Baías e Baronis – Guimarães 0 vs 2 FC Porto

Há uma mudança grande de filosofia entre as competições a eliminar e as de progressão lenta durante um ano inteiro. Há uma determinação diferente das equipas, um espírito de luta e uma vontade de vencer que parece por vezes ultrapassar todas as lesões, indolências, inércias e más-disposições que possam obstruir o normal decorrer de um jogo. E depois há jogos como este, onde uma equipa vive de bolas para a frente, agressividade de escola visigótica (quantas pernas tem o 2xAndré e quantos braços tem Maazou?!) e a outra optou por um jogo calmo, ponderado e procurou meticulosamente descobrir o melhor caminho para a baliza contrária. Não foi extraordinário (a segunda-parte foi aborrecida e cheia de não-futebol) mas foi suficiente para seguir em frente num campo difícil. Vamos a notas:

(+) Fernando. Ouve lá, ó maluco, se tu me vieres dizer que fizeste de propósito para marcar aquele golo, meu menino, mando-te dar uma volta ao maior bilhar que encontrares! Mas lá que foi bonito e me fez dar um salto que acordou a minha filha que ia dormitando nos meus braços, lá isso não haja qualquer dúvida. E para lá do que fez nesse lance, foi o que fez em todo o resto do jogo que me continua a fazer crer que está a ser “O” jogador do FC Porto versão 2013/2014, pela luta, pelo posicionamento e pela inusitada inteligência a levar a bola para a frente. É curioso notar que tendo Herrera ou Josué ao lado, Fernando raramente se aventura por linhas avançadas, o que já não acontece quando é Defour que joga a seu lado no esquema de Paulo Fonseca que ainda não me convenceu. Mmm.

(+) Defour. Foi a imagem de marca tradicional de um médio de cobertura lutador e esforçado. Andou todo o jogo a tentar combater o grupo de lenhadores que apanhou pela frente e nunca dá a outra face à luta, optando quase sempre por tapar a defesa em vez de apoiar o ataque, mas serve como o melhor complemento para Fernando. Sim, ter dois médios defensivos é estranho e pode fazer com que nos sintamos permanentemente em inferioridade numérica no ataque, mas quando é preciso abafar pressões ofensivas…é ele o homem certo.

(+) Jackson, para lá do golo. Os centrais do Guimarães são compostos por 50% de brutalidade e 50% de elegância. Jackson deu cabo da cabeça e das pernas de ambos durante toda a primeira parte e só foi pena ter conseguido apenas um golo.

(-) Falta de agressividade em zonas perigosas. Ricardo Gomes, Barrientos e Maazou foram os principais responsáveis por este Baroni. O jogo foi rijo, já se sabia que ia ser essa a forma de chegar à vitória e sabendo que o Guimarães é uma equipa que opta por bater primeiro e perguntar se foi falta alguns segundos mais tarde, a forma certa era a de tentar sair com a bola controlada “ma non troppo”, tentar defender a baliza com simplicidade e sentido prático mas acima de tudo nunca desistir de lutar pelas bolas perdidas. Acertámos em duas primeiras mas falhámos na terceira. Houve demasiados lances em que Alex Sandro ou Mangala se deixaram “comer” pelo desespero da malta de branco e várias destas oportunidades podiam ter resultado em lances perigosos para Fabiano. A atitude competitiva, tantas vezes pontapeada por vimaranenses que usavam os braços e o corpo sempre que podiam (e Jorge Sousa deixava), não pode ser tão relaxada. Nunca.

(-) Otamendi fez falta sobre Mangala na nossa área. A sério. Mais uma atrapalhação do argentino (no resto do jogo até nem esteve mal) que Jorge Sousa fez o favor de transformar no ridículo de uma falta a nosso favor mas que podia ter sido mais um lance para o compêndio de hilaridade que têm vindo a ser as exibições defensivas da nossa equipa este ano…


Para a próxima eliminatória, só um pedido: Não quero Benfica vs Porto. Não quero Benfica vs Porto. Não quero Benfica vs Porto. Não quero Benfica vs Porto. Não quero Benfica vs Porto. Não quero Benfica vs Porto. Não quero Benfica vs Porto. Não quero Benfica vs Porto. Não quero Benfica vs Porto. Não quero Benfica vs Porto. Não quero Benfica vs Porto. Não quero Benfica vs Porto. Não quero Benfica vs Porto. Não quero Benfica vs Porto. Não quero.

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Baías e Baronis – Belenenses 1 vs 1 FC Porto

foto retirada de MaisFutebol.pt

Percebi, como muitos portistas também perceberam, que uma vitória neste jogo só podia aparecer de bola parada ou com uma qualquer jogada individual que fizesse com que a equipa trouxesse três pontos para casa. O jogo foi mau e não teve ajuda nenhuma do relvado que mais parecia uma espécie de duna plana ao longo de um rectângulo de 100 por 50 metros, onde a areia saltava tanto que cheguei a pensar que as ondas na Nazaré (agora diariamente nas notícias, trazendo-me todo o entusiasmo de um cão a defecar na floresta) foram tão altas e intensas que empurraram a praia até Lisboa. Talvez tenhamos merecido o empate (talvez, mas não garanto), mas pouco fizemos sequer para sair de lá com um mínimo de amor-próprio e dedicação ao clube, à equipa e ao objectivo principal, o de ser campeão. Vamos a notas:

(+) Danilo. Subiu bem pelo flanco e aproveitou a presença de Ricardo e da sua velocidade para ficar em zona mais recuada e mais interior o que lhe permitiu algumas incursões até perto da área. Tentou alguns remates que nem sempre lhe calharam bem, mas foi dos poucos jogadores com vontade e espírito de sacrifício.

(+) Fernando. Não fazendo um jogo ao nível do que fez contra o Sporting e especialmente contra o Zenit, foi prático e simples no centro do terreno, dos poucos que fez com que a bola rolasse para os flancos em condições. Não marcou a diferença num meio-campo que pareceu “vazio” de ideias, com pouca construção de jogo consistente e a dar espaço demais ao adversário, mas foi dos poucos jogadores com vontade e espírito de sacrifício.

(+) Helton. Várias defesas de bom nível, mas acima de tudo uma depois da cabeçada do Diawara, de grande dificuldade e que fez com estilo e eficácia. Salvou o FC Porto, disse o comentador da SportTV, e disse muito bem.

(-) Mangala. Nada posso dizer que faça com que Mangala não se deixe estar no fundo de um belo de um fosso neste momento, coberto de estrume e merda de esquilo até aos dentes. Só digo o seguinte: hoje devia ter levado um belo par de tabefes…e se conseguirem alguém na nossa estrutura que o consiga fazer sem medo de represálias, avisem-me que eu entro em contacto com ele. No “meu” tempo, os centrais serviam para cortar bolas para longe da zona de perigo. Parece que os de hoje já não servem para isso. É pena. Tínhamos ganho o jogo se as coisas ainda fossem assim.

(-) A qualidade do FC Porto neste tal como na grande maioria dos jogos. Não consigo entender a forma de jogar da equipa e já não é de hoje. Repararam que terminei os Baías que dei aos jogadores de campo sempre da mesma forma? Não foi concidência nem copy/paste, garanto, é mesmo a forma como olhei para a televisão hoje ao final da tarde e vi o que o FC Porto tem vindo a fazer consecutivamente quase desde o início do campeonato mas que se tem vindo a agravar nos últimos jogos. Há uma notável falta de alegria na manobra da equipa, uma quase total ausência de audácia, vivacidade, felicidade no desenrolar do jogo, esteja em que fase estiver da partida. Os jogadores parecem cansados mal entram em campo, vergados à força de um qualquer Deus do Mau Futebol que lhes vergasta as costas e quebra a moral mesmo antes do apito do árbitro. Há pouco empenho, pouca garra e muito pouco discernimento, como se tivessem desistido antes sequer de tentar. Vejo Lucho muito parado, com tabelinhas a mais e progressão a menos; olho para Varela e depois de dois bons jogos regressou às exibições ausentes, sem velocidade nem aceleração, sem improviso, sem alma. Alex Sandro, um jogo ridículo de mau, com inúmeras perdas de bola, displicências atrozes e falhas no passe que não se perdoa a amadores. Fico doente a ver Otamendi e Herrera, que passam a bola como poucos. Muito poucos. Se tirarmos uma amostra do jogo de hoje, há jogadores profissionais de Boccia que nunca chegaram aos Olímpicos e que passam melhor a bola que estes dois rapazes. Jackson, sempre sozinho; e podia continuar por aqui fora com tantos outros que perdem bolas antes de as conseguirem controlar, pela lentidão dos seus movimentos e inépcia na decisão e construção mental. Falta alma a estes gajos, falta força, vontade, brio. Falta orgulho e desejo de continuar a serem os melhores. Se eu estivesse no lugar deles, garanto que faria melhor. Pelo menos tentava mais.


E lá vão quatro pontos perdidos, todos no distrito de Lisboa. Sabia que os impostos tinham aumentado e que andavam a cortar a torto e a direito em cima da prole, mas fazerem isso a uma dúzia e pico de burgueses que apareceram do Norte já me parece exagerado. Mas lá que foi merecido, lá isso…

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Baías e Baronis – Marítimo 1 vs 1 FC Porto

foto retirada de desporto.sapo.pt

O FC Porto não vence este jogo por um simples e inequívoco motivo: falhou um penalty. E já sei que não jogou bem, compreendo que temos vários jogadores lesionados, outros em baixo de forma física (e acima de tudo mental) e outros ainda que sempre que entram em campo fico a pensar no porquê da selecção do jogador…e especialmente do jogador na selecção. Sim, estou a falar de Varela. Mas o FC Porto empata porque Salin defendeu o penalty de Jackson e acima de tudo é essa a grande verdade do jogo. Mas se olharmos para lá do penalty falhado vemos que os jogadores não estão bem. Não parece haver vontade e inteligência suficiente para conseguir mandar o infortúnio para o caralho, não vejo discernimento em quantidade que nos permita alegrar pelo menos com o entusiasmo, senão com o resultado. Não vi nada. Só vi resignação com a perda da autonomia e da auto-dependência para ser campeão. Só. Vamos a notas:

(+) Defour. Parecia que se queria redimir da expulsão na Andaluzia e até um certo ponto foi-o conseguindo, com esforço, com suor e o sentido prático que já nos habituou a ver-se em todos os lances em que se envolveu. Fez a assistência para o golo e apesar de não conseguir nunca substituir Moutinho, a verdade é que fez o jogo que lhe era pedido, apoiando todo o meio-campo a par de Fernando, deixando Lucho e James mais libertos para construir. Esteve bem.

(+) Castro. Foi dos menos maus, numa altura em que ainda conseguiu mexer com a equipa, recuperar bolas e fazer o que quase ninguém tinha feito até à altura…rematar à baliza. Não foi feliz mas fez por isso, ao estilo dele.

(+) Salin, o keeper do Marítimo. Claro, contra os grandes estes cabrõezinhos fazem sempre jogos fabulosos. Talvez esteja a ser injusto porque Salin já há algum tempo se tem mostrado como um guarda-redes com capacidade, seguro sem ser genial, firme sem ser maravilhoso. Aquela defesa à cabeçada do Jackson na segunda-parte…estupendo. Seu estupendo filho da puta, que nos roubaste dois pontos. Se não formos campeões, espero que te compremos e te ponhamos a rodar a jogar no Aleppo FC. Sim, o da Síria.

(-) Otamendi. Já não levava um Baroni há montes de tempo, por mérito próprio. Mas hoje, Nico tirou o dia. Exibiu-se sempre com falhas ridículas no approach à bola, falhando tacticamente como o Pepe na altura do Del Neri mas ainda pior foram as falhas técnicas, os controlos de bola fracos que permitiram a Heldon isolar-se duas vezes na cara de Helton. A sério. Duas vezes. Esteve distraído e foi incapaz de se concentrar até ao fim do jogo. Foi um jogo muito mau, talvez pela primeira vez este ano.

(-) Varela. Curto, grosso e directo: em Março de 2013, Varela tem tanta utilidade na equipa do FC Porto como uma saca plástica cheia com água salgada no meio do Oceano Atlântico. Pensei em metaforizar com um cacto no meio do deserto, mas mesmo parado e inconsequente ainda pode ajudar a tapar vento ou a dar sombra para proteger do Sol.

(-) Penalty falhado. Mais um. Há mérito para o guarda-redes, que adivinhou o lado e evitou que a bola entrasse. Mas é o terceiro penalty falhado por Jackson, pelo que pergunto: será ele o mais indicado a ser o marcador de penalties? Mesmo? Não há mais ninguém? Nada?

(-) Quando o corpo *pum*, a mente vai atrás. Somos neste momento incapazes de aguentar um jogo intenso, incapazes de viver as emoções de um jogo como homens que se esqueçam das infelicidades e que ganham força com os minutos, que insistem e puxam e agarram e comem a relva até conseguirem o objectivo a que se propuseram umas horas antes. Estamos lentos, previsíveis, horizontais, sem propósito, sem alma, sem força. Os rapazes estão lá, tentam, falham, mas não voltam a tentar para falhar melhor. Ou para terem sucesso, sei lá, já vi tanto a acontecer que acredito em tudo. Vejo um Danilo que é incapaz de fazer um jogo decentemente adaptado ao flanco. Vejo James a simular para roubar faltas. Vejo Alex Sandro à rasca das pernas a centrar para o primeiro poste com uma consistência newtoniana. Vejo Varela sem se mexer. Vejo Lucho a falhar passes consecutivos na desmarcação. Vejo Jackson a rematar torto vezes demais. E vejo-os a fazer tudo isto e a ficarem impassíveis quando lhes são marcadas as faltas, quando os remates vão ao lado ou os passes ao fundo. Vejo-os amorfos, sem alma, sem convicção. E não consigo perceber o porquê desta inversão de moral, não sei se são as lesões, se é Moutinho, se é Vitor Pereira ou a sua incapacidade de os motivar em condições. Só sei que não percebo como é que se abdica de ser campeão nacional.


Enquanto escrevo, o Benfica vai vencendo em Guimarães, com um penalty marcado. Marcado. Às vezes são estas as pequenas merdas que fazem a diferença. Good for them. Estão a aproveitar consistentes deslizes de uma equipa que sabendo não poder deslizar, mostrou algum empenho mas nem perto do nível suficiente para poder chegar ao tasco, bater com as botas na porta e dizer: “Mas que merda é esta? NÓS É QUE SOMOS CAMPEÕES, CARALHO!”, ganhar os três pontos e ficar com uma bebedeira na fila de check-in no aeroporto. Parabéns, rapazes. Conseguiram pôr-me chateado convosco.

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