Ouve lá ó Mister – Feirense

Companheiro Nuno,

Espero que tenhas tido um Natal impecável, com bom vinho a acompanhar uma bela refeição, miudagem com prendas (os que se portaram bem, claro) e boa disposição em geral. Não sei se posso dizer que o mereceste totalmente, mas haja esperança num futuro melhor e se essa esperança se pode manifestar nalgum momento, que seja no Natal. Dito isto, vamos a assuntos mais importantes: a bola.

Já sabes que nem eu nem a grande maioria da malta se importa muito com a Taça da Liga. Sim, é uma competição nacional que até dá um prémio monetário jeitoso mas ninguém se preocupa muito com isso a não ser que esteja na final, um bocado como a Taça, a verdadeira e original. Mas como já fomos corridos dessa, talvez tenhamos de ligar um poucochinho mais a esta só para não parecer mal seres eliminado já de mais uma competição. É que só faltam mais duas e numa delas vamos a alguns pontos do primeiro, para não falar da outra onde vamos jogar contra um clube que…vá, digamos que o histórico não é o mais favorável para nós, correcto? Por isso tenta não desprezar em completo este jogo e ao menos dá uma alegria à malta que lá vai estar hoje no Dragão a apoiar-te e aos teus. Não contes comigo que estou a tentar dar um pontapé na gripe ou resfriado ou constipação do tamanho dos Clérigos que se abateu sobre mim desde o Natal. Dá-me uma alegria a mim também, sim? Agradecido.

Sou quem sabes,
Jorge

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Ouve lá ó Mister – Chaves

Companheiro Nuno,

Podes encarar este jogo de duas formas diferentes. A primeira envolve uma boca a espumar de revolta, o doce sabor da vingança nos lábios, a sensação de cumprir o dever que foi esquecido aqui há umas semanas numa fria noite transmontana que nos tramou o espírito e nos fez salivar durante mais uns jogos por um miserável golo que parecia estar escondido das nossas mentes e das nossas almas. Essa forma de encarar o jogo é engraçada mas utópica e pode levar a chatices porque quando metes emoção ao barulho há sempre hipótese de deixares que ela comande os teus pensamentos quando as coisas não correm bem nos primeiros minutos. Há, portanto, uma outra forma.

Jogar futebol em condições. Entrar em campo com a vista focada no resultado, com tranquilidade e paz de alma, trocando a bola decentemente, furando quando é preciso furar, rematando quando houver oportunidade para o fazer e acima de tudo com eficácia na rotação do meio-campo, assertividade no controlo da zona defensiva e mais importante que tudo: não adormecer se conseguirmos uma vantagem no resultado. O Chaves pode vir sem treinador (ou com treinador a prazo, ainda não sei muito bem) mas os onze que estarão em campo vão lembrar-se do que nos fizeram na Taça e têm a lição bem estudada para o repetir. Não os deixes.

Sou quem sabes,
Jorge

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Ouve lá ó Mister – Marítimo

Companheiro Nuno,

Por esta não esperava eu. Um jogo para o campeonato a uma quinta-feira à noite, seguido por outro a uma segunda-feira, também à noite. Não há feriados, não há quaisquer finais da Champions para as quais estamos a descansar, com o campeonato já ganho. Não há previsões de extermínio da humanidade num futuro muito próximo, a VCI não vai romper-se numa chuva de alcatrão e prumos afiados nem a torre dos clérigos está em risco de tolher a malta a pedir um latte no Costa. Ou seja, não faço puto de ideia porque é que estamos a enfiar os jogos todos num espaço tão curto antes do Natal até porque nos arriscamos a lixar a boa sequência que temos vindo a ter. Temos pernas para isto? Para esta sequência à inglesa? Ou vais começar a inventar e a rodar a malta? É que nesta altura podemos lixar tudo que temos vindo a (re)construir e são dois jogos seguidos em casa que nos podem dar seis pontos e manter na luta…ou arrumar-nos de vez. Outra vez.

Pá, tou ansioso e sou um pessimista do carago, não sou, Nuno? Convence-me do contrário.

Sou quem sabes,
Jorge

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Ouve lá ó Mister – Feirense

Companheiro Nuno,

 

Papo cheio. É assim que estamos depois daquela tareia que demos nos ingleses na quarta-feira e se a pança ficou inchada com a quantidade de golos que conseguimos marcar depois de uma terrível seca, vai sentir muito a diferença quando voltarmos a situações normais, que prevejo possa acontecer hoje. O Feirense não é uma equipa de topo, longe disso, mas é com estes mini-clubes, honrados e lutadores, que costumamos perder pontos e moral. Como um homem que atravessa um deserto e enfarda cinco latas de limonada de uma só vez quando chega a um oásis (com máquinas de vending, só para compor a metáfora), também temos de assumir que este jogo vai ter a sua dificuldade e que nos vamos ver lixados para enfiar um ou mais golos hoje à tarde.

Por isso há que acalmar a turba e partir para o próximo encontro. Dezembro está a correr melhor que os outros meses mas não é razão para nos sentarmos a relaxar em demasia e a agradecer as bênçãos que nos foram atiradas para cima nos últimos dois jogos. Este é tão importante como qualquer outro que jogues até ao final do campeonato e nada melhor do que uma vitória para podermos ver o derby no sofá, cientes de que qualquer resultado é bom para nós, com os três pontos bem guardadinhos.

Não desperdices esta bagagem moral, Nuno. Vai para cima deles, ganha o jogo e depois podes descansar até quinta-feira. Só aí podes descansar, ouviste?!

Sou quem sabes,
Jorge

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Ouve lá ó Mister – Leicester

Companheiro Nuno,

Se um gajo se alhear das críticas a treinadores, dirigentes, árbitros, jornalistas, tudo que respira o mesmo ar que nós mas parece viver noutra galáxia bem longe cá do burgo, se conseguirmos fugir a essa realidade tão diária e pressionante e virmos o jogo contra o Braga da perspectiva de um amante da bola, a verdade é que foi um jogaço. Nem sempre bem jogado, com níveis de eficácia a roçar o zero mas emoção lá em cima a raspar tinta do poste. Excelente metáfora, não, especialmente tendo em conta o que se passou durante o jogo! Foi um grande jogo que vai deixar memórias vivas, excitantes, que durarão enquanto estivermos vivos e conscientes! Todos se vão lembrar do jogo em que quebramos a “Grande Barreira da Baliza Contrária” e logo aos noventa e cinco minutos do quinto jogo! Fucking epic, dude, I tell ya.

Mas ninguém se vai lembrar do jogo seguinte, garanto-te. Mesmo que ganhes, ninguém se vai lembrar deste. Mas é tanto ou mais importante que o jogo que passou, porque está em campo uma equipa bem melhor que o Braga, numa competição de nível mais exigente que o nosso campeonato e com uma exposição mundial que não se compara ao que temos por cá. Podes dar o spin que quiseres, a verdade é essa. E como já fizemos bastante caquinha nos jogos anteriores, este tem mesmo de ser ganho para limpar as teias de aranha das balizas adversárias de uma vez por todas!

Factor extra de motivação: ganhar a ingleses. Empurrar os focinhos deles para a lama e fazer com que abafem a moral e a cagança do costume. Vamos. Vamos. VAMOS!

Sou quem sabes,
Jorge

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