Ouve lá ó Mister – Beira-Mar


Amigo Vítor,

Doeu a todos o jogo contra o Zenit. Não tenho dúvida que te doeu pessoalmente e também deve ter doído aos meninos que tu lideras, por motivos diferentes, mas o tempo para lamúrias acabou no momento em que tanto os teus jogadores como o resto da malta portista chegou a casa e desabafou com as mulheres ou com uma garrafa de Cardhu. Agora, só se volta a pensar em Europa, para lá das cimeiras, em Fevereiro. Até lá também tens alguns jogos para a outra taça, a da Liga, mas só tens uma prova fundamental: o campeonato.

Ninguém te vai perdoar se voltares à fase pré-Shakhtar, especialmente depois de termos visto a equipa a jogar com a força e o querer que mostrou na passada terça-feira. E em Aveiro, que já nos deu tanta alegria nos últimos anos, com duas Supertaças e mais algumas vitórias…lembra-te que foi exactamente em Aveiro que jogamos contra o Feirense e aquela exibição patética foi o início da fase negra. Lembras-te disso, concerteza, e não podes deixar que os rapazes te façam isso de novo.

Reparei que na convocatória incluíste o Iturbe e o Alex Sandro. Já que o Defour está lesionado (Samuel Defour, segundo a besta do jornalista da RTP que fez o spot sobre nós ontem no Telejornal, vê lá aqui a partir dos 46m49s), deixa-me armar em treinador de bancada um bocadinho, faço isso poucas vezes para não te chateares mas desta vez era capaz de ser engraçado experimentares uma de duas coisas: sabendo que gostas de trocar os três avançados entre eles, é menos provável que gostes da ideia, mas que tal tentares pôr o James no meio, o Álvaro como ala-esquerdo e o Alex Sandro atrás dele? É verdade que ficavas com um jogador mais fixo mas o flanco abria de certeza e o Hulk podia aproveitar um ou dois cruzamentos decentes. A outra ideia ainda é melhor: Iturbe a titular à esquerda, Hulk ao meio e Djalma na direita. Isso é que era uma tolice! Não? Eh pá, não sei, nem sei para que é que me havias de dar ouvidos, se calhar é mesmo melhor trocares “ela por ela” e espetares o Belluschi em vez do Samu…do Steven e siga a rusga.

Escolhas quem escolheres, o que me interessa é ganhar o jogo e mostrar que o líder não se deixa abater por tretas europeias. Ou pelo menos sabe recuperar quando é preciso.

Sou quem sabes,
Jorge

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Baías e Baronis – Beira-Mar vs FC Porto

Foto retirada do MaisFutebol

O jogo foi um tédio. O FC Porto esteve lento, insípido e desinspirado, dependendo dos arranques de Hulk e de James para imprimir velocidade ao jogo e do esforço de Belluschi na recuperação e criação de lances de ataque. O resto foi um deserto de ideias e algum nervosismo bem apontado por Villas-Boas que, como todos, notou que as decisões foram quase sempre erradas na altura de levar a bola para a frente em condições. Foi uma vitória importante (mais uma) num jogo fácil que nunca teve o resultado em causa, mas que podia e devia ter sido mais bem jogado. Vamos a notas:

(+) Hulk  Ao meio ou nos lados, a verdade é que este rapaz é o nosso abono de família. Conseguiu sacar o penalty que deu a vitória e notava-se que sempre que pegava na bola e começava a correr com ela, os defesas do Beira-Mar iam progressivamente recuando tal era o cagaço que Hulk pudesse acelerar ainda mais. Um golo, uma exibição agradável e a certeza que está em forma e com vontade de jogar.

(+) Belluschi  Não foi o Belluschi do início da época mas foi mais clarividente que Moutinho na (pouca) organização de jogo do meio-campo portista. Mas o que mais deve ser destacado na exibição do Nandinho foi a disponibilidade defensiva, a ajudar nos dois flancos com carrinhos de recuperação e a apoiar muito bem tanto Sapunaru como Rafa. Gostei muito de ver o argentino hoje em Aveiro.

(+) Fernando  Por muito bem que Guarín tenha jogado desde que Fernando se lesionou, as coisas são diferentes com o “polvo” em campo. Quando o Sr.Reges por lá anda e tem a cabeça no lugar, o jogo é mais fluido, a recuperação defensiva é mais eficaz e a segurança que o meio-campo mostra é bem mais compacta e garante uma maior solidez para os avançados estarem mais descansados. Quase perfeito na cobertura dos lances pelo meio, ainda teve tempo para algumas incursões ofensivas bem orientadas.

(+) Helton  Sempre seguro, sempre confiante e sempre a transmitir calma aos colegas. Esteve perfeito nos cruzamentos (e houve muitos, tantas foram as faltinhas de caca nas zonas laterais defensivas, convenientemente teatralizadas pelos avançados do Beira-Mar) e não deu uma hipótese a que houvesse perigo para a nossa baliza. Num jogo em que o resultado estava no 1-0…era exactamente o que precisávamos.

(-) Varela  Se lhe pintássemos a cara de branco e mudássemos o número na camisola para 11, a produtividade de hoje não se teria estranhado tanto. Varela esteve mal (ao contrário do que já li no MaisFutebol, por exemplo) e nunca mostrou qualidade de jogo para se manter em campo mais do que vinte minutos. É verdade que fez o cruzamento que originou o penalty mas qualquer um podia ter mandado a bola em balão para a área e beneficiado da falha do guarda-redes. Sempre que pegava na bola o jogo travava, e sabendo que Hulk estava ao meio e o FC Porto teria de usar os flancos para arrastar a bola para a frente e dar velocidade à partida, era imperioso que tanto Varela como James funcionassem em rotação elevada. James, dentro do género, fê-lo. Varela não.

(-) Passes falhados  Chateia-me reparar que jogadores tão bons e a jogar ao nível mais elevado que pode haver no nosso campeonato tenham falhas tão grandes e tão evidentes do ponto de vista do acto mais simples de um jogo de futebol: o passe. Tantas vezes se viram passes ridículos, desmarcações mal feitas e falhas técnicas que não podem surgir neste patamar de exigência. Os jogadores do FC Porto, aqueles que gostamos de ver a jogar pela garra, pelo esforço e pelo empenho, mostram-se muitas vezes tecnicamente muito abaixo do que deviam, por serem disciplentes ou por pura incapacidade, é frustrante por vezes ver um jogo com tantos passes falhados. Gostava de os pôr a tentar acertar num poste durante 10 minutos. Aposto que poucos o conseguiriam.

Tal como na passada quarta-feira, não há muito a dizer sobre o jogo de hoje, mas os motivos são diferentes. Se no jogo da Bwin Cup o resultado surgiu fruto de uma primeira-parte muito forte e de uma réplica quase nula dos aveirenses, este apareceu com um penalty quase caído do céu e que nos acabou por dar o descanso que procurávamos desde o início, com maior ou menor clarividência. Na próxima quarta-feira, contra o Nacional, é o que precisamos: ganhar. Mas era bonito fazê-lo a jogar melhor do que fizemos hoje.

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Ouve lá ó Mister – Beira-Mar

André, ex-proto-jornalista-desportivo!

Parece que ainda há três dias estive aqui neste fórum a aquecer-te as orelhas para te aconselhar com o meu humilde e muitas vezes insipiente discurso acerca da melhor forma de abordar um jogo de futebóli. Parece ainda que há algumas semanas que o faço, tal tem sido a enxurrada de jogatanas que a tua/nossa equipa tem disputado. É a vida, rapaz, calha a todos, e a nós tem-nos calhado muito.

Mas nunca desanimar! Sei que jogaste contra o Beira-Mar na quarta-feira e que correu muito bem, mas hoje é diferente. Nem os nossos nem os deles vão ser os mesmos, por isso podemos considerar o jogo do Dragão como um ensaio geral para uma ópera, libretto guardado e roupas vestidas mas a voz, essa bela voz, a meio gás. Hoje, tudo vai ser diferente, porque o jogo é fora, porque o adversário é jeitoso e vai jogar melhor do que fez para a Bíuíne Cup, e porque, admitamos, o interesse pelo desafio é bem maior.

Ainda por cima tens a grande vantagem de poder ser um treinador que entra na corrida para a Bola de Ouro dos Elementos. Já jogaste na neve, numa piscina e agora no meio do que parece vir a transformar-se num furacão de grau 16! (se a inclinação do lampião – é mesmo um lampião, não um alcoolizado benfiquista – do outro lado da rua servir para alguma pista) Só te falta jogar no deserto…se bem que as bancadas do Municipal de Aveiro, se continuar este vendaval, é possível que tal aparentem.

Vamos a isso. Hasta la viiktórya, siempre!!!

Sou quem sabes,
Jorge

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Baías e Baronis – FC Porto vs Beira-Mar

Foto retirada de www.fcporto.pt

Dei comigo por várias vezes a meio do jogo a dizer: “Porra, estamos a jogar bem melhor do que estava à espera!”. Foi uma exibição muito agradável, com excelentes trocas de bola entre jogadores teoricamente menos entrosados, somando alterações a meio-campo mas mantendo uma facilidade de mutação de posições e de subidas com boas compensações. Muitos plurais, peço desculpa. O resultado, criado na primeira parte, foi gerido de forma prática e eficiente na segunda, com Hulk e Moutinho a poderem descansar um pouco na segunda, já que depois do trabalho estar feito não era preciso muito mais correria. Decepcionou-me um pouco a fraca resposta do Beira-Mar…só espero que no sábado estejam iguais ao que mostraram hoje. Vamos a notas:

(+) Walter  Não podemos comparar o rapaz a Falcao. Tem um estilo diferente, uma velocidade diferente, paga um escalão diferente nas portagens, em suma, é diferente. Mas lá vai começando a marcar alguns golos…não, corrijo, continuando a marcar golos ao melhor estilo Faríasiano. Mexeu-se bastante melhor hoje na frente de ataque, com um golo, uma assistência e um remate que deu para Fernando espetar uma sarda das antigas na baliza Norte. O brasileiro (de 20 anos, recorde-se) está com garra, com vontade e com algum faro. Com Falcao de fora por algum tempo e alguma aparente renitência em entrar à tolo no mercado de inverno (que agradeço), parece que Walter está a tentar afirmar-se como uma alternativa credível. Ainda bem.

(+) Fernando  Um tiraço para o fundo das redes e uma exibição bem acima do que fez no último jogo em que interviu. Foi prático, rápido a subir no terreno e aproveitou a sorte de ter um meio-campo fraquinho à sua frente para entrar como queria pelo terreno inimigo e trocar a bola bem mais à frente do que seria previsível. Cabe a Villas-Boas optar entre ele e Guarín…sim, custou dizer.

(+) Hulk  Foram só 45 minutos, sem marcar um único golo. Parece pouco tendo em conta a recente produtividade do brasileiro, mas a quantidade parva de remates que fez à baliza do Beira-Mar (um dos quais originou o primeiro golo) chegou para marcar a diferença. Fez o suficiente para sair ao intervalo satisfeito pelo que fez.

(+) Emídio Rafael  Marcou. Sim, marcou. Para além disso fez o jogo mais decente com a nossa camisola, mais concentrado e com menos nervos, o que me faz crer que ainda pode ser alternativa. Com Sapunaru como titular indiscutível à direita e Fucile longe da melhor forma, a titularidade em Aveiro pode ser uma boa oportunidade de confirmar o crescendo de forma. Isto, obviamente, se Villas-Boas o escolher para o flanco esquerdo da defesa em detrimento do uruguaio…

(-) Isqueiros, telemóveis e afins  Há algumas vantagens em ver o jogo pela televisão. Para além das repetições e de conseguir estar na presença auditiva de uma das maiores grafonolas da televisão portuguesa (o Sr.Santos, entenda-se), é possível observar alguns pormenores que não é possível vislumbrar ao vivo. Hoje, reparei em isqueiros e telemóveis que foram discriminadamente arremessados para a zona do relvado onde se encontrava o guarda-redes do Beira-Mar, provenientes da Superior Sul do Dragão. Porquê, perguntarão? Não sei. Nunca sei. Só sei que quando vejo esse tipo de actos, a primeira imagem que me surge na moleira é a do início do 2001 de Kubrick: símios, a usarem um osso como arma, a manifestarem a sua indignação da maneira mais indigna possível. Chamem-me pedante à vontade, mas alguém que não tenha problemas mentais profundos e que vá para um jogo de futebol para atirar objectos para o relvado só pode ser tratado à pancada ou com choques eléctricos.

(-) Ruben Micael  Palavra que não entendo. Um jogador que no ano passado não deslumbrou mas mostrou sempre ser competente, com uma clarividência acima da média e uma capacidade de passe e de criação de rotinas ofensivas…transformou-se num rapaz medroso e a mostrar talento para pouco mais que rodar a bola para o sítio mais fácil sem subir no terreno, sem rupturas, sem força, sem garra. Está muitos furos abaixo do que pode e sabe fazer, mas qualquer coisa se passa para que mostre tão pouco em campo.

Não há muito a dizer sobre o jogo de hoje. A vitória do Nacional frente ao Gil Vicente acabou por condicionar as nossas hipóteses de apuramento por isso o que podíamos fazer era colocar o pé a fundo e tentar fazer com que a vitória fosse nossa para ainda termos alguma esperança na passagem às meias-finais. E esperar que o Beira-Mar não se queira vingar no sábado, porque esse jogo é bem mais importante que este que hoje se disputou.

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Ouve lá ó Mister – Beira-Mar

André, taceiro!

Pá…não há muito a dizer. Despois daquela brincadeira que saiu caro à equipa, a ti e ao Kieszek, que ainda deve estar a pensar como raio é que largou a bola daquela maneira, agora não há hipótese de falhar mais. É verdade que a Taça da Liga (ou BWIN ou Lucílio Baptista ou Carlsberg ou Estores Carvalho ou lá como lhe quiserem chamar) não será propriamente a competição que mais interessa, mas ainda assim, enquanto por lá estivermos, é para ganhar.

Tu sabes disso, os adeptos sabem disso…será que os jogadores também sabem? Pelo que vimos no jogo contra o Nacional, a resposta não pareceu muito simpática, e é por isso que contamos contigo para explicares aos moços que não se pode brincar em serviço. Já demos uma folga este ano, não deixes que comecem a pensar que só jogamos a sério pró campeonato ou prá Óroliga, homem!

Vamos lá equipa!

Sou quem sabes,
Jorge

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