Baías e Baronis – FC Porto 0 vs 2 Benfica

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Há dias em que nada corre bem. A cerveja está choca, o trânsito está um caos, o céu parece mais cinazento que o costume, as dobradiças estão a ranger e o soalho a estalar quando um gajo chega a casa meio bêbado às quatro da manhã e não quer acordar os pais mas acaba por largar a porta que dá um estrondo quando acerta no batente. Desses dias. E hoje, tanto Jackson, Herrera, Danilo e todo o resto dos jogadores de azul-e-branco que estiveram no Dragão não estiveram nos seus dias. Escolhi esses três, podia ter escolhido outros ou ainda outros três, porque raro foi o momento alto de uma equipa que, não tendo jogado mal, sucumbiu a uma sucessão de infortúnios e a uma tremenda eficácia adversária para ceder todos os pontos, todos os golos e toda a moral a uma equipa que fez para merecer a vitória com mais engenho que arte e mais astúcia que talento. Notas já aqui em baixo:

(+) Quaresma. Entrou cheio de força (apesar de ter perdido a bola logo na primeira jogada) e nunca virou a cara aos duelos contra um dos adversários que, aposto, mais gosta de defrontar e vencer. Tentou tudo o que conseguiu para furar a defesa do Benfica e forneceu mais que uma bola de golo que ninguém conseguiu meter lá dentro. Talvez tenha chegado a altura de substituir Brahimi no onze, porque parece em melhor forma e a tomar melhores decisões perto da área que o argelino.

(+) Casemiro a defender. Forte, rijo, agressivo…às vezes demais, porque arriscou o segundo amarelo em várias ocasiões, foi o tampão possível contra um meio-campo bastante mais forte do Benfica (em todos os sentidos, tanto no físico como no mental, nem falo da absurda diferença no jogo aéreo), servindo como principal homem na recuperação das bolas perdidas no centro do terreno. Só esteve mal nos passes longos, porque assume que consegue fazer o que nenhum trinco faz no FC Porto desde Kulkov. E assume mal.

(+) A eficácia do Benfica. Conto três oportunidades de golo para o Benfica: dois golos e um corte de Alex Sandro que tirou o terceiro. Num jogo deste nível, a equipa que é mais eficaz tende a ganhar e foi exactamente o que aconteceu, porque a forma como aproveitaram falhas de marcação e/ou lentidão na resposta dos jogadores da nossa linha defensiva foi letal e fez a diferença. Estiveram bem no meio-campo, saíam facilmente da zona de pressão no meio-campo e mataram o jogo na altura certa. O resto foi gerir, com bola para a frente, porque nada mais era preciso fazer. Já estava tudo feito, infelizmente para nós.

(-) Saída da defesa em posse. Das duas uma: ou se revêm as possibilidades de interligação entre defesa e meio-campo, ou se compram pés e cérebros novos para Indi, Marcano e Maicon. É que começa a ser absurda a quantidade de bolas desperdiçadas na saída da defesa por jogadores que não conseguem conduzir a bola para diante mais que uns metros e abanam tanto quando um adversário chega próximo o suficiente para lhes cheirarem o after-shave que assusta qualquer adepto. A invariável forma como o central procura o trinco para receber a tabela de volta, ou entrega na linha para o lateral procurar subir com o extremo na sua frente…torna-se previsível e fácil de anular. Hoje, com o Benfica a fechar muito bem nas linhas (Gaitán e Sálvio estiveram em grande na forma como conseguiram tapar o flanco) e o meio-campo a pressionar alto, não tivémos capacidade para fazer melhor que meia-dúzia de passes pelo ar, quase sempre inconsequentes. Se o meio-campo não se mobiliza para vir buscar a bola, vamos ter mais jogos com zero golos marcados.

(-) Falta de ratice. Eu sei que a equipa está cheia de gajos novos. Sei que há jogadores que não têm experiência a jogar clássicos. Mas também sei que as duas frases anteriores só são verdadeiras porque queremos acreditar nelas. Reparem em dois casos que ilustram bem a falta de inteligência emocional e de manha que estes miúdos não mostram e que fazem toda a diferença quando se encontram os Maxis deste mundo: André Almeida vê um amarelo logo no primeiro minuto por falta sobre Tello que lhe ganhou em velocidade. Onde esteve Tello e onde esteve a bola durante a meia-hora que se seguiu? Não sei, mas poucas vezes tentamos puxar o segundo amarelo a André Almeida, ou pelo menos forçar o rapaz a cometer um erro ou a alhear-se da bola com medo de ver o vermelho. Era algo que deveria ter sido aposta imediata (na minha cabeça, pelo menos) para a equipa, forçar o ataque para aquele flanco, massacrar o lombo do rapaz para fazer dele o defesa-esquerdo mais castigado desde que Hulk desfez David Luíz aqui há uns anos: a outra situação passou-se no primeiro golo do Benfica, em que Brahimi é obrigado a ficar a mais de dois metros da linha onde Maxi ia fazer o cruzamento…e ficou. Devia ter mexido os pés, continuamente reclamando com o árbitro, o fiscal de linha, levantando os braços, saltando, importunando o adversário, a chegar-se lenta mas continuamente para a frente (como o Benfica fez em TODOS os lançamentos laterais, claro, e bem) ou como abusou em todos os lances divididos ou nem tanto…até perdi a conta às vezes que Jardel usou os braços ou Samaris levantou os pés com o árbitro a deixar seguir…o que não fez com que os nossos rapazes se erguessem como Brahimi se devia ter erguido, aproximando-se um pedacinho de cada vez mais próximo da linha. Com manha, provocador, inteligente. Estes jogos nem sempre se ganham pelo futebol praticado mas pela tranquilidade e gestão emocional dos jogadores em campo. Hoje, não fomos espertos como eles.


Foi uma patada na traqueia, sem dúvida, mas nada está perdido. Pelo menos até chegar o Arsenal nos oitavos da Champions. E também nada vai estar perdido aí. Ou vai. Já não sei. Dormir, isso, dormir por cima disto e esperar que amanhã o sol brilhe. Vai ser um dia longo, foda-se.

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Ouve lá ó Mister – Benfica

Señor Lopetegui,

Anda um gajo todo o ano à espera deste jogo, Julen. Um ano de misérias ou fortunas, de tristezas ou alegrias, de tanto que nos traz o entusiasmo de uma vida que pode ser mais ou menos efusiva mas que se coloca em perspectiva perante estes noventa minutos que se jogam no nosso estádio, com a nossa equipa, perante o adversário mais imponente que se nos coloca pela frente e que em situações tradicionais é um dos mais complicados de abater. E não tenhas dúvidas, por muito que o histórico recente nos dê um favoritismo tranquilo, a estatística é atirada para um canto e o jogo, quando começa, é de tripla. É sempre de tripla. Sempre.

Ninguém está à espera de um jogo de futebol agradável hoje à noite no Dragão. Garanto-te, do fundo do meu coração que se aperta tanto desde que a bola começa a rolar naquele relvado, que não haverá uma alma naquele hino à arquitectura moderna que pense que o jogo está a ser fraquinho e que o futebol praticado deveria ser mais consonante com o talento que está disposto em campo. A malta quer é ganhar. Pode ser por um-zero, por dois, três, quinze, o resultado é pouco importante nestes momentos. O que o povo portista te pede é que ganhes, ou que quando muito tentes ganhar. Nuances tácticas, movimentações de meio-campo bem conseguidas, incursões pelos flancos, remates de longe, tudo fica muito lá no fundinho quando pensamos no que será poder arrumar com estes gajos em nossa casa e sair do estádio com um sorriso de uma orelha à outra a dizer: “Hoje estes cabrões não passaram!”. Dá-nos a oportunidade de passar a semana a falar do jogo, a reviver todos os momentos como se um video estivesse a rodar sem parar no interior dos nossos cérebros. Imagina-nos felizes, com os “bragging rights” que deteremos com a emoção e alegria imensa de podermos dizer, de punho cerrado a bater no peito, que vencemos. Quem marcou? Não sei, mas vencemos. Foi um bom jogo? Não sei, mas vencemos. Houve lesões? Não sei, mas vencemos.

Venceremos. Venceremos, raios me partam, venceremos. E está tudo nas vossas mãos. Força, rapazes.

Sou quem sabes,
Jorge

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Baías e Baronis – Académica 0 vs 3 FC Porto

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É assim que todos os jogos do FC Porto deviam ser, pelo menos contra este tipo de equipas medíocres. Uma entrada fortíssima, sem mácula, com pressão intensa, golos fáceis e uma autoridade em campo que não mostra um mínimo de preocupação com a moral ou a capacidade de recuperação adversária. Jogar como os grandes que somos, no fundo. Dois ou três golos depois, a gestão, sempre com bola, com rotação de jogadores e manutenção de uma atitude de arrogância positiva, continuamente a criar perigo para a baliza contrária. Simples, não é? Foi, por nossa culpa. Vamos a notas:

(+) Um meio-campo que funcionou muito bem. A numerologia pode explicar muita coisa, desde os calendários Maias às cartas do professor Mambo, mas o meio-campo do FC Porto foi hoje um exemplo quase perfeito que a escolha de camisolas parece seguir uma inspiração divina que faz com que questionemos a raiz da nossa existência e o nosso lugar no Universo. Para lá do sentido da vida ser 42, como todos sabem, vejamos os números dos três centro-campistas que hoje alinharam em Coimbra com as nossas cores: 16, 30 e 36. Se Ruben Neves arrancou numa posição mais recuada, somemos Óliver à construção defensiva e teremos 36+30=66. Dois números “seis”, portanto, a alternar na combinação defensiva. Se colocarmos o outro 16 a passear ali pelo lado, o “seis” parece uma visão idílica que nunca aparece ao mesmo tempo que se mostra perfeito, em zona pouco criativa mas muito trabalhadora. E se tirarmos Óliver a Ruben e o deixarmos sozinho, 36-30=6, que ele não é mas mostra gostar de fingir ser. Mais pela frente, se subtrairmos Herrera a Ruben e subtrairmos esse número também a Óliver, quando o homem volta para apoiar, temos 30-(36-16)=10. O dez perfeito que também não existe mas que se compõe das ausências e presenças na zona certa, no momento certo. Todos a funcionar, a adicionarem-se e a subtrairem-se, como números em folhas de papel, manuseados por um Deus de lápis em riste. Só faltou um: o 6. Para a semana, talvez.

(+) Óliver. Impecável na zona defensiva em apoio à primeira fase de construção, perfeito na labuta do centro do terreno e trabalhador como poucos na altura de pressionar o adversário, parece estar a atravessar um bom momento e a jogar com a confiança que esperávamos desde o início da temporada. Excelente capacidade técnica, toque de bola de primeiro nível e uma inteligência táctica acima da média fazem dele titular na frente de Quintero e uma peça essencial do estilo de Lopetegui. Excelente jogo.

(+) Jackson. Dois golos perfeitos, um com cada pé, numa exibição que foi quase perfeita em termos de eficácia em frente à baliza. Trabalhou bem e apesar de não ter tido grande impacto no resto da partida, foi ele quem resolveu o jogo logo desde muito cedo e a perfeição com que aquele segundo remate (e segundo golo) entrou na baliza é uma obra de arte que deve ser vista, revista e trevista. Genial, filho do Jack, genial.

(+) O apoio dos adeptos. Quando se colocam bilhetes a dez euros para um jogo a uma hora de viagem de carro da Invicta, é natural que a malta alinhe e este foi um caso paradigmático do que se quer sempre que o FC Porto se desloque a um estádio para praticar o seu métier. Todo o jogo se ouviram os adeptos a cantar, a afastar o frio enquanto saltavam e entoavam os tradicionais cânticos de apoio à equipa e aos jogadores, aqueles que fazem a razão do nosso apoio e da nossa dedicação. Tive pena de não ter estado ali no meio dos nossos, parabéns, malta!

(-) Brahimi. Segundo jogo consecutivo em que Yacine não parece o mesmo de aqui há umas jornadas, o que não sendo algo que me deixe prostrado em posição fetal a lamentar os infortúnios das decisões dos deuses, chega para preocupar um bocadinho. Parece mais lento, menos activo, a complicar mais do que decide e sem perceber qual a melhor maneira de passar pelos adversários. A genialidade tem disto, quando a lâmpada não se acende por cima da sua cabeça naquela imagética tão tradicional dos desenhos animados…só sai borrada. Espero tempos melhores, rapaz, mas não te preocupes, ninguém deixou de acreditar em ti. Até os relógios normalmente certos podem parar de vez em quando.

(-) Académica. Muito, mas muito fraquinho. A entrada em jogo fazia prever uma estratégia tão defensiva que temi o pior caso não conseguíssemos trabalhar a partida de forma a mostrarmos em campo que somos melhores, e a forma como a Académica não ter obrigado Fabiano a fazer uma única defesa em condições num jogo disputado no seu próprio estádio é a prova que não há grande qualidade em Coimbra para lá de meia-dúzia de estudantes bem boas e alguns bares porreiros. Enfim, ebbs and flows da vida.


Jogo ganho, amarelados em risco que deixaram de estar em risco para o jogo contra o Benfica…all is well, venha o Shakhtar!

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Ouve lá ó Mister – Académica

Señor Lopetegui,

Não tenho um grande histórico mental dos jogos do FC Porto em Coimbra, que é o mesmo que dizer que me lembro de mais borracheiras que apanhei nessa bela cidade que golos de azul-e-branco. E ainda por cima parece que me cai o céu em cima sempre que nos deslocamos aí para jogar contra os pretos da terra (estou a falar do equipamento, carago, não há racismos aqui), porque em mais que uma ocasião sou impedido de ver o jogo em directo. Não vi no ano daquela épica batalha na piscina, onde as tropas do Villas-Boas pediram ao Belluschi para brincar como quisesse e o Silvestre marcou aquele golaço de primeira…não vi na época seguinte, quando Vítor Pereira se enterrou pela medida grande com um 3-0 para a Taça que nos deixou fora, furiosos e frustrados. Mas vi montanhas de jogos com o camelo do Pedro Roma na baliza a defender tudo, lá isso vi, por isso eu sei que os números que nos dão favoritismo são só isso: números.

Tem cuidado com os amarelos. Pá, só te aviso disto porque já sei do que a casa gasta, e já vi muitos rapazes a perderem a cabeça por causa dessa treta. O Indi e o Casemiro não são propriamente gajos calminhos e se os puseres a jogar arriscas não os ter para jogar com o Benfas, onde podem vir a dar muito jeito se for preciso andar ao molho dentro de campo…ou até para lhes ganhar, quem sabe. Mas não os tires da equipa, nada disso. Fala com eles, explica-lhes que devem fazer o mesmo que sempre fazem, mas mais pela calada. Menos entradas de carrinho e empurrões com os braços estendidos. Se vires que eles não querem ou não conseguem…aí sim, enfia o Marcano e o Campaña e seguimos contentes como dantes. Só aí. Ouvistes? Bale.

Hoje, mais uma vez, não vou ver o jogo em directo. Jantares e jantarinhos e jantarões que me arrastam (com bom motivo) para longe de vocês, meus caros, e não adianta jurar que não vou voltar a falhar os jogos porque já percebi que as forças do Universo conspiram quais velhos em repartições de finanças ou velhos no dominó de rua. Mas chegado a casa, seja a que horas, vou ver a bola. Porque um portista é também isto, Julen, é um estupor de uma loucura que não se explica, só se sente e parece não melhorar com a passagem do tempo. Ainda bem.

Sou quem sabes,
Jorge

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Baías e Baronis – FC Porto 5 vs 0 Rio Ave

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Quem saiu do estádio aos 85 minutos, como faz habitualmente, perdeu três golos, todos eles memoráveis. Desde o calcanhar de Alex Sandro (involuntário, note-se), aos pés esquerdos de Quintero e Danilo, por motivos diferentes, foi um festival de cinco minutos de golaços e alegria bem espalhada. Mas o resto do jogo não foi tão entusiasmante nem tão bem disposto, porque o FC Porto mostrou mais uma vez que ainda tem um bom caminho a percorrer até conseguir estabilizar a equipa até um ponto em que se possa considerar madura. Há ainda muita desorganização a meio-campo, especialmente sem bola, para que possamos olhar para um futuro próximo com o optimismo que todo aquele talento poderia fazer crer. Ainda assim, a vitória assenta bem. Vamos às notas:

(+) Danilo. Estás com uma moral, rapaz, que nem pareces o mesmo que cá chegou e andou dois anos a penar até conseguires fazer meia-dúzia de exibições decentes! Desde as intercepções na defesa, as subidas pelo flanco, as diagonais que fazes para o meio, estás a dar uma tremenda vida ao corredor direito, que já não via a ser tão explosivo desde que o Bosingwa por cá andava! O golo que marcaste então…upa upa, aos noventa e coiso minutos ainda tiveste pica para receber a bola no meio-campo e cavalgares por ali fora para rematares de pé esquerdo e meteres a bola na gaveta com uma pujança e o mérito de quem trabalhou para isso. Parabéns, homem!

(+) Tello. O melhor jogo dele desde que chegou ao FC Porto, foi dinâmico, vivo, alerta, trabalhador e uma tremenda enxaqueca para o lateral que o defendia. O golo é exactamente o que este rapaz deveria fazer em todas as circunstâncias em que se encontre olhos nos olhos com um defesa no centro da área: finta, drible, arranque, remate. Entrou desta vez e acredito que pode entrar muitas mais vezes se esta “motinha” continuar a ser prático e não abusar do adorno técnico. Esteve muito bem no resto da partida, a aproveitar as subidas de Danilo e a trocar bem a bola com ele. Gostei do entendimento e gostei do empenho.

(+) O enorme talento de Quintero no último passe. Recebe a bola à entrada da área e penso: “vai sair remate em banana, para o cantinho!”. O homem parou e deixou a defesa sem saber o que fazer. Pensei: “oh, porra, remata lá a bol…” e o gajo faz-me aquela parvoíce ao alcance dos deuses só lá do topo. Nada de deuses merdosos, responsáveis pelos figos ou pelos ribeiros secos. Zeus, Hermes, Apolo, os grandalhões. E fiquei com a nítida impressão que Óliver estava meio quilómetro fora de jogo quando recebeu o passe de Juanfer, mas já vi o lance na televisão e vou amanhã mesmo marcar consulta para oftalmologia.

(-) Sofreguidão na zona pressionante do meio-campo. Não é uma novidade mas assusta-me perceber que o FC Porto não consegue segurar-se quando se coloca em vantagem. Há qualquer tipo de entorpecimento mental, de permissividade que se apodera dos jogadores depois de marcarem o primeiro golo, que lhes retira a pressão da cabeça e os faz cometer parvoíces consecutivas, do guarda-redes ao ataque. Hoje, mais uma vez, o golo de Tello fez com que a maioria da rapaziada de cor-de-rosa não conseguisse assentar a cabeça e começasse a falhar passes, a arriscar em demasia com trocas de bola curtas em zonas proibidas, a fazer passes absurdos para a frente e a permitir lances sucessivos de potencial perigo para a nossa baliza. E a subida de um elemento para a pressão subida…é só visto. Óliver, Tello ou Quintero andavam a correr como doidos no meio-campo adversário, procurando interceptar a bola que estava a ser trocada entre a zona defensiva do Rio Ave, fazendo tantos estragos no oponente como uma formiga paralítica a cabecear um rinoceronte. No entanto, o dano era pior para a própria equipa, que se desposicionava no meio-campo e abria brechas bem aproveitadas que só não causaram mais perigo porque o adversário era modesto para o nível onde queremos jogar. É que se fizermos isto contra um Manchester City ou um Barcelona…

(-) Brahimi. Já disse há algum tempo que quando Yacine estiver em dia bom, vai ser um espectáculo vê-lo e devia haver quota extra para os bilhetes. Mas quando as coisas lhe correrem mal…é de fugir. E hoje foi um destes últimos, em que o argelino não acertava com os domínios de bola, os arranques em drible ou os (poucos) passes aos companheiros. E para compor o ramalhete, ainda deu um pontapé num adversário e merecia ter sido expulso. Belo jogo, rapaz. Não faças muitos destes, por favor.


Vinha preparadíssimo para uma crónica cheia de referências ao rabo do Alex Sandro, porque me pareceu que foi com essa parte do corpo que tinha marcado o golo. Eram piadas sobre os “anais da história” e afins. A repetição, que vi há pouco, tirou-me as dúvidas, e o calcanhar não é tão fácil/brejeiro para usar. Hélas.

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