Baías e Baronis – Aves 1 vs 1 FC Porto

foto retirada do zerozero

Uma das coisas que distingue um wannabe de alguém que de facto consegue alguma coisa é a capacidade de aguentar a pressão e de produzir mesmo quando a sofre. E nós, com a imagem que deixamos hoje nas Aves, falhamos de uma forma óbvia e preocupante num jogo que não podíamos falhar, algo que foi notado por todo o mundo e mais sete ou oito jornais marcianos. Hoje não jogámos bem. Hoje não defendemos bem. Hoje não atacámos bem. Hoje fizemo-nos em trampa perante um adversário que não vale o suficiente para sequer nos termos de preocupar com eles. E se ficamos nervosos perante o Aves, imagino como será na próxima sexta-feira. Notas abaixo:

(+) Danilo. O único homem que esteve sempre a gritar para os colegas, a orientar a equipa em campo, a tentar com todas as forças levar o FC Porto à vitória e subir no terreno para o conseguir. Não fez um jogo perfeito mas foi o melhor jogador em campo de camisola azul às costas e continua a mostrar a vontade que tem em ganhar todos os jogos em que sobe ao relvado, dando o exemplo a todos os companheiros de luta que por vezes cedem demasiado rápido à pressão e desorientam-se em campo (ver abaixo). Bom jogo, não merecia perder pontos hoje.

(+) Ricardo Pereira. Bom golo (excelente passe do Soares, já agora) e algumas boas incursões, num jogo conseguido apesar de pouco dinâmico na segunda parte, em grande parte pela necessidade de manter o flanco mais tapado. Foi dos poucos que se safou com nota positiva.

(+) Sá. Muito rápido a sair da baliza, salvou a equipa depois de mais uma imbecilidade nascida do nervosismo quando saiu aos pés do tipo do Aves e conseguiu depois agarrar o ressalto. Nada a fazer no golo, foi ainda importante para segurar alguns cruzamentos perigosos do Aves, especialmente na segunda parte.

(-) Ceder à pressão. Tremideira da boa. A equipa não está num bom momento a nível da construção de jogo, demasiado sôfrega a tentar colocar bolas na frente, despachar os resultados e acabar com o jogo rapidinho. Não parece estar, ao contrário do que aconteceu durante várias semanas consecutivas, a gostar do que faz. Houve várias jornadas em que a equipa estava bem e sorria a jogar, trocava a bola com entusiasmo, independentemente da forma de jogar, dos jogadores que lá estavam na relva ou fora dela e da facilidade com que marcavam, driblavam ou rematavam. Entretanto algo mudou, não sei se pela classificação, pelo ruído em torno de Casillas ou Óliver ou seja lá quem for o próximo “gate” que vão criar, a equipa parece tensa em campo, pronta a liquefazer-se em fezes pouco consistentes ao primeiro sinal de perigo. É uma equipa que está a ceder à pressão de uma forma preocupante e fá-lo num momento muito complicado e no meio de um ciclo que exigia mais calma, muito mais descanso mental e confiança. Há que recuperar esse espírito, caso contrário temo que possamos vir a passar momentos muito complicados num futuro bem próximo.

(-) Felipe. Rapaz, temos de falar porque esta merda não está a funcionar. Tínhamos uma relação porreira e tal, havia aqui empatia, carinho, respeito e admiração que só não eram mútuas porque tu não fazes a menor ideia quem eu sou. Mas aquele Felipe devorador de virgens, esbofeteador de funcionários das finanças e degolador de prepúcios, onde está? Desapareceu para outra dimensão e deixamos de o poder ver? É que este Felipe que tenho visto a jogar é bem mais próximo de um Maicon e isso é algo que não só não preciso como dispenso com fervor. VÊ LÁ SE ATINAS, PÁ, QUE ESTOU FARTO DE TE VER A FAZER CAGADA ATRÁS DE CAGADA!!!

(-) Herrera. O único jogador do meio-campo. Ponto final. Porque o outro jovem que lá andou mais valia vestir uma camisola vermelha e branca com riscas verticais, tal foi a quantidade de vezes que estragou em vez de construir. Distraído, lento, sem a capacidade prática dos últimos jogos, foi uma exibição daquelas que vi durante anos e que me fez querer que fosse despachado para muito longe daqui. Esteve exactamente ao contrário do que tinha feito em vários jogos consecutivos este ano e confirma que está no pior período da época. Mesmo antes do jogo contra o Benfica. Lovely.

(-) Arbitragem. Os amarelos a Corona até se entendem e chateia-me sempre a coisa do “o árbitro podia poupar o jogador por ser o segundo”. Tretas. Mas…e há um grande “mas”, os outros rapazes não têm o mesmo tratamento? Ou o mesmo Corona que leva um pisão do Defendi na primeira parte, não merecia o mesmo amarelo? Ora lá está. E o penalty, que o árbitro pode ou não ter visto, é evidente para toda a gente que viu na televisão e como tal deveria ter sido evidente para o video-árbitro. E foi, mas ao contrário. Porque não quis ver, não vejo outra forma de dizer isto. Porque viu e optou por não ver, numa espécie de falácia em forma humana que dá pelo nome de Bruno Esteves. Vão lá ver a lista dos “padres”. Pois. É fodido, não é?


Podíamos chegar ao jogo contra o Benfica com a moral em alta? Podíamos. Mas parece que já não sabemos viver à grande. Ou ainda? Tenho de perceber isso ao longo dos próximos meses…

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Ouve lá ó Mister – Aves

Camarada Sérgio,

Cá vai um pedaço de informação desnecessária que não sabias: é a primeira vez que escrevo esta coisa com o Aves como tema. Um clube que por cá anda há tanto tempo e ainda não tinha merecido a minha escalpelização, é uma pequenina vergonha. Mas não creio que vá escrever muito, sabes? Acho que, como acontece muitas vezes, uma imagem diz mais que mil das minhas palavras. E mandaram-me ontem esta imagem e apesar de ser composta por palavras, diz muito. Oh se diz. Se precisavas de moral para vencer este jogo, para lá de poderes chegar com bom avanço antes do jogo com o Benfica, aqui tens. É só isto:

Pega. Guarda. Imprime. Cola na porta do balneário. Tau. Dá-lhes o que eles merecem, Sérgio!

Sou quem sabes,
Jorge

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Baías e Baronis – FC Porto 2 vs 0 Belenenses

foto retirada do Twitter do FC Porto

Noite fria na Invicta, com os músculos a mexerem com dificuldade depois do jogo de quarta-feira (a sério que voltei ao Dragão apenas três depois da última vez que cá estive? Fosse sempre assim e era um homem feliz!), numa prova de capacidade competitiva que foi superada mas por pouco, já que a vontade de encerrar o jogo rapidamente era tal, em particular depois do primeiro golo marcado, que a equipa nunca conseguiu atingir níveis de tranquilidade e paz de espírito que acalmassem a malta nas bancadas. Mas ao contrário de outros anos, o apoio não faltou. Nunca faltou. É o que dá quando os jogadores dão tudo e lutam sempre para vencer. Vamos a notas:

(+) Herrera. Disse em vários fóruns no início da temporada (aqui, em conversa, no Cavani, em todo o lado!) que Herrera era para mim uma carta fora do baralho. Mais que isso, nem devia ser uma carta, mais valia ser um naco de papel queimado a descansar na lareira, tal era a minha confiança nele para a época que então começava. E agora, com um litro de água, engulo as minhas palavras ao ver o capitão a encher o campo, a marcar e a assistir, a ser o melhor jogador da partida como tem vindo a ser um dos melhores jogadores de várias partidas desde que assumiu de novo a titularidade. Lutador, inteligente a pautar o ritmo e a trocar a bola com critério, esteve acima de todos e mostrou que a braçadeira pode mesmo estar bem entregue. E espero que não me faças cuspir as mesmas palavras de volta, Hector!!!

(+) Reyes. Primeiro de tudo: Reyes não é trinco. Não que joguemos com trinco, mas a posição que Reyes ocupou foi exactamente essa, um pouco mais recuado em relação aos colegas do centro e claramente com menos ordens de subir no terreno que Danilo recebe. E para o que sabe e consegue fazer, esteve muito bem, sem contar com os passes longos que tem mesmo de melhorar. Sei que soo um pouco a um pai que vendo o filho a praticar guitarra e a assassinar um qualquer Stairway to Heaven o incentiva e diz: “Estupendo, Martim, não te esqueças que o esforço vai compensar”, sabendo perfeitamente que o puto só vai conseguir encher plateias se for vender bilhetes num cinema, mas a verdade é que em grande parte dos jogos, com equipas que jogam recuadas e que tentam colocar a bola nas costas dos defesas a 30 metros de distância (como o Belém tentou), Reyes até se safa benzinho. Não é Danilo, mas afinal, poucos serão.

(+) O golo de Aboubakar. Herrera esteve muito bem todo o jogo mas nada melhor que um sprint vertical de quase 50 metros, aos 90 minutos de uma partida onde meia equipa estava cansada e a esperar que o jogo acabasse, vendo Herrera (e Aboubakar) a voarem pela relva, com o mexicano a passar a bola perfeitinha para uma finta de Abou a deixar o central num varrimento Otamendiesco e a picar a bola por cima do guarda-redes para o golo do descanso. Um deleite, minha gente.

(-) Ui as perninhas. Não nos podemos queixar de nada senão de nós próprios, porque quem negociou a calendarização dos jogos no Dragão fomos nós e acredito que ninguém tivesse olhado para o próprio calendário da equipa como algo remotamente importante, em especial porque só nos lembramos destas parvalhices depois delas nos morderem no derriére. Mas notou-se desde o início que a equipa queria fazer as coisas depressinha para acabar com esta treta e passar à parte mais importante do fim-de-semana, o alapar da peidola no sofá e pensar: “só jogo daqui a duas semanas, quero é descansar um bocado!”. O jogo de quarta foi tramado e se Corona ficou no banco e Danilo na bancada, houve muitos outros que não tiveram a mesma sorte. E notou-se, oh pois que se notou e bem. Telles parecia amorfo, incapaz de se posicionar em condições e foi ultrapassado com a mesma finta pelo menos duas vezes sem pontapear o adversário em testículos alternados. Logo aí dava para perceber que algo se passava. Brahimi, que a jogar aí a 35% da sua capacidade conseguia produzir suficiente para quase marcar um ou dois golos, ou Aboubakar, que tirava o pé de várias disputas de bola, eram outros dois que se notava alguma falta de frescura. Hernâni compensava, naquele estilo de anfetaminas naturais que o fazem correr demais para fazer tão pouco mas entrou para a segunda parte como um zombie paralítico. Faltava muito do fulgor físico que ficou na relva na quarta-feira e uma equipa que faz da velocidade e agressividade uma das suas forças, não conseguiu nem uma nem outra a níveis decentes. Valeu-nos, e não acredito que vou dizer isto, a excelente exibição de Herrera.

(-) Felipe. Um jogo recheado de uma data daqueles pequenos nuggets que fazem pensar que este jovem tem um ou outro fio que se desliga sozinho e que só volta a ser ligado se alguém lhe der um par de estalos. Só vejo o Marega com capacidade (física) para ousar isso, por isso torna-se complicado ver um homem que me habituei a reconhecer como um excelente jogador a transformar-se numa poça de urina durante uma partida de futebol. Foi uma exibição fraquíssima, cheia de passes falhados, decisões parvas e muita falta de pernas. Precisa mesmo de descansar uns dias.


Onze jogos, dez vitórias e um empate (em Alvalade). Não me lembro de um arranque tão positivo e só posso esperar que continuemos com um rácio deste nível até ao final do campeonato…era bom sinal!

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Ouve lá ó Mister – Belenenses

Camarada Sérgio,

Longe vão os tempos em que o Belenenses me trazia alegrias, com a tradição da visita ao Pepe a fazer-se lá em baixo e a ser depois devolvida a cortesia com o próprio Belenenses a entrar em campo segurando a nossa bandeira. Não vi isso a acontecer no ano passado e fiquei lixado porque era uma daquelas cordas que me prendia a tempos idos, quando esta merda era mais simples, mais pura e bem mais decente. Hoje em dia só espero que estes gajos venham cá para jogar futebol e não para serem fantoches dos vizinhos lá de baixo, estes que abrem mais as pernas ao mestre que uma putéfia com sete pachachas.

Assim sendo, espero um jogo tramado. Ainda por cima com todas as condicionantes que temos, vai ser tramado. Imagino que seja nossa culpa o facto de termos aceite o calendário e as agendas televisivas e não me pareceu nada inocente termos optado por forçar o amarelo ao Danilo para limpar hoje, mas as lesões do Marega e o cansaço que aposto está a morder os músculos das pernas de meia equipa depois do jogo de quarta-feira são factores importantes. Agora pensa bem, porque vais ter duas semanas de paragem e a malta (alguma, pelo menos) pode descansar aí, mas não podemos arriscar perder pontos agora. Nem pensar nisso! Como disse no Cavani de ontem (se não ouviste, ainda vais bem a tempo de o apanhar aqui), apostava no Galeno a titular e não mudava muita coisa. Maxi a titular, AA e Herrera no meio, Brahimi e Hernâni nas alas. Acima de tudo é para jogar, ganhar e só depois descansar!

Sou quem sabes,
Jorge

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Baías e Baronis – Boavista 0 vs 3 FC Porto

foto retirada do twitter do FC Porto

Derby que se preze tem vários pontos que devem persistir ao longo dos tempos: a) o Boavista está em campo para dar molho e o FC Porto responde; b) o FC Porto não ganha com facilidade no Bessa; c) o FC Porto ganha no Bessa. E foi isto que aconteceu mais uma vez, com mais um jogo em que três passes consecutivos eram interrompidos por uma falta (afinal não somos só nós que fazemos muitas, pois não, Simão?) e onde uma exibição fraquinha deu lugar a três bons golos, cada um ao seu estilo e com um homem a destacar-se acima de todos os outros na partida: Brahimi. Boa e importante vitória, de qualquer forma. Notas abaixo:

(+) Brahimi. Jogaço, mais uma vez. Um golo, uma estupenda exibição e mais uma vez a figura principal da equipa em termos de construção de jogo pela relva, alheados que estamos (aparentemente) da necessidade de ter mais um médio para construir a partir do centro do terreno. E enquanto Brahimi estiver nesta forma vamos continuar sem optar em acondicionar o meio-campo com mais um homem, porque parece que o homem está com uma garra que nunca antes tinha visto, continuando a levar paulada atrás de enormíssima paulada e mantém-se de pé, pronto para agir, assistir e marcar, num golo que teve tanto de merecido como de bonito.

(+) Ricardo Pereira. Muito melhor a defender do que tinha mostrado no início do campeonato, está mais rápido e muito mais eficaz no corte, em particular nos carrinhos que fazem lembrar uma espécie de Otamendi contido, porque raspa mas não arranca e até consegue manter a bola em sua posse. Esteve pouco subido muito por culpa de Kuca que o encostou (bem) sempre atrás, mas deu segurança a defender e se ainda não tinha garantido o lugar, só uma tremenda falta de empenho nos treinos lhe tira a titularidade. Uínque.

(+) Danilo na primeira parte, Herrera na segunda. Danilo foi um gigante na primeira parte porque foi dos que mais depressa conseguiu perceber que não iríamos lá sem usar o corpo e usou-o muito e bem. Herrera errou bastante na primeira parte porque demorou muito mais a perceber o mesmo que disse na frase anterior. No entanto, o mexicano esteve muito interventivo em zonas subidas mas também em áreas mais recuadas, onde conseguiu recuperar várias bolas e criou sempre perigo quando a soltou. Só faltou marcar aquele golo quando apareceu isolado em frente ao guarda-redes, mas a falta de pernas lixou-o. Uma última nota para Hector: perfeito a atrapalhar Mateus num lance que podia colocar o Boavista na luta pelo resultado. Excelente!

(+) O nosso povo portista. Cantar a “rotunda”? Check. Cantar o “orgulho”? Check. Invadir o Bessa com milhares de adeptos, passar o jogo todo a apoiar a equipa e criar uma simbiose vísivel com ela? Check. Sair de lá com três pontos, as vozes gastas e um sorriso na face? Check, check e oh sim, check!

(+) O sentido prático do Marega. É como tem de ser. O gajo é prático e ainda bem, se colocava a bola ainda tirava a vista a um adepto (viram o remate ao poste? Aquilo foi com a parte de dentro do pé e a baliza aposto que ficou a abanar mais que meia-hora!) e assim foi lá para dentro. Já naquela parvoíce do keeper do Boavista ficar meio minuto a tratar a relva como se fosse parte de uma espécie biológica em vias de extinção, Marega chegou lá, duas pisadelas à Samaris e siga a rusga. Gosto disto.

(-) Centrais em posse. “Não batas nos meninos que a culpa não é deles, os médios é que não estão tão disponíveis para lhes dar cobertura e não chegam dois para isso, não é? Ainda por cima não te esqueças que agora os médios trocam de posição e os laterais sobem como se fossem receber ofertórios em igrejas católicas, tanta vez que sobem e descem aquelas bandas, por isso os centrais têm de ir à procura do espaço e de saber o que fazer com a bola. Para lá disso, os avançados estão muito subidos, os médios muito distantes, os alas muito abertos e o meio-campo dos outros também existe e pressiona mais do que uma bexiga depois de seis finos! Não sejas assim, Jorge, tem lá paciência e não censures os passes longos para as couves ou as hesitações horríveis do Felipe hoje no Bessa que já duram há umas semaninhas…ou o Marcano, que espera mesmo até o outro gajo botar o pé para passar a bola e ressaltar nele, ou então quando tem oito horas e meia enquanto a bola vem pelo ar e ele pode pensar onde a colocar mas parece que oh foda-se lá vai a bola para o Boavista. Pronto, Jorge, não te chateies com eles, não? Vá lá.” Com todo o respeito, vá lá o caralho. São bons, são muito bons, mas também fazem jogos de caca e hoje foi um deles. Se na quarta-feira jogarem o dobro do que fizeram aqui, apanhamos outros tantos como na Alemanha.

(-) Hugo Miguel. Marcano protesta? Marcano leva amarelo com cara de mau. Gajo-indiscriminado-do-Boavista protesta? Leva aviso. Herrera corta a bola? Herrera leva amarelo. Vários-gajos-do-Boavista acertam nos tornozelos/calcanhares/o que funcionar para mandar o gajo abaixo? Levam amarelo. Slow. Fucking. Clap.


Continuamos na frente depois do primeiro derby e só pode ser bom sinal para o futuro. Agora, na ante-estreia marcada para a próxima quarta-feira, o épico “Leipzig: A Vingança”. Num Dragão perto de si.

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