Votação: Portista mediático preferido?


Sou uma daquelas pessoas que gosta de ouvir pessoas a falar de futebol. É triste fazer uma afirmação destas e imaginar-me a berrar com a televisão quando ouço alguma coisa que me parece errada ou tendenciosa, mas é um facto e não vale a pena desmentir. Como há inúmeros programas na TV portuguesa com temáticas futeboleiras, há boas hipóteses de escolha dos mais agressivos aos moderados, dos mais acéfalos aos mais eloquentes. Em termos de apelidos, dos Barrosos aos Moreiras.
Rui Moreira é o melhor deste extenso grupo. Não concordando com tudo o que diz, o Presidente da Associação Comercial do Porto é a pessoa mais inteligente e defensora dos nossos interesses que estão todas as semanas a expôr-se no pequeno écran.
A votação, por isso, acaba por confirmar que os gostos dos portistas se assemelham aos meus. Os votos ficaram assim distribuídos::
  • Francisco José Viegas: 10%
  • José Guilherme Aguiar: 0%
  • Manuel Serrão: 20%
  • Miguel Sousa Tavares: 28%
  • Pôncio Monteiro: 10%
  • Rui Moreira: 30%
Apesar das várias escolhas, faltaram alguns nomes óbvios que por lapso não coloquei. Miguel Guedes, Júlio Magalhães, António Tavares Telles, entre outros, são nomes importantes do mundo mediático portista que deveriam ter figurado desta selecção. Do resto dos meninos que foram colocados à votação, divido a atenção entre Guilherme Aguiar, que parece estar cada vez mais senil, e Miguel Sousa Tavares, nas crónicas jornalísticas. É como digo, as escolhas são várias e apesar dos estilos serem bem diferentes, todos pugnam por um FC Porto melhor e mais forte, que, no fundo, é o que todos queremos!
Próxima votação: Qual a alternativa mais credível a Fucile?
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Baías e Baronis – Braga vs FCP


Saí de casa para um jantar de aniversário e deixei o jogo a gravar. Tive o azar do raio do restaurante ter uma televisão que me deixava ir vendo o jogo pelo reflexo no vidro à minha frente, e por isso quando saí de lá e regressei a casa sentei-me no meu sofá a ver a partida. O que vi foi mais ou menos o mesmo que tinha visto no referido reflexo. Mau, muito mau. Costumo ler os blogs e os jornais desportivos antes de fazer a minha análise, fundamentalmente para me acalmar e tentar perceber se todo o mundo vê os jogos como vejo, sempre tentando não me deixar influenciar pelo que leio. Hoje nem isso faço, só procurei uma foto e vou directo para a análise. Vamos a notas:

BAÍAS
(+) Num jogo de pouco trabalho defensivo, Rolando foi o melhor de todos. Admito que a pele Aloísica lhe fica bem, especialmente nas dobras e na colmatação das falhas consecutivas de Bruno Alves. Para continuar a titular.
(+) Fernando esteve bem, não tão eficaz como noutras partidas mas ainda assim acabou por tapar Hugo Viana e não o deixou fazer muito (sem contar com o lance do golo, que nasce de um lance de bola parada).
(+) Varela, apesar de notar-se alguma incapacidade de crescimento em função das primeiras exibições da temporada, é dos poucos que produz alguma coisa que se veja.
(+) O jantar de aniversário, com amigos e comida razoavelmente bem confeccionada. O aniversário de um amigo de longa data passa sempre à frente do futebol e este foi mais um. De salientar que o animal do meu amigo sempre que faz anos e marca um jantar, há-de calhar um jogo do FC Porto. E normalmente perdemos pontos. Não lhe bastava estar (mais) velho, também me lixa o clube. Raios te partam.
BARONIS
(-) Por onde começar? Num jogo em que aparentemente nenhuma das equipas quis vencer, o Braga, sem fazer muito por isso, acaba por marcar num chouriço do tamanho das sapatilhas do Shaquille O’Neal. Ainda assim, Helton não fica isento de responsabilidades no golo, o que depois da excelente exibição em Londres acaba por marcar o pleno regresso às displicências que nos habituou. Fraco.
(-) E lá vem Jesualdo inventar. Depois de alguma consistência conseguida com Belluschi, eis senão quando aparece Guarín de aparente pedra e cal na equipa, transformando um meio-campo já de si pouco criativo numa parede defensiva demasiado próxima dos centrais e a deixar um espaço extraordinário para os avançados. Falcao muito preso na área, Hulk a inventar e apenas Varela a conseguir produzir o mínimo aceitável, era confrangedor para não dizer vergonhoso ver o FC Porto a organizar jogo antes do meio-campo.
(-) Hulk. Estamos a perder batalhas atrás de batalhas na guerra de tentar transformar este fulano num jogador a sério. Não sei se está cansado do jogo de Inglaterra, mas depois da bela exibição frente ao Leixões teve dois jogos horríveis e voltou a ser o Hulk fintento, simulatório e ineficientíssimo, entre outras palavras com mais sílabas que deviam. Só lhe faltou reclamar com o árbitro para ser o velho Hulk que me habituei a insultar mais que elogiar. Vá lá.
(-) Álvaro Pereira é vítima dele próprio. A inconsistência exibicional parece ser patente no uruguaio, que talvez se dê bem melhor com Fucile do que os portistas gostariam. Como o colega de sector falha muito e em zonas fulcrais do terreno, sobe quando não deve e deixa muito espaço atrás para os extremos adversários. Terá que rever rapidamente estes erros posicionais porque vêm aí Simão e Aguero.
(-) Guarín não teve culpa de ter nascido com dois pés esquerdos e não saber usá-los. É incapaz de fazer um passe correcto a mais de 5 metros, e mesmo no intervalo entre 0 e 4,9 metros a vida afigura-se-lhe como complicada. Quem aposta nele é que já devia saber disso.
A primeira derrota na Liga Sagres aparece num momento complicado. Nesta altura aqui há um ano, regressávamos de uma coça em Londres para vencer em Alvalade. Hoje foi o contrário e a falta de capacidade ofensiva e o aparentemente desinteresse pela vitória (já nem falo do futebol ofensivo e bonito, deixo isso para o Benfica) deixa-me apreensivo. Mais um ano a subir o monte começa a custar…
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Baías e Baronis – Chelsea vs FCP


(foto tirada de uefa.com)

Quando vi a equipa do FC Porto que ia entrar no relvado de Stamford Bridge enviei uma mensagem ao meu companheiro portista e colega de Porta a dizer: “Guarín em vez de Belluschi, Rodríguez e Mariano em vez de Varela e Falcao, vamos lá jogar como o Leixões no Dragão”. Apesar de tudo não acertei completamente. Perdemos mas não foi a humilhação que pensei, fizemos uma boa primeira parte, tivemos algum azar no golo e notou-se a diferença de nível técnico e especialmente físico entre as duas equipas. Acabado o jogo, fiquei mais triste que chateado e ansioso que chegasse o jogo contra o Atlético para ganharmos os (sim, oS, como em 3) primeiros pontos! Onwards to the B&Bs:

BAÍAS
(+) Fernando foi, para mim, o melhor jogador em campo. Esteve sempre no sítio certo como o último reduto antes da entrada da área, recuperou inúmeras bolas e saiu quase sempre bem para o ataque. Acaba por ser bem expulso apesar do primeiro cartão amarelo ter sido “culpa” de Guarín, o que o afasta do jogo contra o Atlético. E que falta vai fazer…
(+) Hélton parece ter-se decidido a limpar a má imagem com que costuma sair do espaço aéreo britânico. Uma exibição ao mais alto nível, do melhor que o vi fazer desde que veste de azul e branco (ou preto ou amarelo, pronto, a metáfora fica). Defesas simples, sem inventar num relvado complicadíssimo, salvou a equipa até onde pôde, até mesmo no lance do golo. Não foi por culpa dele que perdemos.
(+) Um Baía histórico para Guarín. E espero que não seja o único, apesar da história e estatística me desmentir, mas enfim, veremos. Fez uma primeira parte muito acima do esperado, a jogar simples e prático, sem criar jogo mas sem se atrapalhar todo com a bola, rodando-a sempre que pressionado e fazendo-o com facilidade. Ajudou bem na defesa e tapou bem os buracos que iam surgindo no super-povoado meio-campo portista. Se continuar assim pode ser opção e obriga-me a engolir as minhas palavras do início de época.
(+) Álvaro Pereira e Fucile fizeram um belo jogo, especialmente na primeira parte. Fucile saiu bem para o ataque e Álvaro, apesar de menos bem na defesa, esteve excelente no apoio à linha, com cruzamentos perigosos e boas recuperações.
(+) Falcao e Varela entraram muito bem em campo, numa altura complicada. Deram bem conta do recado (especialmente Varela, que desfez os rins a Ashley Cole na primeira vez que toca na bola, e teve um remate que só não deu golo porque o Cech estava em dia bom. Maldito.
BARONIS
(-) Jogar com três médios de cobertura/defensivos pode ser uma boa ideia para controlar o genial meio-campo do Chelsea, mas deixa pouco à imaginação. A imagem da equipa durante toda a primeira parte é uma imagem de medo do papão inglês e a assunção das nossas limitações. É triste, realista e infelizmente, português.
(-) Rodríguez e Mariano. A experiência não é tudo, e a falta de ritmo (e excesso de peso) do uruguaio notam-se bem, e não há experiência que lhe valha. Quanto a Mariano, o costume. Trapalhão, sem noção de colocação táctica no apoio ao desgraçado do Fucile que apanhou com Ashley Cole e Malouda em cima e que deve ter rogado pragas ao argentino.
(-) A expulsão de Fernando, apesar de compreensível, acaba por deixar a equipa manca para o próximo jogo. Nuno André Coelho e Prediger, alternativas credíveis para o lugar, não estão inscritos, e por isso afigura-se-me uma escolha dificílima entre Tomás Costa, Guarín e Raúl Meireles para ocupar a posição 6. Arghhhhhhh!
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Baías e Baronis – FCP vs Leixões

Um jogo que se perspectivava fácil, tendo em conta o jogo de pré-época que tivemos contra os jovens de Matosinhos. Acabou por ser ainda melhor, com uma primeira-parte de luxo e uma segunda parte de gestão, calma e tranquila, apesar do golo sofrido que mostra mais uma vez que não se pode dormir na forma, mesmo contra equipas fracas como o Leixões. Vários pontos positivos e alguns negativos, escalpelizados abaixo:

BAÍAS
(+) O FC Porto soube tornar o jogo fácil a partir dos primeiros 10 minutos. Futebol rápido com boas trocas de bola, a jogar simples e a colocar a bola nas alas onde claramente o Leixões é uma miséria. Jogadas com entendimento acima da média, frescura mental e entre-ajuda nas desmarcações e coberturas defensivas fizeram com que a primeira-parte passasse rápido e colocou sorrisos na focinheira do Dragão, eu incluído.
(+) Quem era aquele número 12 de azul e branco? Costumava ver um rapaz a jogar com o mesmo número, mas esse não passava a bola a ninguém, fazia arranques fenomenais, tentava fintar tudo o que visse à frente e rematava sempre que via a baliza. Ontem, o super-herói passou a bola, jogava de cabeça levantada, integrava-se nas jogadas combinadas da equipa…e não abriu o pio quando sofria faltas, o que é extraordinário tendo em conta o passado recente. É um misto entre o antighulk e o novhulk que precisamos, um jogador explosivo mas calado, criativo mas eficiente. No fundo, brasileiro mas não-muito-brasileiro.
(+) Álvaro Pereira continua a consolidar a posição com muita facilidade. As subidas no terreno fazem dele essencial (um novo Bosingwa) na construção ofensiva e se melhorar um pouco na defesa, é candidato a um dos jogadores do ano.
(+) Falcao não é Farías e ontem provou-o de novo. A capacidade de domínio de bola, quando comparada com os tijolos dos pés do argentino, é bem acima da média, e funciona muito bem como uma versão mais jovem do Nuno Gomes, mas em homem. A parte que não liga muito bem ao Nuninho…é que este marca golos. Este ritmo é impossível de manter, mas por agora está bastante bem no ataque.
BARONIS
(-) O Leixões é fraquinho. Muito fraquinho. Não vi grandes pontos positivos para os bébés (que nome estúpido) e prevejo que vai andar a disputar os últimos lugares com o Setúbal e a Naval.
(-) Benítez. Como é que fomos alguma vez pensar que este fulano poderia ser titular no FC Porto é uma dissertação que deveríamos todos fazer, ao nível de “N’tsunda e Zwane: duas amebas?” e “Paulinho César, ou Ensaio sobre a Cegueira”.
(-) Ao intervalo, enquanto alguns no Dragão exultavam a primeira parte e ansiavam por bater os 8-1 do Benfica ao Setúbal, eu disse para o meu amigo: “Isto hoje muda aos 4 e acaba aos 4”. Acertei nos nossos, enganei-me nos deles porque ainda sofremos um. Compreendo a descompressão que é natural na estrutura mental das equipas de Jesualdo, afinal não têm nada a provar ao contrário dos encarnados, e acima de tudo com jogos frente a equipas como o Chelsea num espaço tão curto de tempo seria inútil andar a estourar as pernas já cansadas contra o Leixões pela fugaz glória de mais um ou dois golos. No entanto, a constante displicência especialmente da parte de jogadores-chave como Bruno Alves, não se pode admitir.
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Acrónimos


Há alturas em que fico a olhar para algumas notícias que vejo e começo a ter uma pequena visão da “big picture” (e não me refiro ao genial foto-blog do Boston Globe) e da forma como as mentalidades se foram formando. Na era da publicidade ainda mais agressiva do que a que vemos retratada no Mad Men, em termos de marcas há uma espécie de Lavoisierismo corrente e constante que, à falta de outros termos, já enoja. Falo, para quem ainda não percebeu no meio do meu discurso pseudo-intelectual, nos acrónimos e o seu exageradíssimo uso no futebol.

Os acrónimos já no mundo da moda se fazem notar desde há uns anos, quando a Mango passou a ser MNG ou a Springfield se transformou em SPF, entre outras. Em todo o mundo há talvez demasiados acrónimos (ou siglas, se preferirem) que apesar de simplificarem as coisas acabam por desumanizar as entidades e transformá-las em fugazes ícones de pop-culture que, francamente, só entusiasmam as pitas guinchadoras e os jornalistas da Cofina.
Em Portugal, talvez tenha começado com Ronaldo. Quando estava no Manchester United era vulgar referirem-se a ele como CR7, passou para o Real Madrid e é o CR9. A discussão acerca das marcas e do seu registo empolga gente como o Nuno Luz, arauto-mor de tudo o que é fútil e desinteressante acerca do desporto-rei, e apenas se traduz na propagação do marketing e do merchandising que enriquece os bolsos desses meninos.
Qual é o problema que tenho com isto, perguntarão? É como em todas as coisas, começa por ser giro, passa a ser banal e acaba por ser fastidioso.
No FC Porto começou com Rodríguez. A absurda nomenclatura usada para Cristián Rodríguez como CR10 é uma cópia foleira do que é usado com Ronaldo e em nada abona em favor do nosso Cebola. Agora usa-se também o RF9 para Falcao, como se fosse um nome de código de um Cessna, e cheira-me que não vai parar por aqui. Um dia destes ainda vamos ver uma ficha de jogo deste género:
FC Porto: H1; JF13, BA2, R14, AP15; F25, RM3, FB7; CR10, H12, RF9
SL Benfica: Q12; MP14, L4, DL23, S3; JG6, RA5, DM20, PA10, OC7, JS30.
Ora temos aqui o que poderiam perfeitamente ser caças-bombardeiros americanos, vitaminas para os ossos, modelos de aviões telecomandados, compostos orgânicos, portáteis da IBM ou sectores do Estádio do Dragão. Ridículo.
O marketing domina o nosso mundo, mas é preciso saber dizer basta. O Record vende a grande parte dos jornais pelo tom ridículo e cor-de-rosa que coloca em grande parte das notícias e é exactamente isso que deve ser impedido. São estes senhores que colocam as vedetas no topo, os enchem de mimos e de nomes queridos, só para serem também os primeiros detractores quando as coisas não correm bem e os carpideiros das mágoas extra-futebol que aparecem constantemente na imprensa.
Chamem-me purista mas abomino este tratamento mediatizado dos jogadores. Se chamassem A6 ao André ele pensava de certeza que estavam a falar de uma auto-estrada e entrava de carrinho sobre o primeiro gajo que lhe dissesse uma coisa dessas. Aqui a P19 continua a luta. Porra.
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