Ouve lá ó Mister – Chaves

Camarada Sérgio,

Já estamos todos com saudades da bola a sério, que isto da Selecção só é porreiro para um gajo ganhar Europeus e pouco mais. O que interessa é mesmo o azul e branco e o resto é conversa de treta para treteiros e adeptos ocasionais. E este jogo é mais um daqueles que me lixa a moleirinha porque é o primeiro jogo que vamos ter antes de um confronto europeu. Já sei que já não é a primeira vez que falo de “primeiras vezes”, mas estás cá de novo e garanto que no próximo ano já não vou fazer isso, até porque ainda vais por cá andar e vais andar de peito feito com o título de campeão acabadinho de ganhar e já não ligas nenhuma ao je. E é para o lado que durmo melhor, garanto-te.

Vais começar já hoje a inventar, parece-me. Com o Jesus e companhia mariáchica a chegar mais tarde e meia rotinha, se calhar vais lembrar-te de enfiar o Maxi a lateral e o Ricardo a extremo. Não me parece mal mas talvez possas mesmo apostar no Hernâni, afinal o rapaz tem de mostrar alguma coisa, certo? E na frente, o Soares volta? É desta? Ou o Moussa continua a surpreender o mundo ao manter a titularidade, faz um poker e faz capas de jornais do Porto até Ulan Bator? Está nas tuas mãos, rapaz!

Escolhas quem escolheres, é um jogo para ganhar cedo e arrumar sem piedade, mesmo que do outro lado esteja o último treinador a ser campeão pelo FC Porto. Até porque do nosso lado está o próximo.

Sou quem sabes,
Jorge

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Baías e Baronis – Braga 0 vs 1 FC Porto

Ganhamos. E ganhamos bem por uma série de motivos. Porque o Braga raramente criou perigo suficiente para sequer pensar em justificar outro resultado. Porque marcamos um e podíamos (perdão, devíamos) ter marcado mais uns quatro ou cinco. Porque fomos bravos e rijos mas também calmos e inteligentes quando foi preciso. Mas arriscamos mais do que seria necessário e temi que uma bola aleatória entrasse na baliza nos últimos minutos e me fizesse lembrar daquele famoso jogo contra o Benfica no ano passado (onde foi NES que o perdeu, não o Herrera). No final, uma vitória merecida e doze pontos em doze possíveis antes da paragem. Goody. Sigam as notas:

(+) Danilo. Que parvoíce de jogo, rapaz. Impecável na cobertura, rijo na marcação e a subir com a bola, foi o bloqueio que precisávamos para conseguirmos arrancar as bolas no meio-campo e rodá-las rapidamente para as laterais, já que Óliver esteve muitas vezes preso por Fransérgio e Vukcevic, ao passo que os extremos inclinavam para o centro e precisavam da linha de passe. E quem a recebia? Danilo, pois claro. Foi o elemento mais constante num dia em que todos estiveram em boa forma e com espírito de luta. E quem vê esta equipa a jogar assim e a viu no ano passado…nem é bom pensar.

(+) Marega. Espero mesmo que não leiam esta frase com qualquer conotação racista, mas eu não resisto: o Marega é uma preview do que acontecerá quando o Bolt for jogar futebol. Corre imenso, joga razoavelmente bem mas esforça-se tanto que mesmo quando não marca golos não consigo criticar o rapaz. E é complicado não criticar porque pode parecer que estou satisfeito “só” com um Marega, até porque tenho a certeza que vai encostar quando o Soares estiver de volta, mas a verdade é que Marega está a fazer tudo para que o Sérgio tenha grandes dúvidas em tirá-lo da equipa. E nada mais lhe posso pedir.

(+) O golo de Corona. A meio da semana vaticinei numa conversa com amigos que íamos vencer o jogo com um golo de Corona. Juro que é verdade. Também disse que ia ser na segunda parte em contra-ataque, mas não nos foquemos nos falhanços e louvemos não só a minha visão oracular mas também o estupendo trabalho do único mexicano que ainda conta para alguma coisa e fiquemos maravilhados com aquele picar de bola por cima do adversário e o míssil que fez com que a bola passasse pelas coxas do Matheus e nos sacasse os três pontinhos que procurávamos. Corona está cheio de vontade e se continuar a fazer coisinhas destas tem lugar no onze de caras.

(+) Telles (especialmente a defender). Safou várias vezes a equipa com cortes fundamentais a cruzamentos largos ou a ajudar a tapar quando Brahimi já estava sem pernas. Não esteve tão interventivo na frente apesar daquele remate cruzado que Matheus, mais uma vez, defendeu para o poste. Está em grande forma e há que sugar o rapaz até ao tutano. Ou não, já que alternativas não abundam…

(-) Xistra. É impossível jogar assim. É impossível estar constantemente a levar pancada e sermos os primeiros a levar um cartão amarelo. É impossível assistir a um jogo em que o adversário tem muito mais corda solta para poder usar a expressão “canela até ao pescoço” sem qualquer problema e usar os braços como se estivesse a pregar ao Santo Adelino dos Barrotes no Esfíncter. Xistra permitiu tudo isto e mais, com Fransérgio a ficar mais de meia-hora em campo a merecer não dois mas pelo menos três cartões amarelos, com Ricardo a levar um cartão amarelo igual ao que não foi dado VÁRIAS VEZES a Fábio Martins, com Sequeira a entrar a varrer de pés juntos, com pés levantados até ao céu durante todo o jogo, mais puxões que uma Black Friday no Nebraska. Aliás, se o Benfica empatou em Vila do Conde à custa daquele…pá, chamemos-lhe “Jonalty”, hoje tinha havido trinta Jonalties a nosso favor. Foi o Xistra do costume contra a equipa do costume. Nem sei porque é que espero outra coisa.

(-) Felipe. Não anda bem, este maravilhoso estupor. Nem é tanto nas falhas quando é obrigado a fazer um jogo vertical positivo (que é como quem diz mandar a bola para a frente), é mesmo na temporização da abordagem aos lances e na maneira infantil como se deixa “comer” pelos avançados em alturas que tem de proteger a bola e obrigar o adversário a fazer uma falta do tamanho de seis Maregas para lha tirar. E Felipe não anda a fazer nada do que fez quando cá chegou. Nem auto-golos (felizmente) nem cortes para a bancada (infelizmente). Assim não gosto, rapaz.

(-) 4-4-2 para 4-3-3 para 4-5-1 para… . Lembro-me bem de NES a tirar Corona e a meter o Ruben. E a fazer o mesmo com Óliver para entrar Layún. E depois Herrera no lugar de Jota. Lembro-me bem porque fui ver ao zerozero já que a minha memória tem capacidade equivalente a um ZX Spectrum. Partido. Anyway, tive um arrepio quando me apercebi que podia acontecer o mesmo e quando vi as três primeiras intervenções de Herrera depois de entrar…assustei-me mesmo (para memória futura, foram: a) tentar desviar a bola com grande intensidade oftalmológica, b) hesitar entre andar ou enveredar numa carreira de homem-estátua e c) tocar na bola com o braço cedendo um livre perigoso because why the fuck not). O final do jogo acalmou-me pela forma mais inteligente como gerimos o tempo e apesar de ser um jogo fora num dos estádios mais complicados, o que até justifica a atitude, é preciso ter cuidado para não perdermos a vontade de ganhar e eventualmente ganhemos a vontade de não perder.


Mais importante que termos vencido o jogo é o facto do Benfica ter perdido pontos e termos conseguido aproveitar isso. Há quanto tempo não acontecia? Depois não querem que um gajo fique com moral…

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Ouve lá ó Mister – Braga

Camarada Sérgio,

Chegamos ao primeiro teste a sério da época, ou pelo menos é o que me dizem que nestas coisas da bola começo a pensar que não percebo nada disto e que só estou aqui a botar faladura como se fosse um mero blogger ou podcaster ou twitterer ou lá o que raio é que eu sou nesta bluegosfera. O que me interessa é que posso falar para ti porque me estás a ouvir. Ou a ler. Whatever. @CoachConceicao for the win.

Depois de mais um episódio de roubalheira das boas em Vila do Conde, eis que estamos perante uma montanha para trepar e ao fim de três jogos este é um dos que vão deixar marcas, porque se conseguimos ganhar, passaremos para a frente do Benfica…mas se não conseguirmos ganhar, perdemos a primeira oportunidade de passar para a frente do Benfica. E podes pensar que ainda é cedo e tal e que ainda faltam trinta jogos depois deste, mas são estas as alturas em que testam a nossa fibra e a nossa garra, o nosso querer e a nossa vontade. E é exactamente aqui que temos de mostrar que estamos cá para ganhar esta merda toda e para regressarmos ao lugar de onde nunca quisemos sair. Tu e eu, pelo menos.

Por isso, meu caríssimo Sérgio, entra em campo com a ideia certa: rebentar com esses gajos. Mostra ao Braga que estamos cá para limpar isto. E não te esqueças que vais ter um país inteiro a torcer por eles. Afinal, Braga é terra de padres, não é?…

Sou quem sabes,
Jorge

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Baías e Baronis – FC Porto 3 vs 0 Moreirense

Uma caloraça como não sentia há uns anos no Dragão fez com que tivesse de comprar duas garrafas de água depois de levar com três finos no bucho antes do jogo. E estive sentadinho, sem grandes preocupações, a apreciar o espectáculo como um simples adepto rodeado de outros tantos simples adeptos. Continuei cheio de calor, a bufar e a suar, enquanto me mantinha sentado. Lá em baixo, no relvado, os moços corriam o suficiente para não desidratarem à louca (agora que é moda, devia ter havido pausa para auguinha da boa a meio de cada parte, não?), num jogo que foi tão fácil que nem censuro a falta de empenho ou aceleração em largos momentos de jogo. Notas, quentes como o tempo, já em baixo:

(+) Aboubakar. Há duas semanas teve seiscentas oportunidades para marcar e nem uma entrou. Semana passada em Tondela deu-nos a vitória e hoje voltou a trazer os três pontos para casa numa bela demonstração de variedade para um avançado: um golo de cabeça (naquele que foi talvez o único cruzamento decente do Telles em todo o jogo), um remate na área e um “encosto” oportuno. Mexeu-se sempre bem na área e fora dela, recolhendo a bola e entregando para os colegas direitinho, sem grandes invenções. Aproveitou também o facto dos centrais do Moreirense serem imensamente fracos, mas isso…já não é nossa culpa.

(+) Marcano. Certinho, muito bem na dobra a Telles e até a salvar algumas das parvoíces posicionais de Óliver e Danilo, mas sempre com o estilo típico do nosso “novo” capitão: calmo, com paz de alma e sem grandes preocupações visíveis. Nada o parece incomodar quando está de moral em alta e se no ano passado foi dos principais homens em que podíamos colocar as nossas apostas para o prémio de “gajo mais tranquilo do plantel”, parece trilhar o mesmo caminho este ano.

(+) Marega. Não posso dizer mal do Moussa. Para quem tem qualidade para o futebol ao nível do móvel que suporta a televisão da minha sala (apesar da maior dificuldade a controlar a bola, algo que a mobília não consegue trabalhar com o tempo), o rapaz tem feito pela vida e por muito que achemos – ou pelo menos, que eu ache – que não podemos querer ser campeões com Maregas no onze base, a verdade é que leva dois jogos a titular e jogou uma hora no primeiro…e tem trabalhado para continuar por lá. E se aquela bola à trave entrasse…tínhamos candidato para golo do ano!

(-) A entrada na segunda parte. Estavam aí uns 36 graus quando o jogo começou e não me parece que tenha baixado por aí fora à medida que a tarde ia passando. E é verdade que o adversário era fraquíssimo, o jogo estava quase ganho e a temperatura não ajudava a que houvesse uma capacidade física tremenda, mas aquela segunda parte foi quase toda pautada por um ritmo que tornou todo o Dragão numa espécie de nave com quase 50 mil almas a bocejarem de tédio e a lamentarem estar longe de uma qualquer esplanada a beber finos de penalty. Compreendo que seja uma reacção natural nos jogadores e cabe ao treinador fazer com que os rapazes acordem, algo que o próprio Sérgio se encarregava, gritando para o campo e levando a que se mexessem mais um bocadinho. Há uns anos, Sir Bobby mandava-os treinar no fim de um jogo destes. Sérgio, se daqui a uns anos cá estiveres e tiveres a autoridade moral que o Robson tinha…podes fazer o mesmo. Tens a minha bênção.

(-) Otávio. Um exemplo do Baroni de cima é a entrada de Otávio para o lugar de Brahimi, que esteve claramente com pouca capacidade física para estas coisas. Aliás, quando Brahimi tem a bola e não tenta fintar quinze adversários seguidos, algo está errado com o rapaz. Mas adiante para o brasileiro que o substituiu. Entrou lento, sem rasgo, sem “fome”, a tropeçar sozinho e a falhar todo o tipo de combinações, incluindo uma tabela que fez com Aboubakar e que depois se esqueceu de subir para receber a bola. Sérgio colocou-o ao meio e moveu Marega para a esquerda, onde o MegaMoussa continuou a correr o que podia e a esforçar-se bem…contrastando com Otávio, que teve ao todo dois lances interessantes, quando recuperou duas bolas que ele próprio tinha perdido. Não será assim que roubará a titularidade a ninguém, nem a Marega ou Soares como segundo avançado e muito menos a Brahimi.

(-) Titulares vs reservas. Já tivemos de tirar Soares e entrou Marega, até agora razoavelmente bem. E entrou também Maxi para o lugar de Ricardo, com menos força e muito menos acutilância ofensiva. E o resto? E se sai Danilo, como pareceu que iria acontecer a meio do jogo? E se Óliver desaparece por lesão ou Felipe por castigo ou Brahimi por uma possível venda? Há alternativas? O banco de hoje era composto por: Sá, Reyes, Layun, Herrera, André, Hernâni e Otávio. Quase todos recebem uma reacção da minha parte de…meh. O FC Porto 2017/2018 não está a procurar ser campeão tentando fazer omeletes sem ovos. Há ovos. Mas são de codorniz.


Se estes três primeiros jogos foram acessíveis, o próximo não será. Há que fazer com que não se tropece para manter a onda em alta. Para Braga, amigos, post-haste!

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Ouve lá ó Mister – Moreirense

Camarada Sérgio,

Tudo bem, rapaz? Isto vai aqui um movimento do carago com o mercado, gente que entra e sai de todos os clubes a todas a horas…menos nós, não é? Só gente a sair e ninguém a entrar, mas creio que já sabias que ia ser um verão bem paradote na zona das chegadas e com reboliço forte na área das partidas. E se o que foi saindo não deixa grande mossa (para lá do Ruben e do André, mas principalmente do Ruben…), já a falta de opções pode ser uma chatice um bocadinho mais lá para a frente. A ver vamos se ainda nos mexemos ao ponto de ir buscar alguém, mas começo a ver a janela a fechar e nózes munto pouco mexidinhos, num é?

Mas o tempo continua a passar e hoje há jogo. O Moreira, que no ano passado ajudámos a ficar na Liga com um jogo miserável na última jornada, onde o Felipe foi Stepanov, o Maxi foi Zlatan e o resto da equipa foi…bem, igual a si própria. Não concebo sequer por um momento que o resultado ou a exibição sejam parecidas, por isso só te peço para ganhares o jogo com tranquilidade e nem tentes igualar o que os nossos rivais fizeram. Aliás, esquece isso, porque só lanças mais pressão sobre os rapazes. Fica o aviso: qualquer resultado que consigas abaixo de cincazero vai ser considerado como uma falha de competitividade da tua parte e da parte dos teus moços, por isso nem te preocupes com a reacção desse povo estranho. Três pontos é o que interessa, nem que seja por meiazero!

Sou quem sabes,
Jorge

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