Ouve lá ó Mister – Leicester

Companheiro Nuno,

Se um gajo se alhear das críticas a treinadores, dirigentes, árbitros, jornalistas, tudo que respira o mesmo ar que nós mas parece viver noutra galáxia bem longe cá do burgo, se conseguirmos fugir a essa realidade tão diária e pressionante e virmos o jogo contra o Braga da perspectiva de um amante da bola, a verdade é que foi um jogaço. Nem sempre bem jogado, com níveis de eficácia a roçar o zero mas emoção lá em cima a raspar tinta do poste. Excelente metáfora, não, especialmente tendo em conta o que se passou durante o jogo! Foi um grande jogo que vai deixar memórias vivas, excitantes, que durarão enquanto estivermos vivos e conscientes! Todos se vão lembrar do jogo em que quebramos a “Grande Barreira da Baliza Contrária” e logo aos noventa e cinco minutos do quinto jogo! Fucking epic, dude, I tell ya.

Mas ninguém se vai lembrar do jogo seguinte, garanto-te. Mesmo que ganhes, ninguém se vai lembrar deste. Mas é tanto ou mais importante que o jogo que passou, porque está em campo uma equipa bem melhor que o Braga, numa competição de nível mais exigente que o nosso campeonato e com uma exposição mundial que não se compara ao que temos por cá. Podes dar o spin que quiseres, a verdade é essa. E como já fizemos bastante caquinha nos jogos anteriores, este tem mesmo de ser ganho para limpar as teias de aranha das balizas adversárias de uma vez por todas!

Factor extra de motivação: ganhar a ingleses. Empurrar os focinhos deles para a lama e fazer com que abafem a moral e a cagança do costume. Vamos. Vamos. VAMOS!

Sou quem sabes,
Jorge

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Baías e Baronis – FC Porto 1 vs 0 Braga

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Lá para o meio do jogo diz-me um dos meus colegas de bancada: pá, “a um gajo sem sorte até pelo cu lhe entra a morte”. E a morte esteve ali à espreita, visível perante mais noventa e tal minutos de ataque contínuo, oportunidades desperdiçadas e uma sensação de desastre iminente que enervou toda a gente, dos jogadores às bancadas. Até entrar Rui Pedro, com elegância e determinação, a mostrar uma versão microscópica do que foi o momento Kelvin a muitos portistas que não estiveram presentes nesse outro jogo. Ufa. Vamos a notas:

(+) Rui Pedro. Acredito que os próximos dias vão ser cobertos de análises, de entrevistas aos pais, às vizinhas e à professora da escola primário onde o rapaz andou. Mas merece, pelo menos por agora. Rui Pedro é jovem, é portista, marcou dezenas de golos desde que joga com a nossa camisola e mostrou que vale a pena apostar na malta cá de casa. É certo que ainda tem muito para aprender e que pode um dia vir a seguir o caminho do miúdo com bigode incipiente ao lado do qual hoje jogou, mas já deixou a sua marca ao quebrar esta ridícula sequência de jogos sem vitórias nem golos. Só por isso merece ser convocado mais vezes.

(+) Maxi. Um jogão, como não o via fazer há algum tempo. Abnegado, sem desistir de um único lance, foi rijo em todas as vezes que teve um papel activo no jogo e apareceu muitas vezes na área, numa das quais a rematar à queima-roupa para (mais) uma defesa de Marafona. Tentou de tudo para a equipa conseguir a vitória e foi dos que mais a festejou, merecidamente.

(+) Brahimi. Agora que o Otávio se lesionou (não faço ideia se será grave), estarás agora pronto para jogar sempre, Yacine? Para ser titular e tentares a finta ou o remate durante noventa minutos. Diz que sim, rapaz, porque precisamos de ti. Precisamos desse talento, dessa capacidade de ruptura, desse bocadinho extra que mais ninguém parece conseguir atingir a jogar nas alas deste FC Porto (ver abaixo) e todos sabemos que consegues. É só quereres, porque nós já queremos há que tempos.

(-) Otávio. Jogo fraquíssimo de Otávio nos trinta e tal minutos que esteve em campo, com incessantes falhas no passe, tremenda dificuldade de locomoção com bola e pouca força na disputa de lances individuais. Saiu lesionado mas não garanto que não tenha entrado também com dores, porque foi muito fraco o que mostrou hoje.

(-) O cabrão do azar. [modo café on] Pá, não me lixem. É verdade que andamos a falhar muitos golos e penalties e o diabo, mas eu vejo equipas a marcarem golos com a nádega esquerda só porque estava virada para a baliza e nós não conseguimos entrar com a bola pela baliza dentro porque aposto que o cabrão do jogador ia tropeçar e passar a bola de calcanhar para o guarda-redes enquanto caía. Ele é livres, cabeçadas ao poste, remates que o keeper defende porque lhe cresce uma perna nova, tudo nos acontece e não conseguimos marcar um golo em condições com calma e tranquilidade! Pois, já sei, o problema é que quanto mais falhas mais medo tens de voltar a falhar e depois começam todos a tentar apontar a puta da bola para o buraquinho mais pequenino possível para não falharem mesmo e a baliza encolhe-se até ficar do tamanho de um cubículo do tamanho das de hóquei. E os guarda-redes também defendem tudo, agarram tudo, foda-se até bolas do poste recebem e sem saberem muito acabam por agarrar outra vez! Tenham lá calma e se querem estar com uma gaja antes ou depois do jogo, escolham uma bruxa! [modo café off]

(-) Bolas paradas ofensivas, mais uma vez. Os cantos do FC Porto são um desperdício atrás do outro. Não parecemos conseguir atinar com a forma de os marcar e saem quase sempre a baixa altura para o defesa cortar ao primeiro poste ou então em larguíssimo balão que nem vale a pena saltar porque o guarda-redes, a não ser que seja ceguinho ou se chame Rui Correia, vai agarrá-las todas facilmente pelo ar. Começámos bem a época mas pouco tempo depois foi uma descida a pique na produtividade de lances que podem desboquear um jogo. E bem precisamos de desbloqueadores de jogo quando o Rui Pedro não estiver para aí virado.


Uma jornada que pode ser extremamente positiva para nós, algo que não se via há muito tempo. Agora que está quebrado o enguiço, vamos ver como estão as pernas e a cabeça na quarta-feira. Outra final. E ainda vamos em Dezembro…

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Ouve lá ó Mister – Braga

Companheiro Nuno,

Um dos meus companheiros de bancada tem uma frase que repete desde há vários anos e que se tornou uma espécie de imagem de marca das nossas viagens até às Antas (que se transferiram para o Dragão quando fizemos esse upgrade de instalações que acarretou o downgrade de alma) e que era proferida por mim ou por ele, dependendo de qual de nós se lembrava primeiro. Era qualquer coisa como isto: “Tenho frio…tenho fome…foda-se.”. Esta frase, ou sequência de frasiúnculas se quiseres, é nossa. É uma representação daquilo que sentíamos durante aqueles longuíssimos jogos invernais onde se jogava mal, onde os passes eram fracos ou fortes demais, onde o vento que uivava a partir dos topos se abatiam sobre nós com a inclemência de um professor primário à antiga. E nós, miúdos, encontrávamos aí a forma de usar o vernáculo à vontade sem vigia de adultos, ao mesmo tempo que mostrávamos a nossa frustração pelo jogo não estar a corresponder às expectativas. Mas saindo de lá, tristes ou não, imediatamente fazíamos planos para voltar no próximo jogo, com a alegria da juventude e as faces ruborizadas de excitação por vermos o nosso clube.

Hoje em dia, a frase é parecida. Graças ao meu compincha, que transformou aquele conjunto de palavrinhas em algo um pouco mais composto e bem mais adulto, para não dizer idoso. Cá vai, sempre com vernáculo: “Oh meus amigos, não fodam mais esta merda porque fodido já está que chegue!”. É neste ponto que estamos. Com lamentos e sem desistências. Com infelicidades e sem miserabilizações. Com amor pelo clube e sem pena do clube. Com vontade de chegarmos ao dia seguinte com menos três pontos de distância para o líder e a lutar para lá chegarmos ainda mais depressa. E só depende de ti, Nuno. Só.

Sou quem sabes,
Jorge

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Baías e Baronis – FC Porto 0 vs 0 Belenenses

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Perguntaram-me durante a tarde quanto achava que ia ficar. A resposta foi fácil: zerazero. O jogo foi tão pobre que tenho de fazer alguma coisa para animar, por isso sigam as notas com uma tentativa de equivaler a exibição a uma figura do passado portista. Tentativa que pode ou não fazer muito sentido para todos. Ou para mim. Bear with me, please:

(+) André². Söderstrom. Lutador, a arrastar a bola para a frente e a procurar ser prático sempre que possível.

(+) Inácio. Esquerdinha quando chegou. Rápido, ágil, agressivo. Um pouco limitado no 1×1 e demasiados saltos.

(+) Brahimi. Deco em 1998. Extraordinário talento, produtividade suficiente. Merecia mais oportunidades e a equipa agradeceria.

(-) Depoitre Roberto Mogrovejo, para não dizer Baroni. Recepções horríveis, pouco entrosamento e a sensação geral que não está com grande vontade de melhorar.

(-) Varela. Semedo na última época. Sem pernas, sem cabeça, sem futebol suficiente para fazer parte do plantel.

(-) Qualidade do futebol. José Couceiro em 2005. Demasiado fraquinho. Só para relembrar que estivemos a jogar contra dez durante quase uma hora. E quase que posso garantir que da maneira que a equipa tem vindo a jogar, nem com os onze titulares conseguíamos marcar um golo. Inelasticidade na subida para o ataque, indecisão na entrada da área, muita correria e pouco discernimento.


Sábado à noite temos mais uma prova à capacidade do treinador. Dos jogadores, sim, mas principalmente do treinador. Porque começo a ter pouca paciência para ver tanta ausência de construção de jogo e de evolução futebolística.

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Ouve lá ó Mister – Belenenses

Companheiro Nuno,

Não vou ao jogo. Vou jantar a casa dos meus pais, em família, para a minha filha passar tempo com os avós que bem merece e eles também. Após o repasto, vou meter-me no carro e sigo para casa, trato das higienes todas que a canalha requer e espero, de dedos cruzados à puto, que ela se digne a adormecer cedo. Depois desse trabalho chega então a altura em que posso ver o jogo em diferido (ou em semi-directo, se me despachar ainda a maio da partida) e fá-lo-ei no conforto do meu lar. Sabes porquê? Porque um jogo às 21h15 numa terça-feira à noite não lembra ao cu de Azrael e acho que nem o Nuno Luz ia ver o Mourinho se ele jogasse a essa hora. É sinal de clube vendido à televisão, onde o que interessa não são os adeptos de bancada mas os de sofá. E hoje, ganharam, porque não vou ser o habitual portista da Porta (coiso). Ganharam. Ptooey.

Quanto ao jogo, não posso falar muito mais sem saber quem é que vais escolher para jogar. Se houver rotação de equipa, é giro para ver os “novos”. Se optares por usar os mesmos fulanos, sei lá no que pode dar. Outro zero-zero? Oh, the humanity!

Sou quem sabes,
Jorge

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