Ouve lá ó Mister – Gil Vicente


Amigo Vítor,

Há quase oito meses atrás, no dia 29 de Janeiro, perdemos o último jogo no campeonato e o único que acabou com esse inusitado desfecho desde Fevereiro de 2010. Foram quase dois anos sem derrotas que terminaram nessa mesma noite, neste mesmo estádio que hoje visitamos, um dos poucos que foi de facto construído com as necessidades de uma equipa em mente, ao contrário de tantos outros por esta lusa terra fora, produtos da mente de delírios e sonhos utópicos e desfazados da realidade. Na altura dessa derrota, escrevi aqui (e se tivesse falado em voz alta os vizinhos teriam decerto ouvido): “Foi muito mau e há tanta ferida para lamber que nem sei por onde começar“, ou “o FC Porto jogou em Barcelos com uma inércia assustadora“, ou até “Estaria a roçar o inadmissível ver um jogo destes numa pré-época“, terminando com “A ausência de jogadas de combinação com um mínimo de fluidez de jogo criava um vazio que ninguém preenchia e deixava-me ainda mais inerte e preocupado“. Foi um jogo muito mau, como te lembras.

Mas a temporada é nova, o sol brilha e os passarinhos que conseguirem fugir dos caçadores…cantam. E a equipa, apesar de parecida, não o pode ser hoje à noite. Já soube que convocaste Hulk, Danilo e Alex Sandro. Não acho mal. Mas tem cuidado com os outros, os que cá estão desde início e não são tão maus quanto isso. Se o Mangala é uma adaptação e podes tirá-lo do sítio para fazer entrar um gajo que está habituado ao flanco, já os outros dois…se fosse a ti deixava-os no banco para começar. O Atsu e o Miguel Lopes podem dar conta do recado, vais ver.

Para arrancar bem o campeonato, só precisas de ganhar o jogo. Para limpar a imagem do ano passado, só precisas de ganhar o jogo por quatro ou cinco. Pois é, Vitor, quem gosta conta a um amigo, quem não gosta conta a cinco. E este ano, quero gostar.

Sou quem sabes,
Jorge

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Baías e Baronis – Gil Vicente 3 vs 1 FC Porto

foto retirada de desporto.sapo.pt

Estaria a roçar o inadmissível ver um jogo destes numa pré-época. Se pensarmos que este é mais um numa série de jogos a não perder para evitar alargar a vantagem do Benfica no primeiro lugar, o impacto de uma exibição deste nível ganha proporções épicas e quase indeléveis. Como que voltando atrás uns meses ao jogo da Taça em Coimbra, onde um recorde de invencibilidade já tinha sido batido noutra competição, o FC Porto jogou em Barcelos com uma inércia assustadora, uma incapacidade de lutar, de vingar, de vencer e de mostrar que os momentos maus tinham já passado e que o futuro era nosso e só dependíamos da própria força para chegar vitoriosos no final da época. Não o fizeram e questiono-me até que ponto a vitória do Benfica na Feira, da forma que aconteceu, não levou a que os nossos rapazes entrassem em campo com a atitude derrotada com que pareceram jogar. Não vi nenhum do empenho que tinha vindo a reparar nos últimos jogos, onde mesmo que as coisas corressem mal parecia sempre haver um brilho nos olhos dos moços que me fazia acreditar neles. Neste jogo, perderam-me e perderam o apoio de muitos adeptos que os louvam e os defendem desde há tanto tempo. Inadmissível, mais uma vez, como no Chipre, como em Coimbra, como na Rússia. Inadmissível. Vamos, penosamente, às notas:

 

(+) Belluschi O único com discernimento no meio-campo. Com Moutinho a fazer uma partida ao nível de um mau jogador de boccia e Defour tão encostado ao flanco que parecia um bêbado numa discoteca, Belluschi entrou para ir ao choque, para criar os passes de ruptura a furar a defesa e a procurar levar a bola não só nos pés mas também a desmarcar-se por entre o ríjido meio-campo adversário por forma a descobrir o espaço que precisávamos. Conseguiu-o uma vez e deu golo. Mas tentou e rematou e passou e cruzou. Fez mais em 45 minutos que os companheiros do meio-campo durante todo o jogo. Juntos.

(+) Álvaro Pereira Fez-me muita mas muita impressão ver o Palito a jogar tão atrás no esquema de três defesas e o rapaz estava nitidamente frustrado por não conseguir subir no terreno pelo flanco como é hábito. Foi ainda mais enervante vê-lo a levantar os braços quando saía da defesa com a bola, a tentar fazer com que os colegas se mexessem, a incentivá-los a criar linhas de passe para arrastar os defesas do Gil ou a sair da marcação para abrir espaços de maneira a que conseguisse voar pela ala. Nunca o conseguiu mas tentou…e tentou…e tentou, até que percebeu que o apoio não ia chegar de lado nenhum.

(+) Varela Marcou um golo e tentou chegar à baliza quase sempre com pouco discernimento mas muita vontade. Nem sempre conseguiu correr com a bola presa aos pés e continua com uma incapacidade crónica de dominar uma bola e colocá-la rapidamente no relvado, mas ainda assim hoje foi dos poucos que pareceu genuinamente interessado em recuperar a desvantagem.

 

(-) Apáticos, tristes e derrotados Só tenho uma pergunta: porquê? O que se passou para que os mesmos fulanos que jogaram no Dragão contra o Guimarães no passado sábado tivessem entrado para o Cidade de Barcelos como meninos amedrontados no primeiro dia de aulas mas com três Prozacs no bucho. O que raio se terá passado?! Terá sido da mudança de capitão? (alguém me explique essa, já agora, porque por muito que prefira um jogador de campo como capitão, a mudança a meio da época parece-me no mínimo questionável). Da vitória do Benfica? Do recorde a bater? Da ausência de Fernando? Dos equipamentos contrários? Anybody? Ninguém sabe e ninguém pode saber a não ser os jogadores e o treinador. Seja o que foi que os afectou, fez com que regredissem até ao jogo de Coimbra e jogassem sem força nem vida, com toda a dinâmica de um dólmen e a agressividade de um éclair. Moutinho não criou perigo, Kleber quase não tocou na bola, Souza não obstruiu, Rolando não cortou e Defour não passou em condições. A ausência de jogadas de combinação com um mínimo de fluidez de jogo criava um vazio que ninguém preenchia e deixava-me ainda mais inerte e preocupado. Não falei durante o jogo todo, não me enervei, não me entusiasmei, não me emocionei. Inacreditável. A meio do jogo fui contagiado pela inércia e comecei a perceber que não íamos conseguir vencer o jogo, algo que raramente me acontece. Eu que sou daqueles crentes que fica até aos 8 minutos de desconto à espera do golo da vitória num zero-zero, que acredita que “vai ser este canto que dá o golo, vais ver!”, parei de acreditar. A equipa do FC Porto que hoje jogou em Barcelos fez-me perder a fé durante noventa minutos. Triste, cabisbaixo, emulei os jogadores. A diferença, a grande diferença, é que eu não estive naquele relvado. E dava tudo para poder lá ter estado com aquela camisola no lombo. Garanto que tinha lutado mais que a maior parte deles.

(-) Arbitragem Não é novidade para ninguém que Paixão é mau árbitro. Desde que o conhecemos, naquela mítica noite em Campo Maior em que Jardel passou o equivalente de uma sessão de S&M com um boxeur profissional, que sabemos que é uma bestinha. Uma besta autoritária, exibicionista e arrogante. E hoje não foi diferente, mas com ressalva para a parte técnica. O primeiro golo surge de uma falta que não o é, o penalty nasce de um lance em fora-de-jogo e até dou o benefício da dúvida para o eventual fora-de-jogo no início da jogada do terceiro golo. Mas o penalty sobre Defour é tão inacreditavelmente evidente que me questiono se o rapaz não estará a precisar de rever o livro das regras que qualquer árbitro deve pelo menos ter folheado uma ou duas vezes na sua vida. Decalco Vitor Pereira desta vez: foi uma vergonha. Mais uma. Não justifica a exibição, atente-se, mas não a ajudou.

 

Nada está perdido. É uma verdade e a matemática está sempre pronta a responder a afirmações cataclísmicas com a certeza dos números. Mas moralmente estamos de rastos, jogadores, treinadores, adeptos, portistas. O FC Porto que vi hoje em Barcelos não quer ganhar, não se quis revoltar contra a arbitragem de Paixão, não se enervou, não se indignou. Limitou-se a continuar a passar a bola de uma forma mais tosca que uma equipa de terceira categoria, resignados a um sentimento derrotista e miserável de quem não consegue virar uma situação desconfortável. E Vitor Pereira, com os erros que possa ter cometido e apesar de ter estado bem na flash onde criticou os jogadores, elogiou o Gil e desancou no árbitro, também não está isento de culpas. Porque aquela máxima parva das desculpas não se darem pois devem ser evitadas só funciona quando se faz por isso. E a anarquia que vi hoje e já vi tantas vezes não pode ser só atirada para os jogadores. Também, mas não só. E nem a falta de Hulk justifica toda a inépcia para praticar um futebol de um nível minimamente aceitável. Foi muito mau e há tanta ferida para lamber que nem sei por onde começar.

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Ouve lá ó Mister – Gil Vicente


Amigo Vítor,

Ora cá estamos de novo. E agora, depois do Guimarães, a agenda ditou que apanhemos um Gil cheio de força porque perdeu com o Benfica por números exagerados para o que fez em campo e estão a cantar de galo. Viste o que fiz ali atrás, com a piada ao galo? Ah, pois é, um gajo arma-se em piadético e tem a mania e tal e lá vai parvoíce com o símbolo da terra. Pronto, já vi que não achaste graça. Adiante.

O Benfica ganhou e por isso precisamos de ganhar. Não há nada que seja mais directo que isso e a desvantagem de estar em segundo e jogar depois do líder é mesmo esta, porque quando aquelas bestinhas ganham o jogo, não podemos deixar de ganhar para manter o nível. Pá, sei que é chato e que coloca mais pressão nos nossos moços, mas não me lixes porque se não tivesses empatado em Alvalade ainda estávamos lá em cima. Pois é, eu sei que foi difícil, mas a verdade é que o calendário não mente e por isso temos de zurzir em tudo o que nos apareça pela frente.

Por isso vamos lá deixar de lado as amizades e partir para a conquista. Esquece as comezainas lá no burgo, manda o galo pró forno e siga para a vitória. Não interessam Luchos, Liedsons ou outros L’s. O que conta são os três pontos e já que não tens o Hulk proponho que avances com James, Iturbe e Kleber. Deixa o Varela no banco e prepara-o para entrar na segunda parte. No centro do terreno…é o normal, não inventes muito porque não vale a pena. Sai Fernando, entra Souza. Pumba. Moutinho e Defour fazem o resto. E a partir daí é para ganhar. Mai nada.

Sou quem sabes,
Jorge

 

APOSTAS PARA HOJE NA DHOZE:

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Porta19 entrevista Pedro Magalhães (gilistaferrenho.blogspot.com)

É sempre uma boa forma de conhecer os nossos rivais e em particular os que não têm o imenso holofote da imprensa virado para eles. Com a visita do FC Porto a Barcelos decidi entrar em contacto com Pedro Magalhães, um bi-blogger autor do Bola no Pé e do Gilista Ferrenho, adepto do Gil Vicente e nosso anfitrião para o jogo de amanhã à noite:

 

Porta19: Como está a ser o regresso à primeira liga? Tem valido a pena?

Pedro Magalhães: Após uma descida de divisão injusta na secretaria, o regresso à elite do futebol português é motivo de muito orgulho para todos os barcelenses. Custou bastante, o clube esteve perto de acabar, mas com muito esforço conseguimos voltar. A cidade está a apoiar a equipa como nunca e contamos sempre com bastante gente no estádio. Por isso, sim, está com certeza a valer a pena.

 

Porta19: Quem são os jogadores mais em destaque até agora?

Pedro Magalhães: Destacaria o guarda-redes Adriano Facchini, um verdadeiro achado no União da Madeira. Sempre muito seguro e com reflexos impressionantes. Há rumores de que o Braga está interessado nele. Ressalvaria também o nosso defesa central Cláudio, que ao vê-lo jogar nem se repara que tem 34 anos. Há por último o médio Richard e o extremo Luís Carlos, outros jogadores interessantes de se seguir.

 

Porta19: Paulo Alves é um treinador da casa, com histórico no clube e boa relação com os adeptos. É para continuar?

Pedro Magalhães: Desconheço se há consenso entre os adeptos mas, quanto a mim, Paulo Alves é para continuar. Sem grandes valores individuais conseguiu formar uma boa equipa. A excelente exibição no passado domingo, ante o Benfica, prova isso mesmo.

 

Porta19: Hugo Vieira: valor seguro ou irreverência sem produtividade?

Pedro Magalhães: Vieira é um verdadeiro ‘case study’. Tem características únicas, é rápido, tem relativa técnica e finaliza bem. Não é, ainda assim, na minha opinião, metade do que aquilo que as pessoas pensam. Colectivamente é muito limitado, não levanta a cabeça e desliga-se do jogo várias vezes. Quando não assiste ou marca, a sua produtividade reduz-se a nada. As suas declarações afirmando que é o ídolo e melhor jogador da equipa para os adeptos revelam também que a humildade não o acompanha. Sucintamente, não, Vieira não é um valor seguro mas no futebol nunca se sabe. Se rumar ao Panathinaikos, uma das equipas, ao que consta, interessadas nele, com certeza que Jesualdo Ferreira, como provou com Cissokho ou Fernando, o tornará num melhor jogador.

 

Porta19: A Taça da Liga ainda está em aberto. Depois da eliminação na Taça de Portugal, vai haver uma aposta clara para tentar chegar a uma final?

Pedro Magalhães: Creio que a Taça da Liga é uma excelente competição para os clubes pequenos granjearem algumas receitas, além do prestígio. Por isso, o Gil está na luta, mas todos sabemos que não será fácil. Julgo que dependerá muito desta fase de grupos, onde estamos com o Sporting, porventura o ‘grande’ que mais investirá nesta competição…

 

Porta19: O Gil Vicente tem uma relação histórica com o FC Porto, com vários jogadores a serem trocados no passado. Seria de esperar que essa relação continuasse? Os jogadores do Gil não interessam ao FC Porto e vice-versa?

Pedro Magalhães: As relações do Gil com o FC Porto mantêm-se. Ainda esta temporada temos um jogador emprestado (o médio Pedro Moreira), e outro que veio a título definitivo (o avançado Yero). O problema, quanto a mim, é que é muito raro algum deles provar qualidade e mostrar-se como uma mais-valia no Gil. Mas há que referir que o FC Porto sempre foi muito correcto connosco e não tenho dúvidas de que se surgir alguma proposta sobre algum jogador gilista e o Porto estiver interessado nele, a proposta azul-e-branca prevalece.

 

Porta19: Tu és um exemplo de bi-bloggerismo, com o Gilista Ferrenho e o Bola no Pé. Há tempo para tudo?

Pedro Magalhães: Há tempo para tudo porque eu não sou um blogger exemplar…. Limito-me a escrever textos esporadicamente, embora queira fazer do jornalismo desportivo o meu futuro. Aproveito desde já para convidar os estimados leitores a comprovar que estou errado em relação ao meu futuro ao visitarem o Bola no Pé e o Gilista Ferrenho!

 

A cooperação nesta grande comunidade blogosférica (eina) é salutar e se há muito anormal a escrever gigantescas parvoíces, às vezes dá gosto parar para conversar sobre futebol sem as clivagens que se criam naturalmente entre adeptos de clubes adversários. Menos durante o jogo, senão dá molho…mas fora dele, tudo bem disposto, tragam as febras e o vinho tinto e siga o paleio!

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Baías e Baronis – FC Porto 3 vs 1 Gil Vicente

foto retirada do MaisFutebol

 

Não gostei do jogo, mais uma vez. Irritou-me a pressão atabalhoada, os passes falhados e acima de tudo o número absurdo de desconcentrações defensivas que levou a momentos de pânico perto da nossa área. Compreendo que a equipa ainda não está a rodar ao nível que queremos e a malta ainda tem muito presente os brilhantes momentos do ano passado, mas assusta ver que duas peças mudadas na equipa se aliam ao momento menos bom de alguns jogadores para criar uma tempestade perfeita para avançados adversários, especialmente quando são rijos, agressivos e práticos. Há muito a melhorar e pouco tempo para o fazer. Vamos a notas:

 

(+) Hulk Esteve nos três golos. Marcou o primeiro (penalty bem apontado e ainda melhor marcado), assistiu Sapunaru no segundo e quase rebentava as redes no terceiro. Passou o jogo todo a tentar passar pelos laterais, tanto pela esquerda como na direita, e apesar de não o ter conseguido muitas vezes, há que lhe dar o mérito da produtividade. E o jogo não foi dos melhores para ele, porque apanhou sempre com pelo menos dois marcadores em cima, que não lhe deram grande oportunidade para as fintas do costume, daí a surpresa pelo aproveitamento nos lances de bola parada. Confirmou que quando pode marcar livres em força…é mandá-lo para o sítio da marcação e deixá-lo fazer o que quiser. Às vezes corre bem.

(+) Otamendi Foi o melhor dos quatro da defesa, o que hoje não significa que tenha estado muito bem. Esteve razoável, mas acima dos outros três, que tiveram uma noite horrível apesar de apenas terem sofrido um golo naqueles primeiros trinta minutos que foram do pior que me lembro de ver desde há alguns anos. Otamendi pareceu sempre ter aquele bocadinho extra de concentração, inteligência e capacidade de antecipação, o que resultou em várias recuperações de bola e coberturas bem feitas a lances corridos. Gostei.

 

(-) Muita confusão no meio-campo As primeiras impressões não são positivas, longe disso. Com Souza e Guarín em campo, as suas posições acabam por se mesclar sem necessidade, tal é a proximidade dos estilos e feitios. Analisando ponto a ponto, vemos que a entrada de Souza não está a ser positiva por motivos que não têm directamente a ver com o próprio jogador, mas sim com a sua integração no modelo da equipa. Prende a bola melhor que Fernando e sai bem melhor com ela controlada…mas ninguém está habituado a isso e ficam muitas vezes a olhar à espera do passe, que raramente sai. Guarín, por sua vez, parece ter enfeitiçado os adeptos com algo que não é coerente com o que sabe fazer. O povo portista habituou-se a ver Guarín como um cavalgador, um desflorador de defesas e trincos, que aparecia em drible rápido e audaz e rematava com a força de Aquiles antes de romper os ligamentos. O que a malta se está a esquecer é que o nosso Fredy, nesta altura da temporada, é só um rapaz bem-intencionado e trapalhão, porque não tem pernas para mais. No ano passado quando é que Guarín surgiu em grande? Outubro/Novembro. Pois. Moutinho é outra peça que parece render muito menos. Não querendo apelar à veia cínica, opto por falar da falta de ritmo, porque não quero pensar que está com a cabeça noutro lado. Recuso-me. Sou ingénuo? Talvez. Deixem-me ser.

(-) Falhas defensivas Aquelas trocas de bola na defesa são muito giras. Rolando para Otamendi, para Fucile, para Helton, para Rolando, para Fucile, pum, bola para a frente, lançamento para o Gil. Quando se começa com esse tipo de jogada, das duas uma: ou os médios recuam para pegar no jogo pela relva de trás para a frente, ou o avançado do centro recua ainda mais para fazer subir os extremos e lançar bolas longas. Assim, da maneira que estamos a fazer…é muito mais fácil para uma equipa agressiva sobre o tipo que está com a bola acabar por lha roubar, como aconteceu ao Sapunaru no início do jogo e que deu o penalty (e que poderia, talvez deveria ter dado a expulsão a Otamendi…e aí era bem mais difícil ganhar o jogo) mas que não foi ocasião única, porque durante quase toda a primeira parte a defesa andou perdida.

(-) Assobiadores É raro, admito, insultar colegas adeptos do FC Porto. Hoje, não me contive. Quando Varela tentava pela 3ª vez passar sem sucesso por um adversário na segunda parte, eis que alguns anormais começam a assobiar e a dizer, passo a citar: “Vai-te embora, só pensas no dinheiro!”. Houve qualquer sentimento mais fundo cá dentro que se ergueu, não segurei a língua e saiu cá para fora um chorrilho de profanidades direccionadas a essa gente, não adequadas a um blog de família. Se alguns de nós, como adeptos, não conseguimos estabelecer a diferença entre um mau jogo e um mau jogador, algo está muito mal neste mundo do futebol que tanto gosto. Porque é exactamente esse tipo de gente que vai à bola que ajuda a estragar uma equipa e a desmoralizar um jogador. E logo quem, Varela, um dos gajos mais humildes em campo que me lembro de ver a jogar pelo nosso clube. Tenho vergonha dessas atitudes símias.

 

Devo lembrar que o início da época passada foi qualquer coisa semelhante a este. Vitória na Supertaça, arranque fora com dificuldades e a vencer por um golo de diferença, seguido de uma vitória em casa com três golos marcados. A equipa ainda não está bem, nota-se nos níveis físicos e na atrapalhação colectiva. Mas o que preocupa mais os adeptos é mesmo a indefinição que decorre da permanente especulação sobre entradas e saídas. Até dia 31, não há nada que se possa fazer para assentar um estilo de jogo baseado nas performances do jogador A ou B, porque esses podem sair e os novos terão de reaprender rotinas e métodos. Até lá, só nos resta uma coisa: continuar a ganhar os jogos.

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