Ouve lá ó Mister – Gil Vicente

Señor Lopetegui,

Ora hoje temos mais um jogo, o penúltimo da época no Dragão e não nos resta muito mais, não é, Julen? Há que continuar a ganhar para, como me disse um amigo num email que li há bocado: “festejarmos a conquista do segundo lugar. weee!”. Não podemos atirar culpas para muitos lados porque as principais são nossas, de todos e não individualizadas. E isso das culpas, como já disse aqui há umas semanas, não deve ser algo que sirva apenas para apontar o dedo mas sim para revermos os defeitos em conjunto e fazermos com que se transformem em vantagens.

O Gil vem cá com vontade de subir na tabela porque não se quer juntar ao Penafiel para o ano a lutar contra os Bês e os outros. E vai defender aquela baliza com tudo o que puder, por isso vais ter de por a malta mentalizada em três objectivos ao mesmo tempo: ganhar e garantir que para o ano estamos de novo na Champions; ganhar e esperar que o Benfas ainda possa perder quatro pontos em dois jogos; e ganhar.

No fundo, é isso. Ganhar. Para não podermos pensar em culpas próprias até ao fim da época.

Sou quem sabes,
Jorge

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Baías e Baronis – Gil Vicente 1 vs 5 FC Porto

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Se é verdade que a expulsão de Jander (sem espinhas, questionável apenas o critério de todos os árbitros que nunca são pedagogos o suficiente para acalmar os meninos enervados) fez com que o jogo se desequilibrasse em grande, não é menos verdade que a nossa equipa colocou hoje em campo todo o talento e a capacidade de criação de jogadas ofensivas que andamos a clamar há algum tempo. E a facilidade com que a bola chegava à área em situação de perigo era tão grande que nem o jogador a menos explicava tudo. Há ali muito talento e com algum trabalho (como hoje em que a equipa não desacelerou mesmo a ganhar por vários golos de diferença) tudo chega a um final feliz. Vamos a notas:

(+) Óliver. Para lá do golo, que é um deleite só de observar em qualquer estádio do mundo, é a forma como se mostra sempre disponível no meio-campo para receber a bola de Casemiro ou Herrera e procede a construir o resto das jogadas, seja com passes curtos ou longos, com rotações naquele baixíssimo centro de gravidade que aproveita tão bem, ou com assistências cruzadas com a tradicional conta, o perfeito peso e a adequada medida. Parece adaptado a jogar neste nosso campeonato onde há pancada a mais e jogadores a menos e onde Óliver, pelo talento e capacidade técnica, se destaca bem acima de tantos outros. Jogas tanto, puto.

(+) Herrera. Bom jogo do mexicano, activo na construção e no último passe, excelente na movimentação no meio-campo e com boa visão de jogo para discernir qual o melhor colega na melhor posição para receber a bola. Alguns remates por cima não mancham uma exibição acima da sua tradicional média de “corro muito mas corro mal”, porque hoje correu muito, como de costume, mas quase sempre bem.

(+) Brahimi. Bem melhor do que tinha vindo a mostrar nos últimos jogos, este que foi o último jogo do argelino durante um mês e coiso foi uma boa mostra do que é capaz de fazer quando está num dia simpático. Raramente ultrapassou adversários em corrida como fez em Setembro e Outubro, mas a forma como combinou com Óliver e Alex Sandro fizeram dele um jogador quase impossível de controlar por parte dos lenhadores Móticos do outro lado. Vai fazer falta, especialmente se Tello continuar naquela tentativa infrutífera de se tornar noutro extremo que não deixa saudades no Dragão.

(+) Os (muitos) golos. Um remate de fora da área; um calcanhar de um defesa central; uma finalização à ponta-de-lança por um homem que não é ponta-de-lança, depois de um bom cruzamento da linha; uma jogada de entendimento perfeita concluída com uma bola picada por cima do guarda-redes; um lance individual em que o avançado recebe a bola longe da baliza, de costas, roda em corrida, tira o central do caminho e remata cruzado em arco para as redes. Houve de tudo, todos eles com qualidade. E a mostrar que temos muitas soluções para chegar ao golo. E podiam ter sido muito mais, não fosse o animal do Adriano estar em dia sim, como de costume.

(-) Tello. De zero a cem, teve vários zeros e zero cens. Zero dézes, raios. Zero de capacidade de controlo de bola, zero no 1×1, zero no remate, zero na inteligência no passe, zero nas assistências. Um jogo completamente ao lado do espanhol, que saiu tarde demais para um Quaresma que foi muito mais astuto, mesmo a jogar a passo.

(-) Casemiro, até ao golo. Na altura do petardo que deu o nosso primeiro golo, estava a pensar para com os meus…espera, não tenho botões hoje…para com o meu zipper do hoodie que visto: “já me começavas a explicar para que é que serves, Casemiro, se não fazes um passe em condições, se adiantas demais a bola e és tão lento que não a consegues controlar e se fazes falta sempre que divides um lance com um adversário…hás-de me dizer para que é que serv…”, e o moço espeta aquele balázio. Foi o que lhe valeu.

(-) A contínua saga das equipas do Mota. Paulada ao nível de limpeza de manifestações em Pequim, jogadores que se interessam sempre mais pelo adversário do que pela bola, trinta corridas para a frente e uma perspectiva incessantemente defensiva do jogo. É isto que temos sempre que José Mota pega numa equipa. E continua a pegar, vá-se lá saber porquê.


Trabalho bem feito numa noite fria em Barcelos. Cinco galos no forno, uma boa exibição e acima de tudo a luta por todas as bolas e o não parar depois de quatro ou cinco golos lá dentro. Gostei.

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Ouve lá ó Mister – Gil Vicente

Señor Lopetegui,

Começar bem o ano é sempre algo que a nossa cultura preza a níveis estratosféricos. A malta faz de tudo para puxar aqueles imaginários cordelinhos com o fulano lá de cima ou, dependendo da fé de cada um, com as forças que regem o nosso dia-a-dia. Há os que comem passas, os que inventam tradições, os que se põem de pé em cima de uma cadeira, os que brindam demais, os que não querem brindar sem ser com copos que possam partir, os que fazem promessas que têm toda a força e empenho para cumprirem (“mas só uma vez também não faz mal, continuo a dieta amanhã”, desse tipo) e os que vão à missa no dia 1, mesmo ressacados.

Eu tenho outro tipo de esperança no arranque de cada ano novinho em folha, a estrear: que seja melhor que o ano passado. E tu, que só cá estiveste desde Julho, não sabes o que a primeira metade de 2014 nos trouxe e que não queremos voltar a ter. E o arranque do ano transacto em termos de jogos para o campeonato foi uma miserável derrota na Luz, com uma exibição que mostrou tudo o que correu de mal durante toda a época. Não queiras, por favor, que o entusiasmo daqueles maravilhosos vinte e três mil que anteontem encheram as bancadas do Dragão se deixe perder no marasmo de uma apresentação frouxa e banal em Barcelos. Faz com que esses e outros vinte e três mil (e mais uns pozinhos) fiquem em pulgas pelo próximo jogo do FC Porto e mal possam esperar para ver a equipa a jogar de novo.

Entusiasma-nos, Julen. Faz com que 2015 seja de novo um ano de Dragão orgulhoso e vitorioso. Tens o meu apoio. Tens o apoio de todos, desde que trabalhem para isso. Acreditamos em vocês!

Sou quem sabes,
Jorge

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Baías e Baronis – Gil Vicente 1 vs 2 FC Porto

A gestão de expectativas é interessante quando se trata de uma equipa grande. Imaginemos que este tinha sido um jogo disputado nas épocas de Mourinho ou de Villas-Boas e todos estaríamos a louvar a capacidade de esforço e a vontade de jogar e de conquistar mais três pontos num relvado (só teórico, porque Barcelos pareceu atacado por toupeiras) complicado. Assim, podemos pensar que terá sido um jogo suado, não particularmente bem jogado mas onde estivemos sempre por cima e que apenas vencemos pela margem mínima porque mais uma vez falhamos várias oportunidades de golo claras. Mas foi uma boa vitória, vista seja por que prisma. Os jogadores nunca desistiram, esforçaram-se e trabalharam para um resultado melhor do que conseguiram. Vamos a notas, com melhor disposição que tem sido costume:

(+) Varela. Man of the match, sem dúvida, não só pelos golos mas pela forma como arrastou a equipa para a frente, muitas das vezes sem sequer conseguir levar a bola junto com ele, porque as malditas toupeiras saíam das tocas e apanhavam-lhe o esférico. O primeiro golo foi bom (Varela ANTECIPOU-SE ao defesa!!!), mas o segundo é estupendo, com um slalom a aproveitar o espaço que lhe ia sendo dado e qual Messi núbio se aprontou para um remate seco e bem colocado, sem hipótese para Facchini. Quis ver a repetição porque quase não acreditava que tinha entrado, muito menos que tinha sido o Silvestre a fazer aquela jogada toda. Bem, muito bem…pelo menos até Quinta-feira.

(+) Herrera. Cada vez parece mais adaptado e mais “presente” em campo, raramente se escondendo por detrás dos adversários e procurando activamente a bola, algo que não acontecia aqui há uns meses. Continuo a gostar de o ver a controlar a bola e a levá-la para a frente com bom critério, inteligência táctica e um estilo gingão à Alex Sandro que assusta um pouco mas que rapidamente se percebe que a bola está controlada, o espaço patrulhado e a visão aberta para o próximo passe. Tem de trabalhar um pouco mais o remate mas é actualmente o único jogador titular no meio-campo do FC Porto para lá de Fernando.

(+) Helton. Mais um par de defesas excelentes, numa mancha depois de um livre marcado (bem) muito depressa e que nos apanhou distraídos, e principalmente quando Abdoulaye se lembrou de proteger (mal) a bola em plena pequena área. Não teve culpa no golo mas as poucas vezes que foi obrigado a trabalhar esteve impecável.

(-) Mangala Um jogo off para o nosso Eliaquim. Falhou de uma forma consistente na primeira parte, com mau timing no approach a várias jogadas, passes com força a mais ou a menos mas raramente com a intensidade certa. Acabamos por não sofrer à sua custa mas foi inferior a Abdoulaye durante todo o jogo, o que é dizer muito.

(-) O senhor do (demasiado) apito. Ponto assente: Quaresma arriscou e muito quando se mandou como um puto mimado às pernas de Luís Martins e se fosse expulso não me surpreenderia nada. Mas o resto da exibição do árbitro foi exagerada nos apitos, a insistir em assobiar sempre que um jogador do Gil ia ao chão e algumas das vezes em que um dos nossos fazia o mesmo, algo que aconteceu (milagre!) menos vezes do que é habitual. Ah, e o golo do Gil é precedido de uma falta onde o avançado empurra Alex Sandro na pequena área…algo que foi assobiado tantas e tantas vezes durante o jogo. Se vai apitar a tudo…que apite a tudo.


Alguma esperança ganha depois deste jogo? Talvez. Gostei do espírito de luta e da percepção que todas as bolas eram para disputar até serem ganhas. Vamos continuar neste registo? Quinta-feira veremos.

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Ouve lá ó Mister – Gil Vicente

Mister Paulo,

Anda tudo a anunciar o apocalipse que vai acontecer neste jogo. Porque vamos a Barcelos jogar num campo completamente cheio de toupeiras e com menos relva que um adolescente num Domingo depois de ter dado uma festa no Sábado para alguns amigos que trouxeram outros amigos e lá apareceram três ou quatro “amigos”. O costume. Mas em Barcelos não me parece que haja snipers nas bancadas, exércitos de Hunos ou divisões de kamikazes que atravessem os céus do estádio para se espetarem contra os nossos moços, matando-os no processo. Tento-me manter calmo quando penso no jogo de hoje, mesmo sabendo que é um campo tramado…mas que raio, não deixa de ser o Gil Vicente. Há um nome, uma honra, um princípio a defender e esse é o dos mais fortes, que qual mulher de César, têm de ser mais fortes em campo e não só em nome.

E é essa merda que me anda a moer a moleirinha nos últimos tempos. Todos os adversários agora são “excelentes equipas” ou “bem organizados” ou simplesmente “fortes”. Caralho, Paulo, que aconteceu ao majestoso FC Porto que metia medo em campos por esse país fora e que cada visita nossa só tinha uma vitória possível para o clube visitado que era na bilheteira? Estamos assim tão sub-orientados e sofremos tanto com os nossos próprios males que qualquer montezinho de estrume nos canta por cima? Neste caso…de galo? (não resisti, perdão). Já sei que não ganhamos naquela cidade há oito anos (no futebol, entenda-se), mas algum dia é para voltar às vitórias e mais vale que seja hoje. Vi que o Mikel voltou a estar na convocatória muito embora haja um jogo importante dos Bs contra o Leixões. Acho bem, é exactamente isso que quero da equipa secundária, que mostre jogadores que possam vir a ser usados nos As. E volta a pôr o Maicon na equipa, por favor, o rapaz merece.

Sou quem sabes,
Jorge

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