Jesualdo e o lixo.

Jesualdo foi treinador do meu clube nos últimos 4 anos, durante os quais venceu três Campeonatos, duas Taças de Portugal e uma Supertaça.

Por muito que não tenha concordado com as suas decisões, principalmente na última temporada em que esteve ao comando da nossa equipa, foi sempre um treinador que protegeu o grupo da melhor maneira que soube e que teve o apoio da Direcção para, tanto nos bons e maus momentos, sempre dispôr do tempo e dos meios para fazer o seu trabalho. Critiquei-o quando senti que devia e elogiei-o quando mereceu. Como as pessoas de bem devem fazer.

Ao fim de 9 jogos, o Málaga, etapa para onde prosseguiu a sua carreira, despediu-o. Nem teve tempo suficiente para se habituar ao ar da cidade, quanto mais a um campeonato novo com um estilo e uma competitividade muito próprias.

O que custa mais nisto não é o despedimento em si, porque estou certo que Jesualdo saberá seguir em frente. O que é mais ridículo é ver o regozijo com que um grande número de indivíduos, blogs e sites afectos a outros clubes que não o FC Porto estão a tratar este assunto. Os ódios mesquinhos, como são impossíveis de terminar de uma forma permanente, deviam pelo menos ficar pela fronteira. É por estas e por outras que esta gente é, numa palavra, lixo.

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Votação: Ruben Micael ou Belluschi?

As opções para o meio-campo Portista são melhores que no ano passado, quer por influência de Villas-Boas, quer pela maior produtividade que os jogadores apresentam quando são chamados a jogar. Um caso paradigmático é o de Ruben Micael vs Belluschi, em que dois homens de competências bastante diferentes acabam por ser chamados a jogar numa posição semelhante. Até agora Belluschi aproveitou a lesão de Ruben Micael para, graças à sua capacidade de luta e grande espírito de sacrifício, afirmar-se como titular quase indiscutível. Ruben, já recuperado, vai alternando com o argentino, trazendo mais inteligência e organização em contraste com a irreverência e imprevisibilidade do colega. Por isso pergunto, qual deles deve jogar? Mais de 300 pessoas responderam à pergunta sobre quem deve jogar:

  • Ruben Micael: 43%
  • Belluschi: 46%
  • Ambos: 7%
  • Nenhum deles: 2%

Em Fevereiro desde ano fiz a mesma pergunta. Na altura, 70% votou em Ruben, com apenas 30% optando por Belluschi. É curioso ver como as coisas mudam em apenas 8 meses…

Próxima votação: Qual é a alternativa mais credível a Fernando?

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Inúteis

O FC Porto venceu no Sábado a Académica. Foi um jogo épico, em condições estupidamente difíceis, onde 11 homens enfrentaram outros 11 homens sobre um relvado encharcado, com luta, emoção, competição saudável, agressividade positiva, dedicação à profissão, brio e capacidade de sofrimento, de empenho, de garra e de alma. Os esforçados guerreiros de ontem deram um exemplo ao país, que parece desanimar quando o cenário está complicado, baixando os braços e atirando as responsabilidades para terceiros. Mostraram que a força de um grupo está na união, no cerrar fileiras para que possa vencer, atravessando dificuldades previstas e imprevistas, contra tudo e contra todos, até os elementos.

Esta é a capa d’A Bola de hoje. O enfoque está numa piada absurda sobre tourada em alusão ao jogo entre o Leiria e o Sporting. Menção ao jogo de Sábado? A bola à trave no livre da Académica e o golo de Varela.

Não sou editor nem redactor, mas se fosse e alguém chegasse perto de mim a dizer: “E a capa vai ser esta.”, mandava-o arrumar as tralhas que têm na mesa dele porque estava despedido. Mas deve ser problema meu.

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Baías e Baronis – Académica vs FC Porto

Enquanto jantava, rodeado de amigos em convívio bem humorado, ia espreitando de vez em quando o jogo. Na altura fiquei com a nítida impressão que era um jogo que nunca se devia ter realizado, porque simplesmente não foi um jogo, foi uma batalha. Uma luta contra o terreno, contra a relva, contra a piscina em que o campo se transformou. Quando cheguei a casa e vi os 90 minutos por completo, confirmei a ideia que tinha. Um jogo destes só pode ser resolvido por um azar ou por um lance de inspiração individual. Valeu-nos o segundo. Venham as notas:

(+) Todos os jogadores do FC Porto e Académica Todos eles são pequenos heróis. Uma espécie de Aquamen, pronto, que não estando ao nível de um Batman ou de um Homem-Aranha, estão inscritos na Ordem dos Super-Heróis na mesma. Jogar 90 minutos nestas condições é muito difícil, cansativo, propenso a erros e pode levar a lesões graves. Quase todos se viram perante este cenário de chuva intensa, de inclemente temporal e certamente olharam para o relvado, pensando: “Que se lixe, vamos a isso, rapazes!”. Todos os jogadores mostraram que ser jogador de futebol numa equipa de topo significa ser conhecido na rua pelos adeptos, é ter uma vida financeiramente confortável, é fazer o que se gosta. Mas é também um sacrifício físico, um extenuante exercício de luta, esforço, alma e profissionalismo. Puxando a brasa à nossa sardinha, vendo Álvaro a deslizar pela água, Sapunaru a deitar-se para impedir um remate adversário, Hulk a tentar acelerar e quase caminhar sobre as águas, Falcao a falhar remates e a escorregar sozinho, Helton a agarrar bolas impossíveis enquanto espremia (sim, espremia) as luvas…fica a ideia que foi cruel obrigar estes rapazes a fazer este esforço.

(+) Belluschi Se houve um jogador que se destacou pela positiva ao nível do futebol praticado, foi ele. A capacidade técnica acaba por não ser a principal arma de um jogador nestas condições, mas Belluschi foi dos primeiros a conseguir perceber que a única maneira de avançar com a bola de uma forma mais eficiente era levando-a pelo ar com pequenos toques depois de a levantar “à futebol de praia”. Foi o melhor jogador do FC Porto e nem preciso de falar do espírito de sacrifício e de luta, mas há que enaltecer a forma como arrastou a equipa para os locais que eram precisos. Moutinho esteve igualmente bem mas Belluschi foi brilhante.

(+) Varela Um golo perfeito, na altura perfeita, marcado por um jogador que tem pouco de perfeito mas muito de lutador e empenhado. Este jogo só podia ser resolvido por um lance destes e Varela esteve lá para picar o ponto e dar três importantíssimos pontos na luta pelo título. Obrigado pela inspiração, rapaz.

(+) Os adeptos do FC Porto Só se ouviam três coisas pela transmissão da TVI: a chuva, o irritante anti-portismo do Valdemar Duarte e os Dragões nas bancadas. O apoio foi constante durante todo o jogo e a forma como os jogadores foram dedicar o triunfo à malta que estava também ela à chuva e ao frio e ao vento (e à espera que começassem a chover calhaus, sei lá) é sintomática da união que neste momento se sente entre equipa e adeptos. E é um orgulho.

(-) Duarte Gomes Sem falar de qualquer lance, nem do penalty marcado e do não marcado, de algumas faltas bem ou mal marcadas, uma referência ao shôr árbitro. Não consigo entender como é que Duarte Gomes permite que este jogo se realize. Não sendo um conhecedor profundo das leis do futebol, sempre tive presente que o árbitro era o principal decisor no que diz respeito à avaliação das condições para que uma partida se possa efectuar, e a de ontem não as reunia. Não entro em teorias de conspiração, apenas me parece uma decisão imprudente e um risco enorme para a integridade física dos jogadores, porque se em condições normais já há hipóteses dos rapazes se magoarem seja em que lance fôr, essa probabilidade aumenta imenso quando o terreno está no estado que se viu ontem. Até para si é prejudicial, porque qualquer carrinho, qualquer mini-empurrão pode dar origem a faltas que não fáceis de avaliar! Uma má decisão, de qualquer maneira que a queiram ler.

(-) S.Pedro Se Deus é do Boavista, como vi ilustrado em vários estádios por este país quando o clube do Bessa ainda aparecia na televisão, parece-me que o Seu porteiro não gosta muito da bola. Não sei se o estádio tem um sistema de drenagem bem instalado e se estava a funcionar, mas parece-me que com a quantidade de chuva que caiu ontem, acho que nem com um campo inclinado a água tinha saído.

É complicado fazer uma análise honesta e tecnicamente correcta sobre um espectáculo como o que ontem se viu em Coimbra. Vencemos e não se pode dizer que jogamos bem porque era impossível. Ainda assim, pela luta e entrega dos jogadores e pelo talento de Varela, saímos de Coimbra com as roupas encharcadas e os três pontos no saco, que no fundo era o que mais importava. Venha o Besiktas. E por favor que não chova tanto.

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