Ouve lá ó Mister – Beira-Mar


Amigo Vítor,

Foi uma boa semana, Vitor. A vitória em Zagreb não foi brilhante, esteve longe de ser uma exibição que nos possa confirmar como o principal candidatos à vitória na Champions. Mas vi coisas boas, pá, e depois de combater opiniões contrárias com catanas e alguns cactos bem colocados nas cadeiras de alguns colegas de trabalho, consegui mostrar por A+G (porque A+B já não cola) que a equipa pode mesmo estar num bom caminho. E para lá daquele conceito que ninguém acredita que diz que o Porto está mais forte sem Hulk, a verdade é que está diferente. Para melhor, não sei, mas vi diferenças. Só que é preciso levar as coisas ao próximo nível, como num bar às três da manhã quando a gaja já está meia tocada e não nota que és um abrolho com um inchaço na coxa. Tira a imagem da cabeça. Vamos lá.

A convocatória surpreendeu-me, especialmente na zona recuada. Tiras o Nico e o Rolas e espetas lá o Abdoulaye? Admiro a tua coragem, rapaz, mas tem cuidado com as rotações do plantel tão cedo. Sei que achas que tens um ano de experiência e isso já te permite saber o que os moços te podem dar…só que os adeptos querem esquecer o ano passado para só se lembrarem do caneco. Acho que não deves abusar das rotações, especialmente quando vais ter um meio-campo todo comido por lesões e lutos. Sem Lucho e sem Fernando as coisas podem ser diferentes e se o Defour deu conta do recado na Croácia e o João “El Nuevo Catalán” Moutinho está sempre lá para as encomendas, estou curioso para saber quem é que vais mandar calçar para jogar a oito. O Geimes parece estar a melhorar, mas tens sempre o Danilo, que nunca o vi a jogar ali e até gostava de perceber se vale mais no meio-campo ou a lateral. Hmm. Não sei, como te disse nunca o vi. A frente é que tem de mudar, homem, o Varela parece que joga sempre de sabrinas e o Atsu está com fome de bola, pá. Troca os dois. Pumba. O resto deixo contigo, continua a mandar confiança para o povo que a gente aprova. Ah, e ganha o jogo. Três pontos, pá. Três pontos. Nada menos que isso.

Sou quem sabes,
Jorge

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Porta19 entrevista o Mais Beira-Mar

Continuando a saga das entrevistas, desta vez assumi o microfone virtual e dirigi-me a Aveiro, terra de onde vem a próxima equipa que se desloca ao Dragão com a vontade de nos roubar pontos mesmo na soleira da nossa porta. A audácia desta gente! Assim sendo, a simpática malta do Mais Beira-Mar aceitou o convite e responde às perguntas que lhes coloquei, no mesmo formato de todas as anteriores entrevistas a bloggers dedicados à sua causa. Vamos a isso:

 

Porta19: O Beira-Mar não parece ter mudado muito desde o ano passado, para lá da saída de um ou outro titular. Esperam uma temporada tranquila?

Mais Beira-Mar: Cumpre, desde já,salientar um aspecto. De facto, neste defeso, comparando com o anterior, tivemos menos movimentações, tanto ao nível de entradas como de saídas.

Mas em termos do 11 titular, saíram 4 jogadores fundamentais: Yohan (defesa central seguro e regular), Nuno Coelho (médio defensivo, que equibrava a equipa no momento defensivo), Zhang (jogador polivalente de grande utilidade) e Artur (médio ofensivo preponderante na manobra atacante da equipa).

Infelizmente, a maioria dos jogadores referidos não tem substituto à altura. Sasso (defesa central) ainda não convence. Passivo e pouco agressivo na abordagem aos lances). Fleurival e Collet (ambos médios-centro) prometeram muito na pré-época mas o facto é que caíram de produção neste início de temporada. Acreditamos em Serginho (médio ofensivo) mas neste momento ainda não apresenta a qualidade e regularidade exibicional de Artur.

Pelo que, com este plantel o que esperamos é lutar pela manutenção, o que corresponde ao objectivo principal do Beira-Mar para a presente temporada. Estamos, ainda, preparados para sofrer muito e até às últimas jornadas do campeonato para alcançar tal desiderato, à semelhança do ano passado.

Porta19: A gestão da SAD tem levantado questões importantes, principalmente a partir dos próprios adeptos. Foi ou não uma boa opção a venda aos investidores estrangeiros?

 

Mais Beira-Mar: Bem… em abstracto a vinda de investidores estrangeiros para o futebol português não é má, ainda por cima, na actual conjuntura econónico-financeira.

O problema foi o caso concreto do Beira-Mar. Majid Pishyar ajudou o clube a terminar a época de 2010/2011. Para ganhar o “negócio”, leia-se constituição da SAD, prometeu este Mundo e outro. Só que, assim que foi constituída a SAD… deixou de investir, faltando ao prometido. Em simultâneo, a direcção do clube não se precaveu devidamente para um eventual cenário de incumprimento, por parte do investidor e actual Presidente da SAD. Resultado: A actual SAD do Beira-Mar caminha rapidamente para a falência, porquanto o investidor recebe 90% de cada transferência e não tem prazo, datas-limite, para investir.

 

Porta19: Treinadores como Ulisses Morais ainda apresentam mais-valias para o nosso campeonato em virtude da experiência ou acabam por ser uma forma de manter o status-quo do passado?

Mais Beira-Mar: Não julgamos os treinadores pelo facto de serem denominados da “nova geração” mas pelo trabalho que desenvolvem. Entendemos que Ulisses Morais é um treinador competente e não podemos esquecer que melhorou o rendimento da equipa na recta final do campeonato transacto. É muito melhor do que Rui Bento. Neste momento, parece algo “perdido”. Falta alguma coerência nas opções, abordagem aos jogos e não percebemos, ainda, o motivo para algumas apostas, nomeadamente em Sasso. Acreditamos que o treinador vai atingir o objectivo » permanência.

 

Porta19: Há alguma esperança de conseguirmos ver o Municipal de Aveiro com mais cadeiras cheias que vazias? Porque achas que os adeptos se têm afastado do clube?

Mais Beira-Mar: A questão do estádio é polémica e ainda divide a família beiramarense. O estádio está sobredimensionado para a dimensão do clube mas, ao mesmo tempo, a envolvente do EMA carece de estruturas de apoio que poderiam ajudar e muito o Beira-Mar a crescer, seja ao nível de campos de treino, academia ou a nível de equipamentos, estabelecimentos comerciais.

Também não é menos verdade que clube e SAD pouco fazem para chamar os adeptos ao estádio. Damos um exemplo: Este ano o preço do bilhete para sócio subiu mas para o público desceu! As campanhas de marketing são pomposamente anunciadas a cada ano mas no decorrer da temporada não há qualquer trabalho válido palpável. Falta visão e estratégia. Enquanto se mantiver a mentalidade ora existente… não esperamos qualquer melhoria.

Ainda há muto adeptos que defendem o regresso ao estádio antigo, que fica no centro da cidade. O EMA situa-se na periferia e neste momento quem quiser ir para o EMA vindo de Aveiro, pelo caminho “principal” tem de pagar portagem! (questão das SCUT).

Mas atenção: Quando jogam cá algum dos 3 grandes… o Estádio tem boas assistências e nesses jogos ninguém se queixa que o estádio é longe ou têm de pagar isto ou aquilo. É uma questão de motivação e de vontade.

Porta19: Com a imprensa tão tri-polarizada em Portugal, como é que vês o desprezo a que são votadas as equipas de dimensão mais pequena?

Mais Beira-Mar: Já estamos habituados. Nos 3 jornais desportivos… é uma caixinha na página 17 ou 18. Nos programas da TV, só dá 3 grandes. Os resumos dos jogos são a correr e quando defrontamos algum dos grandes… a análise incide sobre este , sendo o pequeno completamente ignorado. Nada vai mudar a este respeito a médio prazo. É uma questão cultura e comercial.

 

Porta19: O Mais Beira-Mar é um dos maiores blogs afectos ao Beira-Mar, focando-se não só no futebol mas também nas outras modalidades do clube. Como é que se conjuga o amor pelo clube com a vida do dia-a-dia?

Mais Beira-Mar: O Mais Beira-Mar é uma equipa foramda por vários elementos. Cada um escreve de acordo com a sua disponibilidade. Incidimos a análise no futebol profissional. As restantes modalidades que acompanhamos são o Basquetebol e o Futsal. Gostaríamos de ir mais longe no acompanhamento das diferentes modalidades e respectivos escalões do clube mas cada vez é mais complicado compatibizar: Trabalho/Estudo com a necessidade de actualização quase diária do blog/site Mais Beira-Mar. A nossa preocupação é informar os sócios/adeptos dos temas que consideramos mais relevantes do Beira-Mar (clube e SAD) e acompanhar “in loco” na medida do possível os jogos mais importantes das modalidades referidas.

 

Porta19: Ainda há esperança para a maioria dos blogs Portugueses de futebol ou a inspiração está a definhar em função das redes sociais e dos fóruns de discussão?

Mais Beira-Mar: Há espaço para todos. O importante é comunicar, chegar às pessoas. Os blogs dos 3 grandes vivem uma realidade diferente dos blogs dedicados aos clubes médios/pequenos. Precisamente pela realidade abordada numa pergunta anterior. O espaço mediático dos 3 grandes é tão grande que os Fóruns resultam na perfeição. Há sempre muita informação para comentar e discutir. Por outro lado, existem muitos blogs sobre os 3 grandes e é difícil marcar a diferença.

Nos clubes mais pequenos, de âmbito regional, há menos volume de informação mediática mas existe mais proximidade, o domínio dos factos é maior, o que permite formar um juízo de valor mais fundamentado sobre os temas em análise. Julgamos que esta realidade favorece o formato blog.

 


O meu obrigado à malta do Mais Beira-Mar pela disponibilidade e pelo empenho na defesa do seu clube. Houvesse mais como eles!

Outras entrevistas publicadas a bloggers adversários no passado:

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Baías e Baronis – FC Porto 3 vs 0 Beira-Mar

Depois do jogo contra o Braga, disse: “são estes jogos, nas circunstâncias em que são disputados, com a relva nos dentes e os olhos raiados de vermelho-sangue, que fazem ou desfazem campeonatos”. Mas também são importantes os jogos em que o adversário é matreiro, agressivo sem a bola e rápido com ela. E a imagem que fica da primeira parte é de um FC Porto forte mas sem objectividade, com pouca rotação no meio-campo e aquela exasperante lentidão na troca de bola. Moutinho a falhar muitos passes, Otamendi…a ser fiel à imagem que tem de “louco”, Hulk a perder a bola, Janko trapalhão e James desparecido. Mas, pela enervésima vez, a segunda parte foi bem melhor e os primeiros vinte minutos foram de um nível completamente diferente, com a equipa solta, viva, dinâmica, com excelentes combinações, os laterais a brilhar, Hulk prático, Janko a marcar e até James a jogar e a criar jogo. Foi uma boa noite no Dragão. Vamos a notas:

 

(+) Hulk Dois golos e uma assistência não deixam margem para dúvidas: foi o jogador mais importante da partida. E para além do que produziu e será deixado para a posteridade em bases-de-dados por esse mundo fora, é a forma como é visto e continua a ser visto dentro da equipa e até pelos adeptos. Porque é o “go-to guy” da equipa e assume esse fardo como vi poucos a fazer. Talvez Quaresma, nas alturas em que lhe apetecia, mas nem sempre. Hulk perdeu pelo menos quatro bolas em tentativas de fintas e arranques pelas laterais. Perdeu as bolas limpas para o adversário directo, que saiu com a bola para a frente. Hulk, dessas quatro que me lembro, recuperou-as todas porque assumiu a culpa da jogada perdida, perseguiu o malandro que lhe tinha roubado o esférico e usando força e velocidade transformou uma jogada defensiva noutro ataque do FC Porto. Gostei ainda mais dessas quatro jogadas que dos dois golos.

(+) Sapunaru Mais um excelente jogo de Sapunaru, ele que está a ser um dos grandes nomes da segunda volta do FC Porto. Seguro a defender, afoito a atacar, parece andar em campo como um miúdo de vinte anos a tentar garantir um lugar na equipa principal, tal é o entusiasmo com que faz todo o flanco, apoiando Hulk ou James no ataque e aparecendo na área com uma vontade de marcar que raramente se vê num homem que já está estabelecido no plantel há anos. Está a ser um prazer vê-lo a jogar desta forma, tão diferente do que vimos dele no início da temporada. Se calhar anda a beber menos. Ou mais. De qualquer forma, o romeno é um jogador fundamental para o resto da temporada e nem o regresso de Danilo lhe deveria tirar o lugar.

(+) Alex Sandro Foi o primeiro “jogo” que vi de Alex Sandro e gostei muito do que vi. Não parecia o tolinho distraído que fez vários cameos esta temporada, mas mostrou concentração, inteligência com a bola, agressividade no corte pela relva e pelo ar, para além de ser eminentemente prático em situações complicadas de pressão adversária. Várias vezes recuou a bola para Helton quanto viu a vida a dificultar-se pelo flanco, que revela um sentido prático que por vezes parece faltar a alguns dos outros jogadores da zona recuada (ouviste, Otamendi?). Nota-se que é um jogador mais “verde” que Danilo (se bem que no nosso caso talvez seja adequado usar a expressão “azul-céu”) e ao passo que Danilo parece um jogador mais completo e maduro, Alex Sandro ainda terá bastante para aprender e crescer. Mas estou a começar a ver o futuro do nosso flanco esquerdo com algum optimismo.

 

(-) A displicência do costume É o Beira-Mar, está certo que não mete medo como um Manchester City. Aliás, nem este devia meter medo, mas enfim, foi a fibra que tivemos durante longos períodos este ano. Ainda assim incomodam-me algumas parvoíces de Otamendi com cortes falhados por displicência na aproximação ao lance, os falhanços de Janko em golos quase feitos (aquela cabeçada por cima da trave…du spinnst, Marc!) ou a quantidade inusitada de passes falhados de Lucho e Moutinho quando tentavam a todo o custo furar a barreira adiantada do adversário com passes que toda a gente via que não iam chegar ao destino, todos estes são factores que me enervaram um bocadinho. Não deu para me chatear, mas enervou-me. E apesar de compreender que a partir do terceiro golo houve um abrandamento notório do ritmo de jogo, não me tinha aborrecido mesmo nada se em vez da “onda” nas bancadas que só serve para animar gente que vai à bola sem gostar de futebol, tivesse havido aplausos para mais um ou outro golito. Perderam mais uma oportunidade de dar uma alegria aos adeptos à saída do Dragão, nós que temos saído tão poucas vezes do estádio plenamente satisfeitos com o que vimos. Porque queremos sempre mais, porque somos exigentes, apesar de sabermos todos que o que interessa mesmo é ser campeão. Mas gostava de ser campeão e ver uma ou outra goleada, especialmente quando há condições para isso.

 

Faltam duas vitórias. Ou uma vitória e dois empates. Isto se o Benfica não perder pontos, porque se vencermos o Marítimo na próxima jornada e o Rio Ave se lembrar de fazer uma brincadeira e roubar pontos ao segundo classificado…então já podemos fazer a festa. Continuo sem perceber como é que vamos conseguir ser campeões com um futebol aos empurrões mas parece-me cada vez mais provável que consigamos chegar ao fim em primeiro lugar. Ainda bem. Mas é preciso continuar a ser sério e o jogo da próxima semana, na Madeira, é muito importante para podermos chegar ao final e abrirmos as botelhas de espumante com toda a alegria. Faltam três jogos. Três. Míseros. Jogos. Nunca mais é Sábado.

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Ouve lá ó Mister – Beira-Mar


Amigo Vítor,

Estou a salivar, Vitor. Estou aqui a salivar por ver o FC Porto a jogar e como sabes não será propriamente pela estratosférica qualidade das nossas exibições. Mas também já sabes que podemos estar a jogar o equivalente a um fumegante monte de esterco e eu vou sempre querer ver o meu clube a jogar. São duas semanas sem ver gajos de azul-e-branco vestidos a correr atrás de uma bola. É o suficiente para levar qualquer portista a ler a Maria ou a comer farinha-de-pau, se alguém nos dissesse que isso ajudava a passar os dias.

E hoje, ao contrário do que já ouvi tanta gente a dizer, não é “uma” final. Essa treta das “finais” já enjoa e como começou tão cedo (aí há quatro “finais” que o próximo jogo é uma “final” e estes próximos quatro também são “finais” e nunca vi tantas repetições de jogos na minha vida, esse que seria o único motivo para que houvesse tanto estupor de tanta finalização) já ninguém suporta ouvir falar nisso. Temos mais um jogo. E para o FC Porto, como sabes, todos os jogos têm esse estigma que nós, os adeptos, colocamos sempre na partida: é para ganhar. São todas para ganhar, mesmo aquelas que nos podemos dar ao luxo de não o fazer. E o que interessa mesmo é que faltam quatro jogos para acabar e todos eles são para ganhar. Pronto, pelo menos os três primeiros, vá.

Já reparei que o Danilo está de volta. Good. Mas não o ponhas logo de início, deixa que o romeno canse os gajos ou que o Lucho se canse a ele próprio e depois podes inventar. E o Nando também está de volta? Ora pintem-me de verde e chamem-me Godinho! Tens a equipa quase no máximo das suas potencialidades, se excluirmos o Rafa e El Cebolla Gorda. E o Álvaro, que está castigado. E o Kleber, que é louco. Ah, e o Iturbe, que é…sei lá, não é, pronto.

É para ganhar, mais uma vez. Não há espaço para fraquejar, muito menos agora. Lembra-te que vais entrar em campo sabendo que o Braga empatou e o Benfica também já terá jogado. Esse não te digo quanto vai ficar porque não sei. Mas uma coisa sei eu: não os deixes ver o Barça vs Real. O Maicon ainda fica com ideias que pode jogar ao mesmo nível que um Puyol e fica desmoralizado quando vir que não consegue. Não faças isso ao moço.

Sou quem sabes,
Jorge

 

APOSTAS PARA HOJE NA DHOZE:

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Baías e Baronis – Beira-Mar 1 vs 2 FC Porto

Vi a primeira parte calmo e a segunda parte no limite de um ataquinho nervoso. A vitória não podia pertencer a outra equipa que não ao FC Porto, mas os números são tão curtos para o que fizemos hoje em Aveiro que me deixa incomodado por não ver um zero à direita do dois no placard. Enfim, o que interessa neste tipo de jogos é sempre a vitória e mesmo a gestão antecipada (a partir dos 75 minutos oferecemos tempo demais a bola ao adversário) não a impediu. Não me posso focar só naquele último lance com Élio a apontar para canto em vez de para a baliza, mas o que é verdade é que as injustiças acontecem tantas vezes no futebol que já me enjoei de perder pontos em jogos que deviam ter sido ganhos e que por causa de um ressalto ou uma falha individual acabam por tramar o resto do bom trabalho que se fez durante o jogo. Correu bem e gostei de ver os nossos miúdos a jogar hoje na relva molhadíssima de Aveiro. Siga para as notas:

 

(+) James Excelente jogo do nosso colombiano-maravilha, em todos os sectores onde apareceu, fosse na ala a abrir espaços para as corridas de Hulk, no centro do terreno a pautar o jogo ou à entrada da área a finalizar. Surpreendeu-me pela disponibilidade física, o esforço que colocou em todos os lances e a atitude de nunca desistir de todas as bolas em que esteve envolvido. Um excelente golo e acima de tudo a imagem de um jogador que tem tido altos e baixos esta temporada mas que parece começar a mostrar qualidade suficiente para ser titular indiscutível no FC Porto. Para já, já o conseguiu.

(+) Fernando Pensei em dizer que me custa estar consistentemente a dar Baías ao Fernando, mas o que é verdade é que os tem merecido. Para lá de todas as bolas que recuperou no meio-campo, tem um movimento que faltou a Moutinho e a Belluschi hoje à noite em Aveiro: a colocação do corpo para proteger a segunda bola quando ela surge proveniente da área e o momento de pausa no jogo para reorganizar ideias, recuperar posições e retomar o ataque. Foi o médio mais inteligente da equipa. Estou sóbrio, garanto.

(+) Álvaro Pereira Com Maicon a fingir que gostava muito de ser defesa-direito e a tentar por tudo mostrar serviço, as diferenças para Álvaro são abismais. Apareceu constantemente no apoio ao ataque e facturou uma assistência para o segundo golo do FC Porto, mas é principalmente no arranque dos lances ofensivos que se mostra mais importante. Arrasta consigo um defesa quando invariavelmente envia a bola para Moutinho/James no centro do terreno e zarpa por ali fora à procura da tabelinha, desiquilibrando instantaneamente a equipa adversária. Faz isso há anos e ainda ninguém o conseguiu parar. Estou a gostar de o ver jogar.

(+) Rolando Um raro Baía para o nosso internacional luso, com todo o mérito. Sem culpas no golo do Beira-Mar (Maicon foi o principal réu porque não atacou a bola como devia e deixou “o chinês”, como foi nomeado insistentemente pelos tele-comentadores cabecear à vontade), Rolando esteve impecável durante todo o jogo, sem falhas nem hesitações. Ao contrário do colega do lado, que não esteve mal mas continua a falhar passes em demasia, Rolando esteve quase sempre bem, com passes bem medidos e soube impôr o jogo físico quando sentiu que era necessário. Gostava que jogasse sempre assim.

 

(-) A ineficácia. Outra vez. Falhar tantos golos como fizemos hoje não é nenhuma novidade e a culpa não é de Vitor Pereira, de Villas-Boas ou de Jesualdo, para citar os últimos três treinadores da nossa equipa. Nem sei se será dos jogadores em si, talvez seja uma questão de mentalidade de todo um campeonato e, já que estou numa de extrapolação, de todo um povo. Porque todos nós que jogamos um futebol de pura carolice aos sábados à tarde ou domingos de manhã, todos nós falhamos golos porque a brincadeira apodera-se do nosso sentido prático e não resistimos a fazer um cabritinho ou um atraso de calcanhar para o guarda-redes. E quando estamos a ganhar por três ou quatro, até nem me importo muito. Mas quando um jogo está com o resultado ainda incerto e a diferença é pouca, quando se entrega o jogo ao adversário e se falham tantos golos como hoje…é o equivalente a meter gasolina enquanto se mantém alegremente o cigarro aceso no canto da boca. Pode correr bem e a bomba não explode. Mas também pode correr mal, e depois ficamos a lamentar porque raio tínhamos de fumar naquele momento.

(-) Xistra e os desculpadores A grande maioria dos jogadores do Beira-Mar (e alguns do FC Porto, é verdade), passaram o jogo a cair. Mas o que pareciam jogadas banalíssimas de contacto eram paradas por Xistra, um dos árbitros mais enojantes do nosso futebol, com amarelos parvos e aquela atitude de “pois é, rapaz, tem de ser” que tanta febre me faz. O pior de tudo eram os comentários na SportTV, onde qualquer falha do árbitro era desculpada com o tradicional “ah, mas realmente o árbitro está a ver a jogada e temos de perceber que é difícil”. E era sempre difícil, mesmo quando o árbitro estava a olhar para a bola e a ver perfeitamente o que se passava. Não eram propriamente Valdemares, porque não se sentia ali nenhum anti-portismo primário, mas é uma atitude que apesar de compreender, não concordo que seja aplicada quase a 100% dos lances como o foi hoje em Aveiro.

 

Ao mesmo tempo que consigo perceber como é que conseguem falhar tantos golos e criar tantas situações de perigo sem que se consiga enfiar a bola lá dentro, custa-me muito entender que se tente gerir uma vantagem de um golo quando parece evidente que a nossa defesa não pratica um futebol do mais estável que já se viu, longe disso. Depois do jogo contra o Zenit, o empenho foi notório, a força e garra dos jogadores parece de volta para ficar, mas já há vários anos que deixei de tentar fazer sentido às gestões de jogo quando damos a bola ao adversário e ficamos à espera do que possa vir a acontecer. Acontece com os meus amigos a jogar à bola aos sábados de manhã. Não aceito que o mesmo ocorra ao FC Porto, porque foram já tantas as situações em que vi uma vitória num jogo de 80 minutos a transformar-se num empate aos 90. Hoje, quase que acontecia o mesmo aos 95. Não pode ser.

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