Baías e Baronis – Vitória Setúbal 0 vs 0 FC Porto

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Bye bye, confiança. Adios, moral. Auf wiedersehen crédito do último jogo. Não conseguimos passar uma equipa lutadora mas limitada por culpa da nossa própria ineficácia e de nunca conseguirmos lutar contra um árbitro que fez quase tudo para que o jogo ficasse bem inclinadinho para o lado do adversário. Mas se o árbitro tem culpa nalguma parte, não tem decerto culpa das defesas de Bruno Varela nem da incapacidade de Otávio ou Corona em furar a defesa, muito menos da lateralização em excesso que tivemos durante grande parte do jogo. Perdemos pontos por culpa própria. Notas abaixo:

(+) Felipe. Forte no contacto, prático no corte e lutador em todo o jogo, foi permanente o inconformismo do brasileiro perante a incapacidade dos colegas em enfiar a bola dentro da baliza, ele que ganhava as bolas todas lá atrás e que sem dúvida quereria ter marcado um golo para vencer a partida. Bem tentou, incluindo uma subida pelo flanco e excelentes desmarcações nos cantos, que foram mais uma vez estupendamente mal batidos.

(+) Danilo. Fortíssimo na intercepção e no controlo do meio-campo, foi mais uma vez o principal responsável por barrar incursões do Setúbal pelo centro do terreno e recuperou montanhas de bolas pelo chão e várias pelo ar. Só precisava de conseguir ser um bocadinho mais incisivo na progressão ao nível da relva, porque tem capacidade física para isso e traria desequilíbrios que podiam decidir uma partida destas, mas as instruções que tem são para ficar naquela zona e deixar Óliver e Herrera tratar das despesas ofensivas. É pena.

(+) O apoio do público portista no Bonfim. Largos milhares de portistas a sul do Tejo mostraram que o clube está vivo e continua a acreditar na sua equipa. Ou isso ou foram todos ao festival do choco frito, que neste final de tarde trouxe com toda a certeza mais alegrias que o jogo dentro do estádio. Gostei de ver e de ouvir.

(-) Ineficácia. Jota, André, Jota, Jota, André, Óliver, Otávio, Marcano, Felipe, Óliver, Jota, André…e a lista podia continuar, tantos foram os remates e tentativas de remate que fizemos durante o jogo e nenhuma delas conseguiu entrar na baliza. Assim é impossível conseguir ganhar um jogo em condições e aposto que mesmo que o adversário tivesse jogado apenas com o guarda-redes e mais um ou outro manco na defesa, ainda assim não tínhamos conseguido marcar. E bastava um golinho para acabar logo com o jogo. Não conseguimos e esse foi o nosso grande pecado.

(-) Arbitragem. Não falo sequer do penalty porque apesar de me parecer que houve contacto, se Otávio não tivesse feito tanta fita ao cair era muito difícil justificar não o marcar. Mas foi acima de tudo aquela caseirice de permitir jogo duro e com os braços a todos os jogadores do Setúbal, apontando todas e quaisquer faltinhas que os nossos jogadores fizessem. É incrível que poucos homens da casa tenham visto cartão com tantas faltas que fizeram…ah, pois, mas tinham de ser assinaladas para que houvesse hipótese de mostrar cartão, não é? Lei da vantagem permanente para o jogo com os braços (a imagem que escolhi foi repetida, com estes ou outros intervenientes, durante todo o jogo), dualidade de critérios demasiado evidente e uma ridícula gestão do tempo de jogo. Não justificando o empate com erros do árbitro, a verdade é que muitas jogadas foram perdidas sem razão para tal. Assim é mais difícil, lá isso é…

(-) Os furadores. Nem Otávio nem os dois que vieram do banco, Corona e Brahimi, conseguiram furar pela defesa de uma forma consistente, usando ou não o apoio dos laterais. Em parte por culpa própria mas também pelo pouco apoio que tinham e da quantidade absurda de homens do Setúbal que nunca os deixaram passar. Há uma imagem terrível na segunda parte onde Corona recebe a bola e vê-se rodeado por quatro adversários. Layún, subindo para receber a bola, lá a consegue receber para a endossar novamente a Corona que a retorna para o compatriota. E os minutos iam passando, sempre sem conseguirem grande profundidade.


Nada está perdido, mais uma vez, mas desperdiçar pontos num jogo que deveria ser tranquilo pode lixar as contas mais lá para a frente. Nada está perdido a não ser a moral que trazíamos da semana passada. Venham Brugge e Benfica para elevar outra vez a confiança!

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Ouve lá ó Mister – Setúbal

Companheiro Nuno,

ALL IS WELL, SON! Estamos todos entusiasmados com a visita ao Sado com o festival do choco frito a encher panças e o grande FC Porto a passear em Setúbal enquanto vence um jogo que tem sido bastante acessível nos últimos anos e esperamos que continue a sê-lo. Mas…

Mas é uma bela trampa quando a malta está bem disposta e depois leva uma lança no lombo quando ao fim de noventa minutos verificamos que todas as coisas que poderiam correr mal, vão correr mal. O Murphy é um cabrão do carago e quando se lembra de se virar contra nózes, a trampa atinge a ventoínha com uma pujança que faz com que milhões de viciados em splatter porn se vinguem dos olhares que recebem na rua com risos malévolos e atitudes de desprezo que não ficam bem a ninguém. Nem a splatterpornófilos. Continuando.

O que interessa é acalmar um bocadinho a malta, dentro e fora do campo. Uma vitória jeitosa como a de semana passada não chega para ganhar o campeonato e aquele nível de exibição, aquela energia e qualidade de jogo tem de ser repetidas semana após semana, seja contra quem for, Setúbal ou Arouca, Belenenses ou Benfica. Por isso estou a contar com um jogo sério, com intensidade, boas trocas de bola, inteligência na frente de ataque e um alheamento geral da sorte. Nós é que temos de fazer a nossa própria sorte, de uma forma muito simples: marcando mais golos que os outros. Parece-te bem? Força nisso!

Sou quem sabes,
Jorge

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Baías e Baronis – FC Porto 3 vs 0 Arouca

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Estes são os jogos que ajudam a criar equipas, que rotinam os jogadores e as movimentações pela tentativa, erro e tentativa subsequente com ligeiras diferenças em relação à primeira. Sim, o adversário foi fraco, mas a equipa mostrou-se empenhada, apesar de algo emperrada nalgumas alturas do jogo mas sem nunca facilitar nem travar em demasia. Gostei de ver, mesmo com a chuva que me encharcou à chegada e depois da saída. Pobre Iker, a apanhar aquela tromba de água sem ter nada para fazer. Notas, bem molhadinhas, já de seguida:

(+) Danilo. Foi o principal responsável do ritmo da equipa se manter em alta e da bola estar quase em permanência no meio-campo do Arouca, tantas foram as bolas que recuperou em posições chave no meio-campo. Óliver esteve bem a criar, menos bem a lutar, ao passo que Herrera parecia ter, passo a citar o meu amigo da cadeira ao lado, “duas posições no intensiómetro”, porque não conseguia fazer passes normais. Mas Danilo esteve acima de todos e só tenho pena que a sua presença acabe por sentar Ruben no banco, mas numa altura em que a equipa precisa de músculo, jogo aéreo e um homem que cubra vastos terrenos para tapar o miolo, Danilo está a ganhar aos pontos.

(+) Jota cria, André mata. Adorável o entendimento destes dois moços, que começam a assinar uma parelha que só não me vai chatear ver desfeita porque imagino que irão ambos sair no fim do ano e ninguém fica a chorar por cá. É muito interessante ver a forma como Jota deambula pelo campo como segundo avançado que por vezes parece um box-to-box, a arrastar o jogo para a frente e a ser um elemento importante na construção ofensiva tanto pelas possibilidades de tabelinha com Óliver e André Silva mas também pela velocidade que imprime ao jogo. Já André, depois de mais um jogo esforçadíssimo (o homem ainda corria aos 90 minutos e corria bem) soma mais dois golos com duas assistências de Jota e mostra que um ponta-de-lança nem sempre se compra. Às vezes pode-se mesmo formar.

(+) Aqueles talentos, bem aproveitados… As duas jogadas que começaram e terminaram o encontro são paradigmáticas do que temos e do que podemos vir a agradecer aos céus de ainda termos. São lances que definem partidas, que mostram que a capacidade técnica, criatividade e audácia podem gerar frutos e trazer alegrias enormes ao povo e à equipa. O lance de Corona é prova da audácia em pouco espaço, com o trabalho do “twinkle-toes” mexicano que depois de um domínio de bola complicado consegue passar por dois homens e vê o poste a abanar o dedo indicador naquele tradicional gesto de “não, não, meu menino, ainda não vai ser desta”, um azar que impede um dos golos do ano de se concretizar. Já o golo de Brahimi é a audácia em velocidade, em drible contínuo e sem medo, fugindo de uma locomotiva arouquesa e desfazendo rins alheios para enfiar a bola lá dentro, isto depois de perder dois ou três lances quase idênticos. E Brahimi, já chateado pelos assobios que já começaram a vir da bancada (*suspiro*), lá fez a vontade ao povo e marcou um belo tento. Estes dois homens podem ser vitais até ao final da época, é só quererem.

(-) As limitações de Telles. O rapaz até se esforça, não me levem a mal. E é tecnicamente interessante no controlo de bola pela linha, suficientemente forte pelo ar para ganhar duelos e empenhado na defesa do 1×1. Mas é tão exasperante vê-lo a cruzar bola atrás de bola com força a mais ou a menos, nunca com o arco, o efeito e a força certas para criar perigo. E é limitado (ou limita-se, talvez) na forma como não faz as diagonais “à Alex Sandro” que nos habituamos a ver e que são tão importantes no futebol actual. Percebo que Nuno o use quase como ala à antiga, quando a equipa se transforma naquela espécie de 3-5-2 na construção ofensiva enquanto a bola está nos flancos, mas esperava que fosse um rapaz menos…limitado. Não encontro um termo melhor, desculpem as repetições.


Trabalho feito, mais três pontos e definitivamente recuperada a derrota em Alvalade na classificação. Passo a passo, amigos, passo a passo.

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Ouve lá ó Mister – Arouca

Companheiro Nuno,

Ufa que lá nos safámos na terça-feira pelas pontinhas dos cabelinhos, rapaz! É sempre engraçado polvilhar alguma emoção nestes jogos da Champions contra as equipas mais fracas por isso compreendo perfeitamente a entrada em jogo e as deliberadas desatenções defensivas, somadas à inépcia no meio-campo e ataque, tudo bem calculado para que a partida tivesse aquele soupçon extra de emotividade, foi um plano muito bem delineado e executado e de certeza que as audiências subirão em flecha, porque sabe-se lá o que faremos prá semana? Auto-golos? O Felipe pode ajudar-te nisso, mas talvez seja melhor limitar o entusiasmo do povo, afinal há muito mais para jogar e é preciso balancear os batimentos cardíacos para aguentar o resto da época sem o miocárdio a rebentar-se todinho.

E agora que vem o Arouca, pá…que diabos, aqui há uns anos se me dissessem que vinha aí o Arouca, o mais provável era responder: “Estes jogos da Taça contra equipas mais pequenas podem ser lixados”. Mas agora não, anda tudo ao mesmo nível e temos mesmo de lhes ganhar com a noção de que não tarda nada estamos a jogar contra o Gafanha na primeira divisão. Enfim, sic transit gloria mundi e coisas que tais. Ao menos não jogas de amarelo e azul! Hoje!

Vamos a isso, uma vitória tranquila para não enervar mais a malta. Quero uma noite de sábado descansada, pá!

Sou quem sabes,
Jorge

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Baías e Baronis – Club Brugge 1 vs 2 FC Porto

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Não se faz, amigos. Isto é jogo para um gajo misturar emoções como uma bruxa a fazer um feitiço naqueles caldeirões gigantes que têm nos filmes, praí comprados no Witches’R’Us ou qualquer outra loja da especialidade. Nervosismo, fúria, consternação, entusiasmo, euforia. Isto não se compra, minha gente, e mesmo um jogo contra uma equipa fraquita (e até as equipas fraquitas parecem sempre trocar a bola melhor que nós, a sério que me chateia ver isso em campo) dá para elevar a alma e ficar a gritar em total silêncio às duas da manhã, com os braços erguidos e uma expressão de vitória e alívio na face. Se acham que sou doente por pensar e viver assim, estão no vosso direito. Fico bem de qualquer maneira. Vamos a notas:

(+) As entradas de Brahimi e Corona. A equipa pedia extremos desde o início do jogo e notou-se bem que a entrada destes dois homens revolucionou a forma de jogar e adicionou mais-valias nas zonas onde eram mais necessárias. Nenhum dos dois fez um jogo extraordinário mas Corona acabou por sofrer o penalty que deu o golo da vitória e Brahimi trouxe a imprevisibilidade que Otávio nunca tinha conseguido injectar no jogo e só faltou soltar a bola um pouco mais cedo para ter tido mais impacto. Mas Yacine será Yacine, toujours.

(+) Danilo. Foi um jogador forte quando precisávamos de um jogador forte. E usou bem a capacidade física para recuperar algumas bolas no meio-campo mas acima de tudo para arrastar o jogo umas dezenas de metros para a frente quando a maior parte dos colegas pareciam travados e presos em eternas auto-rotações (Óliver), demandas solitárias (Otávio) ou whateverthefuckhewasdoing (Herrera). Deve ter acabado o jogo exausto.

(+) O penalty. Lembro-me de um penalty de Figo no Estádio das Antas perante dezenas de milhares de adeptos ensopados depois de um jogo em que tudo corria mal, frente à Holanda. Lembro-me do homem partir para a bola, depois de Portugal ter reduzido para 1-2 e o penalty daria o empate à equipa. Nunca mais me esquecerei desse momento, onde milhares de vozes gritavam, ganiam, tremiam pelo golo que estava mesmo ali à frente dos olhos mas que ninguém garantia que fosse uma certeza. E só pensava no homem que começava a correr para a bola e na pressão que devia estar a sentir. André, meu menino, parabéns. Eu tinha-me borrado todo mal pusesse a bola na marca e começasse a recuar.

(-) A confirmação. O FC Porto ganhou apesar de Nuno. Porque se este jogo serviu para mais alguma coisa, para lá do guito e dos três pontos que desesperadamente precisávamos, foi para confirmar que o nosso treinador é, de facto, um cagarolas. Talvez seja uma palavra demasiado forte. É um medroso. Sim, eufemizemos para mais tarde recordar com menos excitações. A estratégia para o jogo foi montada por forma a conseguirmos ter a bola mas não fazer grande coisa com ela, para encharcarmos o meio-campo de jogadores onde não havia espaço para passar um fio de norte pelo rego da Kate Upton e apenas lá prós sessenta minutos é que Nuno optou por voltar ao 4-3-3. Sim, jogos diferentes podem exigir equipas diferentes e o 4-4-2 (ou 4-1-3-2, como quiserem) não está ainda cimentado para altos voos. Mas a minha crítica é independente da táctica, porque há uma ausência de surpresa na forma como a equipa muda de velocidade (como já se tinha visto em Leicester) e que coloca a equipa exposta ao risco, algo de que Nuno parece ter mais medo do que o André² de uma bola dividida. Se há risco para nós, também existe para os outros e Nuno prefere um 1-0 a um 4-3. O problema é quando o 1-0 é para eles…

(-) Herrera. Ah, Hector, mais um, não é? Mais um jogo lento, sem capacidade para rupturas, movimentações ousadas, corridas…eh pá, ao menos que andes em campo a um ritmo ligeiramente acima do trote de um cavalo numa prova de ensino e eu já ficava razoavelmente satisfeito. Mas não consegues e assim não consigo dar-te notas em condições. Mais uma vez.

(-) Otávio. Teve um jogo para esquecer, sem conseguir ser o jogador criativo que a equipa precisava, muito por culpa da forma como teve de andar minutos a fio emparedado por belgas. Mas sempre que pegou na bola mostrou-se pouco prático, complicativo e pouco lutador.

(-) Continuamos mansinhos. O golo do Brugge é apenas mais um exemplo da nossa forma mansa de estar em campo e que ainda não conseguimos despachar e não vejo possibilidade no horizonte dessa mentalidade mudar. A forma como permitimos que o adversário recupere bolas atrás de bolas em qualquer zona do estádio é de fazer um gajo querer começar a pingar sangue pelo recto e se o 1×1 físico e aéreo é algo a que não podemos aspirar a sermos melhores (tenhamos em conta que Óliver e Otávio são pouco mais pesados que hobbits), já na intercepção e controlo da zona defensiva temos muito a melhorar. Não somos mais fortes? Temos de ser mais rápidos.


Faltam três jogos. Faltam nove pontos. Afinal ainda dá para salvar esta merda.

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