Ouve lá ó Mister – Estoril

Camarada José,

Acabou a “nossa” Taça da Liga e fomos mais uma vez eliminados bem antes do que deveríamos. Começo a questionar se há alguma força divina que nos impeça de ganhar aquele caneco e vaticino que um dia que consigamos finalmente colocar as manápulas no troféu, a festa será tão intensa que até vão lançar doi…tr…vá, sete foguetes, para ser mesmo uma maluqueira! Vamos encher a Alameda desde o cogumelo até à porta 25 e vai ser uma loucura durante bem mais que cinco minutos! Agora a sério, para o ano, se ainda cá estiveres, vamos ver se fazemos uma forcinha para ganhar aquela merda de vez? Obrigados.

Voltemos então as atenções para a Liga (sem Taça, ou melhor, com troféu mas não se chama Taça…não me perguntes porquê, é o que temos) que é bem mais importante. Não sei se vais voltar a fazer experiências mas presumo que desta vez faças um reset aos teus moços e os ponhas a jogar da maneira que tens vindo a formatar nos treinos. Já vi que chamaste o Marega, pode ser que o rapaz até seja bem útil neste tipo de jogos, especialmente naquela fase do “oh-pronto-lá-vai-o-Maicon-começar-com-bolas-longas”. Ou seja, aí pelos 10/15 minutos de jogo. Acima de tudo é preciso ganhar e começar a gerir os cartões para quando formos à Luz não termos de levar o Chidozie e o Victor Garcia. E daí…eh pá, não sei, faz como achares melhor!

Sou quem sabes,
Jorge

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Baías e Baronis – FC Porto 2 vs 0 Estoril

790 (2)

Se eu fosse treinador do FC Porto, quando chegasse ao balneário depois daquela primeira parte mandava untar os bancos todos com estrume e via a reacção dos meus jogadores. Aposto que alguns deles se sentava na mesma, de tão cansados e distraídos que pareciam estar depois de sair de quarenta e cinco penosos minutos em que pouco houve para se aproveitar. E depois veio a segunda parte, ainda pior. Não esperava grande coisa do arranque de temporada, a equipa ainda está sem entrosamento, com demasiadas falhas de posicionamento e capacidade criativa. Mas esperava um pouco mais de tino e concentração e hoje não vi nem uma nem outra. Valeu pelos golos. Notas já aqui em baixo:

(+) Maxi. *suspiro* Três jogos oficiais, três Baías para Maxi. Não surpreende quem o tem visto a jogar, especialmente pela diferença que tem mostrado em relação a grande parte dos colegas (ouviste, Tello?) e pela atitude que mostra em campo. Manda abaixo todos que ousavam vir a criticá-lo quando se esforça como se tem vindo a esforçar em lances quase perdidos e como aparece na área contrária a tentar o golo quando o extremo à sua frente parece menos talhado para o mesmo destino (OUVISTE, TELLO???). O número dois está bem entregue.

(+) Danilo. Sem inventar muito, usando bem o corpo (está aí uma boa alcunha para ele: “o corpo”) para proteger a bola e para a fazer rodar logo que possível. Ainda tentou várias incursões pelo meio-campo contrário, sempre inclinado para a direita (a rever, caso contrário começa a ser um lance “à Tarik”, sempre igual com resultados nem sempre positivos) mas raramente teve linhas de passe para criar perigo. Foi dos poucos que se safou.

(+) Casillas. Não teve muito trabalho mas teve duas intervenções importantes que fez com que a equipa continuasse sem sofrer golos no Dragão. Os guarda-redes de equipas de topo têm muitas vezes este papel ingrato de terem de ser 100% eficazes nas poucas vezes em que estão activos, sem haver margem para falha. Foi o que fez e segurou bem a vantagem.

(+) Estoril. Pressionou sempre alto, sem medo, com força e garra e intensidade tais que me envergonhou olhar para os nossos e perceber que não conseguiam manter-se a par dos amarelobranquinhos. É raro ver uma equipa tão interessada em tirar pontos ao adversário num estádio que teoricamente é complicado, por isso louvo o esforço.

(+) Lopetegui. Teve os cojones de mudar o esquema ainda na primeira parte e de retirar um dos mais produtivos bonecos de azul-e-branco que me lembro de ver a jogar e admitir que a experiência de colocar Brahimi a 10 não estava a funcionar. Nem sempre vejo um treinador a mudar quando vê que não está bem e gosto disso. Herrar é o mano.

(-) Os extremos. Tello mantém a sua forma de início de época que se equipara à do ano passado: é incapaz de fintar qualquer jogador que seja mais móvel que um ecoponto. Tão rápido quanto indeciso, raramente se atira para cima do defesa com propósito, com audácia de tentar passar por ele, levando a que o seu processo mental se torça num nó górdio que é incapaz de desatar. Do outro lado, o Silvestre, numa das piores exibições desde a galinha que foi atirada para perto do Roberto aqui há uns anos, foi incapaz de acertar passes, tabelinhas, amortecimentos, you name it. Pareceu a um certo ponto que lhe era complicado manter-se de pé, usar os polegares ou pôr água ao lume. Só faltou dissolver-se numa poça de água e esvair-se dali para fora. Assim percebo a putativa vinda de Corona: os que temos, se continuam assim, não chegam.

(-) A entrada na segunda parte No jogo contra o Guimarães escrevi isto: “Lentos, distraídos, com pouca movimentação no meio-campo e demasiadas hesitações na defesa, foi por nossa culpa que o adversário se impôs durante quase dez minutos e nos empurrou para uma sequência de perdas de bola e bolas paradas defensivas que, com o resultado em apenas 1-0, podia ter corrido mal. Agradeço à equipa ter-me poupado a criatividade de imaginar outras palavras para dizer exactamente o mesmo. E podia somar o resto da exibição, cinzentíssima, sem capacidade de percepcionarem o que deveriam fazer em campo de uma forma construtiva, optando constantemente pelo jogo lateralizado nem sempre bem feito. Houve mais que uma altura em que vi o meio-campo a formar uma linha vertical, com Danilo-Imbula-Brahimi a fazerem lembrar uma espécie de batuta basculante sem propósito nem organização posicional consistente. Foi muito fraco o jogo e muita pobre a exibição.


Pára o campeonato para mais uma absurda jornada de Selecções. Que ninguém se magoe e que voltem com mais cabeça e menos destrambelhamentos. E com o mercado fechado, já agora.

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Ouve lá ó Mister – Estoril

Señor Lopetegui,

É a última jornada antes de fechar o mercado na Europa. Eu sei que ainda ficam a faltar meia dúzia de países e depois ainda há a América do Sul e sei lá mais o quê, mas a Europa fecha. E já sei que ainda tens muitas pontas para dar nós e arestas para limar e opções para tomar, mas o campeonato continua e a Champions não tarda nada e está aí à porta e nós ainda não estamos a mostrar grande coisa. Seria de esperar e como tal não estou super preocupado, mas a sede aperta e se a juntares à vontade de beber então é que estamos bem encaminhados para o pessoal ficar nervoso.

Vi que não convocaste o Aly e não sei se foi a melhor opção. Tu lá sabes mas espero que tenhas explicado ao rapaz que ele não é mau de todo e que lá por ter tido um jogo fraco não quer dizer que seja escorraçado. Não é um Del Neri canhoto, precisa de tempo para se readaptar e para ganhar forma. Estou convcencido que serás o gajo ideal para lhe dar um abraço e para lhe explicar que não precisa de ficar desanimado!

Hoje, mais até que noutros jogos, há que ganhar para oferecer a vitória ao Presidente. O homem ao que parece vai à faca e por isso nada melhor que sair da sala de operações e dizerem-lhe que espetámos seis ao Estoril e que o André André se vestiu de chiquita banana e andou aos saltos em cima da trave. E depois testem se a anestesia ainda está a fazer efeito.

Sou quem sabes,
Jorge

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Baías e Baronis – FC Porto 5 vs 0 Estoril

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Cincazero. Como é que um resultado que deveria elevar a alma, subindo ao zénite da emoção que sobe do coração para a cabeça, adormecendo os nervos e colocando os adeptos em estado de previsível euforia como o eterno resultado de 2010 pode ser transformado em algo tão banal, tão irrisório perante a qualidade de futebol praticado. Se o FC Porto consegue, com maior ou menor dificuldade, enfiar cinco golos no bucho de uma equipa que teve tanto de fraco como de amarelo na roupagem, continuo a questionar o porquê do nervosismo tão visível que se apodera dos nossos rapazes à medida que o jogo vai avançando. Confiança é coisa que não parece existir em grandes quantidades pelos lados do Dragão, diga o que disser o resultado. Vamos a notas:

(+) Quaresma. Enervas-me tanto, rapaz. Quando te pões com aquelas brincadeiras como fizeste depois do 3-0, em frente ao banco onde está o teu treinador a apreciar o teu talento e as tuas parvoíces. E só tu para esse tipo de jocosos malabarismos, porque marcas a diferença com o que fazes em campo, nem sempre bem mas com um empenho que nem pareces o mesmo Ricardo que daqui saiu em 2008, chateado com a vida. Mais que o penalty que marcaste e bem mais que o último golo, onde roubaste a bola ao parvinho do teu contrário e passando pelo guarda-redes a encostaste lá para dentro, mais que isso foi o sprint que deste com o resultado já feito, a pressionar um qualquer oponente no centro do terreno. Por essa até te perdoo os cantos mal marcados. Não totalmente, mas ajuda a atenuar, lá isso ajuda.

(+) Casemiro. O barbas lá de cima que me perdoe, mas nós precisávamos de mais meia-dúzia de Casemiros naquele campo porque foi dos poucos que nunca tremeu perante qualquer adversidade e ajudou a recuperar bolas atrás de bolas no sector central e se tivesse subido um pouco mais até podia ter criado perigo, tal a fraqueza do Estoril naquela zona. Perfeito a controlar a sua área de influência, continua em crescendo e acredito que vai acabar a época exausto mas em bom plano.

(+) Danilo. Havia, não duvido, quem acreditasse que o actual capitão começasse já a estagiar para a próxima época em Madrid. Nada disso. Danilo ajudou a equipa a encostar o Estoril à zona traseira e entendeu-se quase sempre bem com Quaresma para fazer as suas habituais diagonais de fora para dentro e abanar toda a defesa adversária. Marcou um belo golo na melhor jogada de todos os noventa minutos e mostrou aos adeptos que está cá até ao fim. Como seria de esperar.

(+) Os centrais. Certinhos, com Indi FINALMENTE a ganhar algumas bolas de cabeça e Marcano sempre a marcar a diferença pela forma prática com que intercepta, recebe e toca para o lado. O Estoril não lhes criou grandes dificuldades mas foi também por culpa deles que conseguimos subir de produção na segunda parte, pela forma como subiam no terreno quando era necessário criar desequilíbrios.

(-) Os nervos. É difícil ver o nosso meio-campo desde o jogo contra o Basileia. Lentos, demasiado presos em movimentações curtas sem que o harmónico que deveria pautar a organização colectiva se faça notar no terreno, com pouco apoio aos extremos e pouca decisão na melhor forma de furar pelo centro. E chegando aos últimos 33% do campo (especialmente antes do primeiro golo) houve tanta inconsequente cruzamento e tão pouca clarividência para tomar a melhor escolha para a baliza. Os cruzamentos saíam tortos, altos, longos, sem nexo nem causalidade. Poucos remates, medo no toque, a bola pica e os adeptos desesperam e os jogadores desesperam com eles e mais uma jogada se perde. Herrera perdia-se em mini-toques para o lado, Brahimi nos mesmos para a frente, Aboubakar galgava terreno em lateralizações desculpáveis mas sem progressão e Óliver caía e não se movimentava com a bola como queremos. Nervos, muitos nervos e muita falta de confiança que passa de dentro para fora e cria a medonha espiral que me assusta e só pode levar à queda. Talvez os cinco ajudem, mas os onze não parecem animados. Ansiosos, nervosos, à espera do apito que lhes termine o sofrimento. Sou eu que estou a ser pessimista?

(-) Fabiano no tiro aos defesas. Não te chegou mandares o Danilo para o hospital a pensar que era o Napoleão e agora acertas no Marcano? Homem, tem calma com as saídas e mede melhor a deslocação entre a baliza e a bola, porque estás a acertar nos azuis-e-brancos em vez de só naquela esfera de couro. Ainda precisamos de malta até ao fim do campeonato, tem lá calma contigo.

(-) Estoril. Perdemos dois pontos com estes fulanos na primeira volta. Estes mesmos que hoje mostraram que futebol é um conceito que parece afastado do dia-a-dia. Dois pontos que nos podem custar um campeonato. Contra este conjunto de pernetas. * suspiro *

(-) Os assobios a Tozé. Nem sei muito bem o que dizer. Não. Corrijo. Sei e soube porque mal comecei a ouvir o silvo da imbecilidade soltei um “assobiar ao caralho!”. É, o gajo que ouviram a gritar isso era eu. Porque não percebo o que passa pela cabeça dos idiotas que se põem a assobiar um profissional de futebol só porque marcou um golo contra a “sua” equipa. Se alguém me quiser explicar, esteja à vontade. Mas aviso desde já que vai ter um trabalho complicado, porque há muito tempo que deixei de tentar perceber a estupidez humana. Aceito-a como um facto mas não a entendo.


Mais três pontos e a equalização da goal difference com o Benfica. Cada vez dependemos mais só de nós para ganhar esta treta. Seremos capazes?

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Ouve lá ó Mister – Estoril

Señor Lopetegui,

Espero que a semana santa tenha corrido bem para si e para os que lhe estão próximos e que a enxurrada dos seus conterrâneos que invadiu pacificamente a Invicta e arredores nos últimos dias esteja bem de saúde e mais leve nas respectivas carteiras. Voltem sempre, malta, gastem aqui os vossos érios!

Hoje lá estarei, no sítio do costume (este ano) a berrar sempre que puder para o Danilo e para o Alex, para os centrais cobrirem as zonas defensivas e apoiarem no terreno ofensivo. Vou ganir como um louco para o Aboubakar correr atrás da bola, para o Herrera não se distrair e para o Casemiro não travar a cabeça. Vou apoiar o Óliver e incentrivelar (get it?) o Quaresma. Até vou dar as instruções certas para o Brahimi não se perder em fintas inconsequentes e afinar o drible e o arranque para passar pelos gajos e assistir para golo. Não me sobra nada, Julen, não me pode sobrar nada de apoio e de incentivo a uma equipa em que ainda acredito que possa fazer um brilharete daqui até ao final da época seja em que competição for. Campeonato e Champions são os dois canecos que se nos apresentam pela frente e tem de ser suor de início a fim para que consigamos chegar longe em duas ligas onde já temos história e que nos faltam há anos. O campeonato continua a ser mais importante e este jogo é só mais um em que os teus rapazes têm de voltar a limpar a imagem depois de um resultado fraco alguns dias atrás. Faz com que eles percebam a importância de se manterem lá na frente e a pressionar o Benfas, hoje e em Vila do Conde. O resto, deixo para a Luz.

Sou quem sabes,
Jorge

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