Ouve lá ó Mister – Rio Ave

Señor Lopetegui,

Desde o dia 2 de Novembro que não ponho os pés no Dragão. Hoje, vinte e sete dias depois, voltarei a entrar no meu teatro de sonhos para ver o meu clube a defrontar uma das boas equipas deste campeonato, agora que estamos já satisfeitos por uma excelente passagem pela fase de grupos da Champions’, seja qual for o resultado que venhamos a conseguir no jogo em casa contra o Shakhtar, daqui a semana e meia. E por esse motivo, os meus parabéns a ti e ao grupo todo.

Mas hoje, outro galo canta. Porque os teus rapazes têm uma tendência fantástica para desaprender as lições de tempos idos, porque o jogo tem características completamente diferentes do de Borisov e porque não podemos arriscar sequer perder pontos na caminhada para um título que está ainda muito longe mas que continua perfeitamente ao nosso alcance. E é por isso mesmo que temos de entrar para esta partida, para mais uma destas inúmeras partidas de domingo à noite, com o fim-de-semana a terminar e a perspectiva de uma árdua semana de trabalho que se coloca perante os nossos olhos, é pelas almas dos milhares de portistas que vão estar no Dragão com a ânsia de um jogo bem disputado que termine com uma vitória para as nossas cores que temos de entrar com força, com a capacidade de um grupo de triunfadores que queremos sair do estádio com um sorriso de orelha a orelha, torneado por uma alegria que só o FC Porto nos consegue dar. E tudo depende de ti, do Brahimi e do Óliver, do Quaresma e do Jackson. E, noutra escala, depende também do acerto do Indi, das subidas do Danilo e dos passes do Casemiro.

Não deixes baixar a moral do grupo que comandas mas acima de tudo não deixes esmorecer o ânimo do povo que vos acompanha semana após semana. Ganhem o jogo, vençam com dignidade e mérito…e transforma um dos piores momentos da semana numa orgia de golos e boa disposição. Está nas vossas mãos.

Sou quem sabes,
Jorge

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Baías e Baronis – Estoril 2 vs 2 FC Porto

foto retirada de desporto.sapo.pt

foto retirada de desporto.sapo.pt

Um empate é sempre um mau resultado quando se trabalha para ser campeão e onde se têm de ganhar todos os jogos contra as equipas teoricamente abaixo das candidatas. Mas apesar dos dois pontos perdidos, tiram-se vários positivos do jogo de hoje na Amoreira. Um jogo estupendo de Herrera, talvez o melhor desde que chegou ao FC Porto, uma atitude em que a palavra desistir não existiu e uma constante procura de impôr o estilo de jogo que nos vai caracterizando. E pela primeira vez critico Lopetegui pelas substituições…apesar de Óliver. Vamos às notas:

(+) Herrera. Gostei muito de o ver no meio-campo e se me dissessem que o ia eleger como o melhor jogador do FC Porto no jogo de hoje, acharia mais provável ganhar o Euromilhões num sorteio à 2a feira. Incansável, como de costume, mas extremamente certo nos passes horizontais, para lá de procurar sempre verticalizar o jogo quando possível. Foi o principal jogador da equipa em termos do critério no passe mas acima de tudo na forma como recuperou bolas no seu meio-campo, bem como no sector avançado da equipa. Não merecia a saída de Casemiro, porque foi obrigado a recuar no terreno e perdeu quase toda a capacidade ofensiva, com a equipa a ressentir-se disso.

(+) Never give up. Never surrender. Quaresma é a imagem perfeita da força que a equipa enfiou no relvado hoje à noite. Podia levar um “solo Baía”, mas opto por incluí-lo em toda a energia que a equipa mostrou em campo, com uma atitude de equipa grande, nunca desistindo das bolas, nunca abdicando de subir em campo, empurrando o Estoril para trás e mostrando uma altivez positiva na recuperação do esférico em zonas altas. Só correu mal porque sofremos dois golos, um mais evitável que outro (Maicon, deitares-te em campo não só é um convite para penalty como um alheamento do lance a decorrer), mas nada há a apontar à vontade de jogar e de vencer.

(+) O golo de Brahimi. Quando vi o rapaz a rodar, pensei: “Olha, queres ver que ainda marca…”, e ao ver a bola a entrar na baliza fiquei ainda mais convencido que este gajo tem algo de especial e que a sua compra foi dos melhores negócios (alienações aparte) que fizemos nos últimos anos. A-fucking-mazing.

(+) O gesto de Tozé depois do golo. Fica-te bem, rapaz. E mostraste que tens talento para voltares para o ano, depois do Óliver voltar a Madrid. Gostei, puto. Gostei. E que bofetada de luva branca deste nos Ruis Santos desde mundo, tu e o Kieszek.

(-) Adrián. Parece um elemento que não consegue acelerar o jogo quando é necessário e a incapacidade de subir de produção em cada jogo que é utilizado faz com que os adeptos o comecem a “marcar”. E mantenho o que já disse noutras ocasiões: não é pelo toque a mais ou pelos passes falhados que Adrián acumula capital negativo. É pelo simples facto de não lutar, de não usar o corpo no confronto directo, de não saltar para disputar bolas aéreas, de se alhear do jogo quando o jogo passa perto dele. Enquanto não perceber que os adeptos do clube onde joga admiram o esforço até mais que o talento, nunca vai conseguir conquistá-los. Por algum motivo saiu do Atlético de Simeone sem dar luta…

(-) O penalty de Fabiano. Mas que parvoíce de saída, palavra. A defesa ao remate de Sebá foi a que se arranjou e não foi nada má, mas aquela imagem de um canastrão de quase dois metros a arrancar como uma pick-up com um motor de Yaris a tentar chegar à bola primeiro que um mini-Flash…e a falhar com estrondo…foi uma muito má decisão da parte do nosso guarda-redes.

(-) As substituições. Pela primeira vez acho que Lopetegui mexeu mal na equipa. Não critico a entrada de Adrián de início, porque acredito que o espanhol pode (se quiser) ser uma mais-valia a jogar ao lado de Jackson. As substituições é que me fizeram alguma espécie, porque deu para perceber que o espanhol não estava minimamente integrado no resto dos elementos do grupo e devia ter saído ao intervalo; mas principalmente pela saída de Casemiro numa altura em que Herrera estava a potenciar a equipa de uma forma tão enérgica, apagando-se desde o momento em que o brasileiro saiu de campo. Aboubakar não adicionou grande coisa à partida para lá de ser “mais um” na área, pelo que esta forma de fugir do esquema tradicional para privilegiar um jogo (ainda mais) directo não me caiu bem. Entrava Quintero para o lugar de Adrián. Ponto. O resto via-se mais tarde. My two cents, claro, eu que não estou no banco do FC Porto.


Nada se perdeu. Bem, perderam-se dois pontos, mas pouco mais que isso. Talvez se tenha perdido Adrián Lopez durante mais umas semanas. E perdeu-se alguma moral, em alta nos últimos dias. Pronto, afinal talvez se tenha perdido alguma coisa…

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Ouve lá ó Mister – Estoril

Señor Lopetegui,

Já passou a euforia do jogo em Bilbau e voltamos a lusas terras para continuar a progressão nesta prova menor que já conheces como Campeonato ou Liga ou “aquela coisa que se joga todas as semanas”. Sabes, aquele em que não estamos em primeiros. Ainda.

Quis o destino que me fosse oferecida a oportunidade de passar um fim-de-semana com malta que tenho muito próxima do coração mas infelizmente demasiado longe da porta de casa. E como tal, algo quase inacreditável vai acontecer, que temo possa prejudicar intensamente a preparação da equipa e quiçá o próprio jogo: vai ser a segunda partida consecutiva que terei de ver em diferido. Lá calha, não se pode ter tudo a não ser que se seja o Jackson, que marca golos e até lhe dão a hipótese de fazer o mesmo de penalty, mas o rapaz não quer nada com aquilo. Já pensaste, sei lá, em escolher outro fulano para chutar a bola lá para dentro? Assim tipo lá para dentro mesmo? Homem, escolhe qualquer um. Qualquer um. O Fabiano, por exemplo, não pode fazer pior serviço que o Jackson, por isso da próxima vez que o Danilo apanhar uma patada de um adversário ou o Brahimi for empurrado (tudo dentro da área, claro), manda o sr. Freitas lá para a frente e põe-no a biqueirar o couro para a rede. Se o Fabiano não quiser, põe lá o Alex Sandro, pode ser que saia do poço em que parece que se meteu. Ou o Tello! Não, pensando melhor, o Tello não. É capaz de tentar adiantar a bola antes de marcar e lixa-se mais uma chance das boas.

Seja como for e seja quem for que escolhas para ir lá para dentro hoje à noite, vê lá se matas a vontade dos amarelos cedo e a boas horas. Não deves reconhecer o rapaz que eles têm lá na frente, mas ele já foi titular do FC Porto aqui há uns anos. E também há lá outros conhecidos nossos, na baliza, na lateral esquerda, numa das alas e na ponta superior do meio-campo. Malta boa, não duvido, mas ainda assim tenta impedir que qualquer um desses mostre mais serviço do que deve. Respeito! E três pontos, faz favor.

Sou quem sabes,
Jorge

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Baías e Baronis – FC Porto 2 vs 0 Nacional

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retirada do facebook oficial do FC Porto

Um bom jogo, com uma boa vitória, numa boa noite de uma boa equipa, em frente a uma boa casa com boa vontade. E sem assobios. Quase sem assobios. Afinal de contas, quando a equipa consegue colocar em campo um futebol ao nível do que fez nos primeiros 15/20 minutos, que encostava às cordas qualquer equipa portuguesa e muitas das que por aí fora vão andando, não há razão para insatisfações de qualquer ordem. Algumas boas exibições, excelentes trocas de Lopetegui durante a partida, um rapaz que não engana, outro que enganou durante algum tempo e outro que parece ter deixado de se enganar sozinho. Vamos às notas:

(+) Brahimi. Parece improvável mas está a ser uma verdade impossível de contornar: depois de Madjer, há outro argelino que eleva os rabos das cadeiras do estádio do FC Porto em aplausos permanentes e totalmente merecidos. Yacine Brahimi. Tem nome de jogador e tudo, enrola nas bocas dos adeptos e solta-se com o grito que coloca o povo em brasa e as redes em chamas. Depois de uma excelente primeira parte, onde brilhou pelo flanco esquerdo a desfazer rins madeirenses sem fim, passou um bom naco da segunda parte sem grande produtividade mas sempre a tentar a finta curta em passada rápida, com pouco sucesso. E quando em discussão com o meu amigo do lado já ia pedindo a sua substituição por Tello…o homem faz-me aquilo. Sidestep, feint, sidestep again, kaplow. Deus me livre. Alá. Shiva. Vishnu. Zeus. Osíris. Venham todos. Este rapaz merece ser visto ao vivo.

(+) Quaresma. Ao intervalo, enquanto falava animadamente com o meu pai, ouvia-o a dizer: “E o Quaresma? O gajo até vem atrás defender e ajudar os colegas, nem parece o mesmo!”. E não parecia, mas por culpa sua, por nos ter habituado a ver um jogador tantas vezes indolente e sem vontade de mostrar…vontade de ajudar. O Quaresma que vimos hoje no Dragão foi voluntarioso, bom no passe, perfeito no overlap com Danilo e inteligente a reter a bola nos pés. Este Quaresma é titular no FC Porto, sem dúvida.

(+) Danilo. Mais um óptimo jogo de Danilo, apesar de algumas hesitações na primeira parte, onde deixou vezes demais os adversários passarem-lhe nas costas. Quando se entendeu melhor com Maicon (ao lado) e com Quaresma (pela frente), estabilizou a exibição e desatou a subir pelo flanco. E o golo é totalmente merecido, especialmente porque já o procurava há alguns jogos, sem sucesso. Continua a ser dos melhores este ano.

(+) Lopetegui a mexer. De todas as componentes das alterações que Lopetegui hoje fez na equipa, só não acertei na saída de Quintero. Preferia Óliver porque com Quintero em campo basta um passe para dar golo enquanto que o espanhol “rodriguilha” mais o jogo, mas aceitei a decisão. A saída de um dos dois médios com características quase idênticas era imperativa e a entrada de Herrera foi perfeita porque Hector esteve excelente na forma como complementou Óliver, alternando tranquilidade em posse com a abertura de passes horizontais para abrir o jogo. Herrera muito bem. Ainda não soa bem, mas sigamos em frente. Brahimi por Tello era exigível porque apesar do golaço do argelino, tornava-se evidente que se tivesse de correr dez metros para o marcar, talvez já não o conseguisse. E render Jackson por Quinz…Aboubakar, perdão, foi expectável pela correria do colombiano e a necessidade de o poupar para o importante jogo em Bilbau. Three for three, mister.

(-) Esta equipa não está pronta para jogar sem bola. Olhem para o meio-campo do Nacional. E pensem que tiveram 39% de posse de bola durante este jogo. Uma cambada de ogres prontos para demolir muros de castelos medievais que tiveram o privilégio de poder trocar a bola entre si durante largos minutos em pleno relvado do Dragão. Enquanto o jogo decorria. Com o FC Porto a gerir, atrás da bola. Mas agora alheiem-se desse facto digno de figurar em livros do fantástico e olhem para a constituição do meio-campo do FC Porto. O equivalente do Walter a jogar na posição 6/8/whatevs, somando-se dois elementos que levam o cagataquismo a um nível olímpico, pressionando em zonas estranhas (a sério, Óliver, onde RAIO andavas tu a correr naquele meio-campo se raramente chegavas perto do Ghazal e Cª?!) e incapazes de colocar entraves a jogadores que podiam pegar neles e arremessá-los pelo ar para o Fabiano, sem que fosse sequer marcada falta nem mostrado amarelo. Com a bola, génios. Sem ela, meninos.

(-) Alex Sandro. Deve haver uma regra não-escrita que só um lateral do FC Porto pode estar a jogar em condições de cada vez. O outro é relegado para um papel subalterno, um círculo muito especial do inferno por si criado, onde as invenções se sucedem sem sucesso, onde as falhas são ampliadas como um outdoor com a palavra FAIL em grossas letras negras, onde os passes saem tortos e as intercepções mal medidas. Não estás a ter uma boa época, Alex.


Mais uma jornada sem sofrer golos e com tantas ocasiões criadas que o resultado parece curto. Façam o mesmo na quarta-feira, rapazes.

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Ouve lá ó Mister – Nacional

Señor Lopetegui,

Temos uma história com estes tipos que tu nem imaginas. Um dos jogos mais humilhantes da minha vida foi vivido neste mesmo estádio, aqui há oito ou nove anos, quando estes fulanos apareceram cheios de bazófia e nos cravaram quatro no lombo. Lembro-me que a meio do jogo já não havia nada que conseguisse fazer para abanar a depressão e já só me ria, juntamente com o meu companheiro de sempre nestas lides da bola. Ria-me, Julen, com uma derrota do FC Porto! Em casa! Por QUATRO! Há alturas em que não se consegue explicar o próprio comportamento e só posso atribuir esse pequeno acesso de loucura a uma qualquer histeria que possuiu a minha mente, até aí medianamente sã. Nunca mais fui o mesmo desde esse dia.

E se havia ainda qualquer necessidade de vencer este jogo, tens mais esse motivo. Estes badamecos habituaram-se a vir sacar pontos aqui à urbe e nós fomos consistentes na permissividade durante os últimos anos, o que me enerva sem que possa fazer o que quer que seja acerca disso. Não me deixam entrar em campo e tirar a bola de cima da linha de golo, dar dois bufardos no Rondón ou uma entrada de carrinho à Otamendi com anfetaminas nas pernas do Marçal (mais um gajo odioso), por isso delego em ti e nos teus a responsabilidade de o fazerem. Não precisa de ser nestes moldes nem com estas particulares doses de malvadez, basta que ganhes o jogo. Basta-me que relembres a esses gajos que quem manda aqui somos nós. Somos. Nós. Mai nada.

Sou quem sabes,
Jorge

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