Baías e Baronis – FC Porto 1 vs 0 Guimarães

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Eu bem digo que estes jogos contra o Guimarães têm qualquer coisa de diferente. Seja pela corja que aparece a invadir as nossas bancadas ou pela feroz sub-competição no relvado em que uns se tentam ultrapassar aos outros com tudo o que arranjam ao alcance e que possa servir como aríete para mandar abaixo mais um adversário, a verdade é que estes jogos tem aquele “it” que faz com que o estádio pareça outro, mesmo a uma sexta-feira à noite. E hoje tivemos um FC Porto dominador na primeira parte e trapalhão na segunda, com a única constante a ser a interminável quantidade de golos falhados que deixaram o povo à beira de um ataquinho. E uso o diminutivo porque raramente houve perigo para a nossa baliza…mas se tivesse havido qualquer azar, estaríamos agora a lamentar todas as oportunidades desperdiçadas. Enfim. A notas:

(+) Jackson. Dizia-me o meu colega do lado: “este gajo deixou de ser apenas um poacher e agora é um avançado completo”. Metáforas Footballmanagerianas aparte, tem toda a razão. Jackson tem os timings certos para a libertação da bola, um controlo do seu espaço e do espaço dos outros acima da média, excelente noção de passe e desmarcação e ajuda mais a equipa que se lá puséssemos doze Aboubakares. Estarei talvez a ser um pouco injusto para com o camaronês, mas é impossível que pense sequer em roubar a titularidade a Jackson enquanto o colombiano se mantiver a este nível. Mesmo sem golos.

(+) Marcano. Firme, seguro na defesa, prático e assertivo. Sem problemas em mandar a bola para longe e até a subir um pouco com a bola controlada. Nunca será um central genial mas é daqueles tipos que dá sempre jeito ter no plantel porque é certinho e inventa pouco. Terá roubado o lugar a Indi devido a estas características? Só Lopetegui pode responder.

(+) Casemiro. O saco de porrada preferido dos rapazes da terra do Afonso, esteve bem em todos os lances em que se viu envolvido e só não conseguiu fazer mais porque estava a ser tantas vezes calcado e pontapeado que pouco havia mais para fazer senão cair e queixar-se. Já deu muitas este ano mas ao longo de vários jogos e hoje foi um homem sacrificado mas nunca deixou de colocar o corpo e os tornozelos em prol da equipa.

(-) Tanto golo desperdiçado…outra vez. No jogo contra o Paços escrevi: “Aos vinte minutos, o meu colega do lado abriu a mão em cima da minha perna. Sem tocar, acalmem-se. Apenas quis mostrar com aquele gesto que já tínhamos suficientes oportunidades falhadas para que o resultado que acabou por ser o final já o pudesse ser por aquela altura.“. Mais um jogo, mais uma lista de lances que entram direitinho para o livro ilustrado que se transformou esta temporada de 2014/2015 em relação ao desperdício na frente de ataque. Hoje, com a ajuda de Assis (mas é possível apanharmos um guarda-redes pateiro do outro lado nalgum jogo este ano?! Vamos andar a pagar o karma da exibição do Helton em Braga até quando, meu Deus?!) mas acima de tudo com a inépcia de tantos nomes que até custa iterar por eles. Jackson, Danilo, Óliver, Herrera, Maicon ou Hernâni, todos eles falharam golos que podiam ter custado caro. E tantas oportunidades criadas para apenas um golo lá dentro e um sofrimento tramado na segunda parte é uma infelicidade que começa a ser difícil de aguentar.

(-) A segunda parte, especialmente depois da primeira. Uma primeira parte interessante, intensa, com bom entrosamento entre sectores, mais de 70% de posse de bola, (apenas) um golo e futebol agradável. Começa a segunda e eis que volta o FC Porto ausente, indolente, a pensar que tudo está resolvido e que diabo, são só 45 minutinhos que não custam nada a passar. Não é? Não, não é. E já aconteceu em várias ocasiões este ano vermos a equipa lentamente a desagregar-se após uma ou duas falhas que servem como catalisador da desunião da equipa e a partir das quais raramente se consegue juntar o Humpty-Dumpty com todas as suas peças. Desligando a cabeça, as pernas logo se seguem e o caldo está entornado já já a seguir. Quaresma, que vinha a fazer um jogo medíocre, ainda conseguiu piorar; Herrera cortou a energia para os hidráulicos e acabou-se bem antes dos 65 minutos que esteve em campo; Óliver não acertava a movimentação no terreno, Alex Sandro começou a facilitar, Danilo deixou de subir, Brahimi desapareceu do jogo e Jackson teve, mais uma vez, de recuar para trás da linha do meio-campo. É um caso de estudo, sem dúvida, a forma como a equipa se começa a encolher quando os adversários são mais físicos e mais agressivos sobre a bola, especialmente em jogos disputados antes de outros desafios importantes. Ou talvez não seja assim tão complicado de perceber. De qualquer forma, somem um árbitro permissivo para com o adversário (a sério, caríssimo, não acha que pelo menos o Cafú e o Bernard deviam estar já de banho tomado e fato vestido quando apitasse para o final do jogo?) e um jogo importante a meio da próxima semana e temos aí uma receita para um potencial desastre. Outra vez.

(-) Lances de treino técnico muito mal trabalhados. Cruzamentos. Pontapés de canto. Lançamentos laterais. Há no FC Porto uma espécie de desaprendizagem tremenda em tantos lances que exigem dos jogadores treino contínuo, que parecem fazer com que um rapaz que até tem talento comece a parecer um João Pereira quando pega na bola e segue pela linha pronto a cruzar uma bola para o avançado que a espera ansiosamente na área. O talento não se treina: estes lances sim. E se do ano passado para este crescemos em termos de talento individual (a prova está nas estupendas mudanças de flanco de Óliver ou Ruben Neves ou no controlo de bola de Brahimi ou Quaresma, para dar breves exemplos), continuamos a falhar nestes pormaiores que por vezes dão vitórias que não se conseguem de outra forma. Modo demagógico ligado: mas ninguém treina isto!?

(-) Vitória Lenhadores Clube. Eu sei que o Casemiro não é nenhum anjo, longe disso. Oferece, completamente grátis, a sua quota parte de pancada em todos os jogos e é imprudente nos lances que disputa. Mas quando enfrenta uma equipa que fazem Casemiro parecer um Tello, não há grande hipótese de brilhar, nem a esse nem a nenhum nível. E hoje vimos uma equipa de malta cheia de fibra, na flor da juventude e com sangue na guelra suficiente para encher sete aquários. Ou, se quiserem ver as coisas sem lirismos, foi uma horda huna que pôs as putas das patas no relvado do Dragão e que desatou a pontapear tudo que via à primeira oportunidade que conseguiu. E conseguiu tantas e tantas vezes, com total compreensão do árbitro que deu amarelo a tudo que era portista e que fazia uma ou outra falta (bem menos duras, ainda que posicionalmente diferentes) mas abdicou dos vermelhos para Cafú ou Bernard…ou Bouba ou “gajo-aleatório-de-cinza-e-preto” porque coiso. Assim vale a pena ir jogar a um estádio bonito. E faltou André^2, que devia estar com as mãos firmes num comando de Playstation a comandar os substitutos. Repito: é fácil parar o FC Porto à força. Não devia ser era permitido fazê-lo fora da lei.


O primeiro de seis jogos tramados já lá vai e três pontos já cá estão. Segue-se o Boavista no Bessa. Boy, does this bring back the memories…

3 comentários

  1. Hoje infelizmente não pude ver o jogo, mas quando soube só do resultado já fiquei feliz, que este pessoal do bitória é sempre lixado. Um boavista com menos factor dérbi e mais qualidade. Mas pelos lances que vi realmente só não enfiamos lá uns 4 ou 5 porque não calhou. Ou alguns não quiseram. Às tuas notas, pelo menos nos lances que vi, adicionava só o Óliver. Minha nossa senhora do futebol, o gajo transpira qualidade.

    Um pequeno reparo, suponho que te estejas a referir a lances de bolas paradas e não lances de treino técnico. Quanto a isso tem sido a ineficácia do costume desde que havia por cá o Bruno Alves que quase passava por cima da baliza com lanço. E mesmo aí… começo só a reparar numa tendência que é bola para o segundo poste depois da baliza, cabeceamento para o primeiro poste e aparecer lá alguém para a meter dentro. Mas não tem resultado muito para já…

  2. Bom dia,

    Que estes meninos tomem o gosto pelas vitórias consecutivas, e toca a assaltar o primeiro lugar…

    Que de agora em diante, não haja espaço para acidentes de percurso, vamos com tudo para cima dos nossos adversário…

    Um abraço.

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