Baías e Baronis – FC Porto 4 vs 0 Beira-Mar

Foi fácil, demasiado fácil. O Beira-Mar, apesar da interessante posse de bola (por nós permitida) na primeira parte, não conseguiu fazer um mínimo exigível para colocar dificuldades a uma equipa do FC Porto que parece confiante, com um jogo estruturado e com evidente capacidade para desenvolver um futebol bonito e com a possibilidade de subir o nível quando é necessário. E hoje quase não foi, porque o jogo durou apenas até ao terceiro golo e o que se seguiu foi um bocejo de trinta minutos intercalado com o golo de Maicon (bela cornada) e um ou outro pormenor de Iturbe, a somar à sequência de parvoíces de Mangala que mostrou que ainda está muito verde para alguém que, aparentemente, saiu direitinho de uma máquina de clonar Pepes. No final, um jogo agradável, três pontos no saco e a noção contínua que equipas como o Beira-Mar, enquanto continuarem a defender quando perdem por três…nunca mais saem do ponto onde estão.. Notas abaixo:

 

(+) A tranquilidade na posse de bola Defour, Moutinho e James formaram o meio-campo de hoje e mostraram o porquê de conseguirmos ter uma superioridade tão evidente. A pseudo-dispensa de um trinco como Fernando, mais agressivo e menos posicional que Defour, leva a que a bola flua bem melhor no centro do terreno. Mas é especialmente a ausência de Hulk que faz com que o espírito da equipa seja obrigatoriamente diferente, com um posicionamento mais recuado e acima de tudo com uma posse de bola mais tranquila e mais controlada. O jogo torna-se menos directo e depende mais da rotação dos jogadores e da bola entre os jogadores. E isso é o mais importante de tudo. O FC Porto não está mais forte sem Hulk. Está mais paciente, forçou-se a ser mais pausado e menos irreverente. Gosto.

(+) James Principalmente no meio-campo, James mostrou que pode vir a ser um jogador fora de série, diferente do que tivemos nos últimos anos e um activo a valorizar enquanto cá está. É diferente do “10” Diego e muito diferente do “10” Deco. Um golo (com sorte, é certo) e duas assistências (a segunda, de cabeça para Varela, é excelente) são os números que ficam depois de uma partida em que mostrou que também sabe lutar, também sabe ir ao chão e tirar a bola aos adversários, também percebe o que precisa de fazer para brilhar para os adeptos e acima de tudo perante o Mundo que o observa. Provavelmente será inclinado novamente para a ala, mas se jogar sempre assim solto e bem-disposto…voltamos a ter o puto em grande.

(+) O golo de Jackson Uma obra de arte, a perfeição futebolística em dois toques de um rapaz que precisava de se redimir depois da “Grande Borrada de Zagreb”. Continua a ser uma excelente parede para os colegas terem um ponto de referência na frente, mas pareceu mais afinado na área, mais pronto a jogar de frente para a baliza, como lhe pedimos. Mas o golo…xissa, homem.

 

(-) A excessiva dureza de Mangala Agora percebi o porquê de Abdoulaye ser convocado! Mangala, a suprir a lentidão de Otamendi para as subidas de Alex, até parecia uma boa escolha, mas havia sempre a possibilidade de ser expulso aos 10 ou 15 minutos de jogo. Pode ter sido só um jogo em que o rapaz passou mal a noite a sonhar que gajos de amarelo e preto lhe tentavam violar a namorada, mas o que é certo é que acertou em tudo que viu. E sempre com virilidade em excesso, com mau timing na intercepção e fraca noção de controlo de espaço. Pior: não acerta um passe em condições que não seja para o lado. Tem de melhorar muito a técnica e a capacidade defensiva no 1×1.

(-) Bolas paradas defensivas Já falei muitas vezes nisto e continuo a insistir: é preciso melhorar nas bolas paradas defensivas. Quase sempre que há uma bola a sobrevoar a nossa área, há qualquer tipo de problema que se apodera dos jogadores porque decerto lhes falta uma vitamina qualquer que os ajude a saltar. Vinte e tal pés no chão não serão a melhor maneira de defender cantos…

(-) O buraco no meio-campo Vitor Pereira, na conferência de imprensa, disse o seguinte: “É claro para mim que, jogando com ele a 10 e apenas dois médios, perdemos consistência.”. Toda a razão. Com o triângulo a manter dois vértices atrás e um jogador solto pela frente, nota-se um certo despovoamento no topo do meio-campo defensivo que se faz notar especialmente a defender ataques rápidos. Vi situações de 3×3 vezes demais no jogo de hoje e fosse contra uma equipa mais inteligente e não sei o que teria acontecido.


Para terminar, foco-me outra vez no Beira-Mar. Uma equipa que passa grande parte do jogo todo enfiada no meio-campo, com uma táctica árvore-de-natal limitada a 50 metros, não merece mais que uma descida de divisão e uma demolição do estádio. Treinadores como Ulisses Morais continuam a insistir na mentalidade do “perder por poucos não é mau” e impedem que os clubes que defendem sejam mais, façam mais, vivam mais. Definham, como o espírito dos seus líderes. Tenho pena.

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Ouve lá ó Mister – Beira-Mar


Amigo Vítor,

Foi uma boa semana, Vitor. A vitória em Zagreb não foi brilhante, esteve longe de ser uma exibição que nos possa confirmar como o principal candidatos à vitória na Champions. Mas vi coisas boas, pá, e depois de combater opiniões contrárias com catanas e alguns cactos bem colocados nas cadeiras de alguns colegas de trabalho, consegui mostrar por A+G (porque A+B já não cola) que a equipa pode mesmo estar num bom caminho. E para lá daquele conceito que ninguém acredita que diz que o Porto está mais forte sem Hulk, a verdade é que está diferente. Para melhor, não sei, mas vi diferenças. Só que é preciso levar as coisas ao próximo nível, como num bar às três da manhã quando a gaja já está meia tocada e não nota que és um abrolho com um inchaço na coxa. Tira a imagem da cabeça. Vamos lá.

A convocatória surpreendeu-me, especialmente na zona recuada. Tiras o Nico e o Rolas e espetas lá o Abdoulaye? Admiro a tua coragem, rapaz, mas tem cuidado com as rotações do plantel tão cedo. Sei que achas que tens um ano de experiência e isso já te permite saber o que os moços te podem dar…só que os adeptos querem esquecer o ano passado para só se lembrarem do caneco. Acho que não deves abusar das rotações, especialmente quando vais ter um meio-campo todo comido por lesões e lutos. Sem Lucho e sem Fernando as coisas podem ser diferentes e se o Defour deu conta do recado na Croácia e o João “El Nuevo Catalán” Moutinho está sempre lá para as encomendas, estou curioso para saber quem é que vais mandar calçar para jogar a oito. O Geimes parece estar a melhorar, mas tens sempre o Danilo, que nunca o vi a jogar ali e até gostava de perceber se vale mais no meio-campo ou a lateral. Hmm. Não sei, como te disse nunca o vi. A frente é que tem de mudar, homem, o Varela parece que joga sempre de sabrinas e o Atsu está com fome de bola, pá. Troca os dois. Pumba. O resto deixo contigo, continua a mandar confiança para o povo que a gente aprova. Ah, e ganha o jogo. Três pontos, pá. Três pontos. Nada menos que isso.

Sou quem sabes,
Jorge

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Porta19 entrevista o Mais Beira-Mar

Continuando a saga das entrevistas, desta vez assumi o microfone virtual e dirigi-me a Aveiro, terra de onde vem a próxima equipa que se desloca ao Dragão com a vontade de nos roubar pontos mesmo na soleira da nossa porta. A audácia desta gente! Assim sendo, a simpática malta do Mais Beira-Mar aceitou o convite e responde às perguntas que lhes coloquei, no mesmo formato de todas as anteriores entrevistas a bloggers dedicados à sua causa. Vamos a isso:

 

Porta19: O Beira-Mar não parece ter mudado muito desde o ano passado, para lá da saída de um ou outro titular. Esperam uma temporada tranquila?

Mais Beira-Mar: Cumpre, desde já,salientar um aspecto. De facto, neste defeso, comparando com o anterior, tivemos menos movimentações, tanto ao nível de entradas como de saídas.

Mas em termos do 11 titular, saíram 4 jogadores fundamentais: Yohan (defesa central seguro e regular), Nuno Coelho (médio defensivo, que equibrava a equipa no momento defensivo), Zhang (jogador polivalente de grande utilidade) e Artur (médio ofensivo preponderante na manobra atacante da equipa).

Infelizmente, a maioria dos jogadores referidos não tem substituto à altura. Sasso (defesa central) ainda não convence. Passivo e pouco agressivo na abordagem aos lances). Fleurival e Collet (ambos médios-centro) prometeram muito na pré-época mas o facto é que caíram de produção neste início de temporada. Acreditamos em Serginho (médio ofensivo) mas neste momento ainda não apresenta a qualidade e regularidade exibicional de Artur.

Pelo que, com este plantel o que esperamos é lutar pela manutenção, o que corresponde ao objectivo principal do Beira-Mar para a presente temporada. Estamos, ainda, preparados para sofrer muito e até às últimas jornadas do campeonato para alcançar tal desiderato, à semelhança do ano passado.

Porta19: A gestão da SAD tem levantado questões importantes, principalmente a partir dos próprios adeptos. Foi ou não uma boa opção a venda aos investidores estrangeiros?

 

Mais Beira-Mar: Bem… em abstracto a vinda de investidores estrangeiros para o futebol português não é má, ainda por cima, na actual conjuntura econónico-financeira.

O problema foi o caso concreto do Beira-Mar. Majid Pishyar ajudou o clube a terminar a época de 2010/2011. Para ganhar o “negócio”, leia-se constituição da SAD, prometeu este Mundo e outro. Só que, assim que foi constituída a SAD… deixou de investir, faltando ao prometido. Em simultâneo, a direcção do clube não se precaveu devidamente para um eventual cenário de incumprimento, por parte do investidor e actual Presidente da SAD. Resultado: A actual SAD do Beira-Mar caminha rapidamente para a falência, porquanto o investidor recebe 90% de cada transferência e não tem prazo, datas-limite, para investir.

 

Porta19: Treinadores como Ulisses Morais ainda apresentam mais-valias para o nosso campeonato em virtude da experiência ou acabam por ser uma forma de manter o status-quo do passado?

Mais Beira-Mar: Não julgamos os treinadores pelo facto de serem denominados da “nova geração” mas pelo trabalho que desenvolvem. Entendemos que Ulisses Morais é um treinador competente e não podemos esquecer que melhorou o rendimento da equipa na recta final do campeonato transacto. É muito melhor do que Rui Bento. Neste momento, parece algo “perdido”. Falta alguma coerência nas opções, abordagem aos jogos e não percebemos, ainda, o motivo para algumas apostas, nomeadamente em Sasso. Acreditamos que o treinador vai atingir o objectivo » permanência.

 

Porta19: Há alguma esperança de conseguirmos ver o Municipal de Aveiro com mais cadeiras cheias que vazias? Porque achas que os adeptos se têm afastado do clube?

Mais Beira-Mar: A questão do estádio é polémica e ainda divide a família beiramarense. O estádio está sobredimensionado para a dimensão do clube mas, ao mesmo tempo, a envolvente do EMA carece de estruturas de apoio que poderiam ajudar e muito o Beira-Mar a crescer, seja ao nível de campos de treino, academia ou a nível de equipamentos, estabelecimentos comerciais.

Também não é menos verdade que clube e SAD pouco fazem para chamar os adeptos ao estádio. Damos um exemplo: Este ano o preço do bilhete para sócio subiu mas para o público desceu! As campanhas de marketing são pomposamente anunciadas a cada ano mas no decorrer da temporada não há qualquer trabalho válido palpável. Falta visão e estratégia. Enquanto se mantiver a mentalidade ora existente… não esperamos qualquer melhoria.

Ainda há muto adeptos que defendem o regresso ao estádio antigo, que fica no centro da cidade. O EMA situa-se na periferia e neste momento quem quiser ir para o EMA vindo de Aveiro, pelo caminho “principal” tem de pagar portagem! (questão das SCUT).

Mas atenção: Quando jogam cá algum dos 3 grandes… o Estádio tem boas assistências e nesses jogos ninguém se queixa que o estádio é longe ou têm de pagar isto ou aquilo. É uma questão de motivação e de vontade.

Porta19: Com a imprensa tão tri-polarizada em Portugal, como é que vês o desprezo a que são votadas as equipas de dimensão mais pequena?

Mais Beira-Mar: Já estamos habituados. Nos 3 jornais desportivos… é uma caixinha na página 17 ou 18. Nos programas da TV, só dá 3 grandes. Os resumos dos jogos são a correr e quando defrontamos algum dos grandes… a análise incide sobre este , sendo o pequeno completamente ignorado. Nada vai mudar a este respeito a médio prazo. É uma questão cultura e comercial.

 

Porta19: O Mais Beira-Mar é um dos maiores blogs afectos ao Beira-Mar, focando-se não só no futebol mas também nas outras modalidades do clube. Como é que se conjuga o amor pelo clube com a vida do dia-a-dia?

Mais Beira-Mar: O Mais Beira-Mar é uma equipa foramda por vários elementos. Cada um escreve de acordo com a sua disponibilidade. Incidimos a análise no futebol profissional. As restantes modalidades que acompanhamos são o Basquetebol e o Futsal. Gostaríamos de ir mais longe no acompanhamento das diferentes modalidades e respectivos escalões do clube mas cada vez é mais complicado compatibizar: Trabalho/Estudo com a necessidade de actualização quase diária do blog/site Mais Beira-Mar. A nossa preocupação é informar os sócios/adeptos dos temas que consideramos mais relevantes do Beira-Mar (clube e SAD) e acompanhar “in loco” na medida do possível os jogos mais importantes das modalidades referidas.

 

Porta19: Ainda há esperança para a maioria dos blogs Portugueses de futebol ou a inspiração está a definhar em função das redes sociais e dos fóruns de discussão?

Mais Beira-Mar: Há espaço para todos. O importante é comunicar, chegar às pessoas. Os blogs dos 3 grandes vivem uma realidade diferente dos blogs dedicados aos clubes médios/pequenos. Precisamente pela realidade abordada numa pergunta anterior. O espaço mediático dos 3 grandes é tão grande que os Fóruns resultam na perfeição. Há sempre muita informação para comentar e discutir. Por outro lado, existem muitos blogs sobre os 3 grandes e é difícil marcar a diferença.

Nos clubes mais pequenos, de âmbito regional, há menos volume de informação mediática mas existe mais proximidade, o domínio dos factos é maior, o que permite formar um juízo de valor mais fundamentado sobre os temas em análise. Julgamos que esta realidade favorece o formato blog.

 


O meu obrigado à malta do Mais Beira-Mar pela disponibilidade e pelo empenho na defesa do seu clube. Houvesse mais como eles!

Outras entrevistas publicadas a bloggers adversários no passado:

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Lucho

Porque não imagino nem quero imaginar o que deve ser perder um pai.

Porque se tal acontecesse, não imagino ter de disputar uma partida de futebol internacional com uma braçadeira de capitão no braço.

Porque se alguma vez um filho meu me perdesse, não lhe desejava a mesma situação que Lucho teve pela frente.

Porque o profissionalismo não devia ser superior ao sentimento, mas aconteceu e foi usado em prol de um ideal que me é comum.

Porque é um homem que sempre mereceu elogios de todos os quadrantes e todas as cores, nunca criando ódios nem apelando à violência.

 

Por isto tudo, Lucho, os meus parabéns. Nenhum portista esquecerá o teu gesto.

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