Hulk: batalhas perdidas

Quando na época passada começamos a apresentar Hulk na equipa principal, muitos se questionaram quanto ao seu verdadeiro valor. O brasileiro começou por mostrar pouco, mas gradualmente foi subindo de forma e até aparecerem as lesões provocadas por diversas entradas assassinas e não sancionadas (Guimarães, Reboleira et al) foi uma das figuras da equipa, acabando por eclipsar o próprio Lisandro em termos de produção ofensiva e até em número de golos apontados.

Sempre lhe foi apontado algum individualismo em excesso, e desde cedo tive o pressentimento que ia demorar algum tempo até que o menino Givanildo se transformasse num belo espécimen de futebolista. É lógico que tem força, potência de arranque, capacidade de improviso e um remate de meter medo. No entanto, como vários antes dele, Jesualdo tinha a minha confiança para conseguir efectuar a transição de Hulk até um patamar decente e que mostre o valor que parece querer ter.
Neste início de época acabo por verificar que Hulk vai ser um caso complicado de transformação. O primeiro jogo frente ao Paços (sim, porque os amigáveis são mais importantes que treinos de conjunto mas pouco mais) confirma que o rapaz ainda era exactamente isso, um rapaz. Refilão, indisciplinado, com pouco sentido prático e elevada falta de jogo de equipa, parecia ter mais uma pequena travessia no deserto de ideias que na altura era a equipa do FCP. Apanhou dois jogos e ficou a promessa de se auto-açaimar quando fala com os árbitros (ainda que eu pense que nem o deveria fazer) e de jogar mais para a equipa. Fica dois jogos de fora e volta frente ao Leixões, fazendo um jogo…que não fazia sentido, tendo em conta o histórico do jovem. Energético como sempre, mas voluntarioso, a passar bem a bola e na altura certa, jogando e fazendo jogar, com discernimento acima do normal e a fazer os adeptos pensar que Jesualdo tinha recuperado o jogador no sector que interessava mais, a mentalidade competitiva.

Engano. O jogo contra o Chelsea, apesar das circunstâncias atenuantes, volta a mostrar um Hulk mais individualista e com metafóricas pálas nos olhos, a olhar só para a frente e com pouca claridivência em campo. Frente ao Braga voltou a jogar mal, com simulações ridículas e pouco inteligentes que não ajudaram a equipa e apenas serviram para encinzentar ainda mais a imagem do próprio jogador perante os adeptos que tanto o apoiam e procuram nele um salvador para alguns momentos de menos capacidade criativa do colectivo.
Com Hulk estamos a perder batalhas sucessivas pela reabilitação moral do jogador. Jesualdo tem uma imagem de professor calmo e compassivo, que trata os jogadores por tu e que acaba por conseguir pegar em fulanos aparentemente irrecuperáveis e transformá-los em jogadores úteis à equipa. Neste caso, as batalhas que estamos a perder têm sido consecutivas e importantes, e começamos a ter pouco tempo para rentabilizar o jogador que pode ser fulcral para levar o clube às glórias que pretendemos.
Como a Inglaterra de Montgomery no Norte de África, depois das batalhas perdidas acabou por vencer a guerra. Será que Hulk vai ser o nosso Monty?
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Lei de Godwin


Tem sido uma semana do carago. Depois do empate do FC Porto no passado Domingo em Paços de Ferreira, seguido do mesmo resultado no Benfica vs Marítimo, toda a imprensa e entidades relacionadas com futebol (Federação, árbitros, jogadores e vendedores de bebidas alcoólicas) têm-se divertido à grande com insultos mútuos a Xistra e Soares Dias, entre grandes retrospectivas da qualidade das suas actuações e insinuações perniciosas quanto às afecções clubísticas de cada um dos indivíduos. Tenho-me mantido a curta distância desta feira, porém perto e sempre à escuta. É interessante aperceber-mo-nos dos excessos de linguagem e de avançadas teorias da conspiração (atente-se, nem todas erradas) que são colocadas na praça pública e que mais cedo ou mais tarde serão relembradas em mais um regresso ao passado, a realizar na próxima vez que um deles errar.

Toda esta algazarra me fez lembrar da Lei de Godwin, tão querida do mundo geek (de que faço parte) e que se define pela seguinte frase:
“À medida que duração de uma discussão aumenta, a probabilidade de haver uma comparação envolvendo Nazis ou Hitler aproxima-se de 100%.”

É simples, não é? E já chegamos a uma confirmação inequívoca da Lei, no site Futebolar. Aqui, no comentário de um certo Checobel (fazer scroll para baixo e lá encontrarão a referência).
É inútil lançar achas para a proverbial fogueira. Hulk apanhou dois jogos e mais não vale a pena comentar. Que goze o descanso e que volte com mais cabeça fria. É uma das coisas que precisa para render o que pode render. Os adeptos agradecem.
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Baías e Baronis – Época 2008/09 – Hulk


HULK

Admito que quando o vi chegar pensei “ora bem, este vem da segunda divisão japonesa, parece-me bem, este é grande vedeta para ser despachado para o Setúbal a meio da época”. Enganei-me tanto como me enganei quando comprei EDP Renováveis na entrada em bolsa. O rapaz impressiona pela força, velocidade, o primeiro nome, potência de remate e a alcunha ridícula. Fez uma época em crescendo até os jogadores das outras equipas terem começado a ceifar o tipo com a complacência dos árbitros (o jogo em Guimarães é ridículo), chegando ao cúmulo da meia-final da Taça de Portugal, onde Nei desfez o fulano com mais uma sarrafada e o encostou até ao fim do ano. Marcou, também para a Taça, um dos melhores golos que tenho memória, correndo 60 metros à frente do Rochemback e fuzilando Rui Patrício em pleno Alvalade XXI. Todos os adeptos esperam ver mais dele, e especialmente mais inteligência em campo. Pode ser um dos melhores jogadores do mundo se continuar a evoluir. Espero que o confirme no Porto!
VEREDICTO: BAÍA
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