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Baías e Baronis – FC Porto 1 vs 0 SL Benfica

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Na altura em que André recebe a bola de Varela, deixei de conseguir ver o lance e só conseguia imaginar a bola dentro da baliza. Na altura que a bola entrou, já estava no ar, a saltar de braços erguidos para o céu e a agradecer que o “velhinho” pai tivesse conseguido gerar um filho que nos desse, tantos anos depois, uma alegria tão grande. Um jogo complicado, com duas partes distintas em que houve uma equipa que tentou vencer (nem sempre bem) e outra que quase nos impedia de o fazer. Um clássico à antiga e uma vitória que só podia ser nossa para vingar a injustiça do ano passado. Sigamos para as notas:

(+) André. Pois ora então cá vamos: GRANDE! GRANDE! Encheu o campo todo, percorrendo quilómetros num papel bem mais condutor da bola do que estaria à espera, arrastando defesas e procurando quase sempre perceber onde podia colocar a bola para o avançado mais próximo. Falha poucos passes e perde poucas bolas porque usa bem o corpo e tem uma invulgar capacidade de retenção da bola de costas para a baliza enquanto espera pelas subidas dos colegas e recua como um João Pinto na ajuda à defesa. Aqui vai disto: se no ano passado tivéssemos comprado este rapaz em Janeiro e ele estivesse nesta forma, talvez tivéssemos conseguido ser campeões. Marcou um golo que não vai esquecer tão cedo e ninguém mereceu mais que ele.

(+) Casillas. Duas estupendas defesas na primeira parte depois de dois lances pelo ar que a defesa, mais uma vez, não conseguiu contrariar. Mostrou, mais uma vez, que entre os postes é um guarda-redes ágil e com excelentes reflexos. Apenas uma falha num pontapé para a frente que lhe saiu mal.

(+) Ruben Neves. Mostrou que um trinco não precisa de ser um animal de força e de estatura para poder jogar com fibra e garra naquela zona, empenhando-se sempre a 100% na disputa das bolas, tanto aéreas como rasteiras. Estupendo na rotação de bola para as laterais, é um jogador sempre de cabeça levantada à procura do melhor que pode fazer, optando tantas vezes bem por não fazer o quase impossível para se manter pelo exequível. É titular por mérito próprio.

(-) Estratégia no arranque. Lopetegui entrou como tinha feito em Kiev, com dois avançados e André encostado à linha, provavelmente para ajudar Maxi a parar Gaitán. Ou seja, entrou a medo. Acabou por mudar a estrutura aí pelos 25 minutos porque o Benfica tapava muito bem o meio-campo e as alas não rendiam como era esperado (que grande jogo do Nelson Semedo a tapar Brahimi). A somar a isto, um espaço ENORME entre Ruben/Imbula e os jogadores da frente faziam com que o médio que pegava na bola pelo centro apanhasse um magote de vermelhos e quatro homens abertos lá na frente. Não funcionou e Lopetegui demorou a perceber isso.

(-) Bolas paradas defensivas Mudam os anos, mudam os treinadores e o problema mantém-se, como um primo que bate à porta na altura do Natal a pedir esmola para os jeovás. Com mil petardos, não há de haver uma forma de conseguirmos aprender a defender bolas paradas?! Os grandes lances de perigo do Benfica surgiram deste tipo de lances e é algo que me arrelia profundamente perceber que sempre que há um livre ou canto contra nós, aqui d’el Rei que lá vou eu roer as unhas, mas quando temos alguma coisa parecida do outro lado do campo, lá vou eu beijar a camisola e rezar a mil santos para a bola ir parar perto de um gajo de azul-e-branco. Treino específico, todos os dias.

(-) Soares Dias Fica já assente: eu também acho que o Maxi devia ter recebido dois amarelos. Aliás, ando a dizer isto há sete anos. Mas o problema de Soares Dias não foi (apenas) esse. Foi a forma como permitiu o anti-jogo do adversário desde o início do jogo, compactuando com as atitudes absurdas de Eliseu, Samaris, André Almenda, Gonçalo Guedes e companhia, constantemente preocupados em parar o jogo, agarrar a bolinha depois da marcação de faltas, atirar a bola para dentro de campo depois de sair pela linha lateral…este tipo de postura que já nos habituou há que tempos e que continua a passar sem que um árbitro lhes faça ver que esta merda é para jogar, não para arrastar. Soares Dias, com a complacência que mostrou, ajudou a que o jogo ficasse (mais) feio.


Uma vitória contra o Benfica é sempre motivo de felicidade e esta soube bem, especialmente por ter vindo numa altura em que já tudo parecia encaminhar-se para um triste empate. Ufa.

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Baías e Baronis – Benfica 0 vs 0 FC Porto

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Não tinha grande fezada para o jogo. Ainda assim, saí de casa e fui ver a bola com amigos para um café na baixa do Porto, rodeado de portistas que apoiavam a equipa mas lamentavam cada lance perdido, cada passe falhado e cada inconsequente ataque que a nossa equipa protagonizou perante um dos campeões em título que pode revalidar o troféu com o seu pior futebol dos últimos anos. Tinha logo de nos calhar um JJ resultadista quando percebeu que a jogar bonito raramente havia de ganhar. Enfim, os moços tentaram, lutaram e fizeram o que podiam fisica e mentalmente. Não chegou. Não há sumo para mais. Nem tomates. Parece que este ano esses também tem vindo a faltar. Vamos a notas:

(+) A pressão alta no centro. Se o Benfica permitiu que jogássemos com o bloco subido, também não é demérito nosso que o tenhamos ganho. Casemiro bem na zona recuada, Ruben prático no centro com Evandro e Óliver a rodar a bola como podiam no meio de tanta perna e pontapé à solta, conseguimos impôr alguma ordem e manter a bola como precisávamos. O facto de não ter havido incursões ofensivas suficientes devido à falta de um dos extremos deveu-se no fundo à opção de Lopetegui que não tendo conseguido ganhar o meio-campo na primeira volta, decidiu enchê-lo de gente na segunda. Ganhou o meio-campo, perdeu em acutilância e velocidade. Era expectável mas a aposta foi ganha. Não valeu de muito mas ainda assim conseguimos empurrar o Benfica para trás, o que nem todas as equipas conseguem.

(+) Alex Sandro. Foi um Alex de fina colheita, cheio de garra na luta individual e a aproveitar o facto de Gaitán estar a jogar tanto como Sálvio no jogo de hoje. Esteve forte, subiu com velocidade e não fossem algumas más decisões (e se tivesse sido só ele…) no último terço e teria sido bem mais importante no jogo. Mesmo assim é bom ver Alex a jogar com fibra e com convicção até à última, acabando o jogo esgotado como se viu num dos últimos lances em que não consegue controlar a bola em velocidade porque…já não a tinha.

(+) Casemiro. Cortes de carrinho é com esta versão brasileira e bem avantajada de Otamendi a trinco, porque não só se coloca na perfeição perante a progressão do adversário como usa bem o corpo para levar a bola e parar o ataque. Não parece o mesmo badocha que cá apareceu no início do ano e só tenho pena que provavelmente não o consigamos segurar por cá a não ser que haja contrapartidas extra na venda do Danilo ao Real Madrid.

(-) A quantidade absurda de passes falhados. E voltamos a isto, que desde o tempo de Vitor Pereira me enervava. Bola para Maicon, mão no sobrolho para tapar o sol e cá vai disto. Corre, Jackson, CATRAPUM, bola em Júlio César. É das maiores parvoíces que me lembro de ver a nível de organização de jogo de uma equipa de topo, onde apenas um avançado corre como um doido para apanhar a bola enviada do cimo de uma qualquer colina com um canhão napoleónico, com qualquer tipo de ridícula expectativa que o homem se vá posicionar para receber o esférico, controlá-lo na perfeição e esperar meia-hora que os colegas subam. E isto na zona recuada, porque a quantidade de passes desperdiçados em zona de preparação para finalização foi um dos motivos pela quase total ausência de situações de perigo que deixámos por criar hoje na Luz. Nervosismo, falta de pernas, seja o que for, não se podem falhar tantos passes.

(-) Herrera. Alguém se oferece para dar uma chapada a este gajo logo no início do jogo para ver se acorda? É tremenda a lentidão com que recebe a bola e o ritmo que tenta imprimir ao jogo quando tem a bola controlada em zona de pressão é tão elevado como a marcha fúnebre tocada em 12 rotações. Demora tanto tempo quando recebe a bola que lhe caía logo em cima o Samaris, o Pizzi, a águia Vitória que estava a comer erva em Monsanto, trinta gajos da claque que desceram do terceiro anel e doze toupeiras que por ali passavam. Herrera é muito lento e como dizia um amigo na semana passada, acha que todos os outros são lentos como ele. Nestes jogos então, onde cada metro do terreno é disputado com virilidade e velocidade, ainda se nota mais.

(-) Sem ovos e com poucos “huevos”. O busílis. O torcer de rabo da porca. O lançamento da moeda. Ou seja, aquilo que decidia o jogo. Lopetegui entrou em campo a tentar controlar o jogo e a manter o meio-campo nosso, esperando que a posse de bola decidisse a inclinação do campo e fizesse com que a equipa produzisse o suficiente para marcar um golo. Não conseguiu. E não conseguiu porque ao contrário do que Julen parece pensar, a equipa não carbura a esse nível. Os rapazes entraram com garra mas com pouca cabeça, dando ideia que o plano era não sofrer em vez de marcar dois. O título decidia-se neste jogo, por muito que possamos todos pensar que ainda faltam quatro jornadas e há hipótese do Benfica tropeçar e cair num qualquer estádio por aí fora. Não é provável. E ao ver isto, urgia que tivesse mais audácia ofensiva, que atirasse o cachecol para os quintos do caralho e se mandasse para cima deles com raiva e fúria, de orgulho ferido e fome de vitória. Não foi isso que vi. Talvez não seja só Lopetegui que não o fez, talvez Munique ainda andasse no córtex dos jogadores, temerários depois da enxaguadela de realidade que apanharam na terça-feira. Mas se a luta foi boa e os rapazes se bateram com garra e dedicação, o facto do jogo se ter travado a meio-campo por força da estratégia de Lopetegui foi o início do fim da história. Lembrei-me de Vitor Pereira naquele inacredivável 2-3 na Luz em 2012. Sim, Vitor Pereira tinha mais ovos (Hulk, Moutinho, Fernando, Lucho, James, por exemplo) para fazer uma omolete. Mas também teve mais “huevos”. E isso fez toda a diferença.


Quatro jogos, doze pontos. Vou telefonar ao Nate Silver para me dar a probabilidade de sermos campeões, mas aposto que não é alta. Não interessa, até ao fim vou acreditar. Vocês também deviam.

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Baías e Baronis – FC Porto 0 vs 2 Benfica

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Há dias em que nada corre bem. A cerveja está choca, o trânsito está um caos, o céu parece mais cinazento que o costume, as dobradiças estão a ranger e o soalho a estalar quando um gajo chega a casa meio bêbado às quatro da manhã e não quer acordar os pais mas acaba por largar a porta que dá um estrondo quando acerta no batente. Desses dias. E hoje, tanto Jackson, Herrera, Danilo e todo o resto dos jogadores de azul-e-branco que estiveram no Dragão não estiveram nos seus dias. Escolhi esses três, podia ter escolhido outros ou ainda outros três, porque raro foi o momento alto de uma equipa que, não tendo jogado mal, sucumbiu a uma sucessão de infortúnios e a uma tremenda eficácia adversária para ceder todos os pontos, todos os golos e toda a moral a uma equipa que fez para merecer a vitória com mais engenho que arte e mais astúcia que talento. Notas já aqui em baixo:

(+) Quaresma. Entrou cheio de força (apesar de ter perdido a bola logo na primeira jogada) e nunca virou a cara aos duelos contra um dos adversários que, aposto, mais gosta de defrontar e vencer. Tentou tudo o que conseguiu para furar a defesa do Benfica e forneceu mais que uma bola de golo que ninguém conseguiu meter lá dentro. Talvez tenha chegado a altura de substituir Brahimi no onze, porque parece em melhor forma e a tomar melhores decisões perto da área que o argelino.

(+) Casemiro a defender. Forte, rijo, agressivo…às vezes demais, porque arriscou o segundo amarelo em várias ocasiões, foi o tampão possível contra um meio-campo bastante mais forte do Benfica (em todos os sentidos, tanto no físico como no mental, nem falo da absurda diferença no jogo aéreo), servindo como principal homem na recuperação das bolas perdidas no centro do terreno. Só esteve mal nos passes longos, porque assume que consegue fazer o que nenhum trinco faz no FC Porto desde Kulkov. E assume mal.

(+) A eficácia do Benfica. Conto três oportunidades de golo para o Benfica: dois golos e um corte de Alex Sandro que tirou o terceiro. Num jogo deste nível, a equipa que é mais eficaz tende a ganhar e foi exactamente o que aconteceu, porque a forma como aproveitaram falhas de marcação e/ou lentidão na resposta dos jogadores da nossa linha defensiva foi letal e fez a diferença. Estiveram bem no meio-campo, saíam facilmente da zona de pressão no meio-campo e mataram o jogo na altura certa. O resto foi gerir, com bola para a frente, porque nada mais era preciso fazer. Já estava tudo feito, infelizmente para nós.

(-) Saída da defesa em posse. Das duas uma: ou se revêm as possibilidades de interligação entre defesa e meio-campo, ou se compram pés e cérebros novos para Indi, Marcano e Maicon. É que começa a ser absurda a quantidade de bolas desperdiçadas na saída da defesa por jogadores que não conseguem conduzir a bola para diante mais que uns metros e abanam tanto quando um adversário chega próximo o suficiente para lhes cheirarem o after-shave que assusta qualquer adepto. A invariável forma como o central procura o trinco para receber a tabela de volta, ou entrega na linha para o lateral procurar subir com o extremo na sua frente…torna-se previsível e fácil de anular. Hoje, com o Benfica a fechar muito bem nas linhas (Gaitán e Sálvio estiveram em grande na forma como conseguiram tapar o flanco) e o meio-campo a pressionar alto, não tivémos capacidade para fazer melhor que meia-dúzia de passes pelo ar, quase sempre inconsequentes. Se o meio-campo não se mobiliza para vir buscar a bola, vamos ter mais jogos com zero golos marcados.

(-) Falta de ratice. Eu sei que a equipa está cheia de gajos novos. Sei que há jogadores que não têm experiência a jogar clássicos. Mas também sei que as duas frases anteriores só são verdadeiras porque queremos acreditar nelas. Reparem em dois casos que ilustram bem a falta de inteligência emocional e de manha que estes miúdos não mostram e que fazem toda a diferença quando se encontram os Maxis deste mundo: André Almeida vê um amarelo logo no primeiro minuto por falta sobre Tello que lhe ganhou em velocidade. Onde esteve Tello e onde esteve a bola durante a meia-hora que se seguiu? Não sei, mas poucas vezes tentamos puxar o segundo amarelo a André Almeida, ou pelo menos forçar o rapaz a cometer um erro ou a alhear-se da bola com medo de ver o vermelho. Era algo que deveria ter sido aposta imediata (na minha cabeça, pelo menos) para a equipa, forçar o ataque para aquele flanco, massacrar o lombo do rapaz para fazer dele o defesa-esquerdo mais castigado desde que Hulk desfez David Luíz aqui há uns anos: a outra situação passou-se no primeiro golo do Benfica, em que Brahimi é obrigado a ficar a mais de dois metros da linha onde Maxi ia fazer o cruzamento…e ficou. Devia ter mexido os pés, continuamente reclamando com o árbitro, o fiscal de linha, levantando os braços, saltando, importunando o adversário, a chegar-se lenta mas continuamente para a frente (como o Benfica fez em TODOS os lançamentos laterais, claro, e bem) ou como abusou em todos os lances divididos ou nem tanto…até perdi a conta às vezes que Jardel usou os braços ou Samaris levantou os pés com o árbitro a deixar seguir…o que não fez com que os nossos rapazes se erguessem como Brahimi se devia ter erguido, aproximando-se um pedacinho de cada vez mais próximo da linha. Com manha, provocador, inteligente. Estes jogos nem sempre se ganham pelo futebol praticado mas pela tranquilidade e gestão emocional dos jogadores em campo. Hoje, não fomos espertos como eles.


Foi uma patada na traqueia, sem dúvida, mas nada está perdido. Pelo menos até chegar o Arsenal nos oitavos da Champions. E também nada vai estar perdido aí. Ou vai. Já não sei. Dormir, isso, dormir por cima disto e esperar que amanhã o sol brilhe. Vai ser um dia longo, foda-se.

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Baías e Baronis – FC Porto 2 vs 1 Benfica

O jogo faz-me lembrar talvez a mais famosa e mais vezes citada estrofe de T.S.Eliot, que finaliza o poema “The Hollow Men”. E ouso parafrasear o homem:

This is the way the season ends
This is the way the season ends
This is the way the season ends
Not with a bang but a whimper.

As últimas notas da temporada, já aqui por baixo:

(+) Ricardo. Rápido, razoável tecnicamente e com vontade de correr pela linha e de combinar com o lateral em alta velocidade, sempre com a cabeça na área e em meter lá a bola o mais depressa possível. Esteve esforçado enquanto teve pernas e acabou o jogo cansado de tantos piques fazer para ajudar os colegas da defesa. Não consigo dizer que Ricardo tem capacidade para ser titular no FC Porto 2014/2015, mas garanto que em dezenas de jogos no FC Porto 2013/2014 devia ter tido oportunidade de jogar, especialmente quando me lembro da inutilidade de Varela durante grande parte da época e a ausência de alternativas de maior nome e que dessem garantias de produtividade.

(+) Mikel. Tremeu-lhe um bocado o traseiro no início do jogo, onde não fazia mais nada senão servir como parede durante a construção ofensiva. Gradualmente foi-se soltando e mostrou que pode perfeitamente ser um elemento do plantel da próxima época. Tem vindo a evoluir bastante na B (vejo todos os jogos que posso e ando impressionado com o rapaz) e se melhorar no passe e na movimentação ofensiva pode ser uma excelente alternativa a Fernando…ou no caso do Polvo sair, talvez até um pouco mais.

(+) Herrera, enquanto teve pilhas. O rendimento de Herrera não foi nada por aí fora, mas foi o suficiente para me continuar a dar alguma esperança que o rapaz ainda possa vir a dar alguma coisa. Tem bom critério no passe e quando tem algum espaço para jogar consegue rodar a bola para os sítios certos, com a dose adequada de força e precisão. Quando está pressionado, o tempo de decisão é demasiado alto e vê-se à rasca para ser útil. A condição física também é duvidosa, porque consegue durar menos que Raul Meireles…correndo metade da distância.

(-) Só dois golos contra uma espécie de Benfica. Não procurava uma goleada, sabia que era quase impossível tendo em conta não o valor das equipas mas a mentalidade delas. Ou, para ser mais explícito, a diferença de mentalidade. Seria um jogo dos tradicionais “para cumprir calendário”, onde ninguém está muito interessado em fazer esforços sobre-humanos ou, no caso de alguns, simplesmente humanos. E já tinha desistido de procurar por brio e orgulho junto dos nossos rapazes, tal é a destruição da moral de tantos deles que me deixou prostrado, sem reacção, sem capacidade para se encherem o peito de ar e olharem o grupo de miúdos do Benfica como se fosse uma visita de estudo de jovens virgens à Unidade Nacional de Desfloração Forçada. E era isso que gostava de ter visto, uma vitória com mais brilho, mais chama, mais alma. Foi uma vitória, mas soube a pouco.

(-) Alex Sandro. Fez uma época a um nível ligeiramente inferior a uma lesma sifilítica, com menos gosma e mais bolas perdidas. Parece ausente do jogo, distraído, sem convicção nos lances divididos, incapaz de proteger uma bola para salvar a sua própria vida e displicente nas subidas para o ataque. Vai de férias, Alex, por favor, limpa a cabeça, bebe uns choppinhos ou umas caipirinhas, traça umas gajas, trepa o Corcovado, vai ver o Irão vs Nigéria a Curitiba, faz o que te apetecer. Mas não voltes da forma que estás agora.

(-) O penalty de Reyes. Trinta jogos de campeonato, mais umas duas dezenas de taças e europas…e este rapaz que está cá desde o início da época, mesmo que não os tenha feito a todos, ainda não percebeu que não se pode pôr a controlar a bola na área quando está a ser pressionado? Bola. Com. Os. Porcos. Bem melhor fez o compatriota, que mandou um balázio às fuças do Enzo Perez em situação semelhante. There you go.


E termina a temporada com um terrível anti-clímax que serviu de pouco para lá de conseguirmos reduzir a diferença para o campeão…para 13 pontos. Ouch. Ouch mesmo.

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Baías e Baronis – FC Porto 0 vs 0 Benfica (2-3 em penalties)

Jogo futsal aos sábados de manhã há mais de treze anos com o mesmo grupo de amigos. As equipas são feitas na hora porque nem sempre os jogadores são os mesmos. Às vezes, quando só estamos nove porque um caramelo lhe apeteceu ficar a dormir e se esqueceu de avisar ou porque alguém se lesionou a meio do jogo, uma das equipas fica em inferioridade e luta mais que a outra, a entre-ajuda cresce, o espírito de sacrifício é mais alto e a vida dos que estão com mais um elemento fica mais complicada. Mesmo assim, é raríssimo haver um jogo em que os 4 vençam os 5 e costumamos dizer que não há desculpa para que tal aconteça. Hoje, no nosso estádio, os cinco perderam contra os quatro. E é fácil perceber porquê: os cinco não têm pernas nem cabeça para vencer quatro que estão bem mais organizados, lutam mais e querem vencer. Os cinco perderam antes de começar. E perderam também o respeito de muita gente, porque pior que perder contra quatro é deixar que os quatro queiram ganhar mais que os cinco. Enfim, dói, mais uma vez. A notas:

(-) O FC Porto na máxima força perdeu contra as reservas do Benfica a jogar com 10. Cheguei a casa destruído e nem consigo ficar chateado com isto. Há apenas uma indolente sensação de cansaço mental, de incapacidade de compreender como é que chegamos a este ponto. O Benfica, sem qualquer exagero, foi melhor que nós em tudo e tem sido essa a imagem da temporada. Foi melhor a defender, melhor no meio-campo e melhor a atacar (mesmo com 10). Foi mais lutador, mais inteligente e mais astuto. Foi melhor tecnicamente, tacticamente e moralmente. E o Benfica jogou sem seis ou sete titulares, só para termos uma ideia do nível a que o FC Porto chegou em 2013/2014. É um bola de neve que se foi formando desde o início da época, com má gestão física (Herrera, Defour, Fernando, Varela, Jackson, Danilo e Alex Sandro acabaram o jogo de rastos), pobre gestão de pessoal (o meio-campo em constante mudança, avançados como alas, duplas de centrais em permanente mutação, diferença enorme entre sectores, pouca alternância de jogadores-chave), fraco talento em campo (inúmeros passes falhados, golos desperdiçados, cruzamentos mal efectuados, bolas paradas ineficazes) e uma inexistente estratégia de jogo que me faz pensar que se passou o ano todo em treinos que consistiram num total vazio. Ainda por cima, hoje o Benfica não foi nada de especial, como já não tinha sido em Lisboa no jogo da Taça. Foi simples, directo e prático, com as segundas linhas a lutarem mais que as nossas primeiras, sem que as nossas primeiras tivessem um pouco de brio para perceber o que raio haveriam de fazer para contrariar o que estava ali tão perto e ao mesmo tempo tão longínquo. Sucedem-se os passes ridículos, curtos e longos, os cruzamentos sem nexo, os golos falhados à boca da baliza, as perdas de bola em progressão e a tradicional borrada nos penalties que todo o estádio adivinhou mas ficou a ver se o destino nos mudava as sortes. Passamos noventa minutos a atirar o equivalente a bolas de algodão a uma carapaça de ferro, cheia de brechas mas que fomos incapazes de descobrir no tempo certo e com a intensidade certa. Fracos de espírito, sem ideias concretas, sem concepção de um fio de jogo que passe por mais que endossar a bola a Quaresma ou a Varela e esperar que dali saia algo de produtivo. Um meio-campo sem elasticidade, sem força, sem tino. Todos incapazes de se agarrarem a uma fugaz bóia de salvação de uma época miserável, esta merda desta Taça da Liga que todos os anos desdenhamos e que este ano podia ser algo que nos desse algum (pouco) alento. Não há cabeça, nem para isso. E continua a ser isso, acima de tudo, que vejo ausente da equipa há tantas semanas e que me leva a desistir de acreditar em quase todos os jogadores do FC Porto que vejo com a bola nos pés: cabeça. Continuo a insistir que é a cabeça que mais falha e as pernas vão atrás, mas atrevo-me a fazer uma matriz rapidinha: com cabeça e com pernas, como na época de Mourinho, tudo parece fácil; sem pernas mas com cabeça, como no ano de Adriaanse, o esforço é máximo e nenhuma bola é dada por perdida e o talento eventualmente dá frutos; com pernas e sem cabeça, como no ano passado, lá se vai dando uma para a caixa de vez em quando com mais força, mais um bocadinho de garra e com um bocadinho de sorte chegamos lá; sem pernas e sem cabeça…eis o FC Porto 2013/2014, a pior equipa do meu clube que me lembro de ver jogar desde que comecei a gostar de futebol.


Faltam dois jogos para terminar este pesadelo. Dois jogos em que vamos entrar em campo cada vez mais vergados ao peso de uma mentalidade fraca, sem espírito vencedor, que esmaga a alma e derrota o espírito. O FC Porto é um estado de alma, dizia Bitaites. Oh, Professor, e agora como é que nos vemos livre desta?

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