Teimoso

Jesualdo é um homem a sério. Tem uma espécie de pré-bigode tipo Errol Flynn, lábios finos que indiciam alguma malícia e cinismo, cabelo grisalho e gabardina comprida. Tem sido o nosso líder, mentor de jovens e general-em-campo dos guerreiros de azul-e-branco que semana após semana se colocam frente a frente com outros 11 energúmenos que têm o despudor de pensar que podem tirar-nos os merecidos 3 pontos. Porra que agora parecia benfiquista. Cruzes credo. Adiante.
De qualquer forma, Jesualdo é uma nova evolução nos treinadores portistas. Para quem, como eu, começou a ver futebol mais ou menos a partir da conquista da Taça dos Campeões Europeus em 1987, já viu diversos treinadores a passar pelo leme da equipa. Desde Artur Jorge a Jesualdo já tivemos de tudo: um louco que arriscava tudo em campo com 3 defesas, meia-bola e força; um sósia do Peter Sellars que tentou durante 3 semanas ensinar o Pepe a jogar numa defesa em linha (que está ao nível de tentar dar de comer a um rinoceronte com uma colher de café); um homem de mentalidade ultra-defensiva que punha o Kostadinov ou o Domingos à frente de 9 defesas e trincos; um tipo sisudo que não falava a não ser que lhe perguntassem 3 vezes a mesma coisa; um outro que falava demais e só dizia estrume, matéria a que, entenda-se, estava muito mais à vontade; ainda outro que quando falava era num misto de duas línguas e fazia sorrir o mais triste dos sportinguistas (este foi deliberadamente um mau exemplo!); um que se vestia como um Deus e treinava como tal; outro que tentava imitar o anterior mas só chegava perto no cabelo; outro que tinha tiques quando estava nervoso; um que nunca punha a mesma equipa 20 jogos seguidos; um que destruía balneários pelas opções; outro que destruía balneários à pancada…entre outros traços de personalidade enervantes ou cativantes, dependendo da mente de quem os analisar.
Cobrindo toda a gama de treinadores que já tivemos, creio que há uma qualidade ou defeito que acaba por ser transversal a todos: a teimosia. É isso que faz com que Jesualdo, como Mourinho, Oliveira ou Robson antes de si, esteja à cabeça da equipa e não a obedecer a ordens de terceiros. A pressão está sobre os ombros do treinador durante todos os 90 minutos de cada jogo e é exactamente o treinador que tem de prestar contas pelas opções correctas ou erradas. Quer seja uma substituição antecipada, instruções para o trinco começar a acertar nos gémeos do playmaker adversário ou para o avançado jogar mais descaído para a esquerda, ou até as conversas no balneário antes e depois do jogo, tudo está assente no treinador. E normalmente, para fazer avançar as suas ideias ou para de uma forma mais ou menos convincente conseguir fazer com que elas vinguem na cabeça dos jogadores e sejam implementadas em campo, o treinador tem de ser teimoso. Como uma mula com o período.
Percorrendo a lista de treinadores que atrás mencionei, encontramos inúmeros exemplos de teimosia. A invenção de Aloísio a defesa-esquerdo de Robson, a desistência de um número 10 invalidando o uso de Diego por parte de Couceiro, o chavascal defensivo de Ivic, a incapacidade de Fernando Santos mandar mais no balneário que Capucho, Jardel ou Sérgio Conceição, e agora a aposta recorrente em Raúl Meireles e Mariano González de Jesualdo. Normalmente as teimosias correm mal e acabam por ter resultados infelizes tanto para os adeptos como para o próprio treinador. Ivic acabou despedido, Robson levou 3 no pêlo, Fernando Santos não conseguiu vencer o Hexa e Couceiro…bem, foi para a Lituânia.
Não quero com isto dizer que todas as teimosias acabam por correr mal. Há muitos exemplos de birras de treinadores que acabam por resultar, mas normalmente não é assim. Mariano e Meireles são, quanto a mim, elementos que deveriam sair da equipa, quer por cansaço físico quer por fracas prestações, e quando terminar esta vaga de lesões há que começar a rodar o plantel. Vamos ver se nesse momento as opções de Jesualdo mudam e temos algum sangue novo que é necessário para revitalizar a equipa tanto mental como fisicamente. E é preciso fazê-lo rapidamente antes que seja demasiado tarde…
Link:

Pátria amada, Brasil!

Hulk na Selecção é uma notícia esperada por muitos e temida por alguns. Eu encontro-me no segundo grupo. É verdade que o rapaz tem tudo para ser um bom jogador e esta primeira chamada para uma experiência a um nível diferente a que Givanildo está habituado pode muito bem ser a alavanca que ele precisa para amadurecer, crescer como jogador e finalmente atingir a classe e produtividade que os adeptos do Porto anseiam.
Mas será cedo demais? Hulk está num momento de forma razoável mas abaixo do que já mostrou, muito embora tenha marcado alguns golos e dado outros a marcar aos colegas, ainda tem muito espaço para evoluir e esta convocatória pode começar a colocar uma verdadeira “delusion of grandeur” na cabeça do brasileiro, juntamente com os meninos-vedetas do estilo de Robinhos e Adrianos.
Em forma de lista, eis a minha análise:
POSITIVO

NEGATIVO
  • Maior exposição internacional
  • Valorização do jogador com boas exibições
  • Possibilidade de estar no Mundial 2010
  • Novos conceitos tácticos
  • Mais moralizado com os créditos ganhos

  • Arrogância pela novidade
  • Lesões e cansaço
  • Falta de entrosamento
  • Desmoralização em caso de má exibição
  • Comparação com outros jogadores mais experientes

Imagino que ser chamado para a Selecção Nacional deva ser um sonho para qualquer jogador, mas chegará esta chamada na altura certa? O tempo o dirá, e espero que Hulk saiba gerir as suas próprias expectativas e definir as prioridades correctas. Dito isto, os meus parabéns ao rapaz!!!

Link:

Votação: Jogos à tarde ou à noite no Dragão?


Desde que comecei a deslocar-me para a zona das Antas em dia de jogo, as lembranças que tenho mais presente são as dos jogos à tarde. Fosse sábado ou domingo, ia para o estádio acompanhado de alguns amigos, subindo Fernão de Magalhães quase desde o Campo 24 de Agosto e apreciando a cidade e a vida que não se sente à noite. Era mais saudável e mais simpático, para além de que depois havia mais tempo para outros afazeres nocturnos. Naquela idade não sabia o que era ir beber um copo com amigos nem tinha uma casa que pudesse chamar minha, por isso hoje dou mais valor a estar tranquilamente no repouso familiar. Querendo saber se mais gente se sente como eu, fiz a pergunta: preferem jogos à tarde ou à noite quando o FC Porto joga em casa? As respostas foram:
  • Tarde: 72%
  • Noite: 27%
Et voilá, continuo com o dedo firmemente no pulso da comunidade azul-e-branca. Não aperto muito, garanto!
Próxima votação: Farías deve sair em Janeiro?
Link:

Afinfa-lhe, Boronha!

O António Boronha não perde uma oportunidade de criticar esta parvónia de imprensa que aparentemente continuamos a ter e a gostar de ter. O apelo provinciano d’A Bola de hoje é simplesmente absurdo, e Boronha zurze (gosto do verbo, que querem?!) nele como um pastor numa cabra montesa que foge para o monte, longe do rebanho.

A ler aqui.
E já agora acrescento:
Quem não é do Benfica merece ser atropelado pelo Sebastien Löeb.
Quem não é do Benfica devia lavar a cara com fezes.
Quem não é do Benfica terá de pagar IVA a 40% e IRS a 60%.
E não parava por aqui, só que tenho mais que fazer…
Link: