Shift right, shift left, shift again

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Foi uma semana de mutações. Alex Sandro e Herrera convertidos em laterais direitos por circunstâncias diferentes em jogos bem diferentes, Fabiano transformado de inseguro em Neuer e de volta a inseguro uns dias depois, Indi colocado à esquerda e depois ao centro, Evandro a fazer de Brahimi, Aboubakar a fazer de Jackson e Helton a agir como se tivesse menos dez anos no lombo. Muitos nomes, muitas mudanças, muitas alterações forçadas. E a grande maioria durante os jogos, que mostra a facilidade com que Lopetegui põe e dispõe das peças em campo, até agora com respostas variáveis mas em alto rendimento. Curioso, porque algumas destas alterações, especialmente na defesa, são estruturais e podem abanar com uma equipa de cima até baixo se não tiver malta responsável e empenhada nos lugares onde são colocados.

É natural que haja incertezas durante uma partida, mas um treinador tem de tomar uma decisão em segundos ao passo que um comentador ou opinador de bancada pensa e pode pensar o tempo que lhe apetecer para tomar a mesma decisão. Ainda mais quando estamos a falar de análises pós-jogo, onde é fácil para quem tem meio dedo de testa tomar a decisão mais acertada. Será? Nem assim creio que haja situações onde possa haver UMA única solução para um problema, onde as variáveis do jogo se apoderam do controlo das mentes e os ódiozinhos de estimação vem ao de cima e o Mariano nunca pode jogar daquele lado porque tropeça e se for o Bosingwa a defesa esquerdo perdes a velocidade porque ele não inclina tão bem nas diagonais e nem penses em pôr o Diego a jogar no meio-campo porque ele não aguenta com uma gata pela cauda e o Meireles é muito melhor e tira-lhe o sebo num instante. Alenichev ou Pedro Mendes, Fernando ou Defour, Paulinho ou Barroso, Zahovic ou Deco. Tudo escolhas complicadas e ainda mais difíceis de tomar nos breves momentos em que o estádio pára, o mundo pára e num freeze-frame que dura meio-instante, a câmara foca-se no treinador com o zoom mais rápido do planeta…o ar rarefaz-se, as respirações sustêm-se e a Terra arrepanha-se nos seus eixos: O. Que. Fazer?

Herrera entrou para a segunda parte do jogo contra o Arouca na lateral direita. Estava visivelmente cansado quando saiu para o intervalo e no regresso, Lopetegui colocou-o numa zona onde podia continuar a jogar e ao mesmo tempo ter uma menor área de influência numa altura em que o meio campo iria precisar de mais músculo e fibra, algo que o mexicano seria provavelmente omisso no contributo à equipa. Não mudou a estrutura da equipa, abdicou de queimar logo uma das duas substituições que restavam e optou pela adaptação. Podia ter tomado um sem-número de opções. Entrar Hernani ou colocar Quaresma a fazer o flanco todo, entrar Reyes e colocar Indi na esquerda trocando Alex para a direita, recuar Brahimi para o centro, fazer entrar Ruben ou Evandro para tapar o centro…qualquer uma delas com os seus méritos e os seus problemas. O mexicano acabou por cumprir, esteve mais em jogo nas alturas certas, o flanco acabou por estar bem tapado e com mais dez minutos a saída de Óliver e a entrada de Ruben ajudou a travar a velocidade do Arouca.

Lopetegui estava ciente dos riscos que corria. Abdicou de um meio-campo de construção cedendo grande parte do jogo ao Arouca. Partiu a equipa em dois, passando do 3-3-3 com que terminou a primeira parte para um 4-2-(meiocampoparaarrendar)-3 e se os passes finais tivessem sido mais bem executados, talvez conseguíssemos um resultado ainda mais positivo. É também aqui que se podem ganhar jogos, mais ou menos complicados. Na astúcia e pensamento estruturado de um treinador que está a mostrar ser mais inteligente e adaptável do que pensei a início.

Good for us.

4 comentários

  1. Continuo a achar que a melhor maneira de jogar com um jogador a menos é em 342 com os dois da frente abertos (extremos).
    Na primeira parte mal dava para notar que tinhamos menos 1, já na segunda isso tornou-se óbvio.

  2. Olá Jorge!

    Lopetegui sempre foi um enormissimo treinador dentro do jogo sempre com decisões a antecipar a quebra da equipa ou a responder ao infortunios do jogo.

    Onde ele pecou e muito, no ínicio da época, foi nas abordagens tácticas ao jogo e na abordagem táctica às dinâmicas dentro do próprio 4-3-3.

    Agoraque está num ponto em que todos sabem o que fazer seja em que posição for, o treinador mostra todo o seu trabalho de uma época com vários elementos a fazerem várias posições em várias missões diferentes e a dinâmica táctica está consolidada.

    Em relação especifica ao jogo do Arouca… a mudança para 3-3-3 supreendeu-me assim como a saída do Ricardo mas quem tinha razão era o Lopetegui pois até o Pedro Emanuel ficou atordoado com a abordagem pós-expulsão até final da 1ª parte.

    Óbviamente que o Pedro iria retficar na segunda metade e em vantagem o Lopetegui recou na intenção táctica e colocou um 4-2-3 em campo.

    Poderia ter passado para 4-4-1 tirando por exemplo o Quaresma e metendo o Evandro e o Brahimi e metendo o Ruben fazendo uma linha de 4 médios puros com 2 mais descaídos mas aí perdiamos proponderância ofensiva.

    Poderiamos ter passado para um 4-3-2 tirando Quaresma/Brahimi e pondo Evandro/Ruben e passando o Quaresma/Brahimi para junto de Aboubakar.

    No final o que vimos foi que as opções de Lopetegui não permitiram ao Arouca grandes oportunidades de golo e assim sendo foram as mais indicadas.

  3. Eles que descansem bem, trabalhem melhor e que ganhemos o próximo jogo… É apenas isso que interessa neste momento, e desde que ganhemos, (que cada um faça o seu onze e as suas substituições e que sejamos treinadores de bancada de alto gabarito, mas relembro desde que ganhemos e se possível joguemos bem) todos continuaremos com um sorriso no início das nossas semanas de trabalho :)

  4. Sabes que quando li o título, me assustei? A sério!
    É que li à pressa, e o que me ficou foi: “Shit right, shit left, shit again”.
    Depois, reli com mais calma, e pronto…
    Essa mania de escrever em estrangeiro, carago!…

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