Ouve lá ó Mister – Marítimo

Companheiro Nuno,

Por esta não esperava eu. Um jogo para o campeonato a uma quinta-feira à noite, seguido por outro a uma segunda-feira, também à noite. Não há feriados, não há quaisquer finais da Champions para as quais estamos a descansar, com o campeonato já ganho. Não há previsões de extermínio da humanidade num futuro muito próximo, a VCI não vai romper-se numa chuva de alcatrão e prumos afiados nem a torre dos clérigos está em risco de tolher a malta a pedir um latte no Costa. Ou seja, não faço puto de ideia porque é que estamos a enfiar os jogos todos num espaço tão curto antes do Natal até porque nos arriscamos a lixar a boa sequência que temos vindo a ter. Temos pernas para isto? Para esta sequência à inglesa? Ou vais começar a inventar e a rodar a malta? É que nesta altura podemos lixar tudo que temos vindo a (re)construir e são dois jogos seguidos em casa que nos podem dar seis pontos e manter na luta…ou arrumar-nos de vez. Outra vez.

Pá, tou ansioso e sou um pessimista do carago, não sou, Nuno? Convence-me do contrário.

Sou quem sabes,
Jorge

Link:

Baías e Baronis – Feirense 0 vs 4 FC Porto

375845_galeria_feirense_x_fc_porto_liga_nos_2016_17_campeonato_jornada_13-jpg

Não há fome que não dê em fartura, mas não estava à espera de um resultado tão positivo hoje na Feira. A expulsão de Ícaro ajudou e muito mas hoje houve mais uma vez eficácia, sentido prático e inteligência em jogo, algo que faltou em vários jogos até ao confronto contra o Braga. É de notar exactamente isso, a tranquilidade com que a equipa esteve em campo e a forma como encarou o jogo de uma forma séria mas sem o peso da necessidade de obter um resultado positivo durante uma hora e meia…talvez por ter conseguido chegar lá aos três minutos. Foi jeitoso e merecido. Bora lá a notas:

(+) Óliver. Gostava de ter os teus pés, Óliver. E também gostava de ter a tua visão de jogo, a tua capacidade de rotação em posse e a tua inteligência em campo. Gostava também de ter uma máquina para poder extrair essas tuas mais-valias e colocá-las na cabeça de tantos outros moços que por cá passaram e que não conseguem mostrar em campo um microscópica parte do que tu fazes regularmente no relvado com tanta naturalidade. Perfeito, perfeito!

(+) Danilo. Quando virem uma bola do adversário a ser enviada para a frente em ataque organizado ou em lançamento longo e virem uma enorme parede núbia a deslocar-se rapidamente para a intercepção, é possível que estejam a fazer contas e a acreditar no insucesso da iniciativa. Porque Danilo estende-se pelo campo e consegue colocar entraves suficientes à construção de lances ofensivos de uma forma constante, especialmente na cobertura do espaço que tão bem tem vindo a fazer. Mais um excelente jogo.

(+) Brahimi. Dinâmico e acima de tudo dinamizador, esteve muito bem na criação de lances ofensivos individuais (um golo e várias outras tentativas) mas também brilhou na forma como se entendeu com os colegas e com o “seu” lateral, que o apoiou sempre muito bem. Presumo que Nuno já tenha decidido de vez que Otávio não pode ser opção daquele lado…mas estou à espera de saber quem lá vai jogar quando o Yacine for para a CAN em Janeiro…

(+) Defesa a zeros. Montanhas de minutos consecutivos sem sofrer um único golo para o campeonato; cinco golos sofridos em treze jogos; sem sofrer um golo fora desde Agosto. São números interessantes de uma defesa que se está a mostrar segura, prática, intensa e rija. Marcano e Felipe em bom destaque mas Maxi e Telles (com Layún também ao barulho) em bom plano até agora. Só posso esperar que continuem assim.

(-) Não podemos lamentar a sorte e passar a depender dela. Vários jogos sem golos, com penalties roubados e/ou não concretizados, ineficácia absoluta e superioridade no relvado a não se fazer reflectir no resultado. Depois, milagre, tudo se encaixou, os golos começaram a entrar, os penalties também e a superioridade numérica, que no período negro já se tinha visto (em casa contra o Belém para a Taça da Liga) e não tinha ajudado, tem sido figura omnipresente nos últimos dois jogos do campeonato. Curiosamente, vencemos ambos. Não questionando nenhuma das expulsões (ambas semelhantes e legítimas, do que me lembro, se bem que me podem sempre relembrar a tripla punição e o facto de poder ou não ser usada), é preciso reaprender a jogar contra onze e não contar com este facilitismo numérico. Sim, posso estar a exagerar mas fica já o aviso.


Venha o que vier da Luz…nunca será mau de todo. Fizemos o nosso trabalho e estamos de parabéns por isso. Agora, venha o Marítimo na quinta-feira para continuar a boa onda!

Link:

Ouve lá ó Mister – Feirense

Companheiro Nuno,

 

Papo cheio. É assim que estamos depois daquela tareia que demos nos ingleses na quarta-feira e se a pança ficou inchada com a quantidade de golos que conseguimos marcar depois de uma terrível seca, vai sentir muito a diferença quando voltarmos a situações normais, que prevejo possa acontecer hoje. O Feirense não é uma equipa de topo, longe disso, mas é com estes mini-clubes, honrados e lutadores, que costumamos perder pontos e moral. Como um homem que atravessa um deserto e enfarda cinco latas de limonada de uma só vez quando chega a um oásis (com máquinas de vending, só para compor a metáfora), também temos de assumir que este jogo vai ter a sua dificuldade e que nos vamos ver lixados para enfiar um ou mais golos hoje à tarde.

Por isso há que acalmar a turba e partir para o próximo encontro. Dezembro está a correr melhor que os outros meses mas não é razão para nos sentarmos a relaxar em demasia e a agradecer as bênçãos que nos foram atiradas para cima nos últimos dois jogos. Este é tão importante como qualquer outro que jogues até ao final do campeonato e nada melhor do que uma vitória para podermos ver o derby no sofá, cientes de que qualquer resultado é bom para nós, com os três pontos bem guardadinhos.

Não desperdices esta bagagem moral, Nuno. Vai para cima deles, ganha o jogo e depois podes descansar até quinta-feira. Só aí podes descansar, ouviste?!

Sou quem sabes,
Jorge

Link:

Baías e Baronis – FC Porto 5 vs 0 Leicester

15350683_690974957743294_4334566786517787632_n

Às vezes há noites assim, em que tudo parece correr bem, o adversário não consegue conter a nossa organização e vontade, os lances surgem com fluidez nascida da tranquilidade e os golos aparecem naturalmente, orgânicos, fáceis, a espaços com a grandiosidade das escolhas certas nos momentos certos. Foi assim ontem à noite e poderia ter sido bem mais complicado se o Leicester não tivesse optado por alinhar com uma segunda equipa, mas fizemos bem mais do que o suficiente para vencer. Noutros jogos não chegou. Ontem sobrou e ainda bem. Vamos a notas:

(+) Todos. Não consigo encontrar uma única nota negativa na exibição de ontem. A equipa jogou com harmonia, entrega e boas decisões. Abriu quando precisava de abrir, fechou quando era necessário conter, travou a batalha do meio-campo de uma forma inteligente, criando os espaços necessários para que os melhores conseguissem brilhar e mostrou-se calma nos momentos certos. A organização de Óliver foi perfeita, os lances individuais de Brahimi estiveram quase sempre no ponto, o trabalho de André Silva e Jota foi bem delineado e melhor executado, o controlo de bola de Corona foi Messiesco e a disponibilidade física de Maxi foi de topo. Quando tudo corre bem nem precisamos de destacar o individual porque ontem quem brilhou mais foi a equipa como um todo, numa mensagem de paz para fora do relvado e o regresso da empatia com os adeptos. Sim, foi só um jogo. Sim, o adversário não era tão forte como o que nos defrontou no jogo em Inglaterra, com menos rotinas e muito menos talento. Mas quem não consegue ganhar a um Tondela, um Setúbal, dois Belenenses ou um Chaves não tem suporte moral para assumir que vai conseguir vencer um Leicester B. E esta vitória é, tal como a do Braga, um resultado que ajuda a fazer uma equipa. Esperemos que dure.

(+) Os golos. Marcaram-se alguns golaços ontem à noite, desde o remate de primeira (com o pé esquerdo) de Corona ao calcanhar de Brahimi (um argelino tem de marcar assim na Champions, está no contrato moral), seguindo o tiro de Jota, a cabeça de André Silva e o penalty do mesmo. Várias opções, várias formas diferentes de enfiar a bola lá dentro. A prova de que quando tudo corre bem não há Marafonas que evitem os golos.

(+) O penalty do André. Tomemos como comparação o que fez este mesmo menino no passado fim-de-semana contra o Braga. O nervosismo na corrida, o ligeiro inclinar do corpo para o lado, suficiente para denotar para onde iria chutar, na tentativa de acertar na baliza esperando que o guarda-redes falhe a aposta. Os ombros encolhidos, tensos, trémulos. O lamento no falhanço, mais um falhanço, mais uma oportunidade adiada para celebrar. E depois olhemos para o jogo de ontem e o lance em tudo parecido e ao mesmo tempo tão diferente. A leveza no movimento. O enganar do guarda-redes, a colocação da bola, a facilidade aparente de uma oportunidade que é tudo menos fácil. Há uma enorme diferença entre marcar um penalty quando se está confiante ou quando se imita Atlas a suportar o peso do mundo nos braços erguidos acima da cabeça.

(-) Talvez seja preciso rever as regras da Champions. Este ano correu tudo bem mas podia ter sido bem diferente. Sei que é uma opção técnica de cada treinador e se Ranieri deixou metade da equipa em Inglaterra só podemos ficar satisfeitos e pensar que nos sorriu a sorte. Mas o FC Porto teve uma vantagem que outros não tiveram e se daqui a uns anos estivermos no lugar do Copenhaga a pensar “porra, aqueles gajos levaram os mancos para Portugal mas nós jogámos contra uma equipa em condições!”, talvez fiquemos a criticar a organização por permitir este tipo de alheamento competitivo que favorece terceiros sem querer. Não sei se é viável ou sequer desejável, mas gostava muito de não ter de escrever um post a lamentar este tipo de facilitismos dados ao adversário…


Objectivo conseguido, oitavos da Champions no horizonte e mais alguns milhões no bolso. Noites perfeitas destas não aparecem todos os dias, por isso festejemos…pelo menos até Domingo!

Link: