chegue e a forma como se antecipa aos avançados e usa o corpo como protecção já é a prova de um rapaz que sabe o que fazer em campo. Só precisa de aprender a passar a bola em boas condições. Ah, e o golo é muito bom, rapaz, continua a saltar assim que ainda te prendem por voares sem comunicar o trajecto às torres de controlo.

(+) Sapunaru ou a vantagem de ter um lateral que sabe subir Entre Sapunaru e Maicon na lateral direita, dêem-me um bêbado romeno em vez de uma bola de bilhar brasileira todos os dias. Gosto de Maicon no meio e gosto de Sapunaru na direita, como gosto de whiskey num copo e caril num prato e não ao contrário. Ia marcando por duas vezes. Anda doente para ver se marca um golo ao Benfica antes de se reformar, o rapaz, mas joga com garra, com fibra, às vezes com pouca cabeça mas sempre com vontade. Vamos ver se assenta no lugar até ao final da época…

 

(-) Kleber Começa a meter pena ver o nosso substituto de Falcao a jogar no FC Porto e admito que foi das apostas mais falhadas dos últimos anos, bem acima de Fabianos e Bolattis. A forma como se atira para os lances sem hipótese de conseguir chegar à bola, atabalhoado, fraco, incapaz de fazer algo de produtivo ou de remotamente ameaçador para a baliza contrária é o suficiente para não poder ser opção principal na equipa. Enerva-me com os lances em que permanentemente reclama falta do adversário só porque usa o corpo para proteger a bola e insiste em arremessar-se para o terreno com os braços esticados e a cara de anjo a olhar para o árbitro como um bébé a pedir leite. Não tem, neste momento, argumentos para ser titular no FC Porto.

(-) A ingenuidade de Mangala O primeiro golo é culpa dele. Ponto. Quando um defesa tem uma bola na sua posse e está numa situação de 2×4 contra si, não pode…repito, NÃO PODE passar a bola para o colega que está rodeado de adversários. O que acontece? Quando a equipa está a começar a subir para receber o passe ou pressionar a zona mais recuada do adversário e tentar ganhar a segunda bola…qualquer perda de bola resulta num desiquilíbrio enorme e em falhas de marcação. Os absurdos comentadores da SIC culparam Álvaro. Não, Álvaro não teve culpa. A culpa é de Mangala. E sê-lo-á mais vezes, como por vezes acontece a Maicon e no passado a Bruno Alves ou Ricardo Carvalho ou Aloísio. As pessoas falham. Têm é de aprender com os erros e Mangala, que cometeu vários desta índole durante todo o jogo, ainda vai bem a tempo para os corrigir.

(-) A soberba de Jesus É raro, como sabem, comentar declarações de técnicos adversários. Mas quando colocaram o meu homónimo em frente ao rapaz da SIC (o “go home, now”, sim, esse mesmo), fiquei a ouvir, ainda a picar uma fatia de presunto com o meu pai. E ouço o treinador do Benfica a dizer que este jogo é que comprova quem é a melhor equipa. Cada cabeça, sua sentença, mas aquela farta cabeleira estará talvez lentamente a pingar tinta para o cérebro. Então o homem que perde quatro dos cinco últimos clássicos antes deste jogo (se somarmos 0-5 no Dragão e 1-2 na Luz para a Liga, 1-3 na Luz na Taça, 2-3 na Luz há umas semanas…comparando com o 2-0 no Dragão para a Taça no ano passado e o 2-2 também no Dragão este ano para a Liga) acha que este é que decide tudo? É como dizer: “Eu faço dieta rigorosa há dois anos!!! Sem contar com as feijoadas que como todas as quartas e umas noitadas de rodízio às terças e sábados, claro!”. A arrogância de Jesus, principalmente nas conferências de imprensa, é insuportável. Se o jornalista que lá estava em frente não fosse aquela bestinha (que depois de Jesus lhe dizer que o Benfica está em três frentes e que a prioridade é a Liga em primeiro e a Champions em segundo…vai-lhe perguntar qual é a terceira…) mas um homem de tomates, tinha-lhe citado estes exemplos. Levava um arroto nos dentes, mas ficava feliz.

 

E agora, pergunto eu? Os rapazes ficaram em condições para jogar no Domingo na Mata Real? Lucho, Moutinho, Álvaro, esses rapazes todos estão aptos fisica e moralmente para serem o que precisamos que sejam? Não faço ideia. Mas sei que não atirámos o metafórico toalhete à relva antes do jogo e fico satisfeito por ver que mais um vez conseguimos dar a volta a um resultado negativo naquele estádio. É de louvar a capacidade de esforço dos jogadores e dou-lhes os meus parabéns por isso. Não gostam de vitórias morais? Esperem até ao final do campeonato e vamos ver se valeu a pena ou não.

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Baías e Baronis – SL Benfica 2 vs 3 FC Porto

retirada de desporto.sapo.pt

Acabou o jogo. Salto, com braços erguidos no ar, a voz rouca a ecoar nas paredes do restaurante onde estava e os gritos eufóricos (fica o pedido público de desculpas a quem se tenha sentido ofendido com frases como: “a tua mãe havia de ter um avc, meu filho da puta!” mas não me consigo controlar, mea máxima culpa) depois de uma vitória épica a invadirem o panorama auditivo da cidade. Ganhámos. Graças a uma combinação quase perfeita de querer, de garra, de alma e de “nunca nos digam que esta merda está perdida porque ainda estamos vivos, caralho, e vamos estar vivos até ao fim!”, fomos a Lisboa arrancar três pontos da segunda melhor equipa em Portugal. E que jogo foi, meus amigos, com o resultado a saltar de um lado para o outro, luta leal pelo resultado, disputa até ao fim e uma vitória que nos assenta bem mas que podia tão facilmente ter tido um final completamente diferente. Valeu-nos a vontade de vencer e a coragem de Vitor Pereira, que vinte jogos depois decidiu afirmar a todo o mundo: “Olhem para mim, porra! Vejam o que eu sou capaz de fazer! É para ganhar? Vamos lá, cambada, vençam!”. Épico. Inesquecível. Siga para as notas:

 

(+) Os jogadores do FC Porto Não acreditava na vitória antes do jogo, palavra. Durante o dia, sempre que me perguntavam como é que achava que ia correr o jogo, só dizia: “Pá, não sei. Não estou confiante, admito”. Errado. Tão errado estava. Desconfiei de vocês e hoje provaram que estava enganado. Porque hoje foram heróis. Porque hoje, ao contrário do que já fizeram em tantos jogos, não se importaram em estar a perder contra uma excelente equipa. Porque apanharam uma primeira facada num golpe de sorte e uma segunda facada, bem mais profunda, num lance de bola parada bem apontado. Mas nunca desistiram. A imagem de cima mostra tudo, revela a união, a força de um balneário, a junção das vontades de todos para criarem a emoção da turba que vos apoia, que vos idolatra, que vos ama. A energia que colocaram em campo nas transições, na cobertura defensiva e passagem para o contra-ataque, nas bolas paradas e corridas, na intensidade do contacto com o adversário, na alma que precisam de mostrar para vencer um jogo destes…heróis, enormes, gigantes, deuses. A enorme mol portista que falará do vosso feito nunca vos esquecerá. E provaram hoje que são homens. Que conseguiram subir ao zénite e ficar por lá a apreciar as vistas. Hoje dormirei feliz por vossa causa.

(+) Os gigantescos testículos metafóricos de Vitor Pereira Cinquenta e oito minutos de jogo. Olho para a televisão e não acredito: sai Rolando, entra James. Em conversa com um amigo disse-lhe repetidamente que James não era a melhor escolha, que ainda não me parecia que tivesse fibra para estes jogos, que não ia resultar. E o demente do nosso treinador, quiçá possuído do espírito Adriaansiano, toca de enfiar Djalma a defesa-direito e James na frente por trás de Janko. Loucura, pensei. O homem está a arriscar a carreira em dois números que enviou ao quarto árbitro. E fê-lo, com uma coragem tão férrea como a Ponte D.Luiz, e ganhou. E a substituição de Moutinho, que adivinhei por ser mais que esperada, ainda mais risco trouxe, porque mostrou ao Benfica: “Estão a ver isto? É para ganhar, amigos, nós estamos aqui para ganhar o jogo!”. E o golo aparece. Vitor Pereira grita. Eu também. E respeito a força de vontade, a resolução granítica de pugnar pela vitória. Eu não teria tido a coragem de fazer a primeira substituição, quanto mais a segunda. Ele teve. E é por isso que lá está. Parabéns, Vitor.

(+) Maicon Simples. Prático. Eficaz. Dominador. Controlador. Marcador. Vitorioso. Nosso. Maicon está a ser uma excelente surpresa não só pela qualidade de passe e pelo controlo emocional durante o jogo (juro que se fosse eu que tivesse tido o Gaitan com a cabeça colada à minha tinha-lhe dado uma cornada de tal força que o mandava procurar o nariz na nuca), mas principalmente pela evolução que tem vindo a mostrar. “É o próximo senhor trinta milhões”, disse-me o meu amigo ao lado. Não sei. Mas que está nitidamente a crescer como jogador, não tenho dúvida.

(+) O golo de Hulk Só tenho uma pergunta: porque raio não tens tentado fazer isso mais vezes nos últimos jogos?!

 

Não há Baronis hoje. Até Jesus merecia um semi-Baía pela audácia na entrada de Rodrigo em vez de Aimar, mas optei por não o fazer. A glória é nossa e quero saboreá-la na totalidade. Ainda assim, para ser justo, é verdade que o golo da vitória é irregular porque Maicon está em fora-de-jogo. Mas é difícil de marcar e nestes casos, como sabem, dou sempre razão ao bandeirinha (podem inventar seiscentos nomes diferentes para a função, continuarei a chamar “bandeirinha”). No entanto, a vitória é justa pelo que conseguimos fazer depois dos momentos-chave do jogo. O golo de Hulk é um portento, a recuperação depois dos dois golos seguidos do Benfica é notável e a forma como soubemos manter a bola em nossa posse depois do 3-2 é prova que estes rapazes, quando querem, sabem jogar futebol do bom. Se não o fizeram num passado recente…já são outras histórias. Saímos de Lisboa (para não mais lá voltar neste campeonato, felizmente) com três pontos de avanço e vantagem no confronto directo. Voltamos a depender só da nossa própria performance. Não estava a contar. Estou feliz. Estou muito feliz.

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Baías e Baronis – FC Porto 2 vs 2 SL Benfica

 

foto retirada do MaisFutebol

 

É uma crónica difícil de escrever, tanto como foram difíceis de aguentar os onze minutos finais do jogo, descontos incluídos. A ruptura física e emocional da equipa foi penosa de ver e à medida que o relógio avançava para esse infeliz minuto 82, havia uma sensação de insegurança como há muito não sentia num clássico, que poderia ser perfeitamente plausível caso o jogo tivesse sido muito complicado, o que não tinha acontecido até então. O Benfica entrou defensivo mas bem estruturado e o 4-4-1-1 deu-nos muito trabalho a quebrar, mas quebramos. E depois de mais uma parvoíce levar ao empate, lutamos para passar de novo para a frente, e conseguimos…e a partir daí, a equipa desfez-se como um castelo de cartas numa tempestade tropical. Não vale a pena reclamar com o árbitro, porque apesar de achar que houve algum exagero nos amarelos e dualidade pontual de critérios, a verdade é que o empate deve-se a mérito do Benfica como a demérito nosso e por muito que possa custar admitir, o jogo não devia ter acabado assim. Só faltou concentração, alguma inteligência emocional, mais alguma força nas pernas e acima de tudo calma e confiança, que parece estar em baixo. Vamos a notas:

 

(+) Fernando Foi o melhor jogador da equipa. Não chegam os dedos que tenho nas mãos e nos pés para contar as intercepções e excelentes posicionamentos defensivos que o “Polvo” hoje mostrou no relvado do Dragão, cortando lance após lance de investida atacante do Benfica, tanto no meio como na ajuda aos laterais. Era evidente que com Aimar em campo a jogar em apoio a Cardozo, Fernando ia ter trabalho intenso e a verdade é que o argentino viu-se pouco por culpa dele, provando que para jogos a sério quando é preciso alguma estrutura no meio-campo enquanto não funciona a rotatividade entre os membros do sector, a utilização de uma âncora inteligente e firme é essencial.

(+) Guarín Deve ter saído chateado. Eu sei que sairia, porque depois do jogo que fez merecia ter acabado a partida. É verdade que falhou algumas bolas no ataque e vários passes triviais que Fredy insiste em transformar em remates laterais mas a forma como ajudou Kleber na pressão a Luisão e especialmente a Garay foi bonita de ver. Jogou solto, como deve jogar, em apoio defensivo bem alto, e se houve algum elemento que impediu Javi e Witsel (bom jogador esta besta) de fazerem o que bem queriam no nosso próprio meio-campo, esse rapaz foi Guarín. Ia marcando um golo fenomenal num chapéu a Artur de pé esquerdo, mas o brasileiro estava atento.

(+) Otamendi O golo é de raiva e de esforço mas ainda assim saliento o trabalho defensivo, porque foi o mais certinho, apesar dos golos sofridos. Saiu sempre com a bola controlada e só por falta de apoio não conseguiu desiquilíbrios maiores, já que sempre que aparecia a correr pelo meio-campo dentro, parecia que o resto da equipa (tirando Hulk, mas como estava inconsequente acabou por não ajudar muito) ficava tão surpreendida que simplesmente não lhe dava o auxílio necessário e perdemos fulgor com isso. Bom no corte, aguentou o amarelo que levou muito cedo (correctamente) sem qualquer problema e foi o melhor jogador atrás de Fernando.

(+) Ambiente nas bancadas Por muito que tenha achado piada à galinha no ano passado, este foi um clássico mais digno. Não houve problemas com público, com pedradas, bolas de golfe ou bilhar ou bowling ou lá o que raio alguns animais gostam de levar nos bolsos. A polícia fechou tudo o que tinha para fechar, controlou bem a área e o ambiente, apesar de tenso como é natural para estes jogos, não teve a força negativa que no ano passado. Não fica na memória, mas por bons motivos.

 

(-) Desconcentrações Se o segundo golo nasce de falta de pernas e de intranquilidade defensiva, o primeiro é pura estupidez e falta de sentido prático. Não consigo compreender como é que Hulk perde a bola, Fucile fica a olhar e Cardozo aparece sem qualquer problema para encostar lá para dentro. Se Robson tivesse visto este golo mandava-os todos correr à volta do estádio durante uma hora, tal foi a falta de sentido prático e de concentração na tarefa que mostraram durante a segunda parte.

(-) Artur Aquele pé no ar é a imagem que me fica deste fulano, que fez com que lhe perdesse o respeito vocalmente com excelente vernáculo nortenho. E Guarín (ou Kleber, a memória falha-me) só não teve a clarividência de continuar e ir contra a pata da besta para ver se o animal falhava o pé de apoio com medo que lhe marcassem um penalty e caísse redondo na relva. Por vezes, caro neandertal brasileiro, são atitudes dessas que levam a que um jogo normal acabe num arrojo de pancada. E ainda bem que a malta se controlou, porque se dependesse de mim era bem capaz de chamar a brigada da braguilha e fazer de ti o primeiro guarda-redes do Benfica a levar um golden shower em pleno Dragão. Merecias.

(-) Hulk Inconsequente, foi uma pobre exibição ao nível das que fazia quando cá chegou em 2008. Parecia sempre complicar as coisas fáceis e estranhei que não tivesse rematado mais vezes, ainda que em má posição. Mas não, hoje Hulk passou o jogo todo a discutir com Fucile sobre o que presumo fossem regras de condução, porque fez dezenas de gestos com as mãos a simbolizar um “força, passe, minha senhora” e ainda agora não percebo o porquê de tanta conversa; perdeu bolas fáceis com fintas parvas; desperdiçou oportunidades de remate para fazer oh-só-mais-uma-fintinha-e-já-está; e pareceu apático com a presença de Emerson ou Gaitán no ataque pelo flanco. Volta rápido, Givanildo.

(-) Fucile Tu não aprendes, Jorge. Convences-te que és jeitoso e depois acabas por fazer jogos destes, e olha que já não é o primeiro monte de trampa que sai dos teus pés este ano, rapaz. Foi muito mau, homem, mau demais, e se tens desculpa para algumas bolas em que apanhaste com dois em cima, não te perdoo perderes bolas para aquele anão espanhol do Nolito, pá, o jogador mais sobrevalorizado desde que o Skuhravy chegou a Lisboa. Falhaste muito e em alturas importantes, moço, e só te pergunto: porquê? Qual é a necessidade de fintares gajos na linha quando podes ser prático e chutar contra eles para ganhar um lançamento? Porque é que tentas sempre fazer a coisa mais complicada quando a simples é mais melhor boa? Desiludes-me assim desta maneira? A mim que sempre te apoiei? Não se faz, Jorge, não se faz…

(-) Vitor Pereira Não me junto à turba que se parece ter formado à minha volta no Dragão, com gritos de “este gajo não percebe nada de futebol” e “és uma vergonha, caralho, era despedir-te já”. Bullshit. O que me faz dar uma nota negativa ao nosso treinador foi a forma como não conseguiu coordenar a equipa e elevar-lhe a alma quando era evidente para todos que havia ali uma desagregação iminente, tanto física como táctica. Talvez os jogadores não tenham pernas, talvez não gostem do estilo, mas algo se passa que está a roubar a alegria aos nossos putos. Hoje, tirou Kleber porque estava lesionado, como o ouvi a dizer na conferência de imprensa enquanto estava no trânsito. Mas não podia alterar a forma da equipa jogar e principalmente manter o Varela em campo, que já não tinha pernas para aquelas andanças. Mas optou por colocar o Hulk ao meio, mesmo vendo-o a complicar tudo que parecia fácil e apostaste num rapaz que cruzou duas ou três vezes sem sequer olhar para quem lá estava e que não consegue manter uma bola controlada na relva nem que lhe apontem um taser ao testículo esquerdo. E Guarín, tirar o Guarín e pôr lá o Belluschi em vez dele foi mais uma decisão que não entendi. O meio-campo estava em igualdade mas era preciso um rapaz para cobrir uma ala, MANTENDO uma pressão intensa pelo centro…e mantém-se o Varela que era um zombie no flanco, com o Belluschi a jogar enfiado entre Javi e Witsel? Não compreendi, palavra. O problema que Vitor Pereira enfrenta é complicado e estes últimos dois jogos serviram para perder mais algum capital de confiança perante muitos sócios que ainda aqui há uns meses viram a equipa a jogar como raramente tinham visto nos últimos anos e só pensam: “Mas só saiu o Falcao e o Villas-boas, que mais pode ter mudado?”…e vão-lhe começar a apontar o dedo. É um selo difícil de tirar e as vitórias terão de começar a aparecer rapidamente, caso contrário a vida pode começar a ser muito difícil para o treinador do FC Porto.

 

Depois de passar o jogo, é fácil perceber que perdemos dois pontos e o Benfica ganhou um. Fomos mais fortes durante boa parte do jogo mas fraquejámos nos momentos mais importantes, quando tínhamos de reter a posse de bola e trocá-la com confiança e atitude altiva de campeões, evitando que o Benfica, que tem jogadores tecnicamente melhores (Por favor: Fucile, Moutinho e Guarín, são capazes de trocar a bola pelo chão sem ser aos saltinhos? Agradecido.) e estava a jogar no erro como fez quando cá veio vencer para a Taça, pegasse na bola e fizesse o jogo rápido de transições que costuma aplicar aos adversários. Não conseguiu e tal como nesse jogo sofreu dois golos perfeitamente evitáveis. Bottom line? Um empate em casa é mau, contra o Benfica é uma desilusão. Mas não deixamos de estar na luta, muito longe disso, e o campeonato ainda vai dar muitas voltas, por isso vamos com calma que amanhã é um novo dia. E só pode ser melhor que a noite de hoje.

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Baías e Baronis – Benfica 1 vs 3 FC Porto

 

foto retirada de MaisFutebol

 

Ainda estou a pensar como é que foi possível. Depois do pior jogo da época nos ter ferido o orgulho quase de morte, incluía-me no grupo dos cépticos, nós que somos sempre mais negativos e que raramente acreditamos que se pode dar a volta a um resultado negativo deste nível. Quando o jogo chegou ao intervalo, dei comigo a pensar: “Bem, os rapazes até estão a tentar, mas está a faltar qualquer coisa. Se ao menos entrasse um golo, era só preciso um golo para lhes dar mais alento. Carago, povo, é só mais um bocadinho de querer, vamos a isso!!!”. Sim, eu penso com pontuação e tudo, é uma coisa minha, não questionem. Na segunda parte…Valhalla em Lisboa. Moutinho em grande forma, Hulk mais prático, Falcao mais acertado, Fernando com a mesma consistência, Otamendi e Rolando a defender muito bem e Álvaro a jogar quase como médio-ala, a pressão foi excelente, eficaz e converteu em golos alguma sorte que fizemos por merecer. Estamos na final! Vamos a notas:

 

(+) FC Porto É um jogo que define uma época. A vontade que hoje mostramos de tentar dar a volta a um resultado negativo é equivalente, perdoem-me a comparação, ao jogo da segunda mão da Taça UEFA de 2002/2003 onde a derrota nas Antas com o Panathinaikos levou ao famoso “esperem, isto ainda vai a meio” de Mourinho. Foi uma jornada fabulosa de querer, de garra e de total concentração num jogo em que partíamos com uma desvantagem muito complicada de conseguir anular. Porra, tínhamos perdido em casa com o Benfica por 2-0! Mais que isso, tínhamos perdido muito bem! Acredito que foi essa noção, o facto dos jogadores se aperceberem que o orgulho estava em jogo levou aquele extra de enfoque e compenetração que a vitória era a única opção. Notava-se isso nos jogadores, desde Beto a Falcao, desde Fernando a Hulk. Sempre a tentar, sempre a forçar, sempre a arriscar. Ganhámos e demos a volta a um resultado extremamente negativo com o contrário do que tínhamos mostrado na primeira mão: garra, luta, concentração e acima de tudo uma inabalável fé nas nossas próprias capacidades. A minha salva de palmas, meus amigos, foi memorável!

(+) João Moutinho De todos os jogadores do FC Porto que hoje calcaram o relvado da Luz, o mais importante e influente foi o mais pequeno. Moutinho fez hoje um dos melhores jogos que o vi a fazer com a bela camisola azul-e-branca, mostrando tudo o que esperamos dele e confirmando todo o talento que tem. Passes a rasgar, concentração no meio-campo, inteligência na rotação da bola e um cerrar de dentes de cada vez que disputava uma das muitas bolas divididas que venceu durante o jogo que aposto que até o Sereno não lhe mostrava os pitões num treino se a atitude fosse sempre aquela. O Sereno talvez, mas mais nenhum. A somar à influência na equipa, foi o marcador do primeiro golo, o arranque da louca sequência que abanou a estrutura do Benfica, num remate seco, forte, rasteiro, colocado. Perfeito.

(+) Fernando Se Moutinho pautou o jogo ofensivo da equipa, Fernando foi o garante da estrutura da defesa. Para além dos cortes providenciais (um dos quais deu origem a um dos golos num carrinho fabuloso a roubar a bola a Franco Jara), a forma confortável e controlada com que saiu da defesa e rodava a bola para os outros colegas do meio-campo e mesmo para o ataque deu segurança a todos e garantiu que as subidas dos laterais tinham cobertura quando havia uma perda de bola. Foi o Fernando do costume, o que diz tudo.

(+) Álvaro Pereira Sem ele o flanco esquerdo do ataque do FC Porto fica manco, a funcionar ao ritmo de serviços mínimos numa repartição de Finanças em dia de ponte. Álvaro dá energia à ala, subindo desenfreado ao nível de um Roberto Carlos de boca aberta, a tabelar com o médio centro e a ajudar os colegas em todas as jogadas que entra, somando a isso alguns cruzamentos de grande nível. É essencial que se mantenha em forma até ao final da temporada.

(+) Otamendi Mostrou hoje exactamente aquilo que o FC Porto precisava de ter desde a saída de Bruno Alves: a capacidade de sair da defesa com a bola controlada e criar desiquilíbrios no meio-campo adversário. É curioso e levemente irónico que o Benfica, a tapar bem os espaços na zona central do terreno, tenha sofrido com as subidas de Otamendi com a bola, a fazer lembrar um jovem guedelhudo que saiu do plantel aqui há uns meses. O argentino hoje mostrou a todos que é o único que pode ser fazer par com Rolando no eixo defensivo e fazer com que a equipa não tenha medo de qualquer falha.

 

(-) Carlos Xistra O penalty é um exemplo da má arbitragem. O problema é que mostrou a coerência de Xistra durante todo o jogo, marcando faltas atrás de faltas, qual delas a mais forçada. Houve tanta fita dos jogadores do Benfica na primeira parte que mais parecia que estava na serenata da Queima em plena Sé do Porto. E a somar a isso houve mais uma distribuição de cartões por tudo o que mexia pouco e nada de cartões para os que mexiam muito (Martins, segundo a Rodríguez), foras-de-jogo não marcados quando deviam (2º golo do FCP) e marcados quando não deviam (Álvaro Pereira quando ia a caminho da baliza), juntamente com uma tentativa parva de agarrar o jogo…matando-o. Felizmente os jogadores arrebitaram na segunda parte e deram uma imagem do futebol mais agressivo que Xistra tratou rapidamente de serenar, com mais faltas e mais cartões. Exagerado.

(-) Ineficácia no contra-ataque É uma das (poucas) falhas do FC Porto, apesar dos muitos golos marcados já nestas condições. Há uma estranha consistência nos constantes desperdícios de contra-ataques em que estamos em vantagem de 3 ou 4 atacantes para apenas um ou dois defesas e hoje voltamos a ver mais do mesmo. O que me incomoda é que a maioria destes lances acontecem em alturas que podem terminar o jogo e matar qualquer resistência do adversário. Como não damos a facada na carótida quando podemos…depois andamos a sofrer até ao fim, por demérito próprio. A rever.

(-) Sapunaru Não sei o que se passou. Não vi nada de especial mas acredito que tenha ficado lixado com qualquer coisa, talvez pelo penalty em que não teve culpa do que aconteceu. Seja pelo que fôr, não tem desculpa e tem de ser castigado.

 

 

Foi épica esta vitória em pleno Estádio da Luz. A forma clara como impusemos o nosso futebol, como empurramos o Benfica para trás e os obrigamos a defender com onze jogadores recuados, a maneira positivamente arrogante com que chegamos, entramos e dissemos: esta merda vai ser nossa! E três pancadas de Moliére depois, com uma outra leve pancadinha a causar algumas cócegas mas pouco mais que isso, o pano fechou-se sobre a carreira do Benfica na Taça. Vamos à final com mérito. Venha o Guimarães!

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Baías e Baronis – Benfica vs FC Porto

 

 

foto retirada de MaisFutebol

Antes da festa, houve jogo. E houve um jogo que não vai desaparecer tão cedo das mentes de um portista que se preze, porque a vitória de hoje foi o limpar de uma imagem que tinha sido deixada após o confronto da Taça no Dragão que perdemos (e muito bem) por 2-0, e que fora explorada até exageros de proporções bíblicas pela imprensa e seus doutos opinadores. Foi um jogo em que mostrámos em campo, na relva, que somos os melhores. Somos os melhores porque quisemos vencer mais do que o adversário o quis impedir. Porque usamos a arma que nos tinha ferido com gravidade (a pressão alta) contra o Benfica, magoando-o sem opção de recobro. Porque houve garra, luta, espírito de sacrifício, capacidade de auto-controlo perante a ridícula exibição de Duarte Gomes, numa das piores arbitragens que me lembro desde Paixão em Campo-Maior, com erros para ambos os lados mas em claro prejuízo da nossa equipa. Porque vencemos em casa do adversário quando o adversário, no ano passado, não o conseguiu fazer. Foi essa vontade, essa alma, que me conquistou. Parabéns, malta! Notas abaixo:

 

(+) Otamendi Se este é o Nico que vamos ter até ao fim da época, se calhar vendemo-lo no Verão. Esteve brilhante em todo o jogo, especialmente no lance do penalty, em que não perdeu a cabeça depois de ver a decisão aberrante de Duarte Gomes mas continuou a trabalhar, a cortar bolas fundamentais e a sair bem com a bola controlada, só para ser novamente injustiçado pela besta de preto num amarelo infundado por uma falta que não existiu e que só no futebol português é que alguma vez se podiam lembrar de marcar. Rolando, ao seu lado, joga melhor, o que não é dizer pouco, já que Rolando só joga bem quando tem ao lado um central melhor que ele. Está tudo dito.

(+) Varela Foi o jogador que mais gostei de ver, especialmente porque mostrou inteligência, astúcia e uma capacidade física que não o via a exibir há meses. Foi brilhante na subida pelo flanco de Airton, aproveitando a inadaptação natural do rapaz à posição de defesa-direito mas não só, porque recebia bolas em zonas mais recuadas, porque esperava pelo apoio de Álvaro na altura certa e na proporção correcta. Foi o principal homem do ataque portista hoje na Luz e saiu por questões tácticas, cansado mas de certeza ciente do papel fundamental que teve no jogo.

(+) Moutinho O maestro da equipa está de volta às boas exibições. Encheu o campo na primeira parte com o empenho e a inteligência da pressão que ia orquestrando e na segunda parte foi o principal autor da troca de bola que levou o Benfica a cometer erros atrás de erros e só não fez com que o FC Porto marcasse mais golos por clara inépcia de Falcao hoje em Lisboa. Arriscou no final numa entrada a pés juntos que podia (e talvez devesse) ter levado um vermelho e não um amarelo, o que censuro mas compreendo. Afinal, quando se sai do Sporting para ser campeão, o rapaz faz tudo para ganhar logo à primeira.

(+) Helton Brinca muito. Finta os avançados. Pica a bola por cima dos adversários. Queima tempo. E então? É o nosso capitão, campeão e líder de balneário. À defesa que faz ao remate de Aimar ainda na primeira parte somam-se mais algumas intervenções seguras no segundo tempo e a certeza que a confiança estava em alta (o que nem sempre é bom com o nosso keeper, né moleque?) e que essa mesma confiança se transmitia para os colegas. Excelente.

(+) Villas-Boas Muito, mas muito bom. A conferência de imprensa, onde surgiu um treinador feliz, sorridente, que parecia ter saído de um banho de espumante que aposto levou no balneário, mostrou o que significa ter um treinador portista a celebrar um título no Estádio da Luz. O que significa, acima de tudo, ter um treinador portista. Devia ter gravado o raio da emissão.

 

(-) Passividade do Benfica Fiquei surpreendido e até um pouco decepcionado com a atitude do Benfica. Muito à imagem do que o FC Porto tinha feito no jogo da Taça, foi um Benfica amorfo e que parecia desinteressado em impedir, como lhes era exigido, que pudéssemos ser campeões na Luz. Foi uma fraca exibição e acima de tudo foi uma exibição abaixo do que podem fazer. Mérito para a nossa equipa porque a pressão alta fez com que não houvesse espaços para circular a bola para a frente e obrigou a atrasos sucessivos para o guarda-redes, mas não explica tudo. O orgulho que tive na minha equipa em Março de 2010, quando forçámos a que o Benfica tivesse de sair do Dragão sem o título no bolso deve ser equiparado à desilusão do lado dos adeptos vermelhos pela forma como permitiram que o campeonato fosse entregue no seu próprio campo ao principal rival.

(-) Duarte Gomes Se colocássemos uma couve-lombarda a apitar este jogo, era mais provável que a nota fosse positiva. É evidente que o jogo era do mais difícil que podia haver, mas para o futuro tenho de guardar as decisões que tomou e que vão obviamente ser escondidas pela imprensa nos próximos dias. Para lá da quantidade absurda de cartões amarelos exibidos, fica o penalty marcado a Otamendi onde não há falta; o amarelo a Roberto no penalty contra o Benfica é curto; o segundo amarelo a Otamendi é absurdo, porque não há falta; Aimar deveria ter sido expulso logo nos primeiros dez minutos de jogo por várias entradas violentas; idem para Coentrão; idem para Javi; idem para César Peixoto. Podia continuar aqui a falar de Duarte Gomes por horas e horas. Não vou gastar nem mais um segundo.

(-) Apagões, bolas de golfe e animalices Condeno a atitude do Benfica, até porque já fiz o mesmo depois de ver alguns comportamentos do género no meu próprio estádio. Tanto a nível de segurança como de fair-play, é neste tipo de situações que podemos ver que os comentários de João Gabriel e Rui Gomes da Silva são prova do ridículo em que as pessoas acabam por cair quando criticam a postura contrária e se alheiam de olhar para a sua própria casa, para além das bolas de golfe e bilhar que choveram nos pontapés de canto. O apagão, em termos de segurança, é mau. Em termos de fair-play, não é mais do que estava à espera.

 

 

Hesitei entre correr os jogadores todos com notas positivas mas raramente sou dado a atitudes salomónicas e tal far-me-ia perder a isenção e a forma crítica como julgo os jogos do FC Porto. Mas fiquei tentado, porque quase todos jogaram bem hoje à noite. Sei que não há tempo para celebrar em grande porque há outros jogos muito importantes para disputar, o primeiro dos quais já na quinta-feira no Dragão contra o Spartak. Mas o campeonato, aquela prova que nos envolve todo o ano e a única que verdadeiramente interessa vencer todos os anos (já que as provas europeias são utopias pontuais)…essa, já cá canta!

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