Ouve lá ó Mister – Dinamo Kiev

Señor Lopetegui,

Para o jogo da primeira mão, o que nos arrancou na caminhada da Champions deste ano, enchi a pantalha com yaddas. Não funcionou muito bem, porque do que me lembro houve meia-dúzia de AVCs colectivos na defesa que nos custaram dois pontos e que podiam ter feito com que este percurso tivesse sido bem mais complicado do que acabou por ser. Mérito à tua equipa (e a ti, co’a breca!) por se terem erguido com dignidade e força nos três jogos seguintes, porque as três vitórias que sacaram são mais do que suficientes para garantirmos hoje o lugar nos oitavos.

Já sei que apenas precisamos de um ponto dos dois que perdemos em Kiev, mas já sabes como é que estas coisas correm quando uma equipa joga para empatar, não é? Não jogaste para empatar na Ucrânia, pois não? Não senhor, estivemos lá na frente e o jogo até estava a correr bem, não fosse aquela imbecilidade defensiva a tolher-nos as monas conjuntas e a fazer de nós uma massa heterogénea de choradeira e dedos apontados. Não quero que aconteça nada do género e por isso estou a contar que ponhas a melhor equipa em campo e que mandes os rapazes acabar com qualquer dúvida, que só acontece se sacarmos três pontos. Vai estar um briol do caraças e a malta precisa de aquecer nas bancadas, por isso vamos lá mostrar bom futebol e uma vitória para animar as hostes!

Sou quem sabes,
Jorge

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Baías e Baronis – Maccabi Tel Aviv 1 vs 3 FC Porto

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Algures a meio da segunda parte, depois do segundo golo, o jogo baixou o nível de uma interessante partida de futebol para o que parecia um daqueles jogos de putos na escola primária, onde duzentos miúdos correm atrás da bola num magote de camisolas e suor a saltar das suas cabeças. Deixou de ser Champions e passou a ser Taça da Liga, se quiserem uma metáfora mais correspondente com as competições onde estamos envolvidos. Ainda assim, uma vitória inquestionável com bons golos e uma bela soma de dez pontinhos à quarta jornada. Nada mau. Notas abaixo:

(+) Layún. Excelente jogo do mexicano, o melhor com a nossa camisola e com um golo que já vinha a fazer por merecer desde há alguns jogos. Muito activo a subir pelo flanco e até pelo centro, onde por várias vezes surgiu a atacar com uma claridivência e intensidade que nos foi sempre muito útil. Firme também a defender Ben Haim e a impedir várias jogadas que podiam ter causado perigo.

(+) Tello. Mais que a assistência para Layún e a atitude que mostrou em todo o jogo, tem o mérito de ter conseguido fazer que um mau controlo de bola se transformasse em golo pela velocidade de reacção e pela aparente calma em frente ao guarda-redes que lhe saiu ao caminho. Optou sempre pelo caminho mais prático e tanto ele como a equipa ganharam muito com isso.

(+) Danilo. Muito rijo na luta a meio-campo mas acima de tudo com vários passes longos estupendos a romper a linha defensiva do Maccabi e que só não deram golo porque a ineficácia vestiu de azul e branco durante quase toda a primeira parte.

(-) Cantos ofensivos. Contei dez cantos a nosso favor, mas podiam ter sido cento e quarenta e sete, tal é a produtividade que continuamos a manter em níveis ridiculamente baixos neste tipo de lances. Quase sempre batidos da mesma forma, à mesma altura e sem que consiga haver uma movimentação decente que crie perigo. Não seremos a equipa com a média de alturas mais…alta, mas é assustador saber que um alívio de bola na defesa pode ser mais perigoso que um pontapé de canto.

(-) Muito espaço dado às incursões pelo centro. Vejo muitas vezes a subida de jogadores contrários por zonas centrais e espanto-me como a zona de cobertura defensiva parece ser rompida como uma faca quente a cortar manteiga. É certo que raramente causam perigo por essa mesma zona porque a “concha” vai fechando e a bola acaba por ser endossada para uma ala ou há um recuo progressivo do adversário para restruturar em organização ofensiva, mas o desequilíbrio criado pode ser perigoso.

(-) Tantos golos falhados. Pelo segundo jogo consecutivo houve muito mais lances em que colocamos as mãos na cabeça do que os que fizeram com que as erguêssemos no ar. Foram tantas as oportunidades de golo falhadas, entre as de Aboubakar (duas ao poste) e mais algumas de Tello, Varela, André e companhia, que poderíamos ter registado uma vitória histórica que acabou por não acontecer. Só não falha quem não está lá dentro, yadda yadda, mas estamos a desperdiçar golos e largos minutos de maior descanso quando falhamos tanto.


Com dez pontos no saco e o próximo jogo em casa contra o Dínamo a poder garantir com absoluta certeza a passagem aos oitavos, não se pode dizer que tenhamos estado mal este ano na Champions. Só falta mais um pontinho, caríssimos!

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Ouve lá ó Mister – Maccabi Tel Aviv

Señor Lopetegui,

Parece que passamos mais uma daquelas absurdas fases de quebra de campeonato e neura generalizada pela ausência de jogos do FC Porto. Mais uma semana em que a malta lá de baixo se vai amassando toda com piadas e o nosso futebol está a entrar numa fase de tão baixo nível que começa a desmotivar qualquer um que gosta de ver a bola a rolar e as equipas no relvado. Gosto é de futebol lá dentro, Julen, não cá fora. Estou a ficar farto, para te ser sincero.

E é exactamente por isso que conto contigo para me iluminares aquilo que tem vindo a ser um bom par de semanas tristonhas. Espero que me consigas elevar a esse patamar de plenitude futebolística que eu sei que os teus rapazes conseguem chegar ou pelo menos que suem a tentar. E este pode não ser o jogo com maior cartaz de toda a edição deste ano da Champions. Raios, acho que nem é o jogo com mais cartaz deste mês, mas é um jogo importante de qualquer forma, um jogo em que podes começar a marcar bilhetes para Nyon ou Genebra ou Turim ou sei lá onde raio se fazem agora os sorteios dos oitavos da Champions.

Vá lá, faz-me sorrir outra vez quando vejo o FC Porto. Não é nada que esteja para lá do teu alcance.

Sou quem sabes,
Jorge

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Baías e Baronis – FC Porto 2 vs 0 Maccabi Tel Aviv

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Um jogo típico de confrontos entre equipas desiguais na Champions. Ataque, gestão, defesa, gestão, mais ataque, dois golos e uma exibição tranquila, relaxada e sem grandes complicações. Foi uma noite com poucos sobressaltos que tirando a verticalidade de Ben Haim II (ao nível dos campeonatos nacionais dos anos 90 com os Quims e Zé Pedros que também metiam os pobres cardinais romanos ao barulho) que causou algum stress, nada de muito importante que nos metesse medo. Mérito para Aboubakar e para Brahimi, os dois destaques da noite. Notas abaixo:

(+) Aboubakar. Continua a trabalhar como um bulldozer robótico, sem hesitações no momento de correr e de pressionar o adversário, recuando quando precisa para ajudar a equipa com ou sem bola. O golo é sortudo apesar da desmarcação ser excelente (fraquinhos os centrais do Maccabi, admita-se), mas o segundo golo é 80% seu, pela forma como arrasta os defesas para longe de Brahimi e lhe endossa a bola em corrida. Muito bem, mais uma vez.

(+) Brahimi. Curioso como apesar do golo que marcou até nem teve um dos jogos mais produtivos de sempre. Mais perigoso pelo meio do que pelas alas, foi ainda assim bastante dinâmico e tentou tudo para conseguir ultrapassar os jogadores que lhe caíam em frente com a finta curta e as rotações que já começam a ser habituais. Se conseguisse ordenar o cérebro para soltar a bola com melhor timing seria bem mais rentável mantê-lo em campo para lá dos setenta minutos de jogo.

(+) A efeméride para Ruben Neves. Marco a atribuição da braçadeira a Ruben Neves, apesar das condicionantes que levaram a esse acto, porque é histórico. O mais jovem capitão de equipa na Champions, um puto formado nas nossas escolas e com maturidade competitiva como poucos vi até hoje. Não quero adicionar aos elogios como já tenho vindo a fazer e prefiro ser cauteloso ao assumir que ainda possa ser cedo para ser capitão de equipa a tempo inteiro, mas que está bem lançado, lá disso não tenho dúvidas.

(-) Corona. Maxi, André e Ruben passaram metade do jogo a gritar com o mexicano para que se posicionasse nos locais certos para ajudar a defender. Não funcionou. Tentou oitocentas vezes passar pelo adversário de uma forma tão lenta que só por uma vez o conseguiu naquela finta curta parecida com a que lhe deu o segundo golo contra o Moreirense. Mas esteve muito distraído, pouco activo e displicente nos lances defensivos. Saiu tarde.

(-) Novamente em modo “andebol de onze”. Aborreces-me, FC Porto, quando começas a horizontalizar o que devias verticalizar. Em linguagem normal, passar tantas vezes a bola para o lado sem tentar furar torna-se enfadonho e apesar do adversário estar em permanência atrás da linha da bola (defender com onze contra o FC Porto é como jogar com quatro guarda-redes contra o Barça), urge criar mais jogo por zonas centrais e não depender quase em exclusivo do que os extremos possam fazer. Compreendo que tentem sempre puxar o adversário para que suba e abra espaços, mas o ritmo tem sido lento e a movimentação do meio-campo ofensivo esteve ao mesmo nível.


A meio da corrida, sete pontos não são maus de todo. Uma vitória em Israel e será quase impossível fugir do apuramento. Bom trabalho, malta.

PS: Uma pequena nota para justificar o atraso. Depois de sair do estádio cheguei ao carro e verifiquei que tinha sido assaltado. Não sei se foi o filho da puta do arrumador ou outro filho da puta que se lembrou de me partir o vidro e levar meia-dúzia de coisas da mala. Só sei que foi um filho da puta. Filho da puta. E lixou-me a cabeça ao ponto de me tirar a vontade de escrever. Enfim, coisas que acontecem. Filho da puta.

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Ouve lá ó Mister – Maccabi Tel Aviv

Señor Lopetegui,

Uma bela semana de estreias, Julen! Depois do Varzim ter debutado com alguma dose de sucesso aqui no estaminé, eis senão quando temos uma novidade de peso: o primeiro clube israelita a figurar nas doutas categorias que pautam o trajecto deste que te escreve aqui no blog. O Maccabi não é uma equipa desconhecida mas está para aparecer o primeiro gajo da minha habitual convivência que consiga dizer o onze provável destes moços logo à noite no Dragão. É que nem ao longo de vários anos de intensa aplicação e devoção à causa do Football Manager chegam para conseguir agregar informação acerca deles a não ser meia-dúzia de vídeos do youtube, resumos das primeiras duas jornadas da Champions deste ano e a tradicional tentativa de atirar com Cohens ou Haims ou Greenbergs porque a malta acha que tudo que é israelita tem nomes desses. Como se não houvesse um tuga chamado Ronaldo. Enfim, continuemos.

Jogos da Champions nunca são para menosprezar e já não é a primeira vez que vejo treinadores nossos a armarem-se em parvinhos e a rodar gajos enquanto pensam no próximo confronto. Não creio que seja o caso, até porque já fizeste rotações suficientes na Póvoa e deves ter uma ideia do que podes vir a fazer e aposto que essa ideia assenta na base do costume, com uma ou outra alteração por causa das lesões. Se o Marcano não estiver em condições, não o ponhas a jogar. E no fundo é isso. O resto deixo à tua consideração. Seja o Maxi ou o Layún, o Ruben ou o Danilo, o Tello ou o Corona, só espero um jogo decente e uma vitória. É exactamente o que precisamos, de continuar a ganhar para seguir em frente!

Sou quem sabes,
Jorge

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