É impossível não falar bem deste puto nos dias que correm. De todo o lado chovem elogios, semeiam-se planos para um futuro brilhante e o jogador azul mais verde de todos parece flutuar por entre delicados nenúfares, levando em ombros pela mesma imprensa que o crucificou aquando do túnel da Luz, no ano passado, que aposto já ter dado cabo da zona lombar de alguns editores e pseudo-colunistas, tal foi a forma como dobraram a espinha para inverter o seu comentário em 180º (ou 360º, se fosse o João Pinto).
Hulk tem vindo a fazer jogos acima de qualquer crítica, pela força pura que coloca em campo, pela energia que transmite ao jogo da equipa e, surpreendentemente, pelo sentido prático que tem demonstrado, abdicando dos remates a 40 metros da baliza pela progressão com bola, procurando as tabelinhas por forma a enquadrar cada vez melhor os remates à entrada da área. Comparar este Hulk que hoje vemos com o Hulk que cá chegou é um exercício de futilidade, porque a única coisa que resta é o nome, a alcunha e o físico. O resto está muito diferente para melhor, o rapaz discute menos com os árbitros e com os colegas, é muito mais voluntarioso a ajudar ou a passar a bola e é, com mérito, o melhor jogador deste campeonato, à frente de Coentrão, Falcao, David Luíz ou Polga (o homem foi campeão do Mundo, pronto).
Méritos da mudança? Um conjunto de pormenores, um leque mais ou menos vasto de variáveis, desde a exagerada punição depois do triste cenário tuneleiro, passando pelo amadurecimento bem acompanhado por Jesualdo e agora por Villas-Boas e acima de tudo a noção que se foi instalando na mente do jogador que estava a perder terreno na progressão de uma carreira com tudo para ser brilhante.
Seja por que motivo tenha sido, temos Hulk em grande. Os 100 milhões não serão atingidos, mas que o rapaz está a ganhar fãs por essa Europa fora, lá isso não tenham dúvidas.