Época: Quando ouvi falar da contratação, fiquei surpreso. Foi um amigo que me enviou uma sms, que pela magia da tecnologia atravessou fronteiras e chegou a um hotel em Milão. É brincadeira, pensei. Não era. E ainda bem. João Moutinho fez valer todos os euros que o FC Porto pagou por uma teórica maçã podre, com a inteligência e o espírito de equipa e de controlo das situações de jogo a mostrarem que é um dos melhores jogadores portugueses da actualidade. Idolatrado por alguns, desconsiderado por outros, admito que sou fã porque para além de ter mostrado sempre uma grande humildade e ter criado uma empatia imediata com os adeptos (o que, como sabem, não é nada fácil), João Moutinho incorpora tudo o que gosto de ver num centro-campista que joga na sua posição e com as suas responsabilidades: joga com calma, procura os espaços para passar ou para correr. Se tiver boas hipóteses de melhorar o jogo da equipa com um passe, fá-lo. Se a probabilidade de perder a bola é mais elevada, continua com ela junto aos pés até descobrir uma nova falha na armadura adversária ou roda a bola para trás para outro colega prosseguir a jogada. Se há um Xavi português, ele é João Moutinho. E é do meu clube, o que ainda me dá mais orgulho.
Momento: Estádio da Luz. Sessenta e quatro minutos. João Moutinho pega na bola à entrada da área e desfere um remate seco, forte, directo, colocado, perfeito. O FC Porto arrancava para a primeira grande recuperação da época, enfiando três no bucho do rival na casa dele e assumindo que este ano ninguém nos havia de parar até ao fim da época.
Nota final 2010/2011: