Dicas rápidas para ganhar ao Benfica

Este ano temos um score perfeito contra o actual campeão nacional. Dois jogos, duas vitórias, 7 golos marcados e zero sofridos. Responsáveis por estes números foram duas exibições quase perfeitas, de raça e vontade, com índices de concretização e concentração excelentes. Mas este jogo será um pouco diferente, seja pelas circunstâncias das lesões do nosso lado ou pela boa forma do lado contrário, quer-me parecer que este jogo vai ser mais complicado de vencer. Podem dizer que é o meu lado pessimista a vir ao de cima, mas trata-se de uma pura análise estratégica das forças morais que têm regido os dois lados da barricada. Assim sendo, quais serão as nossas melhores hipóteses para levar de vencida aquela que será a principal oponente à vitória nesta competição? Ficam as dicas:

  • Aproveitar os flancos…
Não é segredo nenhum que a grande força do FC Porto está na construção de jogadas ofensivas, particularmente com o uso dos dois extremos em apoio ao ponta-de-lança. Sejam eles Varela, Hulk ou James (já que Mariano e Cristian Rodriguez parecem arredados de uma contribuição de valor acrescentado), qualquer um deles pode virar o jogo para o nosso lado. Partindo do pressuposto que Falcao será utilizado e Hulk terá Coentrão pela frente, o papel do outro extremo torna-se ainda mais importante, porque Maxi é um defesa rijo que joga no limiar da violência, contando com a permissividade de muito bom árbitro ao bom estilo Luiziano. Assim sendo é ainda mais importante ter o apoio do lateral (Fucile, presumo) para criar situações de 2×1.

  • e tapar os flancos.
Ao mesmo tempo que devemos avançar com os nossos rapazes pelas alas, também temos de ter algum cuidado com a rapidez dos extremos deles. Gaitán mas principalmente Sálvio (não por ser um jogador genial, que não é, mas por ser rápido e saber bem o que fazer com a bola) vão explorar qualquer oportunidade de ruptura pelas alas, apoiados sempre por Coentrão e Maxi que já são nossos velhos conhecidos. Tanto Sapunaru como Fucile têm de estar precavidos contra subidas exageradas sem cobertura e Fernando vai ter de estar muito atento (com Guarín o fez no 5-0) para tapar as subidas dos nossos laterais.
  • Pausar o jogo sempre que fôr preciso
Moutinho e Belluschi. Duas faces da mesma moeda, a cabeça e o irreverente, a calma e a loucura, a pausa e a aceleração. Por estes rapazes, marcados de perto por Javi Garcia e talvez Airton, vão estar sempre no centro da acção. Têm de arranjar maneira de acalmar o jogo, de recuar quando fôr necessário para evitar a pressão de um meio-campo defensivo do Benfica que é forte e rijo e que vai obrigar a encontrar espaços não só para a frente mas também pela rotação da bola por zonas mais recuadas. Habituem-se e parem de assobiar.
  • Atenção à cobertura no contra-ataque
Guarín teve a sua oportunidade e agarrou-a bem. Fez um jogo muito bom no 5-0 mas foi já re-substituído por Fernando, um jogador com mais talento natural para aquela posição. Fernando tem de se entender muito bem com os laterais e com o central mais adiantado (que será, salvo erro, Otamendi) para cobrir a “terra de ninguém” que Aimar e Saviola sabem aproveitar muito bem.
  • Pressão sobre o colega de Luisão
Sem David Luiz o Benfica fica mais fraco. Não vale a pena lembrarem que o Hulk lhe desfez os rins no 5-0 porque esse foi um jogo atípico, até porque o rapaz valia muito mais que aquilo que mostrou, especialmente quando jogava no centro da defesa. Assim sendo, e pressupondo que Jesus não vai inventar como fez (mal) no passado, o lugar ao lado de Luisão será ocupado por Sidnei ou (vá-se lá saber porquê) Roderick. Qualquer um desses dois tem de ser pressionado para falhar, porque não tenham dúvidas: quem quer que seja o rapaz, vai estar nervoso.
Muito mais haverá a dizer sobre as previsíveis nuances tácticas do jogo desta quarta-feira. Destaquei estas três porque o FC Porto tem de dominar o jogo, não só de o controlar. Tem de marcar e evitar sofrer, porque numa eliminatória com dois jogos em que os golos fora contam a dobrar (ver regulamento aqui) não se podem correr riscos. Muito menos contra o Benfica.
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Baías e Baronis – FC Porto vs Pinhalnovense

Enquanto bebia mais um golo do meu copo de vinho, parecia que o jogo se tornava mais longo. Os ataques sucediam-se, nem sempre com a incisividade que se pedia e longe do fulgor da segunda parte frente ao Marítimo, mas eram constantes e sempre no mesmo sentido. Não se esperava outra coisa, porque o Pinhalnovense, apesar de se bater com galhardia e inteligência, não apresentava argumentos capazes de fazer com que o jogo invertesse o rumo natural. Ainda assim, foi pouco, foi (mais) um jogo em que não conseguimos fazer fluir o futebol melhor que temos e que acabamos por resolver, aqui sim à imagem do que se passou no Domingo, à bomba. Há 4 dias foi Guarín. Hoje, calhou a vez a Hulk. Vamos a notas:

(+) Hulk (os golos)  E se um rapaz rematar à baliza com força…é possível que seja o Hulk. Num jogo em que os movimentos conjuntos não conseguiam criar perigo para a baliza de Pedro Alves a não ser em remates quase inócuos, há que colocar a bola naquele que sabe mesmo rematar. E o primeiro golo, quase a papel químico do seu golo contra o Marítimo (o segundo do FC Porto), foi o abre-latas perfeito para uma situação que se começava a tornar perigosa e entediantemente perto de um prolongamento que os de azul-e-branco procuravam e que nenhum “amarelo” queria.

(+) James Rodriguez  Nota-se bem a diferença das primeiras para as segundas partes na produtividade do jovem colombiano. Entra tímido, recolhido, tristonho, mas quando está a jogar há vários minutos começa-se a soltar e a libertar a capacidade técnica e de ruptura aparentemente lenta mas continuamente em progressão que tem vindo a demonstrar. Pode ser bem melhor aproveitado a jogar no centro do terreno em vez de ser colocado nas alas, o que o faz uma alternativa excelente para um modelo em 4-4-2, como Villas-Boas experimentou na segunda parte.

(+) Belluschi  Foi irreverente e sempre que teve a bola nos pés tentou arrastar o jogo para a frente e/ou para os lados, fazendo o que Ruben teve grande dificuldade para conseguir. Era invariavelmente por ele que a bola passava nos movimentos ofensivos da equipa e ainda que as coisas não lhe tenham corrido sempre bem, não consigo censurar um jogador que coloca nos seus ombros essa responsabilidade e consegue pensar o jogo de uma forma mais acertada que outro rapaz, qual Atlas, com o mundo às costas, como Hulk.

(+) Sapunaru  Sempre seguro, teve a noção quase perfeita de quando devia subir e quando se devia manter um pouco mais atrás. É complicado neste momento tirar-lhe o lugar e mesmo Fucile não vai ter vida fácil para ser titular.

(+) Pedro Alves (guarda-redes do Pinhalnovense)  Defendeu quase tudo o que podia e apesar dos remates nem sempre levarem grande força, muitos deles foram bem colocados e levaram a que este rapaz fosse o melhor em campo. Não fosse ele e a falta de pujança nas bolas que saíam dos pés dos nossos homens e a vitória tinha sido garantida mais cedo e por números bem maiores.

(-) Hulk (para lá dos golos)  Compreendo os adeptos quando o assobiam. Não o faço mas compreendo. É preciso ver, fazendo um pouco o papel de advogado do diabo, que em Hulk recaem sempre as expectativas do comum mortal Portista, como em Quaresma, Deco, Capucho ou Madjer antes dele. São os irreverentes, os loucos, os que parecem alhear-se do jogo mas que os colegas procuram quando não sabem mais o que podem fazer. E esses talentos em forma de futebolista reagem, com raras excepções, quase sempre mal a este tipo de circunstâncias em jogos contra equipas que estão um pouco abaixo no nível motivacional. “Ah mas ganham muito dinheiro e têm de jogar!”, dirão. Pois é. E têm toda a razão. Todo este prélio para dizer uma simples frase: um jogador como Hulk tem de render muito mais num jogo contra o Pinhalnovense do que apenas dois bons remates que teve a fortuna de ver a bola a entrar. Muito mais.

(-) Emídio Rafael  Mais um jogo, mais uma prova que tem muito a aprender. Não sei se alguma vez será uma boa alternativa para jogar no lugar de Álvaro, já que quando Fucile estiver em condições acho que estará sempre à frente do português como escolha para a lateral esquerda. Continua nervoso, indeciso no passe, desconcentrado no posicionamento defensivo e inconsequente nos cruzamentos da ala. Posso estar a ser excessivo no nível de exigência mas acho que precisamos de um rapaz melhor ou pelo menos mais experiente.

(-) Fernando  Sei que está com pouco ritmo mas foi uma exibição muito fraca do “polvo”. Pouca clarividência no ataque, mau nos passes curtos, incapacidade de rematar à baliza em condições, não será a jogar assim que tira o lugar ao rapaz que, do alto da sua loucura, tem ocupado o “seu” lugar de uma forma tão prática e livre de grande contestação.

Ainda que tivesse ido ao jogo, era incapaz de assobiar. Lamento sempre a idiotice do assobio e não creio que seja vantajoso para quem quer que seja, dos jogadores ao treinador. Mas compreendo alguma indignação com a lentidão e a inépcia de algumas decisões no final de um número inusitado de jogadas perdidas acabam por enervar a malta. Foi fraquinho mas estamos nas meias-finais da Taça e isso é que interessa, com melhores ou piores exibições. Deu para rodar alguns jogadores e para descansar outros. Venha o próximo!

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Ouve lá ó Mister – Pinhalnovense

André, debulhador/treinador!

Gostei de ver o jogo contra o Marítimo. Estávamos com inteligência, com alguma audácia mas acima de tudo muita calma e tranquilidade. Eu sei que não foste tu que cunhaste esse termo mas foi o que a equipa mostrou no Sábado à noite, e ainda bem.

Contra o Pinhalnovense é diferente. Sem Moutinho a orquestra pia de outra forma e o mais provável é que a tuba soe mais alto que o violino no ensemble de azul-e-branco que deverá pisar o relvado. Ainda assim, confiamos todos em ti para fazeres as melhores escolhas. Estranhei teres convocado a comandita toda e não optares por um ou outro muchacho dos unter-19, mas estou a ver que ficaste escaldado contra o Nacional. Também nós!

Não vou estar lá mas vou estar a ver numa casa recheada de benfiquistas, com um bom vinho tinto a regar uma bela refeição, como de costume. Não quero sair de lá mal disposto, vê lá a minha vida…

Sou quem sabes,
Jorge

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Antigamente divinizava-se…

Mal vi o resultado do sorteio da Taça que nos colocou o Pinhalnovense pelo caminho, a primeira coisa que pensei foi: “Que sorte estamos a ter este ano no sorteio!”. Como é lógico no pensamento deturpado da maioria da gente mal-intencionada, logo comecei a ler tiradas com lamúrias à legalidade do sorteio, que o FC Porto era sempre beneficiado, que estes “inserir termo depreciativo aqui” são sempre a mesma coisa. O costume, portanto.

Assim sendo e como os comentários surgiram em blogs afectos ao Benfica (que sigo porque gosto de saber o que pensa o “inimigo”, como sabem) dei-me ao trabalho de recolher dados sobre as últimas 7 edições da Taça de Portugal (usando o ZeroZero como base de dados) e comparar as estatísticas de ambos os clubes nesta competição. Ora vejam lá os jogos do Benfica desde 2003/04, o último ano em que venceram o troféu:

E agora os jogos do FC Porto:

Muita informação, não é? E um quadro-resumo, isso é que era! Cá está ele:

É fácil perceber que a conversa é apenas isso. Conversa. A forma como se interpretam factos de uma maneira subjectiva é sempre passível de contraditório, particularmente pela própria subjectividade. Em português: “oh, tem juízo!”.

O problema, como disse em conversa com um amigo, é que a maior parte das pessoas que gostam da bola não fazem uma análise crítica e séria aos factos que ouvem e tomam como verdadeiros. Assumem que a sua verdade é A verdade, emprenham de ouvido e propagam a mentira, servindo o propósito dos que a espalham. Em tempos idos, a malta divinizava tudo o que não compreendia ou que achava ser contrário às suas pretensões. Hoje em dia, para um segmento da nossa sociedade, tudo o que acontece de mal a essa malta…acabam por corruptizar. É normal e perfeitamente saudável.

Fica o apelo: quando ouvirem algum facto como verdade, tentem descobrir se o é de facto…um facto. É só para evitar que façam figura de parvos.

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