Os de agora e os de ontem

Durante o uiquende, enquanto tentava combater uma agora inusitada vaga de insónias e zapava entre canais pela madrugada, dei comigo a ver a RTP Memória, na altura a exibir um jogo da selecção disputado no Bonfim contra a Arménia, há dezassete anos. Com Rui Correia na baliza, Sérgio Conceição e Paulinho Santos na lateral defensiva, Fernando Couto e Helder ao centro; Paulo Sousa, Rui Costa e Pedro Barbosa no centro atrás de um trio de ataque formado por João Pinto, Figo e Domingos. O jogo dizia respeito à fase de qualificação para o Mundial de 1998 na França, para o qual falhámos o apuramento e que deixou na memória de todos o jogo realizado três semanas depois em Berlim, onde Rui Costa foi expulso por Marc Batta depois de demorar tempo a mais a permitir a sua própria substituição, num momento hilariante para todos, menos para nós.

O fio de jogo era notório e inconfundível, também pelo talento que havia naqueles pés, especialmente do meio-campo para a frente. Pedro Barbosa estava em bom momento no Sporting, João Pinto ainda no Benfica, Domingos acabado de chegar a Tenerife e Rui Costa elevado a estrela mundial pela Fiorentina. Paulo Sousa era titular no Dortmund, Rui Correia, Conceição e Paulinho no FC Porto, Helder mandava no Deportivo e Couto no Barcelona, com Figo a iluminar a Catalunha a seu lado. A equipa entendia-se bem, lutava pelos centímetros de relva à sua frente como poucos e mostravam em campo as credenciais que faziam deles jogadores de topo do futebol nacional e alguns a nível mundial.

Olho agora para os nossos rapazes de vermelho e verde e não vejo nem metade do talento, do espírito, da capacidade de luta e esforço. Vejo indolência, arrogância competitiva, lentidão na execução e desorganização colectiva que humilha os antecessores. Não vejo uma equipa. Não vejo alma, força, garra, vida. Dependem de Ronaldo como se de um Deus se tratasse, e rezam para que esteja em dia bom para que os outros possam estar em dia normal.

A outra selecção merecia o nosso apoio. Esta, para ser sincero, não merece.

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Dragão escondido – Nº20 (RESPOSTA)

E a resposta certa está abaixo:

Daniel Kenedy Pimentel Mateus dos Santos chegou ao FC Porto no verão de 1997 para um plantel que já tinha dois defesas esquerdos de raiz – Rui Jorge e Fernando Mendes – que iam oscilando entre eles como titulares da equipa de António Oliveira. Kenedy, talvez o primeiro de uma longa lista de “laterais” esquerdos que jogavam tanto na zona recuada como em áreas mais ofensivas, tradição que o FC Porto veio a recuperar com Rubens Júnior, Ezequias, Marek Cech e Álvaro Pereira, entre outros, nunca se conseguiu impôr como opção válida e consistente, jogando apenas quinze jogos e acabando cedido ao Estrela da Amadora na temporada seguinte. Acabou a carreira há duas épocas, no Peramaikos da Grécia, depois de por lá ter andado oito anos.

O jogo a que a foto se refere foi disputado no Estádio da Luz, onde o FC Porto já tetracampeão foi untado de cima a baixo com três golos sem resposta. Kenedy saiu aos 33′, juntamente com Rui Barros, para dar lugar a Zahovic e Drulovic…que estariam a jogar com a outra camisola daí a uns anos. Weird twists of fate indeed. Quem quiser rever os lances dos golos (vá-se lá saber porquê), pode fazê-lo aqui em baixo:

Benfica-3 FCPorto-0 de 1998 by MemoriaGloriosa

A (pouca) malta que não acertou tentou os seguintes nomes:

  • Aloísio– Titularíssimo durante a época, foi expulso na jornada anterior durante a vitória no derby contra o Boavista por 3-2 em pleno Estádio das Antas;
  • Barroso– Na segunda e última época feita pelo clube, não foi feliz e apenas disputou 19 jogos. Este também não foi um deles;
  • Domingos– Tinha saído para o Tenerife no final da época anterior;
  • Rui Jorge– Este foi o último ano em que fez parte do plantel do FC Porto, saindo para o Sporting no final da época. Não esteve presente neste jogo mas era uma boa aposta para o concurso;

O primeiro a adivinhar desta vez foi mais uma vez o Miguel, às 8h13. E justificou-me pessoalmente a escolha com a mestria de poucos! Grande!

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Alguém viu o unicórnio?

imagem sacada de record.pt

Não posso dizer ao certo, mas creio que um dos sinais do Armagedão acabou de bater à porta. Estou à espera de ver cavaleiros em chamas a cruzar os céus, elefantes cor-de-rosa a saltar delicadamente de nenúfar em alegre nenúfar, sem-abrigos a beber Glenfiddich de ’55 à golada, Elvis em concerto na Casa da Música, unicórnios com crinas bem escovadas e o Rui Gomes da Silva a dar mérito ao FC Porto.

Saiu-me um peso das costas, que acartava há tantos anos (até escrevi sobre isso e vocês sabem que prefiro falar dos meus que dos outros, mas naquela altura, tal como hoje, não consegui resistir) e que me deixou mais leve, como se tivesse acabado de obrar a produção diária da Cimpor.

Quebrou-se um mito e eu não vi em directo. Maldição.

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