Mais uma pérola

O desespero

Com papas e bolos se enganam os tolos. Os invejosos voltaram à única coisa em que se distinguem – a maledicência –, com a insipiência do costume, é certo, para tentarem, fora do campo, o que não conseguem dentro das quatro linhas. Um clássico.

Ontem mesmo, no dia em que foi conhecida mais uma sentença da Justiça, favorável a Jorge Nuno Pinto da Costa e ao FC Porto, foram colocados no YouTube dois áudios (um em português, outro em inglês, e viva o luxo) do ex-árbitro Jacinto Paixão, em que este acusa o FC Porto de o contactar para prejudicar o Benfica num jogo no Estádio da Luz, com o Moreirense, disputado no final de Fevereiro de 2004.

Ainda hoje o FC Porto agradece às alminhas que esse jogo tenha terminado 1-1, pois foi esse resultado que permitiu uma vantagem na classificação de 14 pontos sobre o terceiro classificado, contra os escassos 12 antes da jornada se disputar, isto à 24.ª ronda. Um alívio.

Jacinto Paixão é mentiroso. Mente com todos os dentes e a ficção voga à medida dos interesses momentâneos dos desesperados desta vida. Em Dezembro de 2010, Jacinto Paixão foi entrevistado na BenficaTV e o que disse ele então? “Ouvi falar de viagens pagas, não sei se é verdade”, mas agora, numa alegada gravação de 2004, ontem cirurgicamente divulgada, diz que o FC Porto lhe pagou uma viagem a Marrocos… Curiosamente, Jacinto Paixão apresenta-se na dita gravação de 2004 como ex-árbitro, função que abandonou em Março de 2006. Um visionário, portanto. Até a mentir são muito fraquinhos.

Não nos espanta que estas notícias surjam a menos de uma semana do FC Porto disputar mais uma final europeia, o mesmo já tinha acontecido aquando das meias-finais, com uma notícia do jornal Marca, sabe-se com que intuito. Para os mais esquecidos, sabem qual foi o resultado? Quem foi possível identificar vai ser processado e o FC Porto apurou-se para a final, enquanto outros acabaram envergonhados, a pedir desculpas aos próprios adeptos.

Se alguém tem dúvidas da origem destas sucessivas mentiras basta recordar quem foi, em tempos, o advogado que representou Jacinto Paixão. António Pragal Colaço, conhecido por apelar à violência contra os adeptos do FC Porto em plena Benfica TV.

Como ainda a semana passada cantava uma claque ilegal, quando uma equipa chegou de mais uma derrota: “Joguem à bola…”

PS: O jornal i noticiou hoje que o Benfica suspeita de espionagem e que o FC Porto leia os seus mails. Descansem, não somos assim tão perversos, para nossa diversão basta ler os jornais “A Bola” e “Correio da Manhã”.

Já disse isto antes e volto a dizê-lo: desde que Francisco Marques se tornou no novo Director de Comunicação do FC Porto, os comunicados são autênticas pérolas. Dá gosto ler.

Quanto à notícia e ao video/texto/pseudo-confissão-oh-pá-toma-lá-cem-euros-e-lê-isto, o que me saltou imediatamente à vista foi o “ex-árbitro” em 2004…quando o homem continuou a apitar bem para lá desse ano. Patético. E ainda há gente que acredita nestas coisas…

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O boomerang do karma

Não preciso de falar dos confrontos com a polícia. Nem é necessário lembrar os pontapés que os nossos jogadores levaram no lombo aquando do jogo do campeonato. Esta foto diz tudo:

foto retirada de Record

 

Que ninguém venha reclamar por causa das peitadas do Belluschi ao Duarte Gomes em Braga.

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Os 15 pecados de Duarte Gomes vistos do meu sofá

É raro comentar arbitragens, como sabem. Mas abro uma excepção para este caso para usar como uma espécie de mini-manifesto para que possam avaliar a forma como vejo estas coisas. É impossível para um árbitro ser eficiente a 100% durante um jogo e a grande maioria dos lances são muito difíceis de avaliar. Ainda assim, por vezes vêem-se decisões estranhíssimas e por isso cá vão as minhas opiniões sobre os 15 pecados de Duarte Gomes que foram assinalados pelo FC Porto ontem em conferência de imprensa:

 

2 minutos: Assinalada falta de Otamendi num lance em que nem sequer toca em Saviola. Aimar protestou e viu cartão amarelo.
Não há falta, mas ainda que houvesse não devia por isso ter parado o jogo, prejudicou o Benfica que ia para a frente com perigo.

5 minutos: Fábio Coentrão bloqueia Hulk com o braço na área do Benfica. Não foi assinalada qualquer infracção.
Não vejo falta nenhuma. O Hulk aproveitou o facto de estarem os dois embrulhados e acaba por ver se cola o penál. Não colou, siga.

6 minutos: Saviola atinge Helton já sem hipóteses de chegar à bola. Sem admoestação.
Amarelo por mostrar. Limpinho.

6 minutos: Aimar escapa, sem explicação, ao segundo cartão amarelo, após entrada dura, pelas costas, sobre Falcao.
Compreendo que não o tenha expulso. Benfica vs FCP, seis minutos, mandar um gajo para a rua era entornar logo o caldo. Mas arriscou-se a perder o controlo do jogo.

15 minutos: Penalti assinalado contra o FC Porto, Otamendi e Jara estão ambos em contacto, mas só foi visto pelo assistente o contacto do jogador do FC Porto.
Não há falta nenhuma. Não é só em Portugal é que se marcam estas bichonices, mas aqui é um exagero. Otamendi está, tanto como Jara, a tentar ganhar posição. Ambos usam os braços e Jara sabe que está dentro da área e “cede” ao contacto. Não simula penalty mas também não o sofre. Amarelo mal mostrado.

21 minutos: Sidnei atinge intencionalmente Falcao na face, com o cotovelo. Com a perna direita, ainda pontapeou o jogador do FC Porto. Não aconteceu nada.
É bruto, mas não me parece uma agressão. Se assim fosse o Bruno Alves nunca tinha acabado um único jogo. Nem dezenas de centrais por aí fora.

31 minutos: Jara teatraliza lance na área do FC Porto, sai impune e Fucile vê amarelo.
Fiteiros, todos. O Jara vai contra o Fucile e atira-se para o chão. O Fucile não tem nada que se ir lá meter na confusão e apanha amarelo. Não me choca, mas se o Jara também levasse também não me chocava.

34 minutos: Jara joga a bola intencionalmente com o braço, tentando enganar o árbitro.
Depende do critério do árbitro e se viu ou não o lance. Se não dá aqui, não dá a nenhuma outra mão intencional.

36 minutos: Jara repete, na cara de Duarte Gomes, e, mesmo tendo o árbitro a certeza da segunda tentativa de engano, não mostra nunca o respectivo amarelo.
À primeira todos caem. À segunda cai quem quer. Ainda por cima Duarte Gomes avisa-o pela segunda vez. Para quê?! Amarelo por mostrar.

62 minutos: Entrada perigosa em tackle lateral de Fábio Coentrão. Já tinha visto o amarelo aos 21 minutos. Era expulsão por acumulação de amarelos.
Arriscou muito, o shôr Fábio. Podia ter levado o segundo amarelo, mas como Fucile já tinha tido uma entrada do género e também não foi expulso, compreendo o critério.

67 minutos: Agressão inequívoca, ao pontapé, de Javi Garcia a Varela. Só viu amarelo.
Indesculpável e impossível de perceber. Ah, esqueci-me da justificação do Rui Gomes da Silva: “o Varela deixou a perna para trás”. Foi isso. Vermelho limpo.

69 minutos: Segundo amarelo a Otamendi num lance de corpo a corpo, junto à linha lateral, num claro exagero disciplinar, ainda mais tendo em conta o critério utilizado durante todo o jogo.
Aqui é que não percebo mesmo. Depois de entradas de carrinho do Aimar, Coentrão, Fucile et al, este rapaz está na linha lateral, longe da baliza…e leva o segundo amarelo? Não percebo e não concordo.

71 minutos: Agressão de César Peixoto a pontapé a Guarín. Sem castigo disciplinar.
Outra limpinha. É vermelho e bem vermelho. O César sabe perfeitamente o que fez.

78 minutos: César Peixoto, de novo, sobre João Moutinho. Rasteira clara. Árbitro nada assinalou e Peixoto acabou o jogo sem amarelo.
Amarelo para César Peixoto. Limpinho.

78 minutos: Cardozo tenta atingir Helton de forma brutal. Tentativa de agressão passa impune.
Sim, ma non troppo. Tentou, é verdade, mas é difícil para o árbitro ver. Ainda assim foi um porquinho.

 

 

A somar a estes tópicos posso somar os que nos beneficiaram, que o Antero não mostrou. Devia, mas isso era sonhar com uma utopia que não verei na minha vida. Do que ainda me lembro, temos uma entrada rija do Fucile sobre Salvio/Gaitán e uma entrada ridícula do Moutinho a pés juntos, mais para o final do jogo. O Fucile arriscou, como o Coentrão aos 62 minutos, mas o Moutinho era vermelho directo. Nem lhe dava hipótese de abrir a boca.

O que custa mais nesta situação toda é mesmo a nota do observador. Que Duarte Gomes não tenha querido estragar o jogo e causar um motim na Luz, compreendo. As expulsões de Javi ou César, mais que a de Moutinho, gerariam um barulho enorme e o árbitro provavelmente não aguentou a pressão. É humano, compreende-se. O que não entendo é a incapacidade do observador de ver as coisas como uma pessoa normal veria. Sem óculos, sem clubites, só com profissionalismo.

Acredito que não concordem comigo em alguns dos lances. Em todos. Em nenhum. Mas é assim que eu vejo o jogo. E as pessoas têm de meter na cabeça que não é por fazerem uma análise fria e consistente com o que acabaram de ver, mesmo que pontualmente vá contra os seus interesses, que vai fazer deles traidores ao clube. E vou continuar a ver os jogos sempre assim, porque só quando tiramos as pálas dos olhos é que podemos dizer com verdade que gostamos de ver futebol.

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Onze

Se eu não soubesse que todos na Comissão de Disciplina são sérios, éticos e profissionais, diria que esta decisão cheira pior que as cuecas de um homem com problemas de flatulência depois de comer uma picante feijoada de gambas.

Ao invés de tecer considerações que só poderiam ser inferências quanto à postura moral dessa gente, remeto-vos para o artigo do Dragão Crónico sobre o assunto. É digno de ser lido, porque ao mesmo tempo que vão sorrir, uma pequena porção das vossas psíques, e diria até um bom número de estômagos, vão passar à fase de revulsa.

Tal como a nota de Duarte Gomes atribuída pelo observador Fernando Mateus, este castigo a Jesus é perfeito. Só não é, à semelhança dos elementos do Conselho de Disciplina e de Fernando Mateus, honesto.

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