O pacote

Na edição desta semana dos Grandes Adeptos na Antena 1 (que podem escutar aqui), Alfredo Barroso estava a falar do seu Sporting e disse qualquer coisa deste género:

“(…) O momento actual do Sporting tem de ser analisado em pacote, aliás em mais de um pacote. Há um pacote que inclui as duas derrotas incríveis (…), há um segundo pacote que inclui por um lado o presidente do Sporting e o director desportivo, Costinha (…) e o terceiro é o Paulo Sérgio.”

O jornalista, curioso pela ausência da crucificação de Maniche, questiona:
“E o Maniche?”

Responde o Barroso:
“Eu incluo o Maniche no pacote do Costinha.”

Duas coisas ocorrem-me ao ouvir esta frase:

  • Há uma notável falta de sentido de humor brejeiro naquela estação de rádio.
  • Ainda bem que estão em Lisboa. Se fosse no Porto garanto que a frase continha qualquer verbo acabado em “rabar”.
  • Alfredo Barroso foi o único sportinguista que veio a público explicitar metaforicamente o que é que Maniche fez a Costinha tendo em conta a aposta que o ex-Ministro fez no seu ex-colega no início da temporada. Propositadamente ou não.
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Ah, mas são brancas!

“Sobre o segundo golo do Sporting, na derrota frente aos V. Guimarães, Vítor Pereira encontra dois erros de avaliação no lance: “Há duas circunstâncias que não foram devidamente sinalizadas. A primeira é um contacto entre atacante [Evaldo] e guarda-redes [Nilson] e a outra é que há uma confusão do árbitro assistente que valida o golo sem que a bola tenha entrado.”

Apesar do erro em Alvalade, o presidente do CA admite existirem atenuantes para que o erro se tenha efetivado: “A primeira é o facto de as luvas do Nilson serem brancas… Como a bola bate na barra e depois vai às luvas, ele pode ter visto o branco das luvas e confundiu. O outro facto é a substituição do árbitro, porque entrou a frio e aquele lance aconteceu no chamado ‘período de adaptação'”.”

Vitor Pereira in Record

Da próxima vez que fizer borrada no trabalho ou em casa, tenho de telefonar ao Vitor Pereira para ver se saco uma desculpa deste género. É como se um homem apanhado pela mulher em pleno acto de cópula com a vizinha do lado, retirasse o falo da cavidade e, levantando-se, dissesse: “Mas, querida, pensei que fosse a tua! Afinal, são bastante parecidas e uma pessoa confunde-se!”

Patético.

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Bodes expiatórios

No arranque do campeonato, o benfiquismo (as primeiras páginas de A Bola e do Record) fabricou um bode expiatório — Roberto. Castigando e humilhando Roberto salvava-se o Benfica: retire-se Roberto da baliza e temos a pureza virginal do Benfica, a que era apenas preciso acrescentar umas alas mais eficazes. Depois, Roberto defendeu um penalti e ganhou confiança — era o novo herói do Benfica, o vértice luminoso de um polígono de glórias destinado a subir pela tabela e atacar o título. A partir de agora, o benfiquismo (as primeiras páginas de A Bola e do Record) encontrou uma nova desculpa: Jesus, o homem que se limitou a desviar David Luiz para a faixa de Hulk, a fim de parar o tufão que no ano passado foi impedido de jogar. Humilhando Jesus, que no ano passado pôs o Benfica a jogar como não acontecia há vinte anos, salva-se o Benfica. É toda uma doutrina sobre danos colaterais.
E dizer, com clareza e simplicidade, que o FC Porto ganhou o jogo de ontem porque foi superior? Está quieto. Melhor é inventar um novo bode expiatório.

Francisco José Viegas in A Origem das Espécies.

Touché. Como já é hábito nos textos do onanista (no bom sentido…esperem, há um mau sentido?) dragão.

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Vai em frente, Hulk!

É impossível não falar bem deste puto nos dias que correm. De todo o lado chovem elogios, semeiam-se planos para um futuro brilhante e o jogador azul mais verde de todos parece flutuar por entre delicados nenúfares, levando em ombros pela mesma imprensa que o crucificou aquando do túnel da Luz, no ano passado, que aposto já ter dado cabo da zona lombar de alguns editores e pseudo-colunistas, tal foi a forma como dobraram a espinha para inverter o seu comentário em 180º (ou 360º, se fosse o João Pinto).

Hulk tem vindo a fazer jogos acima de qualquer crítica, pela força pura que coloca em campo, pela energia que transmite ao jogo da equipa e, surpreendentemente, pelo sentido prático que tem demonstrado, abdicando dos remates a 40 metros da baliza pela progressão com bola, procurando as tabelinhas por forma a enquadrar cada vez melhor os remates à entrada da área. Comparar este Hulk que hoje vemos com o Hulk que cá chegou é um exercício de futilidade, porque a única coisa que resta é o nome, a alcunha e o físico. O resto está muito diferente para melhor, o rapaz discute menos com os árbitros e com os colegas, é muito mais voluntarioso a ajudar ou a passar a bola e é, com mérito, o melhor jogador deste campeonato, à frente de Coentrão, Falcao, David Luíz ou Polga (o homem foi campeão do Mundo, pronto).

Méritos da mudança? Um conjunto de pormenores, um leque mais ou menos vasto de variáveis, desde a exagerada punição depois do triste cenário tuneleiro, passando pelo amadurecimento bem acompanhado por Jesualdo e agora por Villas-Boas e acima de tudo a noção que se foi instalando na mente do jogador que estava a perder terreno na progressão de uma carreira com tudo para ser brilhante.

Seja por que motivo tenha sido, temos Hulk em grande. Os 100 milhões não serão atingidos, mas que o rapaz está a ganhar fãs por essa Europa fora, lá isso não tenham dúvidas.

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