O pós-Hulk – parte I

Regresso ao tema que mais deveria preocupar os adeptos portistas, porque a mudança da semana passada vai demorar tempo a absorver. Foi um pouco como acontece a alguém que tenha andado a seguir uma série na televisão durante uns anos, só para chegar ao início da temporada seguinte e verificar que um dos personagens principais, ao fim de um ou outro episódio, foi trabalhar para outra cidade ou morreu ou o actor não renovou contrato…qualquer coisa que faça que o gajo deixe de aparecer todas as semanas na nossa sala a protagonizar as desventuras mais emocionantes e/ou entusiasmantes na pequena tela. E se têm alguma parecença comigo já passaram pelo mesmo, quando o Mulder desapareceu nos X-Files ou o Jeffrey no Coupling britânico, quando o Lane se matou no Mad Men ou o Charlie se sacrificou no Lost, até quando o Lem levou um tiro no The Shield (da pouca televisão que vejo, opto por ver de boa qualidade e consta que sou muito, mas muito pedante em relação a isso). Há algo que morre dentro de nós, como que um ente querido que nos habituamos a ver dia após dia tivesse subitamente fugido da nossa vida…com a devida distância da realidade, como é óbvio. Até essa altura eram eles os focos de atenção, aqueles que nos trazem a emoção à pele, que nos fazem vibrar, sentir, rir e chorar, viver.  Até essa altura foram alvo das críticas, das análises, de tentar perceber o porquê daquela atitude naquele momento. Questionamos as acções, criticamos as inércias, maldizemos as falhas e louvamos os heroísmos. Somos nós que lá estamos, somos nós que lá devíamos estar e como nunca podemos transpôr a quarta parede, ficamo-nos pelas palavras que os actos são para eles. E quando essas personagens desaparecem, entram outras para os lugares que esses actores principais até então desempenharam com talento e perícia naturais, e o ciclo recomeça.

Estamos exactamente nesse momento. Quem vai ser o actor principal desta nova etapa? Quem vai pegar nos vários fachos que Hulk deixou pousados no balneário, com a braçadeira de capitão de um lado e a capacidade inata de desatar nós do mais górdio que apanhamos em tempos recentes? Teremos James pronto a subir de produção e a agarrar a titularidade numa posição que não lhe é natural? Conseguirá Vitor Pereira transformar o sistema aparentemente perene do 4-3-3 agora que lhe falta um homem que deambule pela linha e rompa para o meio de uma forma tão natural como o 12 fazia? Poderá Atsu amadurecer com rapidez suficiente para ser uma opção não só de futuro mas já para o presente?

Não sei. Mas os tempos vão ser novos para os nossos lados. Vão ser novos e vão ser interessantes de seguir. Amanhã vemos a parte táctica da coisa.

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Dragão escondido – Nº14 (RESPOSTA)

A resposta está abaixo:

 

Em virtude da edição anterior ter apresentado algumas dificuldades a vários apostadores, apesar da aparente facilidade que acreditava ser um tiro certeiro, esta foi mesmo à borla. Mesmo. Foi talvez o mais fácil de sempre, cambada! Képler Laveran Lima Ferreira, a.k.a. Pepe, a.k.a. O assassino de Chamartín, a.k.a. O Carniceiro de Maceió, a.k.a. O Salvador Da Defesa A Três do Co, aparece-nos aqui em luta titânica com um jogador do Vitória de Guimarães, num jogo a contar para a Liga 2005/06, como se pode ver pela camisola. Muitas alegrias nos deu este louco brasileiro agora naturalizado português, onde foi crucificado pela agressividade que impunha em todos os lances, “porque só no Porto é que eles jogam assim e não lhes acontece nada, blá blá”…até que foi para Madrid e mostrou ao Mundo como (quase) matar um adversário atrás de outro. E se jogarem de azul e grená, então aí é que eles caem como tordos. Venceu a Taça Intercontinental e dois campeonatos pelo FC Porto e foi essencial na temporada a que esta foto se refere, com exibições heróicas no eixo defensivo a cobrir as falhas de Pedro Emanuel/Cech e Bosingwa, anviados para o ataque pelo doido holandês que nos treinava na altura.

Entre as (poucas) tentativas falhadas que o povo fez para acertar no nome do rapazola:

  • Ricardo Quaresma – O nosso cigano preferido estava no plantel e ajudou a fazer do ataque do FC Porto uma das máquinas demolidoras mais espectaculares do campeonato, ao mesmo tempo que só recuava para ajudar a defesa se a casa dele estivesse a arder na nossa área e ele fosse o único com acesso a uma torneira de água. Não era ele na foto porque, muito honestamente…a estrutura física é bastante díspar;
  • Mário Jardel – Para lá do facto evidente de nessa época já andar a pedinchar por um lugar no Goiás, a simples imagem do Jardas a pressionar um defesa é difícil de imaginar e ainda mais complicada de captar numa câmara. O contrário, parecer-me-ia normal;

O primeiro a apostar correctamente foi pela terceira vez consecutiva o Dragão de Coimbra, às 6h59, o que me faz pensar que o homem não dorme. Ou é padeiro. De qualquer forma, os meus tri-parabéns!

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Still cleaning, always cleaning…

Olhem bem para a fotografia acima, que me foi enviada por um amigo (obrigado, Manuel!). Se não me engano, foi colocada no twitter de Falcao no dia 20 de Abril de 2011, alguns minutos depois de um momento de glória garantido em pleno Estádio da Luz. Não acredito que haja um portista vivo que não se lembre desse jogo em que demos a volta a uma pesada derrota por dois a zero no Dragão, vencendo fora por três a um e garantindo a passagem à final da Taça, que também vencemos.

Olhem agora para os rapazes que posam para a posteridade. Um português, um colombiano, um brasileiro e dois uruguaios. Todos, até Cebola, eram presenças habituais no onze que conquistou quase tudo o que pôde nessa inesquecível temporada. Hulk e Falcao, figuras principais de um ataque demolidor; Moutinho, a gerir o meio-campo com a atitude de um vencedor; Álvaro, sempre a abrir pelo flanco esquerdo; e Cebola, que lutava mais do que produzia mas estava lá, intermitente mas sempre esforçado. A pluralidade de nações e estilos uniam-se com o brilho de uma equipa que lutava como uma só, com garra, vontade, harmonia e excelente futebol.

Foi há dois anos. Há dois anos. Compreendo que é perto de impossível manter um plantel estável num clube como o FC Porto, com a filosofia de compra/valoriza/vende que tem sido pivotal na capacidade negocial no mercado de transferências e na manutenção de plantéis competitivos independentemente dos jogadores que os compõem. Mas não deixo de me sentir triste ao ver que algumas das figuras que nos habituamos a aplaudir, a criticar, a analisar, a conhecer…tantos deles saem do clube e nos deixam sem hipótese senão conhecer novos talentos e começar tudo de novo. Já não é sequer uma questão de saudosismo bacoco, apesar de não esconder a minha faceta que aplaude os valores do passado com o mérito que eles fizeram por ganhar. Gostava só de ver jogadores a ficarem no FC Porto durante mais de três anos e que consigam dar as mesmas alegrias aos adeptos com a sua própria alegria a jogar. Neste momento, aponto Helton, Fernando e Lucho. O resto são tudo rapazes com cifrões em cima. Sic Transit Gloria Mundi, ao que parece.

Olhem de novo para a fotografia. Quantos deles vêem no plantel 2012/2013? E já agora, se me permitem, quantos acham que vão ver no plantel 2013/2014?

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