
Olá.
O meu nome é Jorge e estou na parte descendente dos intas, naquela rampa onde se aproximam os entas e se lamenta a distância para os intes. A conversão para o portismo deu-se em pleno Prater, enquanto estudava nos arredores do Porto até aos meus 16 anos para depois seguir para a Invicta para o resto da minha educação. Trabalhei em várias empresas, do Porto ao Alentejo incluindo um ano no estrangeiro. Gosto de ler sci-fi distópica, ver filmes que me deixem a pensar e séries que me colem aos personagens. Sou um estudioso amador da Guerra Civil Americana, adoro web comics inteligentes, converti-me ao Twitter há pouco tempo e ouço psytrance enquanto trabalho. Tenho uma mulher benfiquista e uma filha que não tarda muito e talvez siga o mesmo caminho, a primeira final europeia que vi foi o desastre no Heysel Park, o primeiro campeonato que segui de início a fim foi o de 1991/1992 e a minha francesinha preferida é a do Yuko. Adoraria um dia vir a trabalhar no FC Porto e para o FC Porto, num sonho que um dia talvez se concretize. Vou ao Dragão frequentemente e não acompanho a equipa nas suas deslocações com a frequência que desejava, sou fã de tarte de lima merengada, favas com chouriço e dos golos do Falcao com a nossa camisola. Já bebi mais do que devia, já fumei mais do que devia e já celebrei com demasiada euforia as fintas do Capucho. Já vesti camisolas de anos e cores diferentes, já usei pêra e barba e já tomei banho nu à noite no mar. Estou-me completamente a obrar para quem está a comandar os destinos do meu clube desde que o faça com espírito de portismo, com devoção ao clube e com força para enfrentar os inimigos. Passei a detestar programas de opinião futebolística com painéis de comentadores afectos a clubes, alheio-me de jornais desportivos para lá das capas e é-me totalmente indiferente se as pessoas que estão a trabalhar no FC Porto se chamam Carlos, Pedro, Antero ou Luís.
Esta é a minha vida, interligada com o FC Porto como se dois caminhos ziguezagueantes que se cruzam de tempos a tempos sem pedir licença nem interferir um com o outro, serpenteando-se por entre as avenidas e becos da vida de um rapaz que é mais tímido do que parece e bem mais pessimista do que devia. E que só quer que o seu clube vingue ou caia para lado exausto quando não o consegue, erguendo-se de novo para lutar a próxima guerra. Seja quem for que estiver ao leme, que tenha a força de saber lutar e de se saber recolher quando não tiver força, de afiar as garras e de se atirar com a pujança de doze Hulks para cima do adversário, defendendo como quinze Baías e lutando como nove Joões Pintos.
Só assim me deixarão com orgulho. Quando não cederem perante o metal mas o forjarem para ser usado em nosso nome. Seja quem for, tenha o nome que tiver, a reputação que trouxer e a alma que mostrar. Só assim. Entretanto, viverei o dia-a-dia como gosto: na relva, não na mármore. Com chuteiras, não com sapatos de verniz. Com bolas, não com Montblancs. Com carrinhos, não com Panameras. E com amor ao futebol, não ao dinheiro.
Estão livres de discordar, de achar que sou um lírico e um sonhador, que só vejo as árvores e me alheio da floresta. Sou, não o escondo. E serei sempre assim. You’ve been warned.
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