Notas soltas sobre o jogo contra o Guimarães

 

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Um dos últimos jogos de pré-época fez lembrar já um jogo de campeonato. Gosto disto. Vamos lá:

  • Um avançado que jogue na posição de ponta-de-lança, por muito bom que seja (sem considerar os estratosféricos à Zlatan), precisa de malta que lhe ponha a bola direitinha para marcar. Jardel tinha Drulovic e Capucho, Gomes tinha Madjer e Futre, Jackson tinha Hulk e James. André tem, até ver, Corona e Otávio. Por agora, não me parece mal.
  • O meio-campo está bem mais elástico e a criar mais situações de desequilíbrio do que nos dois anos anteriores. Herrera, André² e Danilo trocavam consistentemente de posição e quando Otávio decidia vir para o meio (não é extremo, não é extremo, não é extremo…) havia ainda melhor troca de bola e possibilidade de criação de lances ofensivos.
  • Foi a melhor primeira parte da pré-época. Intensa, rápida, quase sempre bem jogada. O objectivo parece ser mais a baliza e menos a posse pela posse. Agrada-me.
  • Numa era de contínuas mudanças, é bom ver que há algumas coisas que se mantém constantes, como o rabo da Kardashian, a imbecilidade do votante americano ou a capacidade do Marcano de fazer passes rasteiros verticais. Incapacidade, quero dizer.
  • Continuando com as constantes no meio da mudança, é também agradável ver que o Guimarães continua a dar pancada sem pestanejar. Ou será do Pedro Martins lá estar agora, ele que pôs o Marítimo a acertar em tudo que mexia desde há uns anos para cá? Resta ver como está o anterior clube este ano.
  • Felipe está a entrar no Túnel de Parvoíce, onde faz um bom corte e dá duas gafes logo a seguir. Precisa de ter calma e reaprender a jogar. É outro mundo e o rapaz tem talento mas não pode desligar a ficha a meio do jogo.
  • Outro que tal foi o Teixeira, que entrou a dormir e saiu acordado com as orelhas quentinhas. Dá-lhe, Nuno.
  • Podemos ter o Adrián só para jogar de cabeça na área? O rapaz mexe-se bem e cabeceia melhor…mas é impossível colocá-lo a jogar sozinho na frente. Com outro ao lado, talvez, mas sozinho esqueçam.
  • André² está bem mas continua a tirar o pé nas bolas divididas. Ainda estará com medo dos dói-dóis?
  • Sábado não espero nenhuma surpresa, mas era muito giro ver ali a aparecer um novo central e outro avançado. E um extremo. E sair o Brahimi de vez. E o Indi. Sábado, não é? Not a moment too soon.
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Baías e Baronis – Guimarães 1 vs 0 FC Porto

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E é isto. É o que temos. Uma equipa que joga à bola mas que produz tão pouco que não consigo compreender o que é que se anda a fazer nos treinos desde o início do ano. É uma filosofia de jogo curiosa, esta que colocámos em campo desde o início da temporada. Uma constante posse de bola que tenta usar palitos para furar tanques e que tem tanta imaginação como um funcionário das finanças em Março. A equipa procura espaços por sítios onde nunca existem e nunca existirão e transforma qualquer adversário num obstáculo tão intransponível como sete Everestes empilhados com mais alguns Burj Khalifas no topo. Com esta mentalidade e contra equipas rijas e jeitosas a defender, não temos hipótese. E é muito triste perceber isso. Vamos a notas:

(+) Danilo. Dos poucos que conseguiu usar bem o corpo contra os fortes médios do Guimarães, que ao contrário do que tinha feito o Boavista, não se limitaram a tapar os caminhos com os cotovelos e os pitões das botas, mas movimentaram-se bem para criar uma parede complicada de furar. Danilo serviu como um dos poucos tampões de recuperação de bolas e no início de construção de jogadas ofensivas, ou pelo menos o que deveriam ser jogadas ofensivas. Mas aí a culpa já não é dele.

(+) Varela. Foi um dos homens mais práticos da equipa, com algumas boas combinações com os colegas e um ou outro remate perigoso. E quando um dos homens em pior forma da equipa é um dos melhores em campo…

(-) Pouco. Apenas isso. Pouco. Quantos lances de verdadeiro perigo se lembram de ter havido na área do Guimarães? E não estou a contar a quantidade de vezes que Miguel Silva, o guarda-redes contrário, se atirou para o chão para agarrar mais uma bola perdida. Falo daqueles que fazem os adeptos pôr as mãos na cabeça e quase gritar golo, não a parvoíce de vermos a maior parte dos jogadores a fazerem o mesmo gesto quando um lateral envia a bola com as couves só porque apareceu mais uma perna no caminho do cruzamento. Esse continua a ser um dos grandes problemas do FC Porto, a ausência de situações de perigo para que possamos pelo menos ficar a lamentar a falta de eficácia dos avançados. É a inércia da movimentação a meio-campo e a incapacidade de terminar as inúmeras jogadas ofensivas que criamos para que o adversário tenha de facto de defender e não só de aliviar a bola para o inevitável contra-ataque que tem vários graus de qualidade acima dos nossos. É comovente ver Corona a fintar em corrida mas as lágrimas também correm quando procura a finta curta sem buscar apoio dos colegas. O mesmo com Brahimi ou o desgraçado do Aboubakar que nunca consegue segurar uma bola perto da área porque passa a vida cá fora. Ou os cruzamentos quase sempre iguais de Layun (baixa-a-média-altura, atrasados, pouco tensos), as subidas no terreno de Indi ou Marcano para criar desequilíbrios…a eles próprios quando são pressionados…são tantos os problemas com esta equipa que catalogá-los é capaz de ser uma tarefa tão cansativa como resolvê-los.

(-) Casillas. Tem a puta da mania, como Baía antes dele, de tentar sempre ficar com a bola controlada no final da jogada, seja em que circunstância for. Bolas rasteiras, aéreas, a meia-altura, há sempre tempo para um amortecimento seguido de um par de luvas em cima do esférico, altura em que nenhum adversário se dignaria a meter o bedelho e a tirar a bolinha que ali estava tão simpática e disponível. Ora foda-se, suas vedetas hiper-confiantes. Estás a dever mais três pontos aos teus colegas, Iker.


E agora, em terceiro lugar. Conseguimos perder pontos para Sporting e Benfica na mesma jornada. Fa-bu-lo-so.

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Ouve lá ó Mister – Guimarães

Caro Rui,

Acabou o período de treinos e vais mesmo ter de sair da cidade para jogar à bola. Parece estranho que eventualmente possas chegar ao final do teu comando sem teres jogado uma única vez perante o público que te, vê como um ídolo e um símbolo da vitória e da conquista que todos gostaríamos de voltar a viver. E garanto que este, que talvez seja o último, não vai ser fácil, pelo menos não tão fácil como o jogo do campeonato contra o Boavista.

Olvida-te que do outro lado está um rapaz que já vestiu as nossas cores e que andou a correr as bocas do mundo a dizer que vai ser o nome que te vai substituir e a quem vais ter de obedecer prá semana. Não ligues a isso e pensa bem no que vais fazer para, caso seja ele o escolhido, lhe colocar já uma rampa com menos inclinação a caminho do título. Se ganhares hoje em Guimarães vais fazer com que o empate do Sporting sirva para nos colocar mais uma vez a uma distância decente para dependermos só de nós para vencermos isto. Ainda assim, não vai ser fácil porque os gajos estão moralizados e têm andado a fazer jogos simpáticos. Maicon e André estão de volta e até o Sérgio Oliveira pode ser opção. Boas escolhas, só falta mostrarem em campo que estamos prontos para brilhar!

Sai em grande, Rui. Brilha e volta para a tua penumbra auto-imposta em grande!

Sou quem sabes,
Jorge

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Baías e Baronis – FC Porto 3 vs 0 Vitória Guimarães

retirado de desporto.sapo.pt

retirado de desporto.sapo.pt

Para primeiro jogo, foi bem bom. A equipa pareceu harmonizada, com o estilo mais musculado do meio-campo a contrastar com o “onde está o Casemiro?” do ano passado sempre que era necessário usar o corpo para vencer as bolas divididas. As alas foram ágeis, com os laterais a subirem no terreno sempre que possível, a integração dos novos a correr razoavelmente bem e um rapaz que mostra que pode haver vida depois de Jackson mais cedo do que se pensava. Ainda houve tempo para um Varela trapalhão mas empenhado, um Tello rápido mas inconsequente e um central que sendo o quarto da hierarquia no início do ano passado se afirmar como titular indiscutível. Sic transit gloria mundi e por aí fora. As primeiras notas da época estão já a seguir:

(+) Aboubakar. Humilde, trabalhador e eficaz. Já tinha entrado no goto dos adeptos quando libertou alguns mísseis no ano passado e começou o ano da melhor maneira: com golos. Não é Jackson e nunca o será, mas a diferença entre ele e o colombiano faz-se na força e velocidade com que consegue ultrapassar os adversários e na aparente facilidade com que vem atrás ajudar a equipa na construção ofensiva. Osvaldo, puto, tens de fazer pela vida, que o Vincent entrou em grande.

(+) Maxi. Não sabe jogar de outra forma sem ser na raça, mas surpreendeu-me com a forma como se integrou tão rapidamente na criação de lances ofensivos e na facilidade de desdobramento com qualquer um dos alas que lhe apareceu à frente. Foi o mesmo Maxi que vimos durante os últimos anos de vermelho ao peito: lutador, duro, esforçado, sempre pronto a subir no terreno e a recuar com garra e a conquistar os adeptos pela capacidade de recuperação defensiva e pelo sentido prático. Continua a ser estranho aplaudi-lo, mas está a saber fazer-nos engolir as dúvidas que poderíamos ter quando o contratamos. Que continue assim, é só o que peço.

(+) Varela. Entrou trapalhão, lento e inconsequente, mas fez uma excelente segunda parte e acabou por marcar um golo que fez por merecer. Mantenho que não podemos depender de um jogador como o nosso Silvestre, tão dado a oscilações de forma como um gordo a fazer abdominais perante uma pizza de queijo, mas pode trazer alguma mais-valia a um ataque com demasiada…velocidade. E ele, não a tendo, compensa com a experiência.

(+) A força extra no meio-campo. Aqui está a principal diferença do FC Porto de Lopetegui deste ano quando comparado com o do ano passado. Este meio-campo consegue vencer batalhas individuais e será sem dúvida utilizada em muitos dos jogos onde vamos precisar de combater alguns vilões musculados com outras camisolas, ao contrário do que acontecia anteriormente, onde se sacrificava a imponência física para privilegiar a capacidade técnica. Não digo que é a opção perfeita, porque apesar do bom jogo de Danilo preferia ver ali Ruben a distribuir o jogo, não contesto que o ex-Marítimo é um homem importante para garantir que uma pressão feita com bons índices físicos, somado a Imbula e, nalgumas circunstâncias, André, pode ter um efeito estupendo na recuperação de bolas no centro do terreno.

(-) Herrera. Ora bem. Não. Assim tipo não. Hell no, se fosse uma avó afro-americana do sul com chapéu de abas na cabeça e tudo. Esteve tão mal que fez lembrar uma espécie de Mariano González no meio-campo, com a desvantagem de não correr um décimo do que o argentino corria e a mostrar o mesmo ar de inépcia que o nosso anti-herói preferido tantas vezes exibia. Falhou quase tudo: o passe, a movimentação, a finalização, a criação de lances ofensivos e a recuperação defensiva. Se Lopetegui está a apostar no mexicano para ser titular, ele que me parece ser do tipo de jogadores que os treinadores gostam, os que fazem sempre o que lhes é pedido, então estamos mal, porque se o faz, fá-lo mal. Parece ainda estar cansado das poucas férias que teve e pode ser uma justificação para o jogo que teve, mas receio não ser o único factor. Herrera, neste momento, está a mais na equipa.

(-) A entrada na segunda parte Lentos, distraídos, com pouca movimentação no meio-campo e demasiadas hesitações na defesa, foi por nossa culpa que o adversário se impôs durante quase dez minutos e nos empurrou para uma sequência de perdas de bola e bolas paradas defensivas que, com o resultado em apenas 1-0, podia ter corrido mal. Já sei, sou um pessimista, mas já vi jogos a mais em que por parvoíces destas acabamos por andar a tremer até ao final da partida para sacar uma vitória a ferros. Não quero ver nada mais disso, não senhor, obrigado.


Um já está. Faltam 33. E o próximo, na Madeira, pode ser uma vitória física e moral excelente para arrancar a época em grande…

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Ouve lá ó Mister – Vitória Guimarães

Señor Lopetegui,

Bem vindo de volta ao teu estádio, hombre! Uma equipa cheia de caras novas, uma relva fresquinha, balizas pintadas, equipamentos todos shiny e uma saúde clubística que mete inveja a tantas formações por esse mundo fora. Vais ter um Dragão cheio para te saudar no regresso à competição e para apoiar a nossa demanda pela reconquista do caneco que nos foge há dois anos. Há muita pressão, muita fome, muitíssima vontade de ver o azul-e-branco a voar nas varandas, alpendres, janelas e telhados por todo o país. E tu, mais uma vez, és o escolhido para levar a nau a bom porto.

Já sei que a equipa é diferente e que perdeste metade dos titulares da época passada. Quatro indiscutíveis e o Fabiano desampararam a loja por um ou outro motivo e estás novamente a construir baseado nas tuas ideias e nos bolsos da SAD. E não podemos dizer que tenhas poucas mais-valias no plantel, mas também compreendo que possa demorar até termos uma equipa estável, afinal somos todos homens e se um gajo se desentende na fila para o Metro, é possível que em campo, com toda a movimentação e basculação e diagonalização, as coisas também abanam. Mas é imperioso começar a vencer e acima de tudo é muito importante arrancar os primeiros jogos com vitórias e não abdicar de pontos que nos possam lixar mais para a frente. Lembras-te do Boavista no ano passado? Pois é, se tivéssemos ganho esse jogo talvez não andássemos a dar cornadas contra a parede mais tarde.

Começa bem. Faz o que quiseres, usa os pés de coelho ou as ferraduras ou trevos que te der na mona. Reza a Deus, Alá, Vishnu, Horus, não quero saber. Mas ganha este jogo e continua a ganhar. A jogar bem ou mal, pouco me importa, quero é os três pontos.

Sou quem sabes,
Jorge

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