Um pequeno disclaimer sobre Sapunaru e Belluschi

Várias pessoas que ontem leram o curto post sobre a situação de Sapunaru e Belluschi, tomaram a liberdade de virem hoje fornicar os meus preciosos miolos acerca do assunto. Ficou no ar a ideia que estava a fazer alguma força, da pouca que posso exercer, para o regresso e integração de ambos no plantel do FC Porto 2012/2013. Não vou assumir essa posição pela simples razão que tal não é verdade. Ao mesmo tempo que escrevo estas palavras, não posso evitar explicar um pouco melhor o que quis dizer com aquela simpática fotografia.

Sapunaru é experiente, internacional, tem um curriculum que muitos venderiam uma casa na Quinta do Lago para poder chamar seu, gosta de um bom copo de vinho e está no FC Porto há quatro anos. Passou pelas virilhas do Inferno na altura do Túnel-gate, foi emprestado e voltou em força. Começou mal o ano passado, regressou e terminou a época em bom nível. Entretanto, amealhou três de cada (Liga, Taça e Supertaça) e venceu a Europa League.

Belluschi, por outro lado, chegou no ano seguinte e se no primeiro ano não foi brilhante, o segundo mostrou genialidade até se lesionar, para no terceiro não conseguir ser regular na equipa e seguir para Génova em Janeiro. Ao longo da carreira no FC Porto ganhou dois Campeonatos e outras tantas Taças, bem regadas com três Supertaças e uma bela Europa League, tal como o romeno.

E então? Serão esses motivos suficientes para que um jogador tenha lugar automaticamente reservado no plantel do FC Porto?

Não. Há mais opções, talvez melhores. De qualquer maneira não sou eu que tenho de tomar as decisões técnicas e se fôssemos usar essa bitola, Mariano ou Jankauskas acabavam a carreira no Dragão. Não é isso que me aborrece. Então é o quê?

É o simples facto de termos dois jogadores que deram o suficiente ao nosso clube para não serem ostracizados e colocados à margem do grupo porque tiveram alguns problemas (físicos e/ou disciplinares) aos quais não se conseguiu dar a volta. Compreendo as razões, mas como sócio e adepto a ver do lado de fora, com toda a informação que tenho não posso concordar. É destes pequenos nadas que se faz um clube, que se unem as raízes e se criam novas. Porque daqui a vinte ou trinta anos provavelmente só os Jorges, os tolinhos que se lembram destas coisinhas da história do nosso próprio clube, é que se vão lembrar que houve um rapaz que veio do Rapid Bucareste e passou aqui quatro anos da sua vida, ou que um jovem prodígio chegou ao clube com a tarefa de substituir Lucho e que nem todo o talento do Mundo o conseguiria colocar nesse pedestal. E os outros não se vão lembrar da forma como Sapunaru fez chegar o nosso nome longe, como ergueu (literalmente) a bandeira do clube bem alto, ou como Belluschi desfez os rins a um jogador da Académica num pântano em Coimbra ou impediu que o Benfica fosse campeão no Dragão. Vão passar à história sem direito sequer a um rodapé por culpa de um punhado de notas.

E mereciam mais que isso.

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Procuram-se

Procuram-se dois vencedores da Liga Europa e de vários campeonatos nacionais em Portugal. A última vez que foram vistos envergavam camisolas de treino do FC Porto e andavam para os lados do Olival.

Caso tenha alguma informação, por favor contacte alguém que os possa pôr a jogar. Aqui ou noutro lado. Caso contrário é um desperdício.

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Dragão escondido – Nº13 (RESPOSTA)

A resposta está abaixo:

Depois de várias edições desta rubrica maravilhosamente nostálgica, dei uma à borla. Abri as pernas, pronto, e permiti que a malta atirasse facilmente num alvo que mais parecia uma parede da Casa da Música. Mário Jardel, aquele gajo que foi o melhor ponta-de-lança que tinha visto a jogar ao vivo até aparecer Radamel Falcao (e talvez mantenha o que disse), que cheirava o sítio onde a bola ia cair e adivinhava as falhas dos defesas…o gajo que marcou uma “rabona” ao Juventude de Évora porque seis golos não chegavam…o tipo que marcou um puto dum míssil ao Farense que ainda hoje me lembro daquele tiraço (e vocês também se podem lembrar ali em baixo)…entre tantos, tantos outros. Era um génio, uma razão para ir ver jogos ao vivo e um dos melhores avançados que passou por Portugal. O jogo onde esta fotografia foi tirada disputou-se na temporada 1997/98 e acabou com uma vitória do Bem contra o Mal. Ou seja, ganhámos por 3-2, com Jardel a ficar em branco (oh inclemência! oh martírio!) e os golos a serem apontados por Sérgio Conceição, Paulinho Santos e Zahovic, com Martelinho e Timofte a marcarem para os não-lavados.


Entre as tentativas falhadas que o povo fez para acertar no nome do rapazola:

  • Artur – Entrou a substituir o grande Chippo aos 18 minutos e seria uma boa hipótese tendo em conta a posição, mas era outro brasileiro. Mais lento, mais calmo. Diferente, pronto.;
  • Domingos – O facto de estar a ser puxado por um defesa subia a probabilidade de ser um avançado, só que a forma do corpo devia ter apontado as hipóteses na direcção certa…ou seja, na brasileira, até porque o Mingos não fazia parte do plantel do FC Porto nessa temporada e andava pelas Canárias a jogar pelo Tenerife;
  • Edmilson – Em 1997/98, os longos cabelos loiros da “menina” estavam ao serviço do clube dos Viscondes;
  • Kostadinov – Tal como Domingos, faria sentido pela pose dos intervenientes, mas o búlgaro já não estava no FC Porto há três épocas…;
  • Paulinho Santos – Esteve em campo e até marcou um dos golos (de penalty). Mas…eu sei que se lembram que Pedro Emanuel não era gajo para agarrar e deixar o gajo passar incólume, mas também tenho a certeza que o nosso actual treinador adjunto não deixava que o actual treinador da Académica o agarrasse tempo suficiente para lhe tirarem uma fotografia…sem lhe assentar um uppercut nos dentes. E muito bem.;
  • Peixe – Não esteve em campo neste jogo apesar de fazer parte do plantel;
  • Sérgio Conceição – Esteve presente no jogo e abriu o marcador aos 31 minutos, mas a estatura física não era em nada parecida com a de Mário Jardel…;

O primeiro a apostar correctamente foi novamente o Dragão de Coimbra, às 8h04, que passou a ser o primeiro adivinhador a acertar duas vezes consecutivas na mouche! Kudos!

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Baías e Baronis – Valencia CF 1 vs 1 FC Porto (2-0 em penalties)

foto gamada de record.pt

E, ao quinto jogo, o FC Porto perdeu. Perdeu sem perder, mas perdeu. O jogo foi duro, rijo, exactamente o que precisávamos para abanar a confiança e colocar os rapazes num patamar mais pronto e mais preparado para uma época que, como de costume, se adivinha difícil. O Valencia não jogou bem e o FC Porto optou, como excelente convidado, por não lhes estragar o ambiente que tinha criado para a estreia de João Pereira, que cria em mim um pequeno monstrinho sempre que joga contra nós, de tanto que me apetece partir-lhe o focinho ao murro e urinar-lhe nos dentes até que ficassem tingidos de amarelo. Enfim, um amor de pessoa. All in all, um mau resultado mas um óptimo treino. Vamos a notas:

 

(+) Defour Foi o melhor no Mestalla. Não concordam? Acredito, mas mantenho o que disse. Porque foi o garante da organização defensiva com Lucho a perguntar a cada perna o que quer fazer depois de jantar e Fernando exageradamente recuado para causar mossa na criação de jogadas ofensivas do adversário (sim, o homem cortou muitas bolas mas quase todas muito perto da nossa área) e conseguiu com maior ou menor clarividência levar a bola para a frente e tentou sempre jogar de cabeça levantada. Não é Moutinho porque lhe falta o passe vertical em vez de apenas tentar o lateral, mas é útil e gosto do rapaz. Tenho uma queda para estes moços, os Maniches, os Soderstroms, os Semedos, talvez porque me revejo um bocado na forma de jogar deles. Shoot me.

(+) Otamendi Esteve muito bem o cortador-de-relva argentino hoje à noite. Certo na defesa, com algumas (poucas) descoordenações com Sereno, conseguiu jogar a um nível superior a Maicon, muito distraído em demasiados lances e MUITO mais descoordenado com Miguel Lopes. E foi autor de um senhor remate que quase partia a baliza do Valencia. Nada mau.

(+) Helton Começou mal o baterista dos H1, com algumas tentativas de passe longo que saíram tão bem como um gajo no tiro olímpico de AK-47. Mas foi graças a Helton que não perdemos o jogo por uma margem de três ou quatro golos, tantas foram as intervenções seguras que fez perante remates não-muito-fortes dos fulanos de branco. É para isto que se quer um guarda-redes.

 

(-) Ao ritmo dos passes falhados Fomos lentos hoje no Mestalla mas acima de tudo fom…não, só fomos lentos. O jogo de passe suporta-se em três ou quatro ideias-base: manter a bola na nossa posse, atrasar a progressão no terreno, fazer rodar o esférico entre os jogadores até que se criem linhas de passe em condições, não perder a cabeça nem apelar ao sistema nervoso central e principalmente fazer o passe certo na altura certa para a zona certa. Mas para isso é preciso que o lateral direito faça o “overlap” quando o extremo entra para…dentro, que o ponta-de-lança receba o apoio necessário, que ataquem mais de 4 jogadores e que não haja perdas de bola absurdas a meio campo. Ou atrás dele. Ou na área. Porque hoje vi mais uma reediçao do já eternamente conhecido concurso que os adeptos portistas podem considerar: “Quem faz o passe mais imbecil?”. É enervante de ver.

Não foi fácil mas não era suposto ser. O que me deixa um pouco preocupado será talvez a incapacidade de conseguir alguma consistência de jogo numa altura em que a Supertaça se vai aproximando e o arranque da época já não está muito longe. É verdade que ainda temos decisões para fazer e é nesta altura que o treinador deve experimentar com todas as alternativas possíveis, mas custa-me ver que há ainda muita coisa a trabalhar e começa a haver pouco tempo para isso. Não me tira o sono, só me arrelia um bocadinho.

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